quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Reportagem inesperada na tevê inimiga do ser humano comum.

A medicina cubana é a mais humana do mundo. Pra alguns, essa afirmação é uma heresia sem perdão. A rejeição plantada pela mídia, a mando principalmente dos laboratórios farmacêuticos e da indústria médica, resulta em disparates absurdos gritados raivosa e estupidamente pelas mentalidades conduzidas e pelas elitistas. A Escola Latinoamericana de Medicina, em Cuba, tem 60% de alunos estrangeiros, inclusive estadunidenses, exige alguns requisitos pra admitir os alunos. Primeiro, é preciso não ter condições de pagar o curso. É preciso ter algum engajamento em movimentos populares. E também o compromisso de atender os que não podem pagar, em primeiro lugar - lá é proibido cobrar consulta, o Estado paga os salários. Que não fazem ninguém rico.



Numa entrevista que vi de uma médica brasileira formada em Cuba, a repórter questionava o baixo salário, a casa simples, o bairro pobre onde ela morava, um enorme contraste com a situação dos médicos brasileiros, as respostas foram exemplares. Ela disse que morava entre as pessoas que ela atendia, que era preciso estar perto delas e conviver, que sua casa era melhor do que a de todos os vizinhos e que - tapa na cara - não havia feito medicina pra ganhar dinheiro, mas pra atender as pessoas que precisam e não têm como pagar.  Que sua vida estava muito bem, obrigada, e ela tinha tudo o que precisava pra viver e exercer sua função, tinha até mais que isso, ela ressaltou. E que achava justo parte do seu salário ser destinado ao governo cubano, pois assim como ela não teria condições de fazer medicina se tivesse que pagar, outros estavam estudando financiados, entre outras fontes, pelos médicos formados. "Se eu não tiver uma relação afetiva com meus pacientes, então eu não sou médica", ela disse.



Outra entrevista (que ouvi na Voz do Brasil), de uma senhora que pela primeira vez tinha sido atendida na sua cidade, em Tocantins - era preciso se deslocar pra uma cidade vizinha pra isso -, perguntava a opinião dela a respeito da médica cubana. A resposta era esclarecedora a respeito do atendimento pelos médicos formados no Brasil. "Ela é ótima, nunca está de mau humor. Nunca grita com a gente, põe a gente sentada do lado dela, pega na mão da gente, trata a gente com amor, olha a gente nos olhos..." Tapa na cara.



Vi envergonhado a reação dos médicos brasileiros à chegada dos cubanos enviados pra atender as pessoas que não tinham atendimento médico, nos grotões do país ou nas periferias e favelas onde eles se recusavam a ir. Ridículo, pra falar o mínimo. Aquela recepção no aeroporto em que um grupo de médicos, de branco, com faixas e cartazes de protesto, gritava, entre outros insultos, "escravos", na chegada dos cubanos, foi especialmente constrangedora. O ódio induzido alega pretextos inacreditáveis pra esconder os reais motivos - a medicina cubana atende com amor os de baixo, é preventiva e não curativa, ou seja, não usa remédios compulsivamente como a medicina do lucro, corrige hábitos pra preservar a saúde e não adoecer e tem como base o exame clínico e a conversa pra chegar ao diagnóstico.



A humildade é visível na medicina cubana, um contraste aberrante com a medicina empresarial, que mal olha o paciente e o manda pras máquinas de exames e pras farmácia a consumir remédios. A arrogância bloqueia a inteligência e a quantidade de erros médicos é enorme. Este sentimento de superioridade é induzido nas faculdades de medicina, assim como a insegurança, que precisa da arrogância pra ser escondida. São inseguros, portanto arrogantes. A humildade permite a existência da sabedoria, da humanidade, do amor ao ser humano. Não é à toa que a medicina cubana é considerada a melhor do mundo - aqui a mídia faz o seu trabalho de deformação da realidade em defesa de interesses empresariais, financiada que é por laboratórios, pela indústria farmacêutica e pelos planos de "saúde".



