quinta-feira, 4 de abril de 2013

Liberdade de expressão, pela liberdade de consciência.




Praça Saenz Peña, Tijuca. Eu expunha junto com os camelôs, na calçada da Conde de Bonfim, meus brochinhos feitos a mão, gravados em relevo no metal. Frases, símbolos, desenhos, dizia o que achava necessário, no estímulo à reflexão. Alguns brincos, pulseiras e colares, mas basicamente brochinhos, em grande quantidade.

No meio daquele monte de gente passando, reparei no casal que vinha olhando, de banca em banca, sem dar muita atenção a eles. Até que pararam na minha, examinando atentamente os broches. Ela era mais escura, com uma bolsa pendurada no braço, ele trazia uma pochete grande atravessada no ombro, tinha os cabelos louros e encaracolados, apesar de ser moreno, e uns óculos redondos, que davam um ar meio alternativo. Ele então fala, apontando um brochinho redondo, com a folha da cannabis verde e letras em vermelho, usuário não é bandido, “aaah, você que tá vendendo maconha...”

Primeiro sinal, vinham de banca em banca, independente da mercadoria, olhando demoradamente. Segundo sinal, o “aaah...”, mostrando que haviam encontrado o que procuravam. Os dois sinais passaram despercebidos.

Retruquei, tranqüilo, maconha, não, isso é só um desenho gravado no metal. “Vai me dizer que essa folha não é de maconha?”, ele perguntou, incisivo – mais um sinal despercebido, o tom de voz. Respondi que sim, representava a maconha, um assunto que deveria ser debatido na sociedade e por isso constava no meu trabalho, entre tantos outros assuntos. “Mas isso é apologia, é crime” ele estava meio hostil, mas minha tranqüilidade não permitia que ele subisse o tom. Disse que não havia nenhum dizendo que maconha era bom, nenhum incentivando o consumo – havia vários – bastava ler os escritos. Usuário não é bandido, pela liberdade de consciência, proibição gera tráfico, consciência e liberdade, descriminalização, fui apontando e lendo, tinha até um com letras grandes em cima da folha, NÃO USE, e em baixo, com letras pequenas, à toa. Ele argumentava na linha da criminalidade, eu falava da liberdade de expressão artística, consegui manter uma conversa amigável, até que ele não teve mais argumentos e apelou. “Tudo bem, já vi que tu é bom de idéia, mas se passar um policial por aqui, pode dar problema, ele não vai querer saber do teu papo, vai te levar pra entorpecentes (a delegacia, mais um sinal, a intimidade dos termos), tu pode ser processado, no mínimo vai perder o dia de trabalho...” e nessa eu me quebrei, quando respondi “ah, não tem esse perigo, não, amigo, isso aqui é arte. Um policial é um ser tão embrutecido, tão animalizado, tão tosco e ignorante que ele passa por aqui e nem me vê, é igual bicho,” apontei uma enorme banca de laranja na esquina, “vai parar lá nas laranjas, tá vendo aquela banca de laranjas lá? Ali ele para, que laranja ele pode comer, arte não vale nada pra ele, não tem sensibilidade, é igual bicho...”

Senti o impacto nos olhos dele, um brilho de raiva passou rápido, ele deu um passo atrás, meteu a mão no bolso e puxou uma carteira, “polícia, rapaz, cê tá preso!” Deu um frio na barriga, me toquei de repente do meu enorme vacilo, tentei desenrolar. “Peraí, irmão, se tu parou aqui, tá olhando meu trabalho, deve ser uma exceção à regra, tem mais sensibilidade que o geral, não vai prender um trabalhador...” Ele riu, “tu é bom, mesmo, mas não adianta”, fez um sinal e do meio do trânsito apareceu um carro da polícia civil e parou junto à calçada. Ainda tentei, “pô, cara, cê tá prendendo um pai de família, não vai fazer isso na frente da sua noiva...” Ambos riram, ela abriu a bolsa, tirou uma carteirinha – polícia –, eu vi a arma dentro da bolsa. “Era atrás de você, mesmo, que a gente estava” – minha cabeça formigava, eu começava a me sentir um idiota de não ter percebido antes os sinais que agora se acumulavam na memória, de repente. Tentei ainda conversar, mas ele cortou, “vai levar suas coisas, ou vai deixar aí?”

