O texto abaixo se deve aos últimos acontecimentos, a rejeição dos partidos e bandeiras nas últimas manifestações, as infiltrações sujas nos movimentos, o "apoio" cooptador da mídia, esvaziando as propostas reais com uma quantidade enorme de propostas vazias. Enfim, velhas táticas de dispersão.
Confesso que estou pegando antipatia pela palavra fascista.
É o insulto mais utilizado no momento pelos meus camaradas de esquerda, de
todos os tipos e variantes que podem ser classificados assim – embora alguns
poucos tenham a mesma postura intolerante, arrogante e agressiva dos fascistas.
Agora qualquer um que esteja envolvido na bandeira do país é taxado de
fascista. Qualquer rejeição aos partidos políticos é fascismo. Isso é uma redução simplória e capenga. Não é porque os fascistas se
apegam neste e em outros símbolos “pátrios” que qualquer um com a bandeira faça
parte desse grupo tão insignificante no meio da população tão vasta. Há quem
use a bandeira por amor, os siglescos e partidários parecem não perceber a
desideologização e os condicionamentos dominantes. Inclusive a rejeição à política e aos políticos.
Desde há muito tempo percebi a arrogância das esquerdas
doutrinárias. Estava ainda na faculdade, em 1980 – ao entrar me encantei com as
teorias esquerdistas, com os estudos que revelavam os porquês da pobreza, da
miséria e apontavam caminhos pra superar essas condições –, participando dos
debates, das discussões e de algumas ações de rua, meio espantado com a
rivalidade entre grupos que discordavam, violentamente, se insultando por pensarem
diferente, insultos pesados, morais. Sempre estranhei isso. Depois percebi a
falta de penetração nas classes periféricas, o isolamento em que essas pessoas
se colocavam, restritas às academias e às suas agremiações, o que fazia que
manifestações de rua fossem vazias de gente comum, a esmagadora maioria, e me
parecessem melancólicas, infrutíferas, sem nenhum resultado real de
contaminação e mobilização do que chamavam de “as massas”. Aquele monte de
bandeiras, palavras de ordem repetitivas, punhos erguidos – e as pessoas
atravessavam a rua pra evitar o contato. Eram como clubes fechados, barulhentos
e chatos. Os militares já agonizavam na gerência da ditadura e a mudança de
fachada era iminente.
Eu aproveitava qualquer oportunidade pra viajar de carona,
pras aldeias e povoados bonitos, cachoeiras e matas e praias, a descarregar e
pensar minhas angústias da vida, num momento tão decisivo quanto o final da
adolescência e o início da juventude – havia servido o exército dos 16 aos 17
anos. Não sabia o que fazer da vida e o que me ligava à universidade – estudava
direito, mas não tinha o menor pendor nem pretendia ser advogado – era muito
mais o sentimento de dívida com a família e o movimento estudantil efervescente,
que já começava a me desencantar. Nos momentos de convívio com os mais pobres,
percebia a distância entre aqueles “revolucionários” e a população. E o que
tinha me parecido solução pras injustiças sociais foi se diluindo aos meus
olhos. O grupo dominante na política estudantil, na época, era o PC do B,
stalinista – na época. Mas havia uma constelação de agremiações e fui pulando
de uma pra outra, sem nunca me filiar, encontrando sempre uma arrogância, uma
intolerância, uma certeza religiosa de saber o caminho certo (o “único”), que
me causava certa repulsa. Eu não tinha certeza de nada e me sentia
desrespeitado a cada vez que não me deixava convencer por aquelas certezas e
mantinha minhas dúvidas – as acusações e os insultos eram inevitáveis. Por fim,
me refugiei entre os anarquistas, me sentindo mais respeitado, mas percebi que
eles não respeitavam os outros grupos e os ridicularizavam e provocavam por sua
vez, da mesma maneira ácida e insultuosa.
Com o esboço de consciência que já tinha da existência da
enorme maioria despolitizada nas periferias, na pobreza, nas classes baixas e
médias, constatei a esterilidade social dos universitários, sua distância da
realidade popular – “por aí não vai”, concluí. Por esse e muitos outros motivos
pessoais, larguei a escola, pus uma mochila nas costas e “sumi no mundo”,
peguei a estrada. Aprendi artesanato e passei a viver nas periferias, vivendo
nas ruas e estradas, morando em casebres de taipa, de palha, em pardieiros e
puteiros, expondo meus trabalhos nas calçadas, nos bares da noite. Nestes, às
vezes, encontrava pessoas daquele tipo engajado, com suas crenças, mas já não
os levava a sério, onde eu vivia não se sentia seu cheiro, eram ausentes no
meio do povo, restritos ao meio acadêmico, ao meio partidário, aos auditórios.
Sentia agora, neles, preconceito, ingenuidade e a mesma arrogância de sempre, o
que confirmava minha impressão de que, por ali, jamais viria uma revolução de
verdade. Em minha própria arrogância, achava que se eles fizessem como eu e
fossem viver em meio à pobreza, as “massas”, com humildade e espírito de
serviço, haveria mais chance de conscientizar partes mais significativas da
população e espalhar uma visão mais clara da nossa sociedade. Mas não, fechados
em seus grupinhos socialmente insignificantes, discutiam e esbravejavam
disputando qual o caminho pra “conduzir as massas”, numa ilusão a meu ver
absurda e ingênua. Em seu sentimento de superioridade intelectual, não
aprendiam as linguagens da população e esperavam que esta os seguisse, por
algum motivo que não entendo até hoje. Com o tempo, percebi que eles também eram condicionados a terem medo das áreas pobres, das favelas, das periferias, por não as compreenderem, por não conhecerem seus códigos e costumes e pelo sentimento de superioridade intelectual, que também fragiliza. Como disse Darcy Ribeiro, em Confissões, há grandes e excelentes intelectuais analfabetos ou semi-alfabetizados - em outras palavras, mas isso mesmo (Confissões, pp 169).
Vivendo no meio dos despossuídos, sentindo em minha própria
vivência as precariedades materiais, aprendendo, ávido, os valores espontâneos
que brotam ali, os códigos de comunicação, o desenvolvimento intuitivo, percebi
a profundidade da penetração do sistema com a força da mídia, alienando,
distorcendo a visão de mundo, provocando sentimentos de inferioridade diante
dos “ricos”, os mais bem vestidos, os de curso “superior”, que moravam em casas
“boas” e tinham carro – um abismo intransponível. Apesar disso, fui crescendo
em respeito pela força que eu via na sobrevivência, no dia a dia, na capacidade
de superação de imensas dificuldades cotidianas, pelos saberes que
passam despercebidos dos revolucionários de auditório e academia. Peguei
antipatia daquelas bandeiras partidárias, dos gritos de ordem, dos punhos
fechados, dos grupelhos intelectualizados cheios de soberba e sem nenhuma
penetração no meio popular, afora algumas exceções insignificantes. Não era uma
antipatia pessoal. A identidade da motivação - a inconformação diante da
miséria, da exploração, das injustiças sociais - mantinha o afeto. Mas lamentava
sua distância da maioria, achava um desperdício tanto conhecimento da realidade tão incapaz de se comunicar. E percebia, à minha volta, o sentimento de
estranheza e repulsa com relação a esses mesmos grupos, que “falam uma língua
que a gente não entende e chegam querendo mandar”. As raras vezes que via
tentativas deles em se comunicar, era evidente a impossibilidade. Seu linguajar
rebuscado – e creio que essa é a melhor forma de manter o conhecimento restrito
a pequenos grupos, sem uma proibição formal – causavam imediato desinteresse na audiência já escassa. E
eles se retiravam irritados com a falta de interesse da população, “muito
ignorante e alienada”, voltando a se restringir às bolhas acadêmicas, sem
questionar a própria incapacidade de serem entendidos. Estavam ali pra ensinar, como quem faz um favor. O orgulho cega.
Continua...
Continua...
Enquanto isso, via a televisão conservadora se comunicar de
forma perfeitamente compreensível com todas as camadas da população, falando
alternadamente a língua de cada “público alvo”, mentindo, enganando, induzindo,
deformando a realidade como sempre, com uma eficiência invejável. Dentro do meu
alcance, eu tentava desfazer essas mentiras e tinha alguma eficiência, porque
falava na língua que eu aprendera nas periferias, onde eu vivia, usando
palavras, expressões, gestos, interjeições familiares aos meios, sem impor
nada, sem nenhuma verdade, com a humildade de quem tem opiniões, mas não
certezas, e colhia compreensão, sentia enorme prazer ao perceber pessoas vendo
o que não viam antes e concluindo por conta própria as evidências que eu
tentava demonstrar sem arrogância, de igual pra igual. Eu já tinha percebido a
precariedade dos conhecimentos acadêmicos diante da sabedoria popular espontânea
que rolava à minha volta – e isso quebrou aquele sentimento de superioridade
tão comum aos acadêmicos, tão estimulado pela própria academia e tão esterilizante
no contato com a população. O saber acadêmico freqüentemente resvala pra arrogância, enquanto a sabedoria contém em si a humildade - ou não é sabedoria.
Muitas vezes expus meus trabalhos em universidades, por esse
Brasil afora e ao longo dos anos. Percebi o processo que chamei de “despolitização da estudantada”,
entre a tristeza e o desânimo. As academias estavam sendo infestadas pela
mentalidade empresarial, que se infiltrava nas escolas e as colocavam a serviço
dos seus interesses. Cada vez mais eram desvalorizadas as ciências sociais e
priorizadas as ciências tecnológicas, um processo, aos meus olhos agora bem externos, gradativo e implacável. Os grupos “revolucionários” estavam cada vez
mais isolados, cada vez mais repelidos, cada vez mais fechados.
Eles sentiam, lamentavam, mas não percebiam em si, nos seus
sentimentos, valores e comportamentos boa parte da causa desse isolamento. Isso
me causava um sentimento muito ruim com relação a eles, de forma geral. Uma
espécie de raiva, não essa destrutiva, odiosa e violenta, mas como uma raiva em
família, como a que se sente por um irmão arrogante e metido, cheio de verdades
precárias, que desperdiça oportunidades de ser útil à causa comum – a repulsa às injustiças sociais, a
solidariedade com os sofrimentos da maioria, o desejo de mudança nas estruturas
da sociedade me dava o sentimento de união. Presos a velhas fórmulas, repetiam os mesmos comportamentos
já desqualificados pelo trabalho eficiente da mídia e eram rejeitados pela massa da
população, conduzida pelos condicionamentos do inconsciente. Sem se dar conta,
confirmavam esses condicionamentos com seu apego às velhas
palavras de ordem, sem se renovar, sem se misturar com a população,
condicionados por sua vez aos sentimentos de superioridade, de posse da
verdade, de certezas precárias e imutáveis. Gerações de estudantes passavam e
continuavam repetindo os mesmos comportamentos, os mesmos sentimentos, os
mesmos argumentos, as mesmas palavras, as mesmas discordâncias entre as mesmas correntes e tendências, os mesmos
insultos. Desacreditei da mudança vinda por ali, concluí que o mundo está em
constante mutação, embora por demais lenta pro meu gosto, me apliquei na minha
própria mudança pessoal, em meus sentimentos, visão de mundo, nos
comportamentos e nos condicionamentos que agora reconhecia em mim mesmo. E me
contentei em colocar minha vida na direção das mudanças que eu desejava,
procurando antes mudanças internas, mas aplicando em meu trabalho as minhas
propostas básicas – sensibilizar, esclarecer, questionar, conscientizar.