As idéias que se têm sobre Cuba são inteiramente deturpadas, são fabricadas em laboratórios de pensamento e implantadas no inconsciente coletivo pela mídia. Cuba é o terror dos podres de ricos, dos mega-empresários, porque lá a vida humana vale mais que o patrimônio, que o lucro, que a economia ditada pelo "mercado financeiro", ao contrário daqui (e quem conseguir não acreditar, compare as delegacias de crimes contra o patrimônio com as de homicídios). Fora os privilegiados que odeiam Cuba e a difamam em interesse próprio, em seu egoísmo extremo, veias saltadas em fúria plena e mentiras prontas, repetitivas e descaradas, qualquer um que se interesse e pesquise os dados da ONU, da OMS (Organização Mundial de Saúde), da UNESCO (educação e cultura da ONU) e outros organismos internacionais verá que ali existe o que talvez seja a primeira democracia de verdade no planeta, um Estado dedicado em primeiro lugar ao seu povo - o que está longe da realidade brasileira. E é exatamente por isso que o ódio, a difamação, as mentiras midiáticas capricham em relação a Cuba.



Na ilha caribenha, é proibida a publicidade comercial, a indução ao consumo compulsivo que adoece todo o mundo capitalista. É de se esperar o cerco, o ataque e a rejeição fabricada pelos interesses empresariais contra a sociedade cubana e as que tentam se humanizar pra serem menos injustas, como a Venezuela, a Bolívia, o Equador, a Nicarágua, justamente os países da ALBA (Aliança Bolivariana das Américas), justamente os que se levantaram contra o predomínio dos bancos e corporações euroamericanos, os monstros anti-humanos que prevalecem sobre tantos países e povos, infernizando a vida e causando tanto estrago e sofrimento a bilhões de pessoas em todo o mundo.



Esta reportagem na globoníus é surpreendente e inesperada. Talvez um momento de distração de alguém por lá, não duvido que tenha havido esporro, retaliação, punições e que cabeças tenham rolado. Ou se deram conta do óbvio e perceberam que sua credibilidade está caindo em queda livre e resolveram dar uma pitada de verdade pra tentar conter ou recuperar um pouco. Não sei. Mas sei que merece divulgação e aí está.



sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Eduardo Marinho - forças armadas, psicologia do inconsciente e democracia

Vídeo feito por Aline Campbell, que veio à minha casa pra isso. Em agosto.

O tema forças de segurança não costuma ser visto pelo lado humano da coisa. As polícias são como a sociedade, principalmente a militar. A maioria é de classes baixas, soldados, cabos e sargentos, e há a minoria formada nas academias, as universidades policiais, que são os oficiais, a minoria de elite, superior, que comanda os praças, subalternos com menos estudo - não menos vida -, mas que são quem põe a cara pro povo, quem põe a mão na massa, quem cumpre as ordens dos de cima, enfim, quem faz as coisas funcionarem. Como em toda parte.

Não entendo por que não se questionam as instruções recebidas pelos agentes da segurança pública. Que instruções são essas? Quem as planeja e qual o seu real objetivo? Como são dadas, em que consistem, quais as matérias, o que aprendem os policiais? Quais as reais intenções do tipo de instruções recebidas pelas forças de segurança pública? Não estou falando da balela retórica sobre funções sociais. Como e por que se forjam pessoas tão insensíveis ao sofrimento alheio, capazes de atacar quem quer que seja, sob qualquer pretexto? Qual visão da realidade é implantada nessas pessoas sem defesa crítica, sem formação de cidadania, sem instrução nem informação verdadeiras, oriundos que são do sistema de educação pública e alienados como são pelos meios de comunicação? Pra quê eles são realmente preparados? Sob que tipo de pressões? Que tipo de ideologia é passada nas instruções, que formação ideológica é imposta nas forças de segurança? Por que as instruções não são públicas ou publicadas? Pelo comportamento que se vê, é clara a disposição antipopular dos policiais, é clara a compulsão à violência, à agressão gratuita, ao desrespeito à lei e à cidadania, a indiferença com a dor alheia e com a legislação. As polícias são colocadas fora e acima da lei - e isso atrai os mais nocivos, as piores pessoas, com tendências sádicas, caráter corrupto, arrogantes, violentas, criminosas. E os que não são assim são discriminados e evitam o trabalho nas ruas, preferem o interno, na burocracia, na mecânica, na saúde, em qualquer dos setores que não estejam em contato com a barbárie rotineira das ruas. Aí pesam as garantias trabalhistas - plano de carreira, atendimento médico, escolas pros filhos, treinamento, armamento, fardamento, moral social numa estrutura que desmonta os direitos trabalhistas, onde ninguém tem garantia de nada e a flutuação de trabalhadores é cada vez maior. O Estado garante tudo aos seus mais importantes servidores, encarregados de conter a população roubada em seus direitos fundamentais, revoltada contra uma estrutura que os sacrifica pra privilegiar minorias ricas. Quando os excessos vêm a público, pune os elementos envolvidos - se não há alternativas pra aliviar - pra "demonstrar" que "não admite" criminosos numa estrutura feita pra ser criminosa.