continua


Calei, desmontei a banca, dobrei o pano com os broches, arrumei a bolsa, entrei no carro, sob o olhar espantado dos camaradas em volta, todos já conhecidos. Ninguém se aproximou, nem perguntou nada, acostumados à repressão, só ficaram olhando espantados. Afinal eu era o mais pacato dos expositores por ali, amigo de todo mundo. Sentado no banco de trás, eu pensava a mil. Tinha cara de denúncia. No dia anterior eu vira dois peemes pararem na esquina e ficarem toda a tarde, procedimento inusual, pareciam estar vigiando alguma coisa. Depois, esse casal de polícia vindo, banca a banca, claramente procurando... eu me sentia um idiota, devia ter percebido. Dias antes, eu lembrava agora, eu havia vendido a uma senhora, já meio idosa, um broche com a folhinha em relevo, dourada com o fundo preto, escrito “pela liberdade de consciência”, ela gostou da idéia e saiu usando no peito. Eu teria avisado do que se tratava, mas achei que ela sabia. Logo depois de chegar ao Rio, vendendo na praia de Ipanema, uma senhora de cabelos brancos havia comprado um igual, com a mesma frase, sentada em sua cadeira de praia, e eu a adverti, “a senhora sabe de quê é essa folhinha?” e ela “claro, não é de maconha?” Eu ri, ela tirou uma boina preta da bolsa, pôs o broche e ostentou na cabeça, fazendo contraste com o branco dos cabelos. Ficou lindo. E eu pensei, isso é Rio de Janeiro, as pessoas são inteiradas. Por isso não estranhei a senhora da Tijuca escolher aquele. No dia seguinte, no entanto, eu torcia um arame com o alicate quando percebi o broche rolando sobre a banca. Levantei os olhos e vi a dona, expressão indignada, depois de atirar a peça na mesa, entendi que ela não sabia e que ficara zangada quando descobriu. Nem contestei, fui tirando o dinheiro do broche e devolvendo a ela, “pensei que a senhora sabia do que se tratava”. Ela pegou o dinheiro e, sem mudar de expressão, foi embora.

Agora eu me sentia um idiota. O cana, ofendido com minha descrição de polícia, já não tinha nenhuma simpatia por mim. Foi me ameaçando, citando as penas que eu podia pegar, de 3 a 15 anos de cadeia, que gente como eu tinha que se fuder, mesmo, fazendo apologia, que o tráfico matava policiais e aquela coisa toda. Eu já não dizia nada, pensava no que o destino me reservava, que tipo de experiências me esperavam, “pai, afasta de mim esse cálice...”

