quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Por mim, pelo mundo, pelo ser humano






          Quando fui exilado da família, como traidor, passei a considerar minha família a humanidade inteira. E, vivendo entre os mais pobres, mais discriminados, mais maltratados da sociedade, durante muitos anos, passei a questionar essa estrutura social que deixa tantos dos meus parentes em situações tão injustas, de ignorância, miséria e pobreza, de exclusão, discriminação e preconceitos, desrespeito, humilhação e violência.
          Como se permite tanta fragilidade sem proteção? Como se maltrata os períodos mais frágeis da vida, a infância e a velhice? Como ficar indiferente diante de tanto horror e barbárie? Como podemos, nós todos, como grupo humano, aceitar conviver com esses absurdos, sem questionar as causas?
          Não posso respeitar uma sociedade que não respeita a minha humanidade, que produz seu próprio câncer e usufrui dele, com avidez vampiresca. Não posso assimilar, nem compartilhar dos seus valores, que se desmoronam à primeira análise.
          O produtivismo europeu deliberou e implantou o consumismo, através de técnicas de publicidade e propaganda. O consumo e a posse foram transformados em valores sociais máximos. A miséria é encarada como uma lástima, inevitável e inexplicável – pois é uma necessidade desse sistema perverso. A propriedade é símbolo de valor pessoal. Honestidade, solidariedade, lealdade, compaixão, afetividade são qualidades para serem hasteadas em bandeiras, formando um cenário de aparências, sem relação real com as práticas cotidianas. Deus é prisioneiro das igrejas.
          O império estadunidense é o discípulo que superou o mestre – claro que se aproveitou de um momento de fraqueza, quando o mestre estava estropiado de tanta porrada que tomou na 2ª guerra mundial. E, ainda assim, precisa da sua aliança contra os povos do mundo, em busca das riquezas dos seus territórios. São os impérios do norte.
          Com suas mega-empresas transnacionais, industriais e financeiras, e seu poderio econômico e militar irresistível, interferem nos poderes locais. Infiltram-se em todas as áreas estratégicas dos países, através de elites locais cooptadas e regiamente recompensadas. Sabotam todos os investimentos nas populações, chamando-os de “custo" social. Tomam as comunicações através da mídia privada, criminalizam todos os movimentos em defesa dos interesses dos povos e constroem valores de consumo, valores culturais, desejos e objetivos de vida com o massacre midiático. Seus representantes, defensores e servidores, as elites locais nutrem um ostensivo desprezo por seus compatriotas e uma subalternidade igualmente ostensiva pelos senhores estrangeiros.
          Colocar-se contra a corrente é despertar contra si a estranheza e a discriminação. É ser qualificado de louco ou nocivo, ser banido e evitado. É sofrer o assédio das tentativas de recondução, é ser suspeito de psicopatia ou influência demoníaca. Colocar-se a favor é trair os mais fragilizados, é abrir mão da própria dignidade, ganhar em matéria e perder em espírito, em sentimento e moral, é escolher uma vida suja, vazia e sem sentido, fantasiada de ostentação, desperdício e falsa superioridade. Como os cães em grupo, sabe-se pra que lado se arreganha os dentes e pra qual se abana o rabo e se dobra a coluna.
          As opções estão postas. Eu me recuso a participar de grupos favorecidos com essa estrutura, tenho vergonha de ostentação, não gosto de lugares com seguranças e tenho nojo das salas VIP. Não estou aqui pra curtir a vida, mas sim pra ser curtido por ela.
          E que ninguém pense que condeno os usufrutuários dos benefícios em que se transformaram os direitos tomados da maioria. Os sentimentos de superioridade, a arrogância grosseira e o usufruto excessivo cobram seu preço ali na frente, no corpo afetivo-emocional, na insatisfação permanente, nos incômodos de consciência reprimidos, em angústias sem explicação aparente. Estes beneficiários existem porque a estrutura assim o permite. Mas quem sustenta os poderosos são os subalternos, os explorados. A submissão permite a opressão. Se os explorados não colaborassem com os exploradores, a exploração desapareceria.
          Por isso a mídia se esforça tanto pra desagregar os movimentos, distorcer a realidade, gritar contra qualquer mudança que favoreça o povo. Pra que não se tome consciência da realidade, pra que se mantenha o poder econômico no comando do mundo e das sociedades, pra que se mantenha a barbárie contra a maioria.
          Como impedir mudanças, porém, se tudo muda, até os minerais? Os avanços ocorrem em movimentos ondulatórios e sem controle, embora haja interferências sutis e violentas, diretas ou indiretas, para a contenção. Temos exemplos disso, na América Latina. Enquanto a mídia vocifera, histérica, os processos caminham com suas próprias pernas. Não desanimemos, todos os que trabalhamos por essas mudanças tão necessárias na formação da mentalidade, da sociedade e da própria humanidade.
          Não sei quando a sociedade se tornará mais humana e solidária. Não sei quando se tornará inadmissível um ser humano em condição de miséria, se daqui a dez, duzentos, quinhentos ou mil anos. Sei que trabalho nesta direção, desenvolvendo valores que considero humanos a partir de dentro de mim mesmo e, só daí, para o mundo – pois creio que, se você não vive profunda e sinceramente aquilo que você acha que todos deveriam (embora sem cobrar de ninguém), seu ser perde a força da sinceridade e o trabalho perde alcance - não em número, mas em profundidade.
          Não trabalho para ver os resultados. Trabalho pra dar valor à minha vida. Por mim, pelo mundo e pela minha família humana.

