sexta-feira, 19 de abril de 2013

A respeito da redução na idade penal


Geralmente leio antes de postar. Nesse artigo passei apenas uma vista - estou saindo pro aeroporto, em cima da hora - mas o tema é de tamanha importância, a meu ver, e está abordado tão de acordo com o que penso, que vai assim mesmo. Depois olho melhor. A fonte é confiável, Tita Ferreira manda bem. Agradeço à Mariana.
17th abr. 2013 | 

Porque nós temos que ser contra a redução da idade penal

“A reflexão que temos de fazer é: por que não se respeita o mínimo que está previsto na lei, nem mesmo o mínimo de políticas básicas (saúde, educação, assistência, moradia, cultura, esporte e lazer), e se introduz tão terrível mudança na vida dos meninos e meninas filhos dos trabalhadores e trabalhadoras?”
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Escrito por Givanildo Manoel
16 de Abril 2013, Correio da Cidadania
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O Estado burguês nunca assumiu o compromisso com os filhos do povo e sim com os da burguesia. Desse modo, a universalização da política não foi uma convicção e sim uma concessão em momento de ascenso da classe trabalhadora, ou seja, esse não é um projeto da burguesia brasileira e combatê-lo parece-lhe natural. Aqui diria que se a burguesia tivesse uma insígnia, essa seria a de -nenhum direito a mais!-
Ivan Karamazov diz que, acima de tudo o mais, a morte de uma criança lhe dá ganas de devolver ao universo o seu bilhete de entrada. Mas ele não o faz. Ele continua a lutar e a amar; ele continua a continuar”. Marshall Berman
Em 1993, três anos após a aprovação do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente, de 1990), numa das leis complementares reformistas, pós-Constituição, foi apresentada PEC (Projeto de Lei de Emenda Constitucional), com o sugestivo número 171. Essa PEC foi proposta só três anos depois de aprovado o ECA. A justificativa da PEC: redução da idade para responsabilidade penal. Depois dessa, em quase todos os anos (1995, 96, 97, 99, 2000, 01, 02, 03, 04, 05, 07, 08, 09, 11, 12), foram apresentadas 30 PECs e PLs (Projeto de Lei), em apenas 23 anos de ECA, com igual ou pior teor.
Como a lei (ECA) nunca teve tema tão exaustivamente debatido como o da redução da idade para a responsabilidade penal, infelizmente, como podemos acompanhar mais uma vez, os sucessivos debates nunca foram feitos pra melhorar a lei. Sempre foram no nível da desqualificação, ou seja, por que uma lei, depois de três anos de aprovada, já sofria ataques e desde sempre sofre?
Esse é o elemento fundamental para que a esquerda possa fazer a defesa dos princípios que fizeram gestar o ECA. Aspectos que precisamos compreender.
Até o ECA, a infanto-adolescência filha da classe trabalhadora era tratada como caso de polícia ou de justiça. Havia uma diferenciação clara e uma separação entre como a justiça tratava os filhos da burguesia e os filhos da classe trabalhadora.
Os filhos da burguesia já conceitualmente eram reconhecidos como crianças e adolescentes e qualquer problema legal que tivessem era atendido pela Vara da Família.
Já os filhos da classe trabalhadora eram controlados pelo Juizado de Menores, que, pela sua concepção de quem eram os seus atendidos, conceituou a chamar os filhos dos trabalhadores de “di menor”, categorizando a infância e adolescência em duas: os filhos da burguesia e os filhos dos trabalhadores.
Esses últimos eram perseguidos, as políticas públicas não os alcançavam (aliás, políticas públicas eram para os filhos da burguesia), eram criminalizados, institucionalizados e tinham os seus passos controlados permanentemente pela polícia e os auxiliares dos Juízes de Menores, que eram os famosos Comissários de Menores, que controlavam a vida dos petizes “desajustados” do sistema.
Com a aprovação do ECA, foi rompida essa categorização de infâncias e passou-se a tratar universalmente como crianças quem tem até 12 anos de idade e, como adolescente, quem tem até 18 anos incompletos.