Na delegacia, Grajaú se não me engano, esperei umas três horas, depois de ser "qualificado" - quando anotam todos os seus dados -, até que me mandaram entrar na sala do delegado. O homem era enorme, cada braço dele dava uma perna minha, um bigode maior que o de Rui Barbosa na cara, só que escuro. O veludo preto, cheio de broches, cobria toda a mesa dele, por cima de tudo, ele olhava os dizeres, os desenhos, expressão concentrada, a mão direita enrolando a ponta do bigode. Nem levantou os olhos quando o agente me mandou sentar em frente à mesa. A cara fechada e atenta, ia de um broche a outro, lendo as frases. A expressão agressiva parecia ocultar sua estranheza e interesse diante de tantas reflexões, questionamentos e propostas a respeito de vários assuntos da sociedade, das relações humanas, valores, símbolos, uma variedade enorme. Depois de um tempo em silêncio constrangedor, ele finalmente se fixou num dos que tinha o desenho da folhinha e começou o mesmo papo do cana que me pegou na rua, “então quer dizer que o senhor está vendendo maconha...” Eu sabia estar diante de um bacharel, ali o papo podia ter um nível mais civilizado, mais profundo. “Não senhor, estou vendendo arte, com o meu pensamento a respeito de muitos assuntos.” Ele me olhou nos olhos, “tô vendo...” Senti que havia um certo respeito, pra meu alívio. A conversa rolou no mesmo sentido, liberdade de expressão, a culpa jogada sobre o usuário, na minha opinião uma das vítimas principais dessa proibição absurda, não havia tráfico antes dela, ninguém jamais morrera de overdose de maconha, ele mandou o jargão “e esses caras que fumam pra roubar, pra matar, pra estuprar?...” Eu sorri contido, perguntei “há quanto tempo o delegado é policial?” Ele pareceu se aborrecer, levantou a voz “há vinte e cinco anos!” Eu arrisquei, “então o senhor sabe que isso não é verdade, o cara fuma maconha e fica lento, perde reflexo, ninguém fuma pra aprontar, isso acontece é com o pó, que deixa o cara a mil, atento, com os reflexos exagerados. Maconha dá fome, dá sono, nego fica pastel, babando, de bobeira...” Ele não pôde conter um sorriso, “bem que o Tavares falou que tu era bom de papo”. “Mas isso não é papo, doutor, é a minha maneira de ver o mundo. E meu trabalho é esse, pode ver que não é o único assunto, eu falo de vários ângulos de observação, da miséria, da ignorância, da ostentação de riquezas...” “Eu sei, tô vendo aqui. Tu vai querer me dizer que não fuma essa merda?”, ele não estava mais hostil, eu disse a ele que não diria isso, mas que trabalhava todo dia, sem descanso, e nunca tinha matado, roubado nem estuprado ninguém, não tinha nenhuma passagem pela polícia, “eu sei, conferi isso antes de você entrar aqui.” E começou a conversar sobre os assuntos dos brochinhos, a respeito da sociedade, ele parecia se surpreender a cada resposta, pronunciou uma frase que gosto muito de ouvir, “não tinha pensado por esse lado”, algumas vezes.

Em certo momento, nem parecia que era uma conversa na delegacia, conversávamos sobre meus pontos de vista, ele perguntava, eu respondia, “e o que você acha de Deus?”, “e família?” e demonstrava admiração com as respostas, Deus tá acima do alcance da compreensão humana e as religiões cometem a arrogância de definir o que é e como funciona, pretensão tão vazia que dava margem pra tantas religiões diferentes e tantos conflitos e sofrimentos desnecessários, família era a humanidade inteira, só que ainda não nos havíamos dado conta. Caminhávamos a duras penas em processo evolutivo e meu trabalho apontava nessa direção, embora eu não tivesse expectativa de ver essa consciência acontecendo no meu tempo de vida. Ele, então, adotou um ar paternal e, em tom de conselho, disse que eu não devia fazer aqueles a respeito de maconha. Apesar do artigo 5º da constituição, os policiais não gostavam daquela imagem e podiam me causar problemas, como o que estava acontecendo, que eu nem sempre ia encontrar um delegado esclarecido como ele. Eu ri por dentro, disse que fazia o que minha consciência determinava e que, se tivesse que sofrer consequências por isso, embora não quisesse, eu me sentiria honrado, preso por uma questão de consciência. Ele argumentava, falava das minhas filhas – no primeiro interrogatório ele já sabia disso –, dos cuidados que eu devia ter, nas leis atrasadas da sociedade. Eu concordava com ele, sabia que estava em risco e tomava meus cuidados, mas não deixaria de falar no assunto, que envolvia muitas mortes, muito engano, era uma necessidade falar disso. Ele suspirou. “Tu não vai deixar de fazer, né?” “Pra lhe ser sincero, doutor, não”.