                                                                                                   Eduardo Marinho, 2 de setembro de 2010

49 comentários:

  1. Muito massa a amplitude familiar que vc se colocou em relação aos demais... Quando as pessoas deixarem essa babaquisse de posse, fronteiras tec e passarem a ver todos como irmãos de uma mesma mãe terra... Nossa, como as coisas mudariam... Enfim... Não custa sonhar. Enquanto o sonho não se torna uma realidade vou fazendo o que posso...

    :-)

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  2. Cara, não sou tua fã porque não cultivo ídolos, mas te considero um exemplo. Te acho um cara de muita luz. Sempre que posso leio o teu blog, ele me banha a alma de esperança, força e motivação!

    Concerteza o dia que os seres humanos acordarão de suas alienações mentais, chegará!

    Pois não importa quanto tempo você se esconda dentro de si, ou fuja em superficiais alegrias, chega uma hora que tudo explode na sua cara.
    Não importa quanto tempo isso leve, uma hora você tem que acordar! Ou você acorda, ou o mundo aí fora come você de vez!

    Acredito que um dia, todos seremos um.
    Que nos colocaremos no lugar dos outros antes de pensar em nós mesmos.
    Que nosso "dinheiro" será o sorriso tirado do rosto de um irmão que sofria.
    Que nosso maior prazer será a solidariedade, a paz, a união.
    Que não haverá nada mais que nos separe.
    Nem instituição, nem condição social, nem precoceitos, nem espaço, nem corpo e nem tempo.
    Não teremos uma religião nomeada, nem igreja, nem dez mandamentos que nos guie.
    Seremos nós o nosso próprio Deus!

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  3. Nós SOMOS um. Apenas não tomamos consciência disso, ainda. A realidade não depende do que acreditamos, nós a percebemos ou não. E estamos todos a caminho. "De quê?", dirão os incrédulos. "Não creio nisso", dirão os céticos, os racionalistas. Não precisa. O tempo não pára de passar. E tudo tem o seu tempo. Até mesmo a arrogância do ser humano.

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Muito bom, parabéns.
    Depois de ler em outros lugares tanta irracionalidade e tanta falta de humanidade, estava quase desestimulado a entender que posa existir uma inteligência com caracter no mundo, Inteligência eu vejo em vários lugares, mas são quase inumanos (perfeitos, soberbos em sua concepção de si), sem o conhecimento que alguns que em sua visão, aqueles que são "mais ignorantes", tem de mais importante, uma coisa quase inexistente e combatida como "politicamente correto"...só um pouco de compaixão forjada das dificuldades.
    Gostaria que existissem mais como você. Um pouco mais

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  6. Tou aqui em "Postar um comentário" há mais de uma hora e admito não conseguir medir palavras pra descrever o quanto esse texto abriu ainda mais a minha mente.

    Posso garantir com certeza absoluta que o seu objetivo de causar reflexão foi atingido com proficiência máxima. Hoje certamente demorarei a pegar no sono.