Já não esperava ver a sociedade dos meus sonhos, igualitária
e centrada no ser humano, mas perderia o sentido na vida se não a colocasse na
direção desses sonhos. Trabalhar pela mudança, sem esperar colher os frutos
desse trabalho, a não ser vendo as pessoas refletindo e enxergando as mesmas coisas
de sempre com outros olhos. Era isso que me realizava, procurando exercer o meu
trabalho pessoa a pessoa, com humildade e constância, sem impor verdades, mas opiniões, sem
doutrinar, apenas questionar e sugerir. Isso era bem eficiente, pois deixava
margem à discordância sem criar discórdia, sem cobranças ou acusações. Várias
vezes tive o privilégio de ver pessoas concordarem comigo depois de discordarem
em muitos encontros, pelo simples fato de eu ter respeitado as discordâncias
sem acusar ou insultar – o que permitia que as portas ficassem abertas e o
tempo e as coisas fizessem seu trabalho. A meu ver, a mudança coletiva se daria
com muito tempo, mais do que minha vida, resultado da evolução individual de
cada um e dos agentes de conscientização que eu já percebia no meio da
população, sem ideologias pétreas, trabalhando muito mais o sentimento, a
intuição, do que a razão e as convicções. Era, a meu ver, um processo
planetário com o ritmo da natureza.
Tive a oportunidade de encontrar, muitos anos depois, com
vários dos meus colegas de faculdade, já formados, casados, enquadrados,
aqueles mesmos revolucionários de várias linhas. Encontros melancólicos e
fúnebres, pois o veio revolucionário havia morrido. Sem nenhuma exceção,
estavam todos amargurados e descrentes, “isso nunca vai mudar”, vivendo
vidinhas convencionais de emprego, consumo e contas. Alguns viraram empresários
e exploravam seus empregados, como antes execravam, e sinalizavam a angústia
raivosamente, “já que o mundo é assim, vou é tratar da minha vida”.
Os novos
estudantes falavam igualzinho a eles no tempo da faculdade, o que já anunciava
seus caminhos. Depois de formados, vão se lembrar desses como “os tempos em
que eu pensava em mudar o mundo”, como se fosse uma ilusão adolescente e
inconsistente – e da forma que viviam e se comportavam, era mesmo - exatamente como os meus ex-colegas ex-revolucionários.
Deixei de expor nas universidades e passei a freqüentar os
meios sindicais pra vender o meu artesanato reflexivo, com boa receptividade.
Gostaria de descrever as mudanças que foram acontecendo nesses meios, à medida
que iam se colocando nas estruturas institucionais do “poder”, mas o texto
ficaria por demais extenso. Pra resumir, com o passar dos anos fui vendo esses
movimentos sindicais sendo engolidos pelas convenções, à medida em que iam se
aboletando gradativamente nos poderes constituídos, se aburguesando, se
esvaziando daquela sede de mudança que eu achava tão bonita. Mantinham-se as
mesmas bandeiras, mas o conteúdo ia piorando, a meu ver. Da mesma forma que
repelia essas mudanças pra pior, eu me sentia pouco a pouco sendo repelido.
Participava das passeatas e manifestações, mas lamentava o isolamento constante
desses grupos, sem que eles fizessem muita coisa pra mudar isso, sem se
misturar com a população “ignorante”, apesar de muitos terem sua origem nela. A última vez que me engajei de corpo, alma e trabalho numa campanha político-partidária, foi em 1989.
Vou dar um pulo na história.
Nos últimos tempos, com essas manifestações em massa
iniciadas por um grupo de esquerda (MPL) e logo estendidas e incorporadas por milhões
de pessoas – a maioria sem nenhuma identidade com esses grupos, mas pressionada
por uma situação social absurda – os partidos de esquerda encontraram uma rejeição inesperada às suas bandeiras. Cegos em seu umbiguismo egocêntrico, não perceberam
a decepção popular com essas agremiações, muitas delas já estabelecidas nos
poderes vigentes visíveis – enquanto os verdadeiros poderes permanecem
invisíveis à esmagadora maioria. Era de se esperar mudanças reais com a chegada dos antigos partidos de esquerda no governo dessa estrutura
que mantém milhões na exclusão, na exploração, na ignorância. Mas a vida
continua um inferno e o massacre, constante. No transporte público, nos direitos
trabalhistas destruídos, nos maus tratos das instituições públicas, a vida piora a
cada dia. As entidades que se dizem revolucionárias estão, no olhar da maioria da
população, desmoralizadas, o que vejo é que não se acredita nelas – a mídia
difama rotineiramente e seu comportamento não convence do contrário. A
ignorância da linguagem, dos códigos e costumes dessa maioria periférica não
permite a comunicação das entidades "mais à esquerda" com a esmagadora maioria.
Na manifestação do dia 17 de junho eu percebi claramente a
rejeição às bandeiras partidárias, na fisionomia das pessoas, nas reações à
minha volta – não gosto, nessas ocasiões, de estar nos grupos engajados,
prefiro estar solto no meio da multidão. Creio que assim avalio melhor o efeito
das propostas e ações que pretendem mudar essa estrutura social nojenta.
Mas ainda não havia a franca hostilidade que percebi no dia 20, a maior manifestação que vi, desde a das "diretas já".
Estava com o Wesley Denílio na praça da Candelária, assistindo às falas que se
produziam, aparentemente espontâneas, e vimos um grupo chegando em fila e indo
para perto de onde se falava. Colocaram-se lado a lado e, de repente,
levantaram um monte de bandeiras e faixas vermelhas, atrapalhando nossa visão e
a de todo mundo daquele lado. Nós nos olhamos, puta que pariu, já chegaram os
partidários, com sua costumeira falta de respeito, fazendo o merchandaise, o
márquetim das suas siglas, sem se ligar na antipatia que isso causa nos outros.
São convictos da sua própria importância, da sua superioridade intelectual,
ideológica, moral e social, numa arrogância estúpida e contraproducente.
A mídia, os governantes, inicialmente contrários às
manifestações, que foram brutalmente reprimidas, mudaram de postura ao vê-las
crescer e agora diziam apoiar e entender – mentira, não estavam entendendo
nada, apenas faziam seu jogo, apavorados com a dimensão alcançada. Com a
penetração e a mentalidade construídas pelos meios de comunicação privados,
foram introduzidas idéias vagas e vazias, “contra a corrupção”, “pela paz”, eslôgans
midiáticos, “sou brasileeeiroo, com muito orguuuulhoo, com muito
amoooooooooooor...”, palavras de ordem dos conservadores apoiados pela mídia, “fora
Dilma”, “governo corrupto” e outras expressões dos conservadores golpistas. Os
engajados, em seu isolamento e arrogância, não esperavam, por não conhecer, a
rejeição às suas bandeiras e propostas repetidas e contraditas pela aparente
esquerda que chegou ao poder visível, o governo. Nem perceberam que as enormes
diferenças entre suas correntes e entidades não aparecem aos olhos da maioria.
Pro povo, são todos a mesma coisa. E o povo se sente traído pela esquerda –
também é uma percepção minha, apenas uma opinião – encontrando respaldo e
estímulo constante na mídia, essa sim, eficiente na comunicação com a massa.
Pequenos grupos, esses realmente fascistas, encontraram um campo fértil pra
contaminar com sua psicopatia raivosa. Os grupos revoltados com sua própria
situação social, pressionados e massacrados em sua vida cotidiana, aderiam com
facilidade a esses repulsivos comportamentos.
Ali mesmo Wesley e eu vimos o primeiro estranhamento, quando
alguém de um grupo aparentemente anarquista, depois de gritos de “abaixa a
bandeira” - dos quais participei, me sentindo desrespeitado pelo bloqueio da
minha visão - puxou uma bandeira pra baixo quando ela passou sobre nossas
cabeças. Houve um princípio de tumulto rapidamente contornado. Era o primeiro
sinal que eu via claro da rejeição generalizada. Eram bandeiras vermelhas.
Havia um grupo de amarelas, mas eles pelo menos estavam de lado, na beira da
praça, e não atrapalhavam ninguém. Coros de “sem partido” brotavam aqui e ali.
E não me pareciam de grupos organizados, mas sim uma rejeição construída pelo
sentimento de que essas bandeiras eram parte do sistema enganador, haviam
perdido o pouco crédito que um dia tiveram, pelas suas próprias características
que colaboravam com a difamação midiática pesada. Os infiltrados faziam seu
papel, alguns juntos com os psicopatas hidrófobos. Vendo as reações raivosas, segurei minha rejeição, achando exagerada a
animosidade contra eles.
Não tenho raiva deles, repito, apenas discordo dos seus sentimentos
e ações, por não ver resultados palpáveis. Fariam melhor, sempre na minha
opinião, se se espalhassem pelas periferias com humildade – o pensamento que há
mais de trinta anos mantenho –, aprendendo primeiro a respeitar os saberes
populares, sua linguagem, seus códigos, convivendo de igual pra igual, pra
depois passar sua visão de mundo não como verdades incontestáveis e sim como
sugestões para reflexão, como questionamento dos valores impostos, da visão de
mundo implantada, com respeito, com afeto. Mas não, se agrupam, andam em
bandos, criticam, condenam e insultam os que discordam ou não estão em
condições de concordar. E assim fecham as portas da receptividade necessária à
conscientização, isolam seus grupos, esterilizando-os. E, absurdamente, não se
dão conta, não conseguem olhar pra si mesmos e reconhecer que alimentam a
rejeição, com sua inflexibilidade, com seu sentimento de superioridade que
ofende e afasta as pessoas.
Hoje penso que, se os que se julgam revolucionários tivessem
se espalhado no meio da população das periferias naquela época, há trinta anos – ou antes –
descendo dos seus pedestais acadêmicos ou partidários, fazendo o trabalho de
conscientização com humildade e afeto, com tolerância e persistência, duvido
que essas infiltrações raivosas e fanáticas surtissem um efeito tão devastador.
Não estou falando da doutrinação que chamam de formação política, mas de
esclarecimento, com respeito às opções de cada um.
Agora é hora de fazer um exame em si mesmo, com
profundidade, sinceridade e humildade - apenas uma sugestão. Constatar que, apesar de ter as
injustiças sociais como foco principal, os grupos de esquerda nunca
representaram as massas populares. Entre tantos motivos, pelo fato de não as
compreender, não as respeitar e nem falar uma língua que se entenda. A
linguagem popular precisa deixar de ser tratada com desprezo, porque é preciso
se comunicar com o povo, a parte mas sacrificada, a grande maioria. Com
respeito, com cuidado, com carinho e com humildade. E de forma serena,
tolerante com as opiniões condicionadas, tratando de esclarecer sem doutrinar. De aprender antes de ensinar e seguir aprendendo enquanto se ensina. A sabedoria é, a meu ver, muito superior ao saber.
A revolução de verdade começa dentro da gente. E não apenas
lendo, estudando os ícones das esquerdas, mas no próprio comportamento, nos
valores, nas relações com pessoas, com as idéias diferentes, com atenção ao
linguajar, aprendendo mais que ensinando aos que pra sobreviver precisam se
superar a cada dia, encarando dificuldades permanentemente.