Ele mandou eu recolher o pano. Enquanto eu o dobrava, com cuidado pra não arranhar os broches, ele abriu uma gaveta, tirou um papel e começou a escrever. “Isso aqui é o telefone da delegacia, esse é o meu nome. E esse telefone aqui é o da minha casa. Guarde porque você vai precisar. Pode me ligar a qualquer hora.” Surpreso e agradecido, guardei o papel com todo cuidado. Ele chamou o Tavares, que me tinha preso. O cara chegou com uma expressão meio confusa, por que seria que estava sendo chamado? O delegado pediu pra abrir o pano, mostrar os broches, mandou o cana ler o que estava escrito nos que tinham a folhinha. O cara estava confuso e eu também. Ele mandou ler em voz alta, o cana obedeceu. Na terceira peça o delegado perguntou, com certa hostilidade, “onde é que cê tá vendo apologia?” O agente não sabia o que responder, gaguejou alguma coisa, o delegado foi implacável, “tu é um poço de ignorância, o cara é um trabalhador, um artista, não tem apologia, isso é uma expressão de arte, de opinião!" E acrescentou, pra meu espanto, "parece peeme!”

Não gostei daquilo, ele não devia humilhar o cara na minha frente. Afinal, ele ia pra rua, sabia onde eu expunha, se me responsabilizasse pelo esporro eu estaria em risco. Ele estava de olhos arregalados, espantado com o bacharel, eu baixei os olhos justo quando ele me deu uma olhada, tentou se explicar, era uma denúncia – e eu lembrei da velhinha –, no dia anterior os próprios peemes haviam feito uma campana, sem sucesso, ele é que tinha desvendado o mistério, apesar de não ser maconha em espécie, podia ser classificado de apologia. O delegado manteve o discurso e espinafrou a ignorância do sujeito, mandou ele ler as leis e sair dali. O cara sumiu, o doutor olhou pela janela, falou pra si mesmo, “mundinho de merda, tanto bandidão solto por aí e me aparece esse Jesus maluco, se colocando em risco de graça”. Não era a primeira vez que faziam essa comparação, na ocupação em que eu morava, qualhada de bandidos profissionais, era assim que que a bandidagem me chamava, por causa da barba e do cabelo e porque eu falava de paz, harmonia, justiça, tentava apaziguar os espíritos daqueles revoltados contra a sociedade e capazes de qualquer atrocidade nos assaltos, roubos e conflitos. “Pega tuas coisas e some daqui”, ele disse com fingida hostilidade. Eu o olhei com simpatia e pude perceber um sorriso mal contido por debaixo do bigode gigante.

“Tu não vai encontrar outro tão legal quanto eu” ele completou enquanto eu saía da sala. Não pude conter o riso, enquanto caminhava no corredor, mas fiquei sério ao ver o Tavares na porta da delegacia, me olhando com ódio. Pensando numa possível “vingança”, parei na frente dele, humilde, “desculpa, irmão, não imaginava que esse babaca fosse fazer essa presepada contigo...” e vi o sentimento dele amenizar ao som das palavras “babaca” e “presepada”. Ele não disse nada, mas eu senti que naquela hora o risco tinha sido desfeito.

Continuei expondo no mesmo lugar, quase na esquina da General Roca, sem mais problemas. Um dia, muito depois, um pleibói parou na banca e reconheceu o trabalho. “Ah, foi aqui que minha mãe comprou aquele broche”, e eu lembrei da velhinha. Ele tinha uns trinta anos e o tipo de quem estica a adolescência pela idade madura. Morava com a mãe, vivia de bicos, de pequenos negócios, fumava muita maconha e vagabundava o dia inteiro, era a tristeza da mãe que, como é comum, atribuía à maconha o caráter do filho. Então eu soube que um dia a mãe chegou em casa com o brochinho, ele viu e comentou com ela, rindo, “que isso, mãe, aderiu?” Foi assim que ela soube que aquela folha era de maconha, foi assim que ela veio revoltada devolver o broche, foi dali que ela passou na cabine policial no meio da praça e disse “tem um cara vendendo maconha ali”, apontou na direção da esquina e foi embora. Foi assim que eles começaram a me procurar, sem saber que eram metais, e não maconha de verdade.

Estava montado o quebra-cabeça.

Os contatos do delegado ficaram guardados comigo, cuidadosamente, até serem perdidos com quase tudo o que eu tinha, na enchente de Petrópolis no verão de 87 pra 88. Nunca precisei usar.

Isso aconteceu em 1986.

52 comentários:

  1. Muito legal essa passagem da sua vida, saudade de passar em Santa Teresa para papear com você irmão, em breve eu volto.