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  7. Eduardo,

    Acompanho o seu blog há algum tempo, também assisti seus vídeos no youtube, que por sinal, são muito bons, e inclusive já passei para vários conhecidos e amigos. Eu gostaria de lhe fazer algumas perguntas; pra você qual seria o sistema político ideal? e o que você acha sobre o anarquismo?

    Espero que responda, essas são algumas dúvidas que tenho.

    Obrigado!!

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  8. Fala comigo pelo endereço, rapaz, assim posso te responder. Tá no "cabeçalho" do blogue.

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  9. "Se os explorados não colaborassem com os exploradores, a exploração desapareceria."
    Sera???... parafraseando Paulo Freire "o oprimido quando ocupa o lugar de opressor tende a tornar-se aquilo que condena..."
    Enfim tem muita coisa boa aqui... eu diria BRAVO!BIS...rs... Mas não há como culpar apenas o 'OPRESSOR'...

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    1. Perceber não é culpar. Este é um sistema social construído na opressão e dependente dela. Enquanto durar.

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  10. "Eles vem corrompem e vão embora"

    Há urgência em estar vivo! Como escrevi recentemente em um poema que está no meu blog:

    Com meus pensamentos sou.
    Aqui só os sinto.
    Nesse velório intermitente
    Esperamos que os defuntos se levantem.
    Renunciem seus nomes;
    Enfim, possam nascer.

    E realmente: Deus é prisioneiro das igrejas.

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  11. Procuro não trabalhar com o conceito de culpa."E que ninguém pense que condeno os usufrutuários..." Não proponho inverter os papéis, mas transformá-los, pelo despertar da consciência, da responsabilidade diante do coletivo, da solidariedade esclarecida. Mudança de visão, de valores, de comportamento. Perceber a condução midiática e deixar de ser "gado" frustrado.

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  12. Gostei bastante do final, é um exercício que tento praticar diariamente e entendo como fundamental para todos. Temos que ser sinceros com nós mesmos antes de qualquer coisa.
    Ótimo texto, abraço!

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  13. Admiro sua lucidez e parabéns pela clareza do que expõe.

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  14. Tu tem toda a razão Eduardo... Me corrijo no que eu disse ali em cima!

    Um grande abraço...

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  15. "pois creio que, se você não vive profunda e sinceramente aquilo que você acha que todos deveriam (embora sem cobrar de ninguém), seu ser perde a força da sinceridade e o trabalho perde alcance - não em número, mas em profundidade." É verdade, mas como é difícil, principalmente quando não somos o que gostaríamos de ser...
    Estou pensando até agora em "Não trabalho para ver os resultados. Trabalho pra dar valor à minha vida".
    Como eu desejo ver resultados!

    Um abraço, e obrigado mais uma vez.

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  16. Muito bom o texto Eduardo!

    infoworld2012.blogspot.com

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  17. Eduardo, te admiro muito muito muito, sempre acompanhei o seu blog e sempre que dá eu repasso pro máximo de pessoas possível. Vejo muitas pessoas mudarem a sua forma de pensar e agir só de ver o seu blog. Mas hoje, quando mostrei o seu blog para um amigo meu, ele respondeu o seguinte: "Acho que ele não consegue se enquadrar direito em nada, e ele tenta construir uma imagem oposta de qualquer modelo. Ele despresa muita coisa, de uma forma virtuosa, mas ele faz isso pra ser o negativo do que ele não consegue ser. A civilização não é dividida em pobres e ricos. Pensa comigo... Imagine a vida de um faraó. Um Faraó tinha muitas terras, a melhor comida, muito conforto, mas a vida de um Faraó era pior do que a de muita gente que se considera pobre. Um Faraó vivia 30 anos. Tinha vermes, doenças... Ele vivia com o conforto de piscinas, almofadas, e tinha seus camelos... Hoje qualquer pobre tem um ventilador, e o faraó tinha pessoas abanando. Um pobre tem restaurante com comida por 1 real, e um faraó comia grãos e frutas de cada época. As carnes eram sem sal por muito tempo. Não tinha açucar. Muita gente não entende que uma elite econômica é importante para a civilização. A vanguarda traz o avanço sempre. Algum produto vira alvo dos ricos por ser muito bom, por exemplo, computador era coisa de rico nos anos 80. A concorrência, ou seja, a competição, levou cada empresa a tentar preços mais baixos para vender mais quantidade, e novidades tecnológicas para vender mais caro. A novidade deixa de ser novidade e se torna popular, e abre espaço pra outra novidade... isso é a evolução."