É preciso parar de insultar e rotular tudo o que não está de
acordo com o que se acredita. Nem todo mundo que veste a bandeira brasileira é fascista. A maioria não tem ideologia politizada, nem sabe o qie significa essa palavra. E é essa maioria que devia
estar no foco dos revolucionários, desde sempre.
Grande visão meu caro Eduardo! Concordo com as críticas de esquerda ao movimento, tem mt gente infiltrada e pautas defendidas que são no mínimo absurdas... Agora, a incapacidade de lidarem com o povo, é evidente... Se preocupam demais com teoria sem ter a humildade de falar a língua do povo... O povo tem que participar. Não participa inteiramente por n motivos, mas principalmente pelo medo, sentimento de inferioridade, e por ser ignorantizado, como tu sempre diz...Abraços fraternais!
ResponderExcluirAchei seu pensamento bárbaro, incrível. Gostaria de poder reproduzi-lo com citação da fonte, e do seu blog, no meu blog. Gostaria de socializar essa reflexão com o círculo do seguidores do meu blog com o seu. Se não puder, tudo bem. De qualquer forma, belo texto. Preciso, atual e instigante. Faz repensarmos várias coisas do cotidiano, da vida, do futuro e do presente atordoante que vivemos. Parabéns mais uma vez Eduardo Marinho.
ResponderExcluirFica à pampa, parceiro. Quer dizer, pode espalhar.
ExcluirMais um texto fantástico Eduardo. Vou repassar ok?
ResponderExcluirE aquela palestra na Fiergs, ainda vai rolar?
grande abraço.
Depende mais deles que de mim.
ExcluirGostei muito do seu comentário, concordo dessa distancia das aglomerações de esquerda com o povo, falam uma língua que o povo não entende, não se enturmam, não buscam conscientizar com humildade, tem uma preprotencia imensa perante as pessoas que julgam "escravos do sistema". Acredito que essa conscientização e mudança de mentalidade coletiva é um processo que começa a manifestar em todas as classes, e isso é muito importante para que qualquer mudança prática na sociedade aconteça. Seria interessante um comentário seu sobre o uso das bandeiras nos movimentos em si, pq está tendo muita polêmica em volta disso, eu particularmente, sou contra, da uma cara pro movimento que não condiz com a dimensão e as ideologias ali defendidas, e cria uma segregação desnecessária a causa.
ResponderExcluirOlha, cara, se não me atrapalhar a visão, pra mim tá tudo certo. Os embandeirados que façam a publicidade das suas entidades de forma a não perturbar ninguém. Mas esse respeito, geralmente, eles não têm. É característica de quem se sente portador de verdades.
Excluircontinua......
ResponderExcluirIncrível. Experiência de vida somada à humildade ideológica. "As convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras". Nietzsche
ResponderExcluirExcelente texto, incrível mesmo!
ResponderExcluirParabéns Eduardo. Queria muito assitir uma palestra sua, moro no RJ, se tiver avisa!
Abraço
Eu palestro quando tô expondo meus desenhos, em Santa Teresa. Só fiz uma palestra pública no Rio, assim, em instituição (UERJ) - porque expondo em Santa as palestras são públicas e individuais ao mesmo tempo -, mesmo assim nada oficial, foi uma arrumação da minha amiga Dani Lopes, que anda por lá. Exponho sábados e domingos, sem chuva, da tarde pra noite, até umas oito e meia, nove horas, depende do momento.
ExcluirParabéns Eduardo.....vomitou o que eu tinha engasgado e não conseguia sair!!!!
ResponderExcluirÓtima reflexão
Grande Eduardo! Mais uma vez me trouxe luz... Estou/Estava me encaminhando a me engajar em "academias". Cheguei a frequentar reuniões, mas senti uma certa distancia realmente do que eu vivo. Falas como "companheiro" já tão conhecidas se repetiam, além do mais uma disputa exacerbada pelo foco, gerando divergências em momentos cruciais, faziam-me notar ainda mais que tanto em esquerda, direita, centro, há um atraso evolutivo interior. Como bem colocastes em um de seus vídeos "Que tal olhar pra dentro de si mesmo?". Enfim... Parabéns!
ResponderExcluirCuidado na academia. O ego é um bicho traiçoeiro e na cadimia são especializados em inflá-lo.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirEduardo, qual efeito positivo você vê dessas manifestações ? Voce acredita que a revolução interior é mais importante do que a revolução estrutural da sociedade?
ResponderExcluirAbraço, e ótimo texto!
Acho que tudo caminha junto. A exterior sem a interior se perde, desvia; a interior sem a exterior não se realiza, só ilude.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirÉ que a carapuça é difícil de vestir, quando o ego é dilatado. rs Reagir com agressividade diante de uma colocação calma é um claro sintoma de dificuldade em assimilar - e argumentar. Parte-se pra agressividade por não se ter como contrapor idéias. Mudou o tom de voz, eu paro de falar e tomo rumo. Com tanta gente interessante por aí, porque perder tempo em agressividades inúteis?
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
Excluir*Magnifico
ResponderExcluirEduardo, interessante acontecer isso tão longe. Eu sou de Curitiba e aqui foi exatmente igual
ResponderExcluirUnknown significa "inguinorante"?
ExcluirRealmente, nem todos são fascistas, mas é uma população que faz das manifestações um núcleo espontâneo que apóia um movimento fascista. O Patriotismo é um veneno sim. Defender uma Pátria é um grande risco quando defender a pátria significa defender a classe dominante sem muitas vezes saber que a defende.
ResponderExcluirNós comunistas defendemos pessoas e não fronteiras. Lutamos pela humanidade e não unicamente por um povo. Nossa história de massacrados, torturados, mortos brutalmente, estigmatizados, satanizados nos faz tão enérgicos na luta contra o opressor. O pior do oprimido é defender o opressor.
Por mais que não tenham consciência de que podem acabar apoiando segmentos fascistas, a população que massacra com brutalidade, com agressões físicas, verbais, que se revolta contra os movimentos organizados é responsável pelos seus atos sim. Não tem conhecimento em um aspecto, mas quem pratica violência sabe que o pratica. Não acho que é arrogância doutrinária. O amor à Pátria é sem sentido num mundo em que não há amor pela população.
Caralho cara, você é um espelho pra minha alma. Sempre que leio seus textos ou vejo seus vídeos na Internet eu observo meu interior, e o reflexo não é bonito não. Desde a primeira vez que vi parte do seu trabalho e a minha imagem eu estabeleci alguns objetivos pessoais. Um deles foi ser mais humilde, sendo sincero eu não cheguei muito bem na minha meta, mas eu mudei. Quando vier a São Paulo avise!
ResponderExcluirE acho um equívoco da sua parte colocar que os comunistas esperam ser seguidos, como se quisessem ser alguma vanguarda da revolução.
ResponderExcluirSe houver qualquer revolução é o povo que virá às ruas e se os ideias comunistas os representar, a revolução será comunista.
E também, como escreves desvaloriza o trabalho da esquerda "nas universidades, nos seus clubes fechados". Também é um espaço importante de atuação! Claro que concordo que não deve ser o único. E não pense que não respeitamos outros movimentos ou os apartidários só porque ao seu ver somos arrogantes e donos da verdade. Essa é a nossa verdade, nosso meio de lutar pela humanidade, estamos abertos a discussões, a outras possibilidades de atuação sim. Apenas achamos a teoria marxista, o comunismo mais coerente. Assim como muitos acham coerente ser apartidário, gostam do capitalismo, etc. E independente de teoria ou ideologia sempre haverão divergências de atuação e diferentes interpretações teóricas.
Confesso, é difícil ir para a periferia, viver assim, como você, como tantos. Mas é justo isso, não queremos que as pessoas precisem viver em condições tão difíceis de vida. E mais, ao nosso modo tentamos alcançar a população mais pobre. Pelo menos aqui no meu estado estamos muito próximos do MST, por exemplo.
Concordo que a linguagem e as ações da esquerda devem atingir mais a população das classes mais baixas. Atualmente mal atingimos a classe operária, temos muito mais atuação nas universidades que nas fábricas. Mas estamos construindo nossa atuação sim. Estamos inseridos em lutas sindicais, em outros espaços que talvez você não saiba... De fato a esquerda é muito pequena e muito desunida. A falta de respeito não é algo característico dos comunistas, mas de algumas posturas de grupos. Eu sou comunista e não gosto de fanatismo, não concordo em ficar agredindo o outro porque pensa diferente. Mas sabe, é só falar de luta de classes e agora criticar os Anonymous que você sofre agressões.
É se declarar comunista que você é visto como um demônio. Não acredito que nossas posturas sejam assim tão arrogantes e bitoladas como tu dizes. Nós sempre estivemos nas lutas populares. E sim, muitas vezes a população brasileira se sentiu representada pelos ideais comunistas. Não é só uma falha da esquerda, mas o trabalho de uma ditadura militar, o trabalho de uma extrema direita com muito capital e poder bem feito. A ideologia da classe dominante satanizou a esquerda. Há equívocos sim em nossas posturas, mas há acertos, não desmereça nosso trabalho!
Depois, tu achas tua escolha a mais coerente, não significa que ela realmente o é. A intelectualidade também é muito importante. Não se faz revolução com intelectuais, mas não há estrutura social sem intelectualidade.
É isso aí. Mais de um lado deve ser mostrado. Que bom que alguém falou mais alguma coisa aqui além de só concordar.
ExcluirTexto precioso meu amigo ... vive muito do que você relatou! Tenho procurado fazer um caminho parecido, de dentro para fora ... coerência entre o ser, o viver e o falar! Abraço!
ResponderExcluirBueno, opiniões são livres. Não desmereci nada, apenas constatei a distância. São minhas opiniões, não verdades, com base nas minhas vivências do dia a dia através de anos. Várias pessoas se colocam na defensiva e contra atacam. Mas eu não tô atacando e mantenho a opinião de que, se os que se julgam revolucionários fossem aprender, depois das teorias da esquerda, os códigos de comunicação da massa excluída e explorada, a grande maioria, saberia se comunicar com ela, a partir do respeito que certamente desenvolveria no convívio, percebendo a distância entre a idéia que se tem e a realidade que se vive, nas áreas pobres. Eu percebi porque passei a viver ali, em todas as cidades em que morei.
ResponderExcluirOs revolucionários das academias não escapam do condicionamento imposto por lá, do sentimento de superioridade, da tendência ao conflito e à disputa, de olhar os periféricos com medo, benevolência ou desprezo. É difícil ir pra periferia, mas é necessário, se se quer revolução. E não é pra já, não, é pra ontem, e não é trabalho de curto prazo. Os comunistas de há trinta anos pensavam assim como você. Se tivessem ir aprender (e não ensinar) a viver nas periferias, tenho a forte impressão que hoje esse trabalho estaria dando grandes frutos. A capacidade de multiplicação por ali é tremenda. Mas não, explicam, falam, falam, e não se dão ao trabalho humilde de servir à população sabotada dos conhecimentos que lhe foram negados, um direito subtraído pelo Estado. Conhecimento, ao contrário de superioridade, deve despertar responsabilidade. Sentimento de dívida.
Isso foi uma resposta pro Scussel.