É importante que prestemos atenção que os poucos direitos dos filhos da classe trabalhadora foram conquistados com muita luta – e lentamente. Um deles, por exemplo, foi em relação à proteção contra a exploração no trabalho. No processo de “industrialização” no Brasil, que se deu principalmente pelo setor têxtil, a mão de obra usualmente utilizada era a das crianças e adolescentes, que comumente começavam a trabalhar entre os 8 e 10 anos e encaravam uma carga horária de 14 a 18 horas por dia. Essa foi uma pauta de reivindicação das greves de 1916 a 1921 e, mesmo assim, nunca foram cumpridas.
Para exemplificar com um caso muito debatido hoje, a PEC do trabalho doméstico, em 2011, constatou-se que existem 250 mil crianças e adolescentes exploradas pelo trabalho doméstico (dados do IBGE). Aqui não façamos confusão: atividades domésticas com exploração de trabalho doméstico, confusão que a direita adora criar para desqualificar a denúncia dessa exploração. E sabemos que 95% são meninas e cerca de 75% delas são negras. E esse é somente um pequeno recorte da real situação.
Se esse direito de não ter a força de trabalho explorada, que foi uma conquista da classe no começo do século passado, não é respeitado, é de se imaginar que os outros, que só recentemente foram assegurados pelo ECA, em um momento de retrocesso conservador e que duramente têm sido atacados, dificilmente serão efetivados.
Uma questão para refletirmos: normalmente temos o discurso de que a categoria infância e adolescência é uma categoria burguesa, talhada pela burguesia para inserir esse segmento no mercado consumidor. Essa premissa pode até ser correta, mas, por outro lado, não se pode esquecer que os direitos da infância estão associados diretamente às conquistas dos direitos das mulheres, já que a conquista dos seus direitos impunha uma nova conjuntura. Tal conjuntura colocava em sua agenda políticas públicas como saúde, educação, creche, entre outras, pressionando para que essas tivessem tratamentos adequados, uma vez que o privado passou a ser público, impondo a necessidade de um olhar público e coletivo, diferente do que havia até então.
Esse talvez tenha sido o momento mais importante do reconhecimento da criança e adolescente, visto que precisavam ser reconhecidos por suas especificidades e, ao mesmo tempo, respeitados por seu momento de vida.
Os direitos sociais que incluem a infância, em sua maioria, são conquistas recentes, principalmente no período da constituição, advindas do reconhecimento da fragilidade no cuidado com as meninas e meninos; uma vitória marcante foi considerá-los prioridade absoluta em todo o processo de organização e estruturação da sociedade.
Claro que nessa decisão havia uma lógica reformista, mas, mesmo dentro dessa lógica reformista, os principais beneficiários pela universalização da política pública foram os filhos da classe trabalhadora, que passaram a ter acesso aos serviços públicos.
Também é importante compreender que os ataques aos direitos conquistados vieram dentro do bojo da resistência à garantia de serviços públicos para o povo; portanto, o ECA e os direitos dos meninos e meninas estavam na contramão daquele momento histórico que apresentava diversas contradições em relação à lei, já que o presidente (Fernando Collor), que sancionou o estatuto, era o principal arauto do Estado mínimo e o responsável pela introdução do neoliberalismo no Brasil.
Logo, o ECA foi aprovado pelas mãos erradas e, poder-se-ia dizer, pelos motivos errados, já que era a única iniciativa voltada à infância e adolescência durante o governo Collor e, vale lembrar, nem sua foi. Ao contrário, sofria resistência da sua parte, pois havia sido construído pelos movimentos que atuavam com a pauta da defesa dos direitos humanos das crianças e adolescentes.
Collor tomou a iniciativa de sancionar a lei que estava engavetada devido à proximidade da realização da Cúpula Mundial para a Infância (1990), na qual o Brasil iria sofrer duras críticas que fragilizariam ainda mais a sua débil condição interna. Sua decisão, portanto, não foi por convicção, mas sim pela pressão que sofria naquele momento.
Desse modo, o centro do debate não é a redução da idade para a responsabilidade. Essa é a fumaça que a burguesia joga para esconder o debate real, e que, infelizmente, encontra um enorme espaço na sociedade. Infelizmente, hoje os trabalhadores são vítimas da indústria do consenso, aproveitando-se do baixo nível de consciência de classe, que não se entende como classe em si e, portanto, que adere à cultura burguesa retribuitiva, cujo objetivo é manter o controle sobre os filhos dos trabalhadores.