    O que você responderia? Só uma curiosidade... Obrigada!!!

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  18. Eu diria que ele tem o direito à sua opinião. Mas quanto a se enquadrar, não entendi bem, em que ele acha que se deve estar enquadrado? Eu participo da sociedade como todo mundo e, como todo mundo, tenho minha maneira, a que escolhi e não "prego" a ninguém. Eu não desprezo muita coisa, essas coisas estavam atrapalhando o meu aprendizado, que precisava da ausência dessas coisas pra viver algumas experiências. Não aconselho fazer a mesma coisa. Mas de onde me encontro vejo a realidade muito diferente do seu amigo, vejo em toda parte sabotagem do Estado aos pobres, a vida medíocre, a educação mentirosa, a mídia entorpecente, a pobreza sacrificada, a miséria abjeta, a falta de assistência, de amparo, a centralidade no lucro, no "desenvolvimento". Não posso considerar como desenvolvimento qualquer coisa que não extinga essas atrocidades. Evolução é buscar a sociedade que não permita nem aceite situações de fragilidade sem amparo, de miséria e ignorância abjetas. Que garanta de verdade vida com dignidade pra toda a população, sem exceção.

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  19. de uma forma eficaz o ser humano se torna escravo de seus sentimentos mais mesquinhos, isso por falta de estrutura mental social e critica, que a elite faz questão de dificultar a todo custo a busca dessa consciência, fazendo uso desses sentimentos mesquinhos para seu próprio bem e ostentando seu poder diante de tudo isso, enquanto um governo se orgulhar de tem uma porcentagem acima da linha da pobreza e uma porcentagem alfabetizada, saberemos que essa maquina tem que ser parada reavaliada e retomada seguindo valores humanos e não capitais.
    Pois o orgulho é termos 100% vivendo de forma humana e digna para o mesmo, e saber que o que se houve e o que se vê não foi manipulado de forma ingrata para continuar a controlar e incentivar sentimentos mesquinhos.
    Pena que achamos esse controle até nos livros antigos que omitem muito do que foi feito no berço dessa criança chamada Brasil.

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  20. Você é espiritualista e eu sou ateu, mas, acho que é essa nossa única divergência, e apenas nesse campo. No resto, no seu texto, no seu grito de inconformado, nessa sua armadura de combate de um quixote enlouquecido contra todo esse escárnio em que se transformou o consumismo deslavado, a riqueza despropositada, hipócrita e destituída de qualquer bom senso, está cada célula do meu corpo, cada átomo de minha estrutura de ser humano, cada partícula animada dessa coisa chamada vida, que a tantos é negada desabrochar e fluir como um rio caudaloso ribanceira abaixo. Só não grito com você porque seu grito reboou tão forte, reverberou de tal maneira nas estruturas apodrecidas desta sociedade vilipendiada, entorpecida e arrastada nesse turbilhão do vamos ter, porque ser já não é preciso, que se eu gritasse junto ninguém me ouviria. Aceite meu afetuoso abraço, Eduardo.

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  21. Rebeca.. achei super interessante a tua análise. E concordo em parte com ela.
    Não tinha visto a vida por esse ângulo.

    Às vezes, nós discutimos determinadas pautas que, na verdade, desviam nossa atenção e reflexão para a o verdadeiro assunto, que é nossa vida real, e aparentemente divergimos.

    Pobreza de alma, para mim, significa o contrário de transcendência, fraternidade, solidariedade. Ou seja, o contrário de ir além de si mesmo, de ser capaz de sentir o que o outro sente, de ser relativamente feliz com a felicidade relativa do outro, de sentir com a mesma intensidade a dor alheia, tanto a dor objetiva como a subjetiva, tanto a dor do corpo quanto a dor da alma. Coisa que muitos "poderosos" do mundo não tem.
    Porém, essas duas dores são alimentadas no prato vazio do desprezo pela verdade histórica em sua expressão política: as decisões de governo, as diferenças entre a propaganda política e as políticas públicas.