ExcluirConcordo. Os revolucionários da academia também se fazem, como todos, de acordo com as condições de possibilidades de que dispõe. Não há como negar, que pode existir um sentimento de superioridade, porque tem acesso à intelectualidade, algo que deve ser desconstruído com a vivência na periferia, com a vivência fora da universidade.
ExcluirE penso que não de deve impor um ideal, ir responder necessidades que talvez não seja a real necessidade da comunidade, da população. É preciso dialogar sim. E penso que a teoria não deve ficar cristalizada, mas responder à realidade atual. Claro que essas populações têm o que aprender com nossa história e nossas ideias, da mesma forma que temos que aprender com as ideias deles, sua história, seus conhecimentos, que não são os "científicos" e tem tanto valor quanto.
Realmente não é um trabalho para agora... Eu realmente não sei se a postura dos partidos é correta ou não, por enquanto acredito no partido que estou inserida. Algo que irei refletir.
Não sei se eu pareci rude, ou arrogante, mas não tive a intenção de te desrespeitar. Também posso ter dado alguma "intenção" a tua fala que você não teve.
Concordo que revolução não se faz com os que têm maior acesso à educação, saúde e etc.
Quando disseste: "Já chegaram os partidos com sua costumeira falta de respeito, fazendo o merchandaise, o márquetim das suas siglas, sem se ligar na antipatia que isso causa nos outros. São convictos da sua própria importância, da sua superioridade intelectual, ideológica, moral e social, numa arrogância estúpida e contraproducente." Achei absurdo! Os partidos políticos comunistas têm todo o direito de levantar suas bandeiras! Estamos nas lutas populares desde 1920. Podemos não representar agora a população, como tu dizes, mas somos parte dela e temos o direito de nos manifestar.Temos legitimidade histórica para isso. E nem sempre estivemos só nas "universidades". Não é fazer propaganda, é estar presente. Seria propaganda se nossa intenção fosse eleitoreira ou não estivesse clara. Queremos lutar pela classe trabalhadora, pela humanidade, querendo a maioria ou não vamos lutar pelo que acreditamos. Podemos ter equívocos, mas você não está sendo diferente tendo tamanho preconceito e generalizando dessa forma. Tu vês as movimentações desses partidos de fora! não estás na construção desses coletivos para entender o processo de sua construção e sua atuação. Ti dizes que usamos os mesmos jargões, talvez porque o essencial ainda não tenha mudado. Como disseste o mundo é uma mudança, mas pensando na dialética marxista, na historicidade das coisas, há sempre algo que se conserva nessa mudança. A essência do capitalismo não mudou. A exploração é a mesma. Os meios ideológicos os mesmos e mais aprimorados. Acredito que esses coletivos fazem mais do que pessoas assim que agem sozinha. São grupos, são as classes que atuam na sociedade. Quem é "apartidário" acaba sempre tomando partido. Quando se vive numa sociedade dividida em classes sociais é impossível ser indiferente. Não adianta criticar os partidos, a esquerda, os grupos e achar que sem coletivos se muda as coisas. Trabalhar politicamente sem um coletivo é arriscado. A gente sempre toma um partido. Nunca se é indiferente. Acredito que sua postura seja mais de esquerda sabe, se for para pensar assim, nesses termos. Mas sabe, acho que estás com sérios equívocos e preconceitos contra os partidários. Se não dialogas com eles estás tendo uma postura unilateral, pois só vê o movimento de fora. Não, a esquerda não é a mesma desde 1980 e ela, como o mundo está sempre em mudança. Pare de cristalizar a esquerda.
ResponderExcluirMermão, eu me senti desrespeitado, pois tava com visão e a perdi. Os caras chegaram depois, eu já tava há pelo menos três horas por ali, circulei pra ver o esquema de policiamento, fui ao largo de São Francisco ver como tava a arrumação da rapaziada por lá, levei vinagre e muitos trapos. Os caras chegam, tomam a frente e atrapalham, em nome de quê? Legitimidade histórica. Ora, dá licença. Seu direito termina onde começa o de outro. Essa arrogância chega a me enjoar.
ResponderExcluirFaz o seguinte. Eu sou um artista de rua, não tenho graduação, não sou filiado a nenhuma entidade, não tenho "capacidade" nem "qualificação" pra debater contigo. Procura alguém mais preparado, mais elevado, mais qualificado e me erra.
Nossa, não sou arrogante. Também não sou filiada, apenas milito. E não acho que a graduação torne alguém mais importante que outro. Eu não havia entendido que você tinha se sentido assim. E sua fala é agressiva contra a esquerda. É uma crítica bem fundamentada ao meu ver, mas essa agressividade me deixou incomodada. Nem todo comunista é arrogante, assim como nem toda pessoa que vive na periferia é "bandido". Essas generalizações é que em incomodam. Se estou falando contigo é porque não tenho problema algum de ouvir tua fala, e sabe, eu confesso, no meio em que vivo é bem difícil não ser arrogante. Mas procuro sempre me construir para respeitar outras opiniões. É difícil isso quando se cresce numa família bem fanática com seus ideais.
ExcluirE sim, a legitimidade é histórica é importante sim, ao meu ver esses partidos têm que ser respeitados sim. Isso não os isenta na atualidade, claro que não. Mas ser tão intolerante quanto eles eu não quero! Estou cansada de intolerância.
Deley de Acari é comunista e não é arrogante.
ExcluirQuando assisti uma palestra tua me senti muito incomodada com tuas críticas aos marxistas. Pelo que sinto, na tua fala, ela é tão carregada que me parece que os marxistas não agem ou se agem estão sempre equivocados, fora da realidade. Mas sabe, talvez estejamos apenas numa outra atuação, num momento diferente do teu, por exemplo. Acho que revolução não se faz nesses espaços que agora a esquerda está atuando mais. Porque outrora atuávamos mais junto à população e aos trabalhadores, e não só na luta estudantil, que me parece mais concentrada aí, a esquerda, e luta estudantil das universidades...
ResponderExcluirTalvez seja momento de expandir essa atuação, ouvir as críticas, como as suas, com atenção, ao invés de achá-la inválidas. Acho que isso é que tu falas, os comunistas, vendo pela minha realidade, não sabem receber as críticas, acham que todas as críticas são "perseguidoras".
Como, confesso, vivo sempre uma crise como a sua, de gostar da teoria, mas ver poucas possibilidades práticas dentro do coletivo que estou, me angustio muito. Pois ao mesmo tempo não acredito ser possível lutar fora desse coletivo. Ou pelo menos é isso que sempre se coloca nas reuniões desse coletivo. Esse sentimento, ideia, que fica explícito ou muitas vezes implícito.
Tu acreditas mesmo que teu trabalho, assim, com comunidades, e dialogando com diferentes pessoas, mas sem um apoio de coletivos organizados, até onde sei tu não tens um partido ou grupo, funciona? Quem sabe tu me ajudas na minha angústia pessoal...
Tem funcionado muito mais que quando eu militava em grupo. Falando nas calçadas e praças onde expunha, sem pretensão além de aprender e trabalhar com o pensamento nas minhas artes, percebia a receptividade em todos os tipos de pessoas. Em 2009, chegaram umas figuras da FACHA com câmera e microfone, gravaram o que eu dizia e puseram na net. Desde aí passei a ser chamado pra falar a coletividades, a maioria acadêmica. Veja neste blogue, O cinco estrelas e a periferia.
ExcluirQuer ir a Acari?
O que é a Acari?
ExcluirEu moro em Santa Catarina...
Eu já vi esse vídeo. Ele foi discutido numa aula do nosso curso, aqui em Criciúma SC.
Mas se eu tivesse oportunidade eu gostaria de conhecer seu trabalho ai de perto.
Quero seguir carreira acadêmica sim, mas não quero me tornar fanática, nem intolerante, nem "dona da verdade".
Estou seriamente revendo minha militância, ainda mais nesse momento das manifestações...
Ah, pensei que cê podia estar por aqui. Acari é um complexo enorme de favelas, na zona norte.
ExcluirDepois daquele vídeo, já foram feitos vários outros, além de um documentário, "escafandristas - cifrões, padrões e exceções".
Mas quero manter contato.
ExcluirEspero ter uma oportunidade de conhecer sim.
Nunca fui numa comunidade periférica tão grande quanto as do Rio.
Aqui na minha cidade tem, fui poucas vezes...
Quem sabe meu estágio seja numa dessas comunidades aqui.
Eu tinha medo de me tornar como esses seus ex-colegas, uns ex-revolucionários, descrentes, sem vontade de mudar as coisas.
Quero fazer algo diferente e na prática!
Pois é, estou começando a me convencer que talvez eu não precise de um coletivo para ser comunista. Eu não concordo com o fato de algumas posturas serem fanáticas sabe? Sinto um alto níveo coercitivo dentro do grupo, as vezes. Uma "pressão" psicológica muitas vezes. De ter que ser, agir de acordo com o que se espera dentro do partido... Na verdade praticamente nasci nesse partido, escolheram para mim. Agora não sei se é o quero. Sou comunista, esses valores me são fundamentais para minha formação enquanto pessoa. Mas não estou me sentindo tão certa de que é militando nesse partido, desse jeito que vou continuar trilhando esse caminho...
ResponderExcluirTua história me colocou ainda mais em xeque...
ExcluirMeu coletivo é a humanidade. E eu sou filiado à minha consciência, a nada mais. Grupos que detêm a verdade, já basta as religiões.
ExcluirPois é. Quero apenas amadurecer isso. Criar coragem para seguir um rumo diferente que da minha família.
ExcluirObrigada! E desculpa minha rispidez...
Sem problema. Muito boa a mudança no nível dessa troca. Meu endereço tá no cabeçário do blogue.
ExcluirAbraço.
Iai Eduardo, sussa?
ResponderExcluirMuito bom este debate seu com a SCUSSEL, muito produtivo. Creio que estes debates deveriam ser extendidos, ao contrário do que se observa por ai, qlq discussão se torna agressão. Estive em algumas manisfestações aqui em SP, para dar uma olhada no que acontecia por lá, e desde o começo sabia que num ia dar em nada. Manifestações marcadas por redes sociais, onde a grande maioria é classe média, nunca poderá ser boa para a periferia....Foi lamentável o que aconteceu por lá em um destes dias, quando chegou a turma do PT e os playboys atacaram eles, dando pontapé em gente com mais de 50 anos, queimando bandeira e etc. Não sou do PT, até sinto que ele mudou muito nos últimos tempos, mas não posso concordar com este tipo de atitude. Tínham vários partidos de esquerda, mas o grande "alvo" era o PT. É nítido o ódio que a classe média tem do PT, mesmo ele não sendo um partido que lute pelo povo como era a décadas atrás, porque não sentem esta raiva de outros partidos de esquerda? Ao meu ver, não sentem porque sabem que estes não tem força, que são "café-com-leite". Chega ser deprimente estar no meio de 100mil pessoas gritando coisas disnéxicas, cada um com sua necessidade, das quais nem se chega perto do que a periferia precisa. Como a SCUSSEL, sou comunista, mas por ideais, não por partido ou militância. Realmente não sei como quebrar este ciclo vicioso que entrou nossa sociedade, mas por este tipo de acontecimento, eu acho que não é....
Grande abraço irmão....
