domingo, 26 de maio de 2019

Pai Inácio, cabeça da Chapada Diamantina.

Vista do alto do Pai Inácio, na cabeça norte da Chapada Diamantina.
Numa função de Lençóis a Palmeiras, entramos na estradinha e subimos o morro de pedra enorme, na beira da estrada. De cima se entende o Suassuna, "a beleza da zona da mata é graciosa, a do nordeste é grandiosa". A gente sente a pequeneza do ser diante da enormidade natural das pedras, dos grandes espaços, do horizonte longínquo. Muitas fotos foram tiradas, essas são as minhas.

A estrada por onde passávamos, entre Lençóis e Palmeiras, na sombra do Pai Inácio.
Ao sul, o Vale do Capão adentra pela Chapada Diamantina, que vai até o sul da Bahia.
Hare em função, na beira do abismo. A mão do violão é do Ravi.
Ravi, Satya e Hare no alto do Pai Inácio.
Entre as funções da viagem, uma parada pra alimentar o espírito de beleza grandiosa, de espaço, cor e ar. Pelo caminho que fizemos, pela passagem que passamos acabamos dando a volta na entrada. Soubemos depois e longe dali, que cobram doze reais por pessoa pra subir no morrão. Fomos poupados por ignorância. Mas ia ser um desfalque, em seis pessoas. Uma refeição pra todos.

domingo, 19 de maio de 2019

Fabio e Edu - cartas trocadas.

Fabio:

"Impressionante como conversar com as pessoas me é cada vez mais insuportável. Tenho cada vez menos paciência de explicar certas coisas. Vejo as pessoas cada vez mais apegadas as suas pequenas certezas e isso é um nojo. Não conseguem ver um centímetro adiante, não tem um mínimo de criatividade ou imaginação. Agora a moda é que para criticar você tem de obrigatoriamente ter uma proposta. Se você diz que não compactua com o sistema, elas vem logo perguntando como deveria ser feito então. Querem quer você dê respostas, precisam de um mapa pra seguir, necessitam de uma receita de bolo. As pessoas tem uma grande dificuldade com essa pegada igual você teve de não saber o que ia acontecer, mas a certeza era de que o que lhe era oferecido não servia. Você saiu pelo mundo sem saber que um dia ia chegar no Eduardo que chegou hoje. Entende? Eles tem pavor do desconhecido. Precisam de seus ismos para servir de bengala. Mergulhar no desconhecido e construir enquanto se caminha chega a ser uma heresia. Elas querem uma resposta pronta. Você não acredita em partido, não acredita no sistema como é, não quer escolher um menos pior para te representar, então como tem de ser? Daí tu tenta falar que você não tem respostas prontas, que a coisa precisa ser construída no coletivo enquanto se faz para ter algum sentido... E aí já enlouquecem. "Se você não sabe então está satisfeito do jeito que está." Entende isso? O potencial escroto dessa lógica? Você não pode ver que está ruim porque não pode adivinhar o futuro ou porque não tem a fórmula mágica.  E vem uma torrente de merdas imensuráveis. E isso tô falando de gente que se diz de esquerda e até uns que se dizem libertários estão aderindo a essa lógica, a essa necessidade de trabalhar com respostas e afirmações que criam polos que se retroalimentam. A necessidade de convencer o outro. Nojo total das pessoas. Muito cansativo dialogar quando a burrice está mais solidificada que nunca em ambos os lados."  

Edu:


"Nisso de fazer o caminho caminhando, minha opinião é que o clima de heresia aparece pra esconder o medo. Respostas e certezas tranqüilizam e evitam o pânico ao risco. A tal "segurança social" é um esterilizante, uma corrente que prende essas mentes tão instruídas na formalidade. É a ignorância instruída, adestrada a funcionar pelo sistema, mesmo sendo "contra", pra não perder seus direitos de abastados, pra se manterem na "casta" acadêmica. É a facilidade dos teóricos, na prática são prisioneiros dos seus próprios pensamentos - que, aliás, nem próprios são na esmagadora maioria das vezes. Evito perder tempo com essas mentalidades, por saber que é não só inútil, como desagradável. A maioria, na verdade, nem tá nessa. E a gente prefere trabalhar com a maioria, com a sabedoria e não com o saber. Com a prática na base das teorias vivenciais a que vamos chegando, sem esse cheiro de múmia das teorias eurocêntricas. Mais pra intuição do que pra lógica, mais pro sentir do que pro raciocinar, embora não se dispense a participação nem de lógica, nem de saber - apenas descidos dos seus pedestais e postos a serviço do sentir, do sentimento de família estendido pra toda humanidade, toda a vida planetária. Um passo distante ainda na caminhada. Estamos em meio aos espinhos e armadilhas, em direção ao colapso, aos escombros de onde apenas aqueles habituados às dificuldades rotineiras poderão reconstruir o mundo, menos desumano, menos desigual, menos arrogante, mais respeitoso e integrado em todas as suas formas de vida e existência. Coisa pra gerações ainda distantes. Agora estão chegando as da reciclagem, da auto-suficiência e dos desenvolvimentos necessários no momento, a partir da autonomia psicológica, mental e espiritual. Estas estão na base de todas as autonomias. É preciso ignorar os fracos que se fazem de fortes. Eles não são capazes de muita coisa. Há os que são e não se encontram entre teóricos sem prática verdadeira. Os simulacros abundam por aí, garimpamos exceções em qualquer meio. Não há só dois lados. Há infinitos."


Fabio da Silva Barbosa e seu novo livro - socos no estômago, tapas de vergonha na cara. Quem quiser encarar, pedidos por email a ele próprio. 
Fabio da Silva Barbosa fsb1975@yahoo.com.br