Essas "realizações" alardeadas pela mídia, obras faraônicas, eixos viários, construção de infra-estrutura pro show da Fifa e grupos empresariais, são uma demonstração clara do sistema em que vivemos, que nos foi imposto, incrivelmente, como "democrático" e "livre", quando é exatamente o contrário. Assistir as forças de segurança atacando populações para retirar seus direitos constitucionais, sob as ordens dos que dizem representar o povo, nos lugares onde os interesses empresariais tem sua cobiça é revelador, pros que não se deram conta, ainda, das mentiras que acorrentam a sociedade. Obviamente, isso não se assiste pela mídia, mas acompanhando a realidade pelas vias alternativas, vivenciando a realidade.
Milhares de famílias estão sendo cotidianamente expulsas dos seus lugares. O domínio dos políticos, das instituições, do poder público pela força econômica dos mais ricos inventa justificativas criminosas, preconceituosas, mentirosas, pra tirar a pobreza - que é causada pelo sistema social - do caminho, das vistas, como se lixo fossem. Minha humanidade se agita, em desespero. Como não perceber a desumanidade da sociedade humana? Como aceitar a participação nisso, como não se envergonhar de ser parte integrada nesta coletividade? Como considerar esses eventos que têm base na ganância e, em seu nome, matam, prendem, expulsam, espancam, torturam milhares de famílias tornadas invisíveis nos meios criminosos de comunicação? Como vestir uma camisa de um time, amerdalhada com os nomes das marcas hipócritas, que destróem almas e vidas em nome dos ganhos materiais astronômicos, que influenciam os poderes públicos contra o próprio público, sem nenhuma sensibilidade humana, sem nenhum respeito pela vida das populações, ao contrário, manobrando seus políticos comprados nas campanhas para fazer o roubo, a espoliação e a perseguição parecerem justas, com o apoio da mídia?
Os que se dizem revolucionários, os que desejam mudanças, o fim das injustiças sociais, como justificam o entusiasmo com esse espetáculo produzido sobre a dor, a dissolução e a morte de tanta gente? Não dói olhar no espelho, não? Quem se diz contra o sistema - e nem procura saber como colabora com ele, como sustenta os males da sociedade - devia era criar vergonha na cara e, das duas, uma: ou assume sua alienação e apoio à estrutura social - claro que desde que "se dê bem" - ou deixa de ser otário e pára de gritar de entusiasmo diante dessa aberração, esportes sem alma a serviço dos negócios perversos, indiferentes ao sofrimento de que são causa direta, indireta, transversal, diagonal, de todas as formas. Muitos destes vão, abestalhados, ostentar as marcas dos inimigos da humanidade em suas camisas, torcer por equipes patrocinadas por estes mesmo inimigos. Volumes absurdos de dinheiro, enquanto a miséria campeia à nossa volta. A postura revolucionária não admite concessões e é por isso que a palavra revolução anda desmoralizada e os tais revolucionários não passam de uns chatos sem coerência, arrogantes e estúpidos. Seus preconceitos, sua precariedade moral e suas contradições flagrantes os desacreditam.
Não pretendo participar de tal espetáculo vampiresco, não considero nenhuma "seleção" como representante dos povos de seus países e, sim, das marcas ostentadas em seus uniformes. Não vejo mais que festas macabras sobre escombros da humanidade. Como se contagiar com isso sem abrir mão da dignidade humana? Cada "alegria", ali, custa milhares de tristezas. Cada comemoração simboliza milhares de lamentações, cada prazer é fruto de incontáveis sofrimentos tornados invisíveis nas artimanhas da mídia. A energia inútil que se gasta nessas festas consumistas daria pra mudar o mundo. Mas se atira no lixo mais desprezível, na inutilidade estéril das agitações de massa em torno essa orquestração vampiresca que exerce seu demonismo nas noites de ataques às comunidades consideradas empecilhos ou simplesmente feias para as paisagens artificiais de ostentação, consumo e especulação. Sempre o lucro acima da vida humana, não tá na cara?
Ensino público destruído, o privado posto em função do "mercado"(eufemismo pra um punhado de famílias podres de ricas - ver www.proprietariosdobrasil.org), as informações distorcidas, deturpadas ou mentirosas, a favor das empresas e contra os povos, população ignorantizada e desinformada, enganada, explorada, desprezada, inferiorizada, submetida - e reprimida, quando não se submete e reivindica direitos fundamentais. Estado criminoso, alto empresariado mandante, população massacrada. Como participar disso, sem abrir mão da consciência ou da moral?
O sofrimento de um deveria incomodar a todos. Que dizer do sofrimento de milhares, provocado pelo egoísmo dos privilegiados e a indiferença geral dos que podem se informar? A tolerância que dedico aos inconscientes desaparece quando se trata de quem reivindica uma relativa consciência da realidade, quem percebe as manipulações e as falsidades dessa nossa sociedade. Estes abrem espaços na própria consciência, com justificativas ridículas e condicionadas, pra se entusiasmarem com o circo e relevarem a vampiragem que sacrifica a parte mais frágil e exposta da população, justamente quem constrói, mantém e sustenta todo o sistema, por ser a imensa maioria.
Declaro minha repulsa a tais eventos, às ações hipócritas do poder falsamente público, à participação de todas as formas. Se não me dou o direito de desprezar ninguém, desprezo o apoio, a conivência, o envolvimento, mínimo que seja, a aceitação, mesmo a indiferença a esses acontecimentos. Pra mim, estão claramente cometendo crimes contra a humanidade, a rodo, planejados nos bastidores da sociedade, da alta sociedade que se esconde atrás da realidade mentirosa apresentada pela mídia, esta porta voz dos vampiros e defensora incondicional dos interesses econômicos que dominam a sociedade.
Abaixo republico o documentário "Domínio Público", onde se mostram com toda a clareza a utilização das forças públicas contra os abandonados pelo Estado, reforçando os crimes de lesa-humanidade, tratando as vítimas como criminosos, como lixo - produzido pelas mesmas disposições desumanas, pela concentração de riquezas, pelo desprezo pelo ser humano. O filme teve que ser feito através de colaborações, como se vê logo no início. Ou deve ser feito um bem maior, não sei bem. O que tem nele basta. Mas se vier mais, ótimo.
Viu este?
ResponderExcluirQue lixo de ser humano é esse "polícia", o índio dá uma aula de educação, pra ele.
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=8QicCbFXx44
Sobre o "Domínio Público", será feito um longa.
ResponderExcluirEu tive o prazer de contribuir financeiramente.
Deve sair no início de 2014.