Arnaldo Bertoni
Olá Bertoni. Eu entendo sua posição. Mas não é todo mundo que mora próximo à Paulista que tem uma boa condição economica. Isso é um equívoco. Moro em um bairro próximo à Paulista, em uma casa que não é minha e na minha rua tem uma favela. Sem contar que o acesso à internet está aumentando no país e na periferia tb. Ainda não alcançou todo mundo. Pode ser que a maioria que estava lá tinha uma boa situação financeira por lá, mas não sou ninguém para julgar até pq não conheço a história de cada um.
Excluirhttp://porvir.org/porpessoas/a-internet-e-nova-rua-da-periferia/20120720
22-favelas-resistem-em-bairros-nobres-de-sp
Bjs
Mari
Então Ruiva, também entendo de sua opnião, respeito mas não concordo. Sei que existiram algumas pessoas da periferia lá, mas na GRANDE MAIORIA não era eles, e sim a classe média. Dê uma olhada neste link: http://altamiroborges.blogspot.com.br/2013/06/a-catarse-da-classe-media.html
ExcluirMoro em São Mateus, a maioria da classe média sente arrepio desse nome mas a PM nos conhece muito bem. Aqui moram cerca de 300mil pessoas, estamos próximos de bairros como Itaquera, cidade tiradentes, 3° divisão, são miguel e etc. Garanto para você que se esses bairros tivessem ido a essas mobilizações teria no mínimo 10X mais gente do que teve. O grande problema é que o pessoal daqui não pode parar, um porteiro que trabalha 12 horas por dia não pode abandonar seu posto, deixar o prédio "sem ninguém" para protestar, mas os moradores daquele prédio que trabalham no máximo 8 horas por dia e ganham entre 5 vezes mais podem. O que penso é que existe uma grande diferença nas reivindicações das classes. No meu bairro a grande maioria tem pc em casa com internet, mas isso não significa que eles ficam o dia todo nestas redes, no máximo eles acessam quando chegam, pois precisam se ocupar de outras coisas, pois não possuem empregada doméstica, babá, cozinheira e etc. Não há como comparar o tempo ocioso da classe média com o da periferia. Esta é agrande direfença. Esses jovens que foram protestar ficam o dia todo na internet, no trabalho, em casa, em seus celulares. Você pode até respeitar a periferia, mas não há como entendê-la sem estar presente, vivendo suas necessidades e sentindo na pele o que eles passam.
Mas é parecido com o que algumas pessoas vivem por aqui. Você acha que eu tive tempo para estudar no final do ensino médio? Comecei a trabalhar no Mc Donalds com 16 anos e depois comecei a trabalhar no shopping , trabalhava muito tempo e demais no shopping. Passei a maior parte do tempo no shopping do que em casa e na escola. Comecei a ficar mais tranquila quando consegui trabalho em escritório e tinha tempo para estudar e ler, tudo o que não pude fazer na minha época de ensino médio e tb já trabalhei de controladora de acesso no centro de São Paulo, sei como é uma rotina de condominio e muitas vezes o que passamos perto daquelas pessoas que tem uma melhor condição economica. Não tenho empregada, cozinheira e muito menos consigo aproveitar totalmente de tudo o que tempo aqui pois o custo de vida é muito alto. Já fiz um curso comunitário com uma galera que era da periferia e uma grande parte que estudou comigo nesse curso, tem acesso a internet e nós conversamos até hj. Por isso que digo, que é mto ruim generalizar algo afinal cada pessoa tem sua hitória e suas dificuldades.
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ExcluirRuiva, entendo o que você quer dizer com "não generalizar". Vou tentar explicar qual o meu conceito. Tenho grande repulsa pela região da Paulista. Quando passo por lá, vejo pessoas passando de um lado para o outro, geralmente sem se falar, com fones de ouvido, fechadas em seu mundinho. Para mim aquela região (centro financeiro de SP) nada mais é do que o coração do capitalismo selvagem que não reconhece pessoas, somente dinheiro. Consigo imaginar uma salinha de reunião em um de seus prédios meia dúzia de pessoas gordas, fortes, sadias, definindo que o terreno do pinheirinho deve ser tomado na marra sem dó, que as favelas de SP devem começar a "incendiar do nada" para que a especulação imobiliária avance, que as escolas devem ser um galpão de crianças sem qualidade para que quando cresçam não consigam entender o que leem e muito menos criar suas próprias opniões sobre as coisas, enfim, para mim aquela região representa todo o mal do ser humano, tudo que deve ser combatido. Claro que é só uma representação, existem muita gente bacana que trabalha lá, mas "a maioria" segue o mesmo esteriótipo alienado. Acho que é por isso que não consigo ver alguém que mora próximo a isso ser diferente, entende? Se tu és, ótimo, que bom que ainda existem flores no meio de ervas daninha, mas cuidado, pois estas ervas sugam toda água do solo, ocupam todo e qualquer espaço que as rodeiam e assim impedem que flores cresçam em seu meio...
ExcluirMuita paz e luz em sua caminhada.
brisando aqui pensei que seria hora das agremiações que acham tão importante balançar suas bandeiras com siglas baixar as bandeiras com siglas e erguer as bandeiras com demandas e propostas reais
ResponderExcluir(tarifa zero, controle social da produção, ocupação de fábrica, reforma agrária, reforma urbana, mais saúde, educação etc etc etc)
é muito mais simples
dialoga mais
pode chegar a resultados concretos antes
tem muito de verdade quando alguns chamam os partidos da esquerda de oportunistas
porque eles são mesmos muitas vezes
o ato da periferia ativa de SP (capão, campo limpo e guaianases) foi bunito. passou na grande mídia direto hoje de tarde e foi apaludido pelos âncoras
braçãoprocês
Aplaudido pelos âncoras?
ResponderExcluirprucevê...
Excluirdatena e outros aplaudindo...
oportunismo, (medo?)
momento curioso esse
A mídia sabe que tem a mentalidade da população, são décadas de fazeção de cabeças, nas casas de 99% dos brasileiros. A tática de convocar o povo pras manifestações, que de baderneiros passaram a ser legítimas, esvaziou as propostas reais com as genéricas, "contra a corrupção", "pela paz", com as golpistas, "fora dilma", "impeachman", "sem partido", as palhacentas, "mamãe tô na manifestação" e as localizadas, "dar o cu é bom", etc. Criou conflitos internos e quase esterilizou o efeito das manifestações. Os caras são foda, compram as melhores cabeças pra pensar o seu como agir. Aprendamos com isso. A função deles, se não conseguem reprimir e impedir os movimentos, é esvaziá-los com o seu apoio falso e mal intencionado.
ExcluirMano Eduardo, bem claro seu texto. Eu estava conversando ontem com meu pai, 57 anos, e avó, 85 anos, (ambos manifestantes nos movimentos locais aqui e que já participaram de protestos antigamente) sobre o que estava acontecendo e eles disseram que não adianta prometer tudo e a população ano que vem agir de forma corrupta. A população também tem que colaborar e deixar o jeitinho brasileiro, a lei de gerson de lado. Não aceitar propina, corrupção, não vender seu voto, não usar da situação para moeda de troca como se vê hoje em tanta gente e ainda assim votar em branco.
ResponderExcluirMinha avó disse que com a esquerda ocorreu a mesma coisa em tempos atrás, na hora que entraram no poder e tiveram a ferramenta para aplicar a mudança, deu do que deu. Ela me disse que enquanto o hábito do eleitor não mudar, pensar no outro, na comunidade, tirar a bunda do sofá e se juntar para cobrar.... Tudo vai ser repetido ano que vem nas urnas. O governo tem que mudar, mas nossas atitudes, que colocam eles no poder, fiscalizam, cobram, também... Precisamos deixar de nos acomodar e levar a política a sério, colocar na nossa agenda não só agora, mas manter isso... Afinal, como ela dizia, tem muita gente que tem pouca vergonha e pouca memória.
Forte abraço mano.
Eu sempre te digo: NADA, nenhum grupo social, de classe ou de interesse é homogêneo. Há setores da esquerda combativos e de mãos dadas com os movimentos sociais e o povo das periferias.
ResponderExcluirO problema é que esses não estão nos lugares chave.
ExcluirEnquanto a cultura do individualismo, da competição, do lucro, do EU quero permear a relação entre aqueles que nos representam, entre nós mesmos e aqueles que querem lucrar com nosso trabalho, nossa fragilidade, nada vai sair do papel e logo vamos esquecer que só somos povo, seres humanos, uma nação quando cuidamos, pensamos, compartilhamos e ajudamos o nosso próximo. Juntos, de corpo e alma, podemos não só organizar manifestações, mas podemos lutar contra fome, miséria, pobreza, movimentos pelas dificuldades no Nordeste. Imagina se esse mar de gente se une, organiza e resolve voluntariamente agir numa ação social conjunta? Cara.... O Brasil mudaria em menos de uma semana. O fato é, queremos arriscar e colocar as mãos na massa? Ou queremos apenas que os outros façam isso e que fiquemos no sofá, preocupando-nos apenas com nosso conforto enquanto o governo desconta o dinheiro para " fazer isso por nós" aliviando nossa consciência?
ResponderExcluirTodo mundo pode participar, todo mundo pode ter oportunidade para se desenvolver, todo mundo pode muito bem ir lá e tentar fazer o bem, só precisa se juntar. É simples.
Criminosos sempre vão existir, mas a maioria é boa e pode fazer o milagre que tanto deseja para o Brasil. Imagina esse mar de gente lutando, organizando, inventando soluçoes para tanto problema? O Brasil estaria salvo do próprio governo e as comunidades mais autônomas e menos dependentes de ações burocráticas.
É só ver os poucos exemplos de comunidades cooperativas, o sistema de colaboração, a simplicidade voluntária e tanta gente que é pouca, mas que se UNE e FAZ, mudando vidas através da colaboração, do trabalho em conjunto, de propostas simples como agrovilas, ecovilas....
Pergunto : A mudança do Brasil e soluções de problemas que duram séculos está nas mãos de quem?
É como você disse Eduardo, a revolução começa de dentro para fora e o PODER REAL é o econômico.
Mas tenho esperança, pela primeira vez, eu, meu pai e minha avó vislumbramos uma fagulha de esperança para o futuro de nossas gerações.
Hoje a tarde aqui em Palmas-TO, vamos as ruas.
Abraços a todos vocês, somos uma só família humana, brasileiros.
Vejam só:
http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI327158-17770,00-GAROTA+DE+ANOS+INVENTA+PURIFICADOR+DE+AGUA+REVOLUCIONARIO.html
http://ovnihoje.com/2012/06/18/estudante-egipcia-inventa-sistema-de-propulsao-revolucionario/
http://www.blogdaengenharia.com/2013/03/04/adolescente-americano-inventa-teste-rapido-e-barato-para-a-deteccao-do-cancer/
http://forum.antinovaordemmundial.com/Topico-argentino-inventa-motor-magn%C3%A9tico-perp%C3%A9tuo-over-unity?page=5
http://www.jornalipanema.com.br/novo/Array/JOVEM+INVENTA+SISTEMA+PARA+TRANSFORMAR+AGUA+SUJA+EM+PURA.html
http://180graus.com/noticias/bicicleta-de-papelao-a-ultima-novidade-do-transporte-ecologico-555341.html
A inovação pode estar a serviço das pessoas e não propriamente do lucro, o que não quer dizer que estas pessoas não terão suas necessidades cuidadas pela própria comunidade que ajuda. Tem muita gente inventando coisas simples, baratas e que não poluem e que ajudam comunidades carentes, é só pesquisar. Com certeza não vai passar na Mídia Privada.