Um dos exemplos mais visíveis é um dos crimes mais bárbaros e chocantes que aconteceram no último período: o assassinato do índio Galdino, o líder pataxó Galdino Jesus dos Santos, como era conhecido, queimado cruelmente enquanto dormia. Passados exatos 16 anos, se fizermos uma pesquisa despretensiosa, veremos que os envolvidos (alguns adolescentes) estão bem, empregados e paira um silêncio sepulcral da mídia. Por que isso? Porque esses jovens eram filhos da burguesia brasiliense. Como esses, iremos verificar muitos outros, como o mais escandaloso e recente deles, Thor Baptista (filho de Eike Baptista), que atropelou e matou um ciclista, fugiu e a única penalidade que sofreu foi ter retirada a sua carteira de motorista.
A justificativa dos juízes sempre é mais adequada à sua origem social, que os adolescentes burgueses têm famílias estruturadas e os da classe trabalhadora não!
Voltemos então para o cerne do debate: o primeiro é sobre a farsa do aumento da violência, o total dos crimes graves cometidos pelos adolescentes. Nunca chegaram a traço se comparados aos adultos, mas existe toda uma mídia em torno de atos praticados por adolescentes. Desde a década de 90, o jornalista José Arbex, professor da PUC São Paulo, tem denunciado um complô nas redações contra os adolescentes, definindo que, em qualquer ato que os envolva, a pauta tem de aumentar. No jargão do jornalismo, aumentar a pauta é dar mais destaque para essas situações, logo, tal destaque aumenta a sensação de insegurança provocada pelos adolescentes.
Segundo ponto importante: o ECA nunca foi implantado no Brasil, legislação que, efetivada, garantiria políticas preventivas que respondessem às necessidades da infanto-adolescência. Ao contrário, a lei, além de não ser implantada, foi sendo mudada para pior, não cumprindo o seu papel. As vítimas reais foram as crianças e adolescentes. Por exemplo, o Brasil é o 4º país do mundo quando o assunto é violência contra as crianças e adolescentes. Entre 1980 e 2010, aumentou em 346% o número de mortes de crianças e adolescentes, segundo o Mapa da Violência 2012.
Em terceiro, vem a farsa da redução da idade para que um adolescente possa ser criminalizado: segundo o DEPEN (Departamento Penitenciário Nacional), em 2011, 56% dos encarcerados estavam na faixa de 18 a 29 anos. Na prática, a redução já está em vigor – e nem precisamos aqui debater qual a classe social e a etnia dessa população carcerária. O Brasil é hoje o 4º país que mais encarcera no mundo. São mais de meio milhão de encarcerados
O que deseja essa redução? Por que isso não é claramente debatido?
Constatado quem são as vítimas desse processo violento de criminalização de todas as ordens, é necessário discutir aquilo que ninguém discute: qual intencionalidade por trás desse debate? Por que é importante não efetivar o ECA ou o que ainda resta dele? Por que é importante encarcerar os filhos dos trabalhadores, cada vez mais cedo? Por que as centenas e milhares de mortes dos filhos da classe trabalhadora não provocam tanta comoção para pedir a prisão dos governantes por não garantirem as condições de dignidade de vida previstas no ECA?
O Estado burguês nunca assumiu o compromisso com os filhos do povo, somente com os da burguesia. Desse modo, a universalização da política não foi uma convicção, mas uma concessão em momento de ascensão da classe trabalhadora, ou seja, não é um projeto da burguesia brasileira e combatê-lo parece-lhe natural. Aqui diria que, se a burguesia tivesse uma insígnia, essa seria a de “nenhum direito a mais!”.
Se não pensarmos esse processo de encarceramento dentro da lógica do capital, sua necessidade de exploração e reprodução, também não entenderemos por que se encarcera em massa. O encarceramento em massa se insere dentro de tal lógica, pois, ao ter um enorme contingente de encarcerados, é possível explorar a sua mão de obra da forma mais precarizada possível, instituindo assim um Estado penal como o dos EUA. Por isso, encarcerar jovens é um objetivo, já que se trata do período da vida mais produtivo do indivíduo. Isso sem contar com a não responsabilidade de cumprir os demais direitos sociais do trabalhador (saúde, educação, moradia etc.).