    É atravéz da política que atingiremos igualdade.
    Mesmo que as coisas não andem como gostaríamos. Temos de nos adaptar (sem abrir mão dos nossos valores morais) e agir como nossa consciência nos guiar, da melhor maneira possível. Para combatermos a ignnorância de si mesmo (que gera as mazelas de toda ordem). Não acho que o Estado só tenha gerado miséria, mediocridade e deseducação. Tudo é conseqüência das atitudes e pensamentos coletivos e não somente de uma minoria em especial. Muita coisa mudou, cresceu e evoluiu. Material e espiritualmente falando.

    Mas essa é a MINHA humilde opinião.

    Eduardo, você é um cara extraordinário.
    Muito esclarecedor Rebeca.
    Obrigada!

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  22. Tu é o cara irmão, só isso. É muito bom saber que existe gente que pensa rigorosamente igual a mim, dá um pouco de conforto isso. Tamu junto.

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  23. Belo post! Maninho,

    Mas na verdade agora não estou passando para opinar sobre a postagem, mas deixar o convite para se possivel dar uma olhada no meu blog, criado recentemente...o blog é novo, e eu conto com sua participação. Ja sigo seu espaço faz um bom tempo, gosto de gente objetiva e verdadeira, que faz o seu papel, sem rasgar o dos outros, por isso., tamô junto.

    Obrigado pela atenção e muita paz.

    Segue as essências da vida/

    www.verdade87.blogspot.com

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  24. Muito bom, claro, como sempre, mas eu noto que você, batendo sempre nessa tecla, não fala muito do problema da educação. Esse que pra mim, é o problema fundamental, porque ainda que que todos se juntassem pra sair da situação em que estão, acho que uma legião de ignorantes revoltados não melhoraria as coisas. Na minha opinião, antes de tudo vem a necessidade de criar consciência nas pessoas, quebrar essa barreira que as deixa imunes à verdade e as lança na inércia. Enfim, só dando uma sugestão, de aprofundar mais a questão da educação.

    Parabéns pelo blog.

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  25. Estou no mundo, mas não sou do mundo!
    Sinto-me um ET na dinâmica social.
    Acordo, vou ao trabalho e ao fim de um mês de atividades, descubro que me esforço por viver, mas me perco nas cadeias da sobrevivência que o próprio sistema me trancafiou.
    Os sistemas de crenças alimentam-se da nossa ignorância e da nossa intolerância.
    A lucidez vem em pequenos lapsos. E são estes que nos dão o mapa do caminho.
    É bom saber que não estamos sozinhos nessa jornada. Suas mensagens me ajudam a perceber que não sou um "louco" que não consegue mais viver um mundinho de infantilidade e desprezo pelo nosso potencial infinito!

    PAZ e LUZ!

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  26. Salve Eduardo, vi seu video e repassei para um montte de amigos, todos gostaram! Parabéns, é muito bom saber que não estamos só nessa caminhada! Se tiver tempo entra no meu blog: www.arteesporteclube.wordpress.com

    Axé

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  27. Parabéns, Eduardo, por todas os ideais e por não temer o distanciamento do que se chama "padrão de sociedade".
    Minha única pergunta é a seguinte: você tem algum movimento de intervenção social prático, juntamente com movimentos políticos, ou sua luta é unicamente através da conscientização por meio da arte?
    Belo post!

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  28. Todos os meus movimentos são de intervenção prática. Na arte visual e na escrita. Não encontrei nenhum movimento dito "político" que falasse uma língua compreensível à maioria. Ao contrário, vejo um secreto desprezo pela maioria da população, manifestado nas intenções de criar "lideranças" e conduzir as massas. O povo não precisa de lideranças. Precisa é de consciência. E isso, esses revolucionários de auditório não têm condições de fazer, sem descer dos pedestais acadêmicos e, com humildade, aprender a língua falada pela parte sabotada da sociedade. E parar de confundir falta de conhecimento com falta de personalidade, falta de saber com falta de inteligência e de sabedoria.

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  29. Quem pretende conduzir as massas deveria ir entregar pizzas.

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  30. Cara, é uma estratégia não anarquizar-se do sistema mas ser melhor que ele dentro dele? O que você pensa?