¨
Forte abraço.
" Daí a felicidade do pai ao ouvir do menino que estava jogando bola, agora oficialmente, no time do colégio.
ResponderExcluir- É no time do colégio, Cazuza?
- É sim senhor.
- No primeiro time, Cazuza?
- Não.
- Ah, então é no segundo time, meu filho?
- Também não, pai.
- Não vai me dizer que te puseram logo no terceiro time. Terceiro time nem deve existir lá no colégio.
- Existe, sim, mas eu não jogo no terceiro time também não. Sou do Fusa.
- Fusa? Que diabo é isso, Cazuza?
- Fusa é o seguinte, pai: tem o primeiro time, o segundo e o terceiro times. Aí eles pegaram a turma que sobrou e misturaram todo mundo. Isso é que é Fusa.
- E você joga de quê nesse tal de Fusa? - perguntou o pai de Cazuza, já inteiramente desanimado com o herdeiro de suas virtudes futebolísticas...
- Eu sou reserva do Fusa, papai"
Depoimento de Lucinha Araujo, mãe de Cazuza, no livro: Cazuza,só as mães são felizes, Pág. 84, ed. globo, 5ª edição.
Quem entendeu, entendeu. Quem não entendeu, medite.
eu ri! vou atrás desse livro, vi uma entrevista da biógrafa do Cazuza e as estórias são muito bonitas... essa descrita acima mesmo, eu contaria todas as noites pro meu afilhado antes dele ir dormir... adorei!
Excluir:D
Passei uma semana numa comunidade carente daqui, só levei a roupa do corpo, água e o coração aberto para aprender e aceitar qualquer coisa, só fui para ver como é do lado de dentro, sem especialistas, livros, mas DENTRO. Sem projeto, sem missão, apenas com a boa vontade de aprender. O primeiro dia, fome, o segundo dia estranheza total,no terceiro atenção, muita solidariedade e o choque, nos outros dias um novo Mundo, sociedade, um estado paralelo feito de algo baseado em coisas tão simples, que caberiam...cara... Agora entendi porque você foi e não quis mais voltar mano. SENTINDO NA PELE por pouco tempo foi que compreendi um pouco da tua mensagem Eduardo. A vida do lado de fora é algo que não se compara ao que existe dentro do conforto de casa e das janelas da comunicação virtual. Pretendo voltar. Isso que a gente vive dentro do Sistema não é vida, é existência sistematizada, institucionalizada e absurdamente racionalizada.... Meu lugar é do lado de lá.
ResponderExcluir¨Uma mente que se abre para uma nova ideia, nunca mais voltará ao tamanho original" Eistein.
A PIOR COISA QUE JA ACONTECEU NO PLANETA TERRA FORAM OS TIDOS ESQUERDISTAS COMUNISTAS,BANDO DE VAGABUNDOS QUE ADORAM VIVER SEM FAZER ND E DE PREFERENCIA AS CUSTAS DO ESTADO.
ResponderExcluirPra você o MST também é um bando de vagabundos, com certeza, que rouba terras pra vender depois, né não? Isso é o que dá deixar o cérebro ser lavado e enxaguado pela mídia. Isso se estiver acreditando no que diz. Senão, é só mais um mau-caráter no mundo.
ExcluirO PT COM SEU MARKETING MENTIROSO E ESSE SUJEITO MOLUSQUENTO QUE SE ACHA DEUS,DEVERIA SER BANIDO COMO PARTIDO POLITICO DO BRASIL,ALIAS TODOS OS PARTIDOS DEVERIAM SEREM BANIDOS.DAI FUNDAM-SE 3 NOVOS PARTIDOS E O BRASIL COMEÇARA UMA GRANDE MUDANÇA
ResponderExcluirCom essa raiva toda é impossível enxergar a realidade além da superfície aparente.
ExcluirKiko, vai como calma companheiro. Nem tudo é que nem os livros de Orwell. Sem xingamentos, vamos trocar uma ideia na paz, na base do argumento pacífico. Tem gente boa e ruim em todo "ISTAS" "ISMO".
ResponderExcluirPara mim, cada vez mais se torna explícita uma verdade: o espírito totalitário se expressa com "alta caixa".
ResponderExcluirrsrsrsrsrs sabe que eu não tinha reparado? Tem razão. É como se fosse gritos, típico de quem não ouve, só fala. E fala merda, pensando que são verdades, sem perceber o monte de furos nos seus pensamentos. Sem base.
ExcluirEsse "bum" de manifestações ao menos tem levado as pessoas a discutir. Aqui em São Paulo, a Zona Leste já marcou um debate de Políticas Públicas, ocorreu uma manifestação com mais de 6 mil pessoas no Grajaú (que não vi na mídia). No último sábado, houve uma assembleia de um movimento do qual participo, dae levantei essa ideia de ir até o povo com olhos e ouvidos de aprendiz. A maioria gostou muito, embora algumas pessoas tenham pensado em "abordagem" pra ganhar adeptos. O legal é que tem muita gente de lugar periférico no grupo. Enfim, mudança de si (lembro do poema do Drummond, o homem e as viagens) e o vislumbre do poder econômico como câncer do câncer são os pontos principais pra gente, eu acho. Parabéns pelo humano do texto.
ResponderExcluirCara tu é o melhor professor.. não sei do que exatamente mas é..
ResponderExcluirSó mudando umas palavras tu me lembrou de como a gente tem q fazer numa conversa ou discussão e tal.. em vez de afirmar, condenar, doutrinar, criticar, convicções e etc.. tu sugere, escuta, aprende, esclarece, dá opinião, diz o q acha sem verdades que nunca vão mudar ta ligado? porra.. esse é o negócio mais difícil de fazer, mesmo todo mundo dizendo que entende e pah.. ninguém faz.. todo mundo discute e afirma como é como tem que ser e tudo mais.. eh foda conseguir fazer isso mas quando dá, ou quando tu ve um cara que nem tu fazendo, sugerindo e fazendo outras pessoas pensarem por conta própria.. isso aí sim! isso que o canal! abraço eduardo!
Parabéns Eduardão.... Cara frequentei uma academia particular de Psicologia, detalhe moro e sempre morei em subúrbio. Vi e senti toda esta distancia que você fala entre as classes e o movimento estudantil e não demorou nada pra eu ver que eles não sabiam do que estavam falando, mas vi também que não era por mau, a "intenção" era boa porem eles queriam respostas rápidas a um problema cultivado a gerações...
ResponderExcluirESCUTA SÓ ESSA!!! O movimento "PASSE LIVRE" começou aqui em Florianópolis (não sei se tu sabias) e os professores da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) foram procurados pelos ativistas para apoiar, e apoiaram... Estão entregando ao prefeito dois projetos... 1 da direito ao PASSE LIVRE aos alunos com 95% de presença e medias acima de 9. Ou numero 2 terão direito ao passe livre estudantes que apresentarem uma quantidade de horas "X" de trabalho voluntario social por semestre.......MANDARAM MUITO BEM!!!! (na minha opinião) porem os ativistas do MPL não querem que as propostas sejam entregue ...
Cara quando tu vais aparecer aqui por Florianópolis??? Ou alguma cidade de SC??? grande abraço mano... fica na Paz....
Tô ligado no nascimento do Passe Livre.
ExcluirNão sei quando vou estar por aí. Tem uma amiga que tá arrumando alguma coisa em Floripa, julho, agosto ou setembro, não sei. Estive no começo do mês em Balneário, num evendo de uma escola de administração. Aliás, um EREAD. Parecia a zona sul do Rio, nas áreas mais ricas.
hauhauahua, como é bom ficar "por fora" das notícias, nem tava sabendo que o negócio do passe livre tinha essa proposta... (ridícula)
Excluirô andrelohn, sabe qual é o perfil dos estudantes que conseguem 95% de presença e medias acima de 9? São os que vão de carro pra faculdade e não precisam trabalhar pra pagar as contas de aluguel, luz, água e internet e RU no final do mês. Só ai já exclui pelo menos uns 95% daqueles que realmente precisam do passe livre.
E quem trabalha a semana inteira, estuda a noite, e ainda precisa dar conta dos trabalhos de casa (lavar roupas, fazer trabalhos e estudar, ter vida social pra não adoecer), vai lá ter tempo pra "X" horas de trabalho voluntário? Mandaram bem? Muito bem mesmo!!! urghhh...
tamo armando uma pra trazer o Eduardo pra Floripa, entra em contato, sempre é bom.
julianalehmen@gmail.com
Juliana o movimento não tem esta proposta, esta proposta foi colocada por alguns professores da UFSC quando procurados pelo movimento para dar apoio.
ExcluirJu eu não estou falando de coisas que vi da minha janela... Tentei entrar para uma universidade publica mas não consegui... Tive que frequentar uma universidade particular, e além de trabalhar estudar tinha que me preocupar com as mensalidades que estavam sempre em atraso, o semestre seguinte era sempre uma coisa incerta para mim (em relação a estar estudando) e ainda dava jeito de prestar as horas de serviços sociais para ganhar nalguma bolsa e mesmo assim não faltava as aulas. Acredito que media 9 seja muito utópico mesmo. Porem media 7 esta de bom tamanho, e a ASSIDUIDADE tem que ser rigorosas SIM. Estudei alguns semestres na UFSC e vi muito bem o que acontece por lá. Qualquer motivo era um bom motivo para a maioria não estar dentro de sala de aula... Conheci também vários membros do movimento estudantil... (tu já imaginas o que eu encontrei por la né!)... Há! e boa parte do estudantes do movimento eram os mesmos que foram contrários a presença da policia no campus... se tu estudou la tu sabes bem o porque eles eram contra... Sou a favor do "PASSE LIVRE" (apesar de achar isso um tanto utópico) porem sou muito mais a favor de uma serie de deveres para isso....... Este é o grande problema dos seres humanos todos querem seus direitos garantidos porem quando chega a hora dos deveres.................... abraço
Uma coisa interessante que aconteceu comigo aqui na minha cidade (Botucatu-SP), eu estava com o rosto todo vermelho e um cartaz vermelho com uma foice e um martelo escrito "revolução"(haha), quando menos espero duas mulheres me puxam pelo braço e com aquele famoso "sangue nos olhos" falam em alto e bom tom "sem partido, sem partido".
ResponderExcluirUma amiga que estava comigo, peitou as duas quase brigou, essa amiga me perguntou pq eu não falei nada e só balancei a cabeça, não tem sentido revidar com outra agressão, não tem sentido revidar nem mesmo com palavras aqui, isso só vai fazer perder o foco, o interessante aqui é a união.
Ambas estão sendo usadas, uma por tentar abaixar minhas ideias com a força e minha amiga por impor a suas ideias com a força.
Sempre acompanho seus textos e videos e quando isso ocorreu me veio na mente, varias passagens suas que me serviram de exemplo, tanto que na hora eu sorri pra mulher que tentou abaixar meu cartaz e continuei a caminhada.
Pra mim ficou claro, é o que eles querem, brigas de ambos os lados para disseminar ideias vazias em prol deles mesmos.
Abraços.
Parabéns Eduardo! Como sempre, ILUMINADO!
