Tronco submerso, ainda marcado pela cor da lama de rejeitos. |
O pessoal do acampamento. |
O canal da Aracruz Celulose, hoje Fibria. |
Depois de Regência, seguimos na busca da entrada desse canal, no rio Doce. Passamos por fazendas de cacau e por poços de petróleo do tipo martelo, erramos, mas acabamos chegando. O nome dado pela empresa foi "canal Caboclo Bernardo, um herói da região, mas a população local não o conhece por esse nome, mas por "canal da aracruz.
Não pude fotografar o filtro e o início do canal, a segurança não deixou, mas peguei umas imagens do lado de fora, inclusive dois canos que retornavam do filtro-barragem, devolvendo os resíduos retirados da água ao rio Doce. Não me conformava com a filtragem da água aplicada às necessidades das máquinas de esmagar madeira pra fazer celulose, enquanto todas as cidades ao longo do rio sofriam com morte de tudo o que vivia no rio. A tecnologia de filtragem existe e não estava sendo usada para os milhões de habitantes do vale, mas pras máquinas a filtragem aconteceu em menos de um mês. Pro poder mega-empresarial, acima dos poderes públicos, o lucro vale mais que a vida, as máquinas valem mais que as pessoas.
Depois, em Linhares, procurei uma alternativa pra voltar lá. Um drone. Voltamos na madrugada da quarta-feira de cinzas e, quando amanheceu o dia, o drone fez o serviço.Escaldados com a truculência da segurança da Samarco, que nos abordou em Bento Rodrigues de tal maneira que tivemos que armar uma fuga improvisada - eu fiquei de isca enquanto Rafael e Kenny saíam do local com as fotos e filmagens -, saímos da área voando na kombi, por estradinhas que passavam dentro das fazendas, de volta a Linhares. Nada aconteceu, então.
Andei com essa filmagem, sem conseguir editar, por um tempo, já que não tinha grana, não sei fazer edição nesse nível e o que consegui não estava satisfazendo. A amiga Paula Thebas levou pra Sampa e Wagner Pacífico fez o serviço. O resultado taí.
Trata-se da limpeza dos resíduos da mineração que assassinaram a vida do rio Doce e estragaram a vida de milhões de pessoas. Há solução plausível, mas só se aplicou nos interesses empresariais. O povo, ora o povo... numa ditadura banqueiro-mega-empresarial, o povo tá claramente em segundo plano. Os lucros e o patrimônio valem mais do que a vida.
https://youtu.be/ctC758ikEGc