terça-feira, 20 de setembro de 2016

Celestina em risco...

No segundo ataque cardíaco em duas semanas, Celestina corre risco de ficar pra trás. É preciso um bloco novo pro motor, provavelmente uma retífica e isso fica em mais de quatro mil reais. A grana da viagem cobriu a primeira internação, desfalcando as contas em casa - a parada em Sampa tinha como objetivo exatamente esse, as despesas da sobrevivência, com a matéria prima pro trabalho. Mas agora o preço ficou acima das condições e, como é comum, sem dinheiro pro tratamento a pessoa morre na estrutura social em que vivemos.
 Ela servia de transporte e de base pra exposição, sempre que necessário. Dentro, tudo o que precisamos em viagem. inclusive dormir dentro, nos postos, praças e esquinas da vida. As fotos são da exposição na palestra da Concha Acústica, UFSC, semana passada, antes do primeiro baque no motor da kombi, quando subíamos a serra pra Curitibanos, onde a palestra foi cancelada. Então deixamos Celestina internada em Floripa e fomos cumprir os compromissos, em Guaporé, Cachoeirinha e Porto Alegre. Na volta vimos o conserto sendo adiado pra sexta, sábado e domingo, quando finalmente saímos com ela. Mas ainda vazava óleo. Voltamos ao mecânico na segunda, ele garantiu a viagem, era só não deixar faltar óleo no motor, apesar do vazamento. Como não queríamos nem podíamos adiar mais a volta, a solução foi essa. Ali eu já tava vendo que não ia dar em conserto de verdade.

Bueno, dez litros de óleo mais tarde, já chegando em Sampa, depois da serra do café, mais exatamente no posto 65, em Juquitiba, a 40 km do anel rodoviário, na Régis Bitencourt, o motor bateu seco, menos de cem km depois do último litro posto. Ataque cardíaco, parou geral tudo.

Agora busco sem saber bem se um bloco de motor novo, sem ter toda a grana - eu daria um sinal e iria expor o que desse em Sampa, sem os painéis e outras coisas, mas com os desenhos, pra ver se levantaria essa grana. São quatro paus pra "fazer" o motor, sem contar o trabalho de tirar e instalar. Ou, talvez, mil pra comprar um bloco novo, mais quinhentos pro serviço. Não saí ainda atrás, Juquitiba é pequeno, talvez precise guinchar pra Sampa - não conheço mecânicos em Sampa, muito menos que tratem de kombis e sejam honestos e competentes. Aí apelo pros amigos em São Paulo. Estou com pouco tempo e a possibilidade de vender pra ir embora é uma das pensadas.

Uma pena. Mas não se pode ter apego às coisas, elas vêm e vão. Quando fazemos tudo o que podemos e ainda assim não dá certo, é preciso abrir a mão, largar e seguir adiante. Temos tudo o que precisamos, respiramos saudáveis, pelo menos ainda, e diante das perdas é preciso não piorar as coisas com sentimentos depressivos.

  Celestina já dura quase dois anos. Foram em torno de cinqüenta mil quilômetros rodados, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia passaram sob as rodas da kombi. Muitos amigos andaram nela conosco, muita gente cruzou os caminhos. História já tem, agora veremos o que rola.
A palestra foi até de noite, Celestina ao fundo apóia os painéis.

Ainda de dia, a exposição na UFSC.
Estamos arrumando um guincho pra levar pra Sampa, lá vemos se arrumamos um mecânico bom ou um comprador nem tanto, que compradores que aparecem no sufoco a gente já sabe como são.

Como segue a saga, também tô curioso. Mas se ficar sem nada já foi superado várias vezes, ficar sem kombi não será pior, nem mais difícil. Torno a carregar o que puder na mochila, se for preciso. E a vida caminha.
Celestina recolhida, depois do primeiro ataque cardíaco.


observar e absorver

Aqui procuramos causar reflexão.