ResponderExcluirComo você vê a ideia de um projeto popular, solicitando a implantação de cidades modelo, no sistema de autogestão, democracia direta, sem governos, com administração popular?
É uma ideia utopista?
Se não, como acha que poderia ser o processo para a realização? Seria este o momento?
Obrigada!
Abraços!
Os meus momentos têm sido conscientizar. Qualquer projeto popular que mereça o nome deve ter base na consciência popular, não em representantes, mesmo bem intencionados.
ExcluirMuito interessante sua reflexão, mais uma vez foi certeira. Sempre senti um incômodo grande com os discursos da esquerda extremada. Sou esquerda, acho a ideologia linda, a mais perto do ideal e tal...mas é difícil entender o linguajar rebuscado, não faz sentido usá-los para o povo. Talvez por isso o Lula alcance bem as massas e tenha o respeito de gente do mundo inteiro. Por mais merdas que o PT tenha feito, se aliando com gente perigosa e inescrupulosa, ainda acho que o Brasil deu uma melhorada. No campo social os governos pós FHC fizeram mais do que todos os outros juntos. É inegável que a vida de muita gente melhorou, vejo isso na periferia onde trabalho como professora de artes. E mais, muitas famílias começam a abrir mão do bolsa família porque já conseguiram se estabilizar, isso é muito legal. Milagres não acontecem, são séculos de exploração!!!
ResponderExcluirFaltava o povo cobrar, faltava o povo participar, faltava o povo mostrar que faz parte do Brasil e que o país não vai mais compactuar com a falta de vergonha de quem tá lá nos representando. A gente não pode se eximir da responsabilidade. Fomos corresponsáveis. Fomos coniventes. Não mais. O povo se tocou do papel dele. E espero que nunca nos esqueçamos disso. Mas o mais importante é cada um fazer sua parte no seu universo particular, no seu dia a dia, viver com verdade e sem se corromper diante das tentações. Respeito e humanidade terão de imperar, senão as mudanças serão temporárias.
No momento a impressão que tenho é que muitos ditos apartidários são na verdade anti partidários ou antiPTistas. Aproveitar o momento pra colocar toda a ira em cima da militância é um tanto apelativo. Os militantes não concordam com muita coisa! Não é porque votei no PT que aprovo tudo que fazem! Estamos todos do mesmo lado, essa é a verdade. Todo mundo quer hospitais funcionando de maneira decente, escolas com condições ideais pros alunos e professores, transporte barato e de qualidade, salários melhores...segurança...todos querem isso! É desperdício de energia gritar "abaixa a bandeira". Por mim todos deveriam levar a bandeira de seus partidos, mostrar pra quem tá lá que agora a gente tá junto exigindo a mesma coisa (ou quase).
Admiro você, Eduardo. Tenho acompanhado as coisas que escreve. Parabéns pela vida, pelas escolhas que fez no caminho, pela coragem e pela simplicidade. Homens assim são fundamentais pro mundo! Sou grata ao grande SER que te plantou na terra.
Quê isso, minina, num mincabula. Plantados na terra estamos todos.
ExcluirFiquincabulado não...elogio é o pagamento do trabalho voluntário! Um retorno amoroso da simples admiração. Trabalha isso, lidar bem com elogio é um jeito de saber ser recompensado! =)
ResponderExcluirMinha recompensa é o entendimento, a reflexão, o questionamento. Não vejo razão pra elogio se já recebo a satisfação de ver meu trampo funcionando na coletividade. Era meu sonho, aliás é mais que meu sonho - minha pretensão era apenas nos contatos individuais, nas ruas, nos bares, nas praças, no cara a cara, pessoa a pessoa. Extrapolou isso.
ResponderExcluirMuito legal ver o trabalho recompensado! Acho que você tá certo. Só tem uma coisa...não sou do Rio, muito provavelmente nunca teremos contato cara a cara, nas ruas, nos bares...então, aceita meu elogio como um abraço verdadeiro! O teu papel, num determinado momento da minha vida, foi o de um amigo me dando a real do mundo. Você nem sonha o quanto foi importante pra decisões fodas de serem tomadas. Aceite meu respeito e minha admiração.
ResponderExcluirSei não... tenho viajado por aí, vai saber se a gente não se cruza...
ExcluirÉ mesmo. Então esquece os elogios, um dia te dou um abraço.
ExcluirEduardo, qualquer semelhança seria mera coincidência? "Ferramenta de logocídio totalitário: As palavras são comumente usadas como armas de revolução social. Os políticos que aspiram o poder precisam forjar novos rótulos e novas frases de conteúdo emotivo atraente, “permitindo ao mesmo tempo que as velhas práticas e as velhas instituições continuam como antes. A arte consiste em substituir a imagem desagradável, embora a substância permaneça a mesma. Em consequências, os totalitários têm de fabricar uma linguagem de ódio para excitar as emoções das massas... A palavra paz não significa mais paz, mas se transformou num artifício de propaganda para apaziguar as massas e disfarçar a agressão."
ResponderExcluirJoost A.M. Merloo
Detalhe: o texto é de 1950
ResponderExcluirEm todos os tempos existiram profetas.
ExcluirLendo seu texto, tenho uma esperança enorme em viver, saber que não estamos sozinhos, que há mais e mais pessoas que partilham do mesmo pensamento que nós, me faz crer que sim, que as mudanças estão mesmo prestes a acontecer, estamos saindo da era da bitolação, da era da alienação, que podemos expor nossos pensamentos e que mesmo sem nunca ter visto a outra pessoa, temos a mesma opinião, e como vc mesmo diz, Opinião, não que isso seja verdade absoluta, mas estamos em paz com nossa OPINIÃO, puta texto, já compartilhei, quase chorei ao ler e reler e pensar, cara ele disse tudoo que eu queria dizer!!!!!!!!
ResponderExcluirOlá, Eduardo Marinho. Muito legal mesmo seu texto - uma visão sincera, corajosa, apaixonada e integrada (coração e mente) com a realidade. Bom, queria dizer que concordo contigo que a mudança tem que ser simultaneamente internamente e externamente. Mas penso que é preciso primeiramente o ser humano se livrar da necessidade de qualquer autoridade psicológica, de qualquer muleta religiosa, da ganância e da identificação com nacionalidade, ou seja, dos condicionamentos para então colocar " a casa em ordem". Só assim não vamos trocar um sistema por outro quando o problema mais fundamental, que continua sendo o homem como construtor dessa realidade, é a confusão da consciência. Mas isso não exclui obviamente o trabalho de conscientização política, da manifestação e da reforma social.
ResponderExcluirAbração!
Vi muita gente "de muletas" fazendo trabalho de conscientização, de sensibilização, de amparo aos caídos, trabalhos importantes no desenvolvimento humano. Não creio ser preciso se livrar das crenças, elas têm sua necessidade em existir nesse estágio primário em que nos encontramos. Na evolução das coisas, sinto que essa necessidade será superada e essas crenças desaparecerão, ou se fundirão em percepções mais elevadas. Trabalhar nos próprios sentimentos, comportamentos, concepções, profunda e sinceramente ao ponto de mudar constantemente, isso é trabalhar a humanidade, através da nossa atuação no coletivo.
ExcluirA confusão de consciência é provocada, deliberadamente, nesse sistema social de dominação das massas por um punhado de superpoderosos. Aos poucos a blindagem informacional vai se esgarçando, as comunicações são uma área estratégica nisso. O trabalho é permanente, ao longo das gerações. Cabe perceber como agir nesse estágio em que estamos.
Talvez concorde que a humanidade ainda não está pronta para dar esse passo fundamental. Pouquíssimos indivíduos conseguiram se livrar de todos esses condicionamentos. Mas não vejo revolução radical enquanto os humanos necessitarem se identificar com qualquer forma de "ismos". Enquanto houver isso vai existir o desejo de ser "alguém" nessa sociedade doentia, vão haver divisões e tribalismos. Talvez o Krishnamurti esteja certo quando diz que só é preciso que algumas poucas pessoas levem à cabo essa missão para termos uma sociedade menos doentia que a nossa. Abração!
ExcluirCuriosidade: o que seria esse "passo fundamental"? A humanidade caminha desde que começou a acontecer, pelo que entendo. A sociedade não é doentia, é simplesmente a conseqüência do que somos. Há "pouco" tempo atrás, pessoas executadas, mortas em praça pública era um evento, as famílias iam pra ver o cara ser enforcado, guilhotinado, queimado no fogo. Excitava as pessoas, era um acontecimento social. Os excluídos da época catavam tomates podres no fim de feira e vinham vender a preço módico pra jogar nos condenados, que eram trazidos pelas ruas, amarrados ou engaiolados, num espetáculo que hoje seria um escândalo. Caminhamos, parceiro, é preciso perceber quais atitudes podem ser úteis de verdade nesse caminho. Os sentimentos que alimentamos são fundamentais nessas opções.
ExcluirAcho que ninguém pode pretender se livrar de todos os condicionamentos. São muitos, grandes e pequenos, capilarizados dentro de nós. Podemos perceber os mais evidentes, eliminá-los, mas temos outros e cada vez mais sutis. À medida que avançamos nisso, não ganhamos superioridade, mas responsabilidade. Esse é um ponto importante, aí acontecem equívocos do ego. O trabalho de condicionamento tem sido feito há gerações, com toda a penetração possível. Em 99% dos lares brasileiros tem uma televisão. A educação foi transformada em ensino, destinando profissionais a servir empresas, não a população, não a humanidade. A educação pública foi simplesmente destruída, transformada em espantalho.
ExcluirMuito trabalho a fazer, parceiro. Ou parceira, sei lá, "estrada aberta"...
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirNovamente concordo com tudo que disseste. De minha parte, estou nadando contra a maré como futuro professor de uma educação pública infelizmente trágica. O passo fundamental não seria nenhum ideal de perfeição, que talvez só os grandes iluminados chegaram a tal ponto. Falo de simplesmente de não fazer parte do jogo, de reconhecer em nós mesmos o desejo no fundo egoísta de querer ser alguém numa sociedade baseada em ganância, de não querer ser reconhecido pela mesma sociedade criada pelos mesmos critérios de poder. Penso que nós somos a sociedade, e se a sociedade está assim é porque estamos doentes. Esqueceram da simplicidade. Sei lá, tá tudo aí na porcaria de alimentação que comemos, na falta de compreensão e diálogos verdadeiros, no excesso de verborragia desnecessária, nas "lentes" que enxergamos o mundo, na falta de sensibilidade ao nosso redor. No geral, a humanidade está muito insensível.
ExcluirÉ um comprometimento que vai além da mera necessidade de sobreviver, de se reconhecer somente como seres humanos e nada mais além disso, de não tentar ganhar qualquer coisa em troca, de não aceitar trabalhar numa fábrica só para satisfazer os anseios mais urgentes que matam aos poucos qualquer liberdade criativa e espontânea. Quando uma criança tem apoio necessário para se aprimorar num trabalho criativo e não ceder às pressões e futuras recompensas...acho que ela já muda de alguma forma a coisa toda. Resumindo, tem que ser levado também à cabo por poucas pessoas que podem escolher não viver com o simples intuito de adaptação, de pagar as contas, etc. Cada pessoa tem o mesmo potencial de fazer essa mudança radical, mas chegamos à tal ponto que infelizmente isso seria impossível para a maioria da humanidade. Isso não exclui obviamente a luta por condições urgentes que a grande maioria necessita para sobreviver dignamente. Desculpe se pareço estar romantizando demais, mas os animais não precisam de nenhum ideal para sobreviver e me parece que poucos indivíduos corajosos (Jesus, Buda, Lao Tsé) que só muitos séculos depois foram reconhecidos como visionários que conseguiram melhorar alguma coisa por puro amor e nada mais.