Idiotas são os que atacam as forças de segurança - elas foram preparadas pra isso mesmo. Estes, com isso, apenas confirmam as instruções que são diariamente recebidas pelos policiais e, geralmente, provocam o seu ataque a quem não tem nada com isso e está apenas se manifestando. Uma burrice covarde e contraproducente, que joga a favor do sistema fazendo pose de contra.

Ressalva aqui aos blequibloques que entram na defesa, depois que a polícia ataca. Aliás, essa foi a origem, na minha visão, dos blequibloques brasileiros. Depois de uns dias em que a polícia atacava barbaramente os manifestantes, eles começaram a aparecer. Em bloco e pra encarar. Mas, na mídia, a polícia sempre "revida", "reage", "é obrigada a intervir".



segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Olhamos pro outro lado, sem querer ver...

A inconsciência não nos protege, é uma ilusão isso. Ao contrário, nos martiriza, nos angustia, enquanto procuramos paliativos, válvulas de escape, ou apontamos "culpas" pra todo lado. Tomar consciência pode causar algum desconforto externo, por um momento, mas traz um conforto interno sem comparação. Quando mudamos, o mundo muda.

Os profissionais se orgulham em produzir desejos, consumos, comportamentos. Subliminarmente, valores, objetivos de vida, visões de mundo distorcidos de acordo com interesses de poucos. É a perversidade institucionalizada.

Esse vídeo dá um sacode na visão sobre nós mesmos, fundamento pro trabalho na coletividade. O trabalho interno possibilita o externo. E o externo é estéril se não tem por base o interno. Assista-se e eu continuo depois.




Quantas coisas olhamos pro outro lado... não queremos ver, ou vemos da forma que nos convém. Sempre que se analisa algum assunto com interferência da própria vontade, chega-se a conclusões convenientes, não necessariamente próximas à realidade.

Fácil é entender a origem da miséria, do abandono, da precariedade dos serviços públicos, do não atendimento pelo Estado aos direitos da população estabelecidos na "carta magna", a Constituição Federal. Como aceitar o não cumprimento da lei máxima do país pelo próprio Estado brasileiro? Não pensamos nisso, olhamos pro outro lado. Empresas e bancos comandam a tragédia "democrática" e as pessoas continuam vivendo suas rotinas, conformadas e impotentes conforme dita o pacote de condicionamentos pelo inconsciente desse exército de publicitários, marqueteiros e todas as profissões que tenham utilidade neste serviço nefasto à maioria. Conjugado, sempre, com a sabotagem do ensino público fundamental e médio, com a criação de ignorância, com o enquadramento aos padrões vigentes nas escolas particulares, "de qualidade".

O que a mina fala no vídeo, com relação aos animais, se aplica num sem número de situações no dia a dia de cada um de nós. Ao invés de apontar "culpas" pra todo lado, seria mais útil, mais proveitoso e menos conflituoso se olhássemos pra dentro de nós mesmos e trabalhássemos em nossas próprias mudanças.

observar e absorver

Aqui procuramos causar reflexão.