Hoje, nas grandes e médias cidades do Brasil, as periferias estão sitiadas. A imprensa burguesa não faz nenhuma questão de esconder: apresenta em horário nobre a população periférica, em especial a juventude, sendo achacada e morta pelo aparato de segurança pública do Estado. É visível que se trata de uma propaganda da lógica do encarceramento em massa, visto que a imprensa não pauta a necessidade de resolver os problemas relacionados à forma de coerção, contenção e morte da juventude trabalhadora e nem promove minimamente debates com a mesma proporção que a morte de um filho da pequena burguesia provoca.
Esses são alguns dos argumentos que têm que fortalecer nossa convicção socialista de que a redução da idade (que na prática já ocorre) não resolverá os problemas de segurança pública pelos quais passamos, já que qualquer política de segurança exitosa reforçaria as políticas sociais e não recrudesceria a relação com a juventude. Entretanto, como as políticas sociais alcançariam os filhos do povo, essas não são reforçadas e passamos por um processo de desmonte desastroso.
Outro aspecto importante é que o debate tem sido colocado com muita intensidade pelo PSDB e, em especial (não eximindo a responsabilidade do governo federal petista), pelo governador Geraldo Alckmin. Algo não sem sentido, já que o estado de São Paulo é o maior violador dos direitos humanos das crianças e dos adolescentes e o principal ideólogo dessa política de segurança que massifica e recrudesce a relação com a juventude. Não nos esqueçamos de que há seis meses, na posse de quase 200 delegados de polícia, Alckmin afirmou em discurso que o principal objetivo daqueles recém-empossados deveria ser o recrudescimento contra a juventude. Não esqueçamos que Geraldo Alckmin foi o introdutor da política da tolerância zero, que levou à explosão do sistema penitenciário e possibilitou a criação de diversos grupos criminosos, inclusive no próprio aparato de segurança do Estado.
A reflexão que temos de fazer é: por que não se respeita o mínimo que está previsto na lei, nem mesmo o mínimo de políticas básicas (saúde, educação, assistência, moradia, cultura, esporte e lazer), e se introduz tão terrível mudança na vida dos meninos e meninas filhos dos trabalhadores e trabalhadoras?
Não vou discutir as mudanças que foram introduzidas na lei (ECA), pois precisaria de espaço igual ou maior para tais reflexões, mas é forçoso dizer que rebaixaram a interpretação e a sua força inicial. Reduzir a idade, no entanto, seria a autorização para agravar ainda mais a já agravada e incerta vida dessa juventude.
Nenhum socialista pode ter dúvida de que lado deverá estar no debate, porque somos depositários do legado humanista, sonhamos um dia vir a ser este o projeto vencedor. Projeto que inclui um olhar diferenciado sobre os meninos e meninas, que criará todas as condições para que possam ser atendidos, cuidados e olhados em todas as suas necessidades.
Essa sociedade não permitirá que nós, os adultos, nos confrontemos com a infanto-adolescência ou muito menos nos omitamos das nossas responsabilidades para com os nossos filhos e filhas, que serão os herdeiros e perpetuadores desse legado de liberdade, igualdade e generosidade.
Nós não podemos ter dúvida de colocar em todas as lutas em que estamos inseridos, principalmente nas lutas por direitos sociais, a luta contra a redução da idade penal dos filhos da classe trabalhadora. Não podemos esperar que a burguesia assuma esse papel. Essa tarefa nos pertence, na medida em que serão nossos filhos e filhas que pagarão o preço das consequências do que tem sido provocado pelo capitalismo.
Não à redução da idade para a responsabilidade penal! Sim à saúde, moradia, educação, cultura, lazer e assistência social!
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“o fascismo consegue atrair as massas porque faz apelo, de forma demagógica, às suas necessidades e aspirações mais sentidas” [Dimitrov, 1935]