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  2. Muito boa a história, Eduardo! Meus parabéns!!!

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  3. hahaha! pouco provável ser preso a esta altura... :) Narrativa excelente, tô esperando o novo livro de crônicas!

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  4. Cara, que sociedade merda, policial filho da puta! Já passou da hora de revolucionarmos, vamos ficar aqui olhando isso e aplaudindo? Pedindo mais um livro de cronicas? Vamos pra rua, luta armada, comicio, invadir a globo, foda-se, porra fico indignado com isso, parece que vem a tona todos os tapas na cara por estar fumando maconha depois de trabalhar o dia inteiro. É foda irmão, não para não, é isso que eles querem, qualquer idéia tua eu apoio, faz um comício irmão... papo reto!

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  5. Eduardo, agora que eu vi que continua, rs, pensei que isso tinha sido por esses dias, não mudou nada mesmo, essa é a minha conclusão!!!!

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    1. Que nada. Agora os caras não te levam por pouca coisa, pois na delegacia sabem que serão ridicularizados. Eles não te levam, mas levam tuas coisas - relógio, cordão de ouro ou prata, celular, grana,... E se encontrarem resistência ao assalto, te levam por desacato, isso é bem aceito nas delegacias.

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  6. Muito bom, terminei a leitura. Perdão pela agressividade, mas é porque sou Tijucano, criado na Rua Uruguai e já levei muitas duras na Sãens Pena, senti na pele a tua dor, o primeiro comentário foi pura indignação, foi no reflexo...

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    1. Agressividade é a língua do sistema, parceiro. Eles querem o barulho, fácil de localizar, de distorcer, transformando em baderna e justificando o apuro, desenvolvimento e aumento das forças de segurança, junto com sua desumanização. Não creio que seja por aí. Até agora, todas as formas de contestação esporrentas se diluem no tempo e nada conseguem de duradouro. Acho que a verdadeira mudança deve ter raízes internas, silenciosas, seguras, resistentes. E assim, se tornam contaminantes, sem lideranças nem conduções, consciências não precisam, nem podem, ter guias, lideranças ou comandos.

      Abraço.

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    2. Cara, perfeito... "Eles querem o barulho, fácil de localizar, de distorcer, transformando em baderna...".

      Você tá fixo no Rio, né?

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    3. Fixo eu não diria. Mas aqui é a base.

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  7. Demais Eduardo!
    Nessa época eu estava nascendo.

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  8. bom de ler,senti a importância da calma, do diálogo e da humildade diante de um momento de injustiça, pra tornar uma situação praticamente desfavorável em uma bela história, mais bonita ainda foi a atitude com Tavares, independente de ter sido estratégia ou não... inspira à tentativa de nos tonarmos pessoas melhores.

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    1. Chamo de "desarmamento de espírito", procedimento muito útil a quem está em situação social de exposição aberta - a cara na rua todo o tempo, sem qualificações sociais que inibam ataques. Pode ser aplicado em uma variedade enorme de condições, inclusive em relações pessoais e familiares, pra desenvolver melhores entendimentos e evitar conflitos.

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    2. Possível quando se atinge o sentimento de humildade, o melhor antídoto contra o sentimento de humilhação - que tem origem no orgulho e nos fragiliza diante de insultos, discriminações, desprezo e arrogâncias dos privilegiados materiais primários em espírito.

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    3. Fala aí Eduardo...beleza? Rapaz, gostaria que você soubesse que você é uma grande inspiração pra mim. Já encomendei o seu livro pra poder aprender mais com você. Admiro demais você e reconheço em vc a grandiosidade e nobreza do seu caráter e do seu espírito. É incrível como vc consegue enxergar bem a sociedade, como pela sua grande inteligência você consegue expor bem a realidade em que vivemos. Você tem muitos admiradores e nós gostaríamos de sempre termos contato com os seus ensinamentos e com as suas idéias. Agradeço por ter tido contato com você e se precisar de alguma coisa aqui em Brasília algum dia conte comigo meu irmão.