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  31. Caro Celio Sordi, é apenas conscientizar-se e semear o conhecimento na mente das pessoas ao nosso redor sem preconceito ou desigualdade, sem limitação ou deturpação do tal, levar a informação real das coisas para quem não tem acesso, claro, essa não é uma informação qualquer, se o fosse seria fácil repassar, é uma informação obstruída pelos poderosos que não querem deixar as máscaras caírem e que dominam o povo com a propaganda criminosa feita pela mídia, então, não tem segredo, é apenas semear a conscientização. Já leu A República de Platão? Eu acredito que sim, lembra do Mito da Caverna? É isso meu amigo, pelo menos no meu universo (somos infinitos universos finitos tentando interagir dentro de um universo imensurável maior que nós mesmos) é assim que interpreto.

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  32. Perdão pela falta de reconhecimento Eduardo, sempre visitei, nunca comentei, parabéns pelo Blog meu querido, considero blogs assim uma quarta casa, abraços.

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  33. Obrigado por existir e por não desistir de lutar! abraços de Portugal

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  34. Este comentário foi removido pelo autor.

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  35. Eduardo eu sai do mundo do luxo pq. ao pensar nos meus irmãos passando fome sentia vergonha do alto padrão de vida que vivia, e decidi viver entre os pobres... mas, esses só me pediam dinheiro, carona e advogar para eles de graça, pior bancando as custas judiciais. Não sei se isso aconteceu pq sempre fui ingenua, idealista e mão aberta. Mas, hoje que a grama - grana - secou já não sou tão bem recebida ou frequentada como antes! Perdão se lhe chocar, mas, com a experiencia que tenho hoje - o homem é lobo do homem, seja pobre, seja rico - se pudesse voltar no tempo invés de gastar mais de R$150.000,00(incluido comprar ponto e montar oficina para irmão, pagamento de convenio médico por anos para 4 pessoas, ajuda para comprar casa propria, roupas, dinheiro emprestado nunca devolvido, inclusive a cristaos, etc) ajudando o proximo, deixaria que esses carregarem sua cruz e continuaria na minha vida de luxo onde tinha contatos com as elites nacionais.. e eventualmente até internacional! Não vou revisar o texto, sai como sair.. vale o desabafo vindo do coração! Muita sorte, saude e vida longa. Te gosto. Grande abraço

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  36. Olá,
    Aqui é a Dercy(perfil fake), e agora estou postando através do meu blog... apenas para observar que deletei o 1° comentário, pq achei oportuno explicar como e onde gastei mais de 150 mil ajudando o proximo. Amigos, nunca façam o que eu fiz... o ser humano, na regra, é interesseiro e ingrato. Abraços a todos

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  37. Vida é garimpo. No meio da lama e do lodo, há pedras preciosas. Essa preciosidade está dentro de todo mundo, mas a maioria nem percebe. As exceções pululam por aí. Cabe a cada um desenvolver o próprio discernimento. Em cada traição, há muitas, profundas e esclarecedoras lições a aprender. Com humildade é possível perceber esses ensinamentos e se melhorar, em sentimento e em percepção.

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  38. Você diz que as pessoas acabam por se estagnar no conformismo que a segurança e falsa felicidade do sistema proporciona, porém não seria uma forma de conformismo ir contra a sociedade sem tomar uma atitude, apenas utilizando de teorias, conformado com a situação de desajustado social? apenas uma indagação...

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  39. Eu não disse que as pessoas "acabam por se estagnar no conformismo", apesar de ser verdade, isso. "Ir contra a sociedade sem tomar uma atitude", do que você tá falando? Nessa sociedade, ser desajustado pesa a favor. Não escolhi ser desajustado, mas o desajuste é óbvio e eu teria vergonha em me ajustar a esse absurdo social.

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  40. entendi o ponto de vista. parabens pelo texto cara, admiro sua coragem ! essa frase combina com oque voce falou se eu entendi: "do que adianta ser saudavel em uma sociedade completamente doente".

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  41. Eduardo diz no vídeo “a solidariedade para eles é grupal, eu e meu grupo contra o resto”.