21 comentários:

  1. Muito Bom, você colocou em palavras tudo que penso a respeito da redução da idade penal.Compartilho do mesmo pensamento.Só é uma pena estarmos vivendo o ápice do individualismo e a própria classe trabalhadora estar mais preocupada em adquirir novos aparatos digitais e se igualar à burguesia do que lutar pelos reais sentidos e objetivos da vida.Não vejo esperança para o nosso país. http://www.minoocio.blogspot.com.br/

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    1. Não vê? Procura olhar direito. Vejo esperança pra nossa humanidade, mesmo na escuridão da ignorância, da exclusão e da barbárie. O que não dá é pra desistir da vida. Tudo é mudança.

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  2. Também ainda tenho esperança de que dias melhores virão!

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  3. Sim.Tudo é mudança.E desistir, jamais!Mas, mesmo olhando direito ainda não consigo ver uma saída.

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  4. Enquanto essa gente do PT estiver no poder não haverá esperança de dias melhores! Vai ser essa bagunça que é o Brasil!

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    1. Essa gente do pt não está no poder, está no governo, que eu chamo de gerência. O poder é econômico, os financiadores de campanhas eleitorais decidem as políticas públicas. É ingenuidade pensar que políticos decidem alguma coisa além da cosmética. A estrutura é intocável por esses meios, e é a estrutura social que é o problema. O Brasil não é esse desgoverno, não há política que represente esse povo maravilhoso, mestiçagem do mundo inteiro.

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    2. Vamos aos fatos: a Vale colocou alguns milhoes na campanha do Lula e milhões na campanha do Serra, em 2002, se não me engano. Que adiantava os acalorados debates da Rede Globo? Vencesse quem vencesse no dia 3 de outubro, a vitória ja era da Vale.

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  5. Eis a questão que justifica a dificuldade de se praticar o perdão. O ser humano age preponderantemente por vingança. Um jovem de quase 18 anos comete um crime e o que a opinião pública da maioria apregoa? Pena de morte, se fosse possível… Vivemos numa sociedade de sentimentos medievais. A vingança é amiudadamente alimentada no coração dos homens, que se dizem cidadãos, cristãos e religiosos. Tradução: sociedade hipócrita e crente de uma religião mentirosa, que não sabe o que é o perdão.

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  6. Em tempos de discussão sobre maioridade penal, essa música de 2004 se faz atualíssima. http://www.youtube.com/watch?v=_Zc7gBKV_Vg

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  7. Olá, Eduardo! Gostaria de compartilhar ideias.

    http://crimideiablog.blogspot.com.br/

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  8. Quem ainda pensa em político ou partido para solução dos nossos problemas, ao meu ver está equivocado. Quem manda no mundo é o dinheiro... A única solução para começar uma mudança é arrumar um jeito de conscientizar os pobres, a maioria, os abandonados, estes que realmente detêm o poder, para se "desalienarem" do pão e circo brasileiro e lutarem por mudanças. O fim do voto secreto, o fim do financiamento privado de campanhas políticas, esses sim são itens que mudariam nossa realidade, principalmente o segundo pois desvincula o público do privado. Depositar confiança em determinado político ou partido é dar murro em ponta de faca. Em relação ao tema, não sei opinar. Concordo que a maioria dos menores delinguentes não tem nenhum suporte e por isso se tornam criminosos, porém não da pra negar que praticar crime sendo menor de idade virou pratica comum e cresce a cada dia. Temos vários exemplos de garotos com 17, 16 anos que já são homicidas.. Pegar um garoto desses, prender dois anos na fundação casa e depois soltá-lo é o mesmo que fazer roleta russa na sociedade, pois uma hora vai voltar a matar. Não acho que estes tem solução... Em vários países desenvolvidos que prestam suporte total a suas crianças, não tem essa restrição de idade em relação a pena. É um tema complicado, como por exemplo a pena de morte. Nossos sistema penal/prisional é falido. Uma verdadeira fábrica de bandidos. Não reeducam ninguém, não proporcional correção a ninguém, apenas pioram o problema. Acho que a reforma prisional TEM que existir, pro bem de todos, de todas as camadas da sociedade, porém tem muito homem ruim que EU penso merecer pena de morte. Latrocínio mesmo é um tipo de crime que deveria ter pena de morte, pois no meu entendimento se você não ceifar a vida desse tipo de criminoso você está simplesmente desmerecendo a vida que foi interrompida. É como se uma vida inteira pela frente valesse apenas alguns anos da vida do outro. Mas o engraçado que a própria burguesia é tão alienada que não conhece a teoria da cooperatividade, onde todos saem ganhando. Se nosso sistema penal e prisional fosse realmente bom, se reeducasse as pessoas e proporcionasse penas adequadas e uma reinserção na sociedade, todos ganhariam com isso: pobres, classe média, ricos... Mas eles mesmo são tão alienados que não percebem e acham que o problema não chega até eles, até que um dia chega.