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  9. Parabéns, Edu, tua narrativa é excelente, nos prende do início ao fim do texto. Admiro a calma e a articulação que você conseguiu ter, mesmo diante de tanta pressão. No teu lugar eu teria ficado revoltado demais e não conseguiria raciocinar direito, de tanto ódio que estaria sentindo.

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    1. "Tanta pressão"? Rapaz, cê não viu nada. Depois eu conto como é que aprendi que o som é mais lento que as balas.

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    2. Hoje na Av. Paulista havia 2 jovens distribuindo panfletos na calçada em frente a um shopping. O segurança esbravejava pra que eles se afastassem, apesar de estarem num local público. Essa é uma típica situação em que eu ficaria louco de raiva e não conseguiria ter jogo de cintura pra tentar resolver a situação, pois o que mais me revolta é injustiça. O segurança não tinha direito nenhum de fazer aquilo, só que ele tinha um cassetete e podia contar com o apoio de mais seguranças se fosse preciso. Como sempre, valeu a lei do mais forte.

      Esse caso foi banal, mas ilustra o que acontece em todos os níveis. É assim na rua, na política (no Brasil e no mundo), na Justiça, no ambiente de trabalho etc...

      Já aconteceu com vc situação parecida com essa que vi hoje? O que vc fez?

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    3. Nunca panfletei. Mas iria panfletar em outro lugar, simplesmente.

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  10. Eduardo !!! sem palavras, lendo suas paradas e vendo suas palestras pela net eu aprendi muita coisa que com certeza levaria anos para compreender.. Meus parabéns, vou procurar muito semear essas ideias, hoje faço história, espero que possa usar seus conteúdos em salas sem sofrer represálias rsr..! Abração Irmão !

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  11. Cara ... Faz tampo que leio seu blog , mas nunca comentei por aqui ... O engraçado é que outro dia falei com um "brilho nos olhos" de tudo o que li aqui , de tudo mesmo , dos comentário , da coragem ,do aprendizado , do modo de se expressar ... enfim ,,, tudo o que aqueles que acompanham o blog sabem e expressam nos comentários com elogios a ti. E simplesmente o outro me diz : -Ahhh ele virou Hippie então ? ... Porra ,,, fudeu ... Por mais bem descrito uma história com emoção e com um sentimento dentro do peito ... Fiquei mais de meia hora falando sobre todos os acontecimentos que você já descreveu e que eu também já observei , que acontece todos os dias por esse mundão, e a pessoa me lança uma frase dessas ...Poxa ... fiquei chateado , percebi que nem você fazendo o melhor possível para que os outros tentem entender aquilo de bom que você quer dizer ,as pessoas simplesmente não compreendem ... Nem que eu escrevesse minhas músicas , ou fosse mais longe onde eu quero , como fazer a produção de novos filmes nacionais ... As pessoas não entenderiam a mensagem que queremos passar ... Exemplo de tantas bandas nacionais , de tantos belos filmes brasileiros ... Ai eu concluí que é melhor eu continuar fazendo a minha parte ,,, E quem sabe se algum filho da mãe compreender o que eu digo .. já está de bom tamanho ! Enfim ... Parabéns pelo blog ! E que o sol nos acompanhe no meio da escuridão ! Um grande abraço ! E Parabéns Novamente !

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    1. Não é porque uma terra não é boa que não existem terras férteis. É preciso apenas diferenciar umas das outras, às vezes é óbvio, como comparar pedras e terra. Planta-se em terra fértil, é preciso ter discernimento.

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    2. As vezes os" resultados" demoram a aparecer, o recebemiento da informação é imediato, o processamento também, mas a compreensão, me parece que não. Cada um tem um tempo de aprendizado, muitos de nós estamos bloqueados por vários motivos, uns mais, outros menos, mais isso não quer dizer que o bloqueio não possa ser furado, até no pedregulho sementes germinam, demora mais, tem que vir as intempéries, tempestades, frio e calor extremo, pra "dissolver" a rocha, tem que vir a semente, as vezes de longe, de onde se menos espera, até que passe o estágio de dormência e chegue a germinação, demora, se bobear não veremos nem a planta, quem dirá seus frutos, mas pode ser que depois de muitos ciclos, o pedregulho se torne uma floresta... é o que eu espero.