    Observo este valor torpe em pais e mães que esfolam a diarista, o empregado…
    Caçam as necessidades básicas dos construtores de sua prosperidade hoje, para garantir a si e sua prole, o supérfluo do supérfluo de amanhã.

    Aleijam sem dó os burros que carregam sua prata.

    Neste vale tudo para dar do melhor aos filhos, é cada clã por si, matar ou morrer, e que vença quem tiver mais ganância e menos escrúpulos.

    Sei não…desconfio que a câncer debilitante de nossa humanidade, germina a partir da sagrada célula social chamada família…

    Também vivo a experiência do exílio familiar, e com honra faço parte do resto.
    E é desta perspectiva singular, distanciada do tecido social, que me atrevo a diagnosticar a origem e a abrangência da metástase.

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  42. O "câncer debilitante da nossa humanidade" nasce no coração do ser humano, uma erva daninha chamada egoísmo. E cega de tal maneira que o "melhor", definido pela cultura do consumo alardeada pela publicidade, é, na verdade, o pior. Apego, orgulho, egoísmo, intolerância, angústias, disputa, dependências, um inferno. Riqueza externa, pobreza interna. A interna a gente leva, enquanto a externa fica aí, pra gerar discórdia entre os herdeiros.

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  43. Famílias são como os indivíduos. Existem as convencionais e as exceções à regra medíocre.

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  44. Acredito que este câncer não brota expontâneamente no coração, ele é plantado negligentemente pela família, porque é nela que os primeiros valores e conceitos são impressos.

    No post "carta a Isnard", você diz que seus questionamentos infantis sobre as diferenças sociais eram respondidos com frases do tipo "ninguém pensa nisso", "sempre foi assim e sempre será"...
    Aos excluídos, seu questionamento encontraria respostas do tipo: "porque Deus quis assim"...

    Que bom que você é uma exceção! Essas evasivas não satisfizeram sua curiosidade de gato, você avançou sem medo na toca do coelho adentro.

    Mas em geral, esta alienação é assimilada, e está feito o estrago, ali na infância, em família.
    Multiplique isso, e temos a humanidade colaborando, sem questionar, na manutenção do status quo.
    Aí cobrar dos políticos ou da elite uma postura engajada, é malhar ferro que há muito esfriou.

    Mas se cada pessoa que se identifica com suas idéias, se dedicar no tratamento de sua célula famíliar, um pouco a cada geração, curaremos o sistema.
    (?!Utopia?!)

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  45. A família é conseqüência do que somos, ainda. Lembre-se dos orfanatos, das pessoas que crescem sem família. Elas também absorvem a carga de condicionamentos. Não dá pra apontar as causas, a não ser dentro de nós mesmos. Se o mundo precisa de trabalhos de retificação, cada um de nós também precisa. A partir do trabalho interno, emanamos para o mundo.
    A minha célula familiar de origem é intratável. Já a célula familiar de fato é outra história.

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  46. Tem razão, a única pessoa que podemos mudar, somos nós mesmos, e TALVEZ nosso exemplo inspire a mudança em outros...

    Mas se a safra anterior a nossa está perdida, na descendência o campo está para a plantio.
    Algo me diz que seus filhos obtiveram respostas bem mais elucidativas...

    Crianças de orfanatos são condicionadas nos valores adquiridos por seus tutores, em suas respectivas famílias, e posteriormente consolidados na educação e convívio social, por professores, colegas e amigos, que também trazem sua carga de valores familiares.
    E por aí vai... Um efeito dominó que só pode ser contido lá no princípio.

    É certo que não existe uma verdade absoluta, mas estou tentando descobrir o caminho das pedras, e espalhar a notícia...rs
    Bem que você podia montar um manual...Hein!?!

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  47. Não existe safra perdida. Todas têm o seu proveito. Nossa percepção é precária, como nosso próprio entendimento. É uma soberba injustificável a criação de verdades, a formação de certezas. Ingenuidade. Exijo meu direito à dúvida e à opinião mutante. Abaixo as certezas existenciais - esse campo não pertence à razão, mas à intuição. A cultura racionalista é manca e vesga - e ainda é cheia de orgulho acadêmico, ridiculamente. Deixemos de certezas e poderemos nos aproximar das verdades. Aproximar, não alcançar. Ainda temos muito a nos desenvolver.

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