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  9. Nós não precisamos de políticos. Nós precisamos de técnicos, engenheiros, químicos, etc. Nós precisamos de gente que saiba como organizar, como construir um mundo sustentável. Para que política se os seres humanos todos querem a mesma coisa? A humanidade é uma só! Precisamos apenas aprender a observar e conhecer. Precisamos entender que a razão não é tudo! Temos muito além da razão! Eu acho legal a ideia do movimento "Zeitgeist". Fica a dica. Obrigado e Abraços.

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  10. Único tema no site que li e minha opinião difere da sua.

    Sou a favor da redução da maioridade penal. Nada justifica um 'di menor' acabar com a vida de um ser humano. Não importa se é rico ou pobre, um garoto pegar uma arma e atirar na cabeça de uma pessoa virou rotina.

    Medidas sociais aplicadas hoje, demorariam quanto tempo para surtirem algum efeito? Alguns anos, até a próxima geração de pais deem melhor educação aos seus filhos, e que a nova geração de jovens e crianças não sejam infectados por essa bagunça que temos hoje. E durante esses anos que em que a mudança ocorrerá continuaremos a ver estudantes sendo mortos nas universidades? Em baladas? Pais e mães mortos na porta de casa?

    Nossa juventude esqueceu o significado de 'responsabilidade'. E o culpado somos nós. Por tratarmos eles como se fossem crianças. Passando sempre a mão na cabeça e entregando tudo de mãos beijads. Nós eximimos eles de toda e qualquer responsabilidade e hoje pagamos o preço! Precisamos concertar isso!

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    1. Sabe lenda do beija-flor, que enchia o biquinho de água e voava até o fogo, jogando e voltando, enquanto os bichos grandes fugiam? Eu vejo uma enorme falha nessa lenda que pretende ser lição de moral. Ninguém pergunta o que ou quem começou o fogo, ninguém questiona a origem do problema. E ele é tão claro em nossa sociedade, quanto escondido pelos meios de comunicação, pela cultura do consumo e da competição, da busca insana do lucro, gerando miséria e sabotando o desenvolvimento humano, a sensibilização, a instrução e as oportunidades de milhões e milhões de pessoas. Enquanto isso, a publicidade frenética cria valores sociais, vale-se a marca que se veste, a forma que se ostenta... os milhões de sabotados recebem essa carga publicitária massacrante e sem condições de entender o que acontece, busca formas de "chegar lá", de "ter valor". Os meninos ricos que tocaram fogo no índio em Brasília, pensando que era um mendigo (!!!!!!!), são doutores formados. O que vai acontecer é psiquiatras começarem a vender atestados de insanidade mental pros ricos, e o sistema carcerário passar a exterminar menores e transformar os sobreviventes em pequenos demônios. E o sistema segue produzindo seus cânceres sociais em todos os setores, não só o penal.

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    2. Um dos unicos pensamentos que nao compartilho ctg eduardo . Pra mim tirar a vida de outro ser humano é "inadimissivel" e sem explicação . Matar alguém que não seja por vingança ao meu ver não tem "sentido algum" .