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  12. Aprendo e ensino muita coisa todo dia. mas ainda tenho muito o que aprender sobre o "desarmamento de espírito", apesar de achar que cultivo a humildade... o "pavio curto" me atrapalha. Obsevar&absorver terapêutico, rs!

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  13. Que texto ótimo! Adorei, li e reli em voz alta, gosto muito do seu trabalho e das suas ideias...

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  14. O verdadeiro cristão é reconhecido pelas suas qualidades morais.

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  15. Complementando: valeu filósofo da rua! Abrazzzz do cerrado/DF

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  16. Primeira coisa a dizer: eu quero um broche desse, rs.

    Não mudamos muito de 86 para cá. Tudo bem, dizem que a mudança será geracional, ela já está ocorrendo. Nos EUA, a plantação de maconha gera 35 bilhões, 10 bilhões a mais do que o cultivo de milho, o cultivo mais popular nos EUA. (talvez tenha errado de milhões para bilhões, mas a fonte é a Galileu)
    Estou falando da maconha dos EUA. Ainda tem os países da América Latina.
    O HSBC pagou ao governo americano 1,6 bilhões para ENCERRAR uma investigação sobre lavagem de dinheiro do tráfico internacional.

    O relato é ótimo, cara, nos arrasta para o momento vivido. É impressionante como você lembra das palavras, dos gestos e se arrisca até a lembrar o que o outro pensou.
    Do que mais gosto no relato: você não assume nenhum tipo de passividade diante das agressões do policial e da tia que comprou o brochê. Assume que conscientizar é um serviço, entende suas diversidades e não quer nada em troca. Putz, muito bom.

    Segunda coisa a dizer: eu quero um brochê desse.

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    1. Não os faço há muito tempo. Tenho o material, mas não o tempo. Um dia ainda faço uma remessa.

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  17. Ah, outra coisa, sou do Rio, mas estou em Fortaleza e conheci um pessoal que conhece o seu trabalho e que foi impulsionado a criar novas maneiras de fazer a intervenção urbana depois de ouvir o que você falou. Novas maneiras de falar uma língua diferente da língua que o sistema nos impõe.

    O pessoal chama o trabalho de conscientização através dos muros. São gravuras e grafites expostos no centro de Fortaleza. É possível notar as intervenções em várias partes do Centro.

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    1. Cê não imagina o prazer em saber disso. É o que dá razão à existência.

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    2. Tem várias gravuras com frases na frente de algumas repartições públicas e instituições financeiras, talvez seja intencional.

      Quando posso, sento no banco da praça e percebo que algumas pessoas ficam ali observando e absorvendo. Quando saem, continuam olhando para trás - na direção das gravuras ou grafites - como se tivessem absorvido um conteúdo que, até antes, nunca tinha sido oferecido.

      É lindo, Eduardo.

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    3. Quando for a Fortaleza, espero que ainda estejam nessa atividade e que a cidade esteja cheia de chamados à reflexão. Não está nos planos agora, mas pode acontecer de me chamarem pra alguma atividade por aí...

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  18. Eduardo, não sou do Rio.
    Gostaria de saber onde te encontrar caso for ao Rio.
    Pode descrever por onde vc fica?

    Sou seu fã!

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    1. Fã vem de fanático, parceiro. Faissunão. Foi um fã que matou John Lennon.

      Exponho nos fins de semana em Santa Teresa, no Largo do Guimarães, centro do bairro, facinho de chegar. Santa Teresa é um bairro central, limites com Rio Comprido, Catumbi, Estácio, Cidade Nova, Bairro de Fátima, Lapa, Catete, Glória, Laranjeiras e Cosme Velho, sem falar no Centro, propriamente dito.