      Certo que a midia prega a busca por riquezas e etc ...eu acho extremamente explicavel o fato de alguém roubar mas tirar a vida do outro para conseguir algo isso é perca da expressao "ser humano" . Pra vc nao matar alguém basta apenas pensar : porra imagina se alguém faz isso com minha mae por ex o quanto eu vou sofrer por isso . Nenhuma exclusao social , marginalização etc ao meu ver dá sentido em alguém tirar a vida do outro .

      O problema é bem mais amplo mas passa com ctz por ter que punir esses jovens . Ao meu ver aos 12 anos ja temos uma excelente noção do que é "certo ou errado" e falo isso no sentido de tirar a vida de alguém .

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    3. Você viu o menino que tomou um tiro na nuca, de um policial, enquanto comia cachorro quente, no Jacarezinho? Sabe que a casa do traficante Nem, na Rocinha, tá sendo usada pra tortura e estupros? Sabe que nas favelas controladas por UPPs, é preciso pedir autorização pra fazer até festa de aniversário de criança, dentro de casa, senão a polícia mete o pé na porta e acaba com a festa? Sabe que nas comunidades de predominância nordestina o que é proibido é o forró? Sabe que há um processo de extermínio de jovens negros e pobres, que não sai na mídia? Na minha área é difícil a semana em que não morre ninguém. E são meninos sabotados pelo Estado, que não cumpre suas obrigações constitucionais de garantir alimentação, moradia, ensino decente, só pra começar, que não têm perspectiva de vida e que não esperam viver muito tempo. São mais de mil e trezentas favelas no Rio de Janeiro. E a mídia planta essas idéias de que os caras são marginais porque querem, porque escolheram, e encontram um coro pra repetir isso, de pessoas que não têm idéia dessa realidade. Não se trata de defender bandidos, mas de perceber a fábrica de bandidos nessa estrutura social. Já se fala em privatizar presídios, pra capitalizar esse caos. Onde isso foi feito, constatou-se policiais recebendo propina pra prender muito. Sempre pobres, que não têm condições de se defender, a maioria fica presa, com ou sem motivo, por não ter advogado e a defensoria pública não ter estrutura pra atender todos. Quando se usa a imaginação pra pessoalizar as coisas, "se estuprarem minha mãe" e coisas do gênero, cria-se o clima que justifica a barbárie, que solidifica essas leis aberrantes. Então, quando os filhos das classes atendidas em seus direitos e que têm privilégios sociais tocarem fogo nos desabrigados, espancarem mulheres pobres em pontos de ônibus e coisas tais, psiquiatras receberão uma grana pra passarem atestados de insanidade temporária pra livrar a cara deles, e os pobres irão pra cadeia, tenham ou não cometido crimes.

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    4. Matar alguém é proibido, não tem sentido algum. Mas o que mais se mata em nossa sociedade são pessoas pobres e ninguém fala nada, muito menos a mídia. Essa mídia criminosa, que forma opiniões imundas e alienadas, está pronta pra defender os interesses empresariais e atacar os direitos da população. Se deixar levar por ela é um absurdo cotidiano e majoritário. É preciso pensar por conta própria, mas isso não é fácil.

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    5. Entendo tudo que vc disse eduardo "sempre pensei" dessa maneira mas ainda continuo com o mesmo pensamento sobre isso : independente do abandono do estado , da matança que os mais pobres sofrem por parte policial entre outros é INADIMISSIVEL tirar a vida de outro ser humano a não ser por vingança ou "para beneficiar a maioria" como a morte de um ditador por exemplo .

      Acho que o pensamento "intelectual" sobre esse assunto acaba qd alguém mais proximo PRINCIPALMENTE ( familia , amigos ) é morto por alguém "de menor" .

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  11. Edu, meu irmão, acho que vc já deve conhecer, mas deixo aqui um vídeo que vale a panea, desse artista pedra 90 chamado Max Gonzaga, sobre a maioridade penal:

    Fala sobre a "luanapiovanização" da classe média brasileira. Se não viu, acho que tu vai gostar, o cara diz na lata.

    abração!

    https://www.youtube.com/watch?v=KfTovA3qGCs

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observar e absorver

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