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  19. Admiro muito o seu trabalho, se é que pode ser chamado assim. Concordo 100% com suas idéias, e admirio acima de tudo sua coragem em assumir sua verdade e coloca-la em prática.
    Pois assim como eu, a maioria das pessoas que estão comentando nesse blog, ficam só na teoria, como vc memso fala. É preciso ter muita coragem para sair da teoria, não é fácil, pois a contaminação do mundo consumista é muito forte. Mesmo sabendo que estamos agindo errado continuamos a fazer. é como um viciado em cigarro. Mesmo sabendo o mal que faz, o falso prazer momentâneo o faz continuar fumando.
    Espero um dia ter coragem e força para seguir minha verdade, ou pelo menos nao seguir mais minha mentira.

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  20. Pô cara, que emoção ler isso, minhas lagrimas e meu arrepios não se contem ao ler as belas palavras e os dedicados detalhes de cada situação. Parabéns.

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  21. É admirável e inspiradora a sua vida e obra. Sem contar que finalmente comecei a entender como é o processo de criação da serigrafia, penso em começar a criar algumas.

    Abraço.

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  22. Parabéns pelo post, Consegui tira algumas lições com essa história, ouvi sua história de vida no "ARNC", e gostei muito, me identifiquei com muitas coisas, mudei muitas coisas q fazia e que n me agradava, e me adapetei a algo q me identificava mais kkkkk, ass algumas palestras suas por video, e sinceramente, gostaria q daki uns anos ir ao Rio ver seu trabalho de perto, ass suas palestra, no momento agora ficaria dificel, mais vocÊ tem muito a ensina tanto paraa mim como a muitas outras pessoas, pena q no video vc menciono q n mechia mais com esses brochinhos, gostaria muito de poder compra um, realmente é uma arte. Muito sucesso, to gostano de ler seus artigos, sempre q posso, leio alguns, e só tenho a flaa uma coisa, Parabéns e cotinue nesse caminho.

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  23. Caraca! Ignorância é só isso! Falta de informação! Bueno eu to mais identificado com o playba no momento hehehehe... Mas foi um acontecimento único! E pensando em 1986, lembrei da polícia da época, tinha 6 anos, mas, da TV lembro muita coisa. Essa tu te safo rapa hehehehehe

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  24. Parabéns! Cara, com uma de suas palestras que assisti no youtube, abri meus olhos para o que realmente sinto em relação ao mundo, a vontade de fazer e ser mais do que um parafuso..vc disse o que eu sinto e não enxergava..enfim obrigada mano..sua existência não é a toa

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  25. Oi, Eduardo. Li o comentário de alguém sobre os caras panfletando e o segurança mandando-os embora da rua. Sou estudante de Psicologia e banco meus estudos, gastos com alimentação, livros, tudo isso panfletando. Às vezes estou numa área mais "nobre" da cidade e passam aqueles carrões com um milionário dentro. Nem me olham, e eu digo "Bom dia, amigo". Outro dia fui entregar um panfleto a uma madame muito gentil que me respondeu: "Sai daqui, seu LIXO humano!". Eu respondi calmamente: "Um ótimo dia pra senhora também." Sempre lembro de vc falando que os ricos estão presos dentro de seus condomínios de luxo (pra mim, dentro de suas cápsulas blindadas). Ficava muito triste com a atitude de alguns, com a hostilidade que demonstravam a mim e ao meu trabalho, hoje em dia agradeço e me retiro, desejando um ótimo dia. Aprendi a refletir. Obrigada! Abraços! Luana, de Belo Horizonte.

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    1. Parabens pela serenidade, Luana. Fui eu q comentei lá em cima sobre panfletagem. Geralmente eu me deixo contaminar pela negatividade nesse tipo de situação. Vejo que vc é guerreira e luta de forma inteligente.

      Abços,

      Luiz.

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    2. Oi, Luana. Agressividade pode ter várias razões, no caso dessas pessoas. Nenhuma a ver com a gente que não tem nada com isso. Se deixar levar por provocações da vida é dar mole com sua qualidade de vida - que depende diretamente dos sentimentos. O que a figura fez foi expor seu próprio inferno, prum lado que não resultaria conseqüências. Uma pequena covardia, sintoma claro. Abraço.

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  26. Muito bom ler teus textos. 😀😉😍🙏
    Obrigada!

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