Embora tudo isso que falei ainda existe o "ego" sempre à espreita na esfera de uma "santidade" e todo o negócio lucrativo do materialismo espiritual.
Enfim, não acho que estou falando de alguma verdade absoluta, mas me parece até o momento ser o caminho certo.
Concordo com Krishnamurti quando disse que não é sinal de saúde estar bem adaptado a uma sociedade doente.
Mas vamos seguindo que temos muito trabalho mesmo. Meu nome é Eduardo também. Muito legal conversar contigo, te considero uma homem muito sábio.
Abração!
Eduardo pq vc não coloca sua arte na baixada? Passa aqui no centro de Duque de Caxias qualquer dia para expôr seu trabalho.
ExcluirMuito obrigado irmão, estava precisando repensar muitas coisas e teu texto me ajudou muito. Abração =)
ResponderExcluirEduardo,
ResponderExcluirSeu post virou quase uma assembleia! Quanta gente, quanta opinião... gostei de ler quase tudo.
Mas enfim, só venho reforçar por aqui, que lhe mandei um email sobre outra coisa e aguardo se possível um salve.
Gracias Hermano
Taís
Salve.
Excluirkkkkk "Salve" kkkkkkkkk esse Marinho é um brincante kkkkkkk
ResponderExcluirEduardo, parceiro. Marinho era meu "nome de guerra", no exército.
ExcluirDesculpa mano.... É que eu também fui Militar por muitos anos ... E alguns jargões ficam... (MAS AS IDEIAS SE FORAM TODAS)
Excluirmais uma vez desculpa...... Foi mau......
nos vemos em Floripa dia 10 de agosto
Eduardo, seu texto me abriu os olhos para entender o por que de tanta discordância entre a esquerda. Há um fórum de lutas, que organiza varias plenárias dos atuais movimentos. É de muita importância que você tire essa arrogância , que até mesmo eu possuía, dos grupos da esquerda. Ocorrerá uma Plenária no IFCS no dia 16/07/2013. Se você pudesse aparecer por lá , sua participação seria de grande contribuição.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEu tive algumas experiência em Assembleias horizontais, e não foi nada boa! Fiquei isolado, mas não porque quis, até tentei me enturmar com o pessoal, que em quase 100% eram alunos da UFMG de diversos cursos! Senti ali, um grupo fechado de amigos, mesclado entre Anarquistas e Comunistas, mas olhando para eles, viam que se bobear nunca andaram de ônibus, ou nunca tiveram o desprazer de ser despejados, ou preocupados em suas casas caírem com a chuva, etc...
ResponderExcluirEles pedem a presença do povo, mas pelo que deu pra perceber, era só pra fazer volume, pois os cabeças e líderes do movimento já foram definidos!
Eu acho muito complicado brigar pelo direito do povo sabendo só na teoria, sendo que na prática, ficam com medo ou preguiça de vivenciar o que o povo passa realmente!
São inteligentes e bem politizados, mas são da classe média, e muitos ali nem trabalham, então tem tempo de sobra para comparecer nas Assembleias "Horizontais"!
Se eles querem mesmo ser os cabeça do movimento, ou tem mais ideias políticas para tal, deveriam ir até o povo! Invés das Assembleias serem realizadas só debaixo do viaduto Santa Tereza (BH), deveria ir em favelas, bairros mais humildes e fazer as Assembleias para o povo, na casa do povo! Informar as pessoas pelo que eles estão brigando, fazer com que as pessoas participem do movimento, pois as ideias são excelentes, mas creio que nem 5% de BH sabe o que está acontecendo nas Assembleias. Por mais que são transmitidas ao vivo pela Midia Ninja - PosTV, muita gente nem sabe o que tá rolando!
As manifestações em BH, que lotaram as ruas, foram divulgadas pela midia, por incrível que pareça, muita gente foi lá, pois ficou sabendo pela TV que rolaria o protesto contra a Copa do Mundo! Sendo que quem deveria fazer essa divulgação tinha que ser o pessoal que vem discutindo a muito tempo a situação do Brasil, em especial MG/BH.
Garanto, que se as Assembleias Horizontais forem até o povo, este povo passará a ir nas Assembleias de boa vontade, e irão tomar gosto pela coisa! E o povo unido consegue qualquer coisa, pelo menos eu acho!
Está claro que no Brasil, para podermos exigir do governo melhorias para o povo, e condições dignas e com preço junto, muita gente tem que ir pra rua, tem que participar, tem que gritar que não está contente! E não só um grupo de estudantes de classe média das universidades federais!
Em relação ao PT e seus aliados, eu não era militante nem filiado, mas tinha uma grande admiração pelo partido, pois brigou anos pelo poder, e fez muita coisa boa para o Brasil, para o povo brasileiro, em especial os pobres e miseráveis, que não tinham dignidade nenhuma em suas vidas sofridas! Mas junto com os programas sociais, deveriam vir as escolas, escolas técnicas, postos de saúde, hospitais, segurança, moradia, mas não veio. De vez enquanto aparece um samu aqui, uma escola ali, mas sem médicos e professores, ou quando tem, muito mal remunerados (no caso dos professores é claro) e sem estrutura de desempenhar um bom trabalho! Aí tem hora que esses programas sociais parecem maquiagens. O governo ajuda o pessoal, mas fica devendo um monte de coisas pra eles, e isso não tá certo!
Mas o que realmente sujou o PT foram os atos claros de corrupção, claro sim, que todos sabem, inclusive os militantes e filiados do PT, e estes fingem que não veem! Como vcs filiados do PT defendem certos bandidos, que já estão mais sujos que pau de galinheiro? Os militantes do PT deveriam ser os primeiros a cobrar a mudança nisso, a saída deles do partido, e a prisão desses bandidos?
Isso faz com quem não é do PT, tome ódio de vcs militante e filiados, pois incluem vcs na quadrilha que se formou! Digo o mesmo para o PMDB, PSDB, DEM, PDT e todos os partidos que vira e vexe tem algum político envolvido na corrupção, e por incrivel que pareça, o cara sempre volta ao poder, vide Color, Renan, Maluf, Sarney!
Pra mim, os ideias dos partidos acabaram, eles só querem o poder, e estar no poder, vide PMDB, que virou um sangue suga de todos os governos! Este PMDB que é lotado de corruptos!
Eu entendo perfeitamente a ira do povo nas manifestações em ver bandeiras de partidos, pois todos estiveram no poder, e nada fizeram pelo povo brasileiro, e acho que ser apartidário é bom sim! Hoje eu não vejo mais necessidade de partidos no Brasil, não acredito que hoje eles façam um bom trabalho a sociedade, pelo contrário, eles não fazem o que a sociedade quer, visam somente se promover dentro do partido, viram um líder, ficar ricos e aposentarem na teta do governo! Já estou de saco cheio de partidos! Por mim, deveriam ficar entre situação e oposição e pronto!
ExcluirEduardo, muito bonita sua atitude de gritar o corajoso brado "abaixa bandeira" e assim instigar agressões contra pessoas que portavam bandeiras durante a manifestação. Pessoas quase morreram nessa brincadeira. Menos mal que você recuou quando "viu as reações raivosas".
ResponderExcluirSó não queira fazer acreditar que um homem feito seja ingênuo a ponto de engrossar esse tipo de coro sem saber o que estava apoiando naquele momento. Muitos partidários estavam equivocados sim, mas muitos estavam ali com a intenção pura de manter acesa a esperança de construção de uma sociedade melhor, talvez não fosse a melhor forma naquele momento, mas isso não os condenava a sofrer qualquer agressão, seja verbal ou física, e você, como um homem que se coloca como pacifista, sereno, não poderia jamais os agredir apenas porque se sentia incomodado por ter chegado antes na manifestação e não queria ter sua visão atrapalhada, como você falou. "Visão atrapalhada" Oi?
Suas palavras são muito bem articuladas, tem um modo de vida simples, seu discurso é pacífico, traz mensagens construtivas, enfim, não é a toa que faz palestras pelo Brasil. Poderia facilmente dizer que você segue à risca o mandamento de ser a mudança que quer no mundo. Mas é exatamente nesse princípio que você não é perfeito, aliás não é perfeito assim como ninguém o é. Quando se insere na manifestação e faz questão de ser neutro a ponto de fazer essa extena análise acima postada, manisfesta uma pretensiosa e uma autojustificada covardia, justificada com a negação e a crítica de toda mudança na sociedade que não seja a sua vida. Cara, mais humildade por favor.
Humildade porque para mudar o mundo é preciso tomar posições corajosas. Não preciso falar de nenhum ícone marxista, muito menos grandes intelectuais acadêmicos, falo de pessoas como Ganghi, Luther King, Chico Mendes, Mandela, pessoas que se posicionavam com coragem, e pagaram muito caro por isso.
Usavam a palavra, e muito mais as ações, mas não tinham medo de emcampar a defesa dos outros, abdicando de suas próprias vidas em nome da vida de outros, de causas maiores, enfim, tinham coragem para querer mudar o mundo, e tinham acima de tudo a humildade para fazer essa mudança ao invés de se colocar como sujeitos críticos da luta alheia.
O que vejo nas suas palavras: críticas e mais críticas, e as pretensas sugestões construtivas apenas escondem mais críticas, pois em praticamente todas as colocações faz questão de rotular a esquerda com adjetivos depreciativos. Se suas experiências pessoais construíram tamanho rancor, não o disfarce com o seu discurso bem articulado de amizade e cordialidade, pois pelo seu relato você não mostrou essas características em suas ações na manisfestação.
No resto, MAIS HUMILDADE, o orgulho demasiado de se sentir sábio e a comodidade de apenas criticar os outros não são privilégio apenas de quem ocupa a academia.
Engraçado cê me julgar dessa maneira, interpretando minhas ações e idéias de forma, na minha opinião, absurda, tirar um monte de conclusões, a meus ver, completamente erradas, supor intenções e sentimentos que passo longe de ter e, no fim, recomendar humildade. Essa foi boa.
ExcluirRespeito suas opiniões e costumo tentar aproveitar as críticas na minha própria percepção de falhas que tenho e ainda não vi. Mas suas colocações me são inaproveitáveis, porque achei inteiramente equivocadas, extremamente arrogantes, além de levemente hostis. Mas talvez seja porque não sou capaz de perceber a profundidade e propriedade das tuas colocações - não acredito nisso, mas posso estar errado.
Não vou responder ponto a ponto porque, primeiro, estou em Floripa e usando um comp no improviso, emprestado e, segundo, não acredito que adiante nada, cê formou a sua idéia e nada do que eu diga pode mudá-la - já que sua suposição também inclui falhas de caráter, como disfarçar o que quero dizer com hipocrisia. Repito que respeito sua opinião, pode achar qualquer coisa a meu respeito. Mas essa aí, eu descarto porque não me serve.
Gracias.
Muito interessante relflexao! Muito do que expuseste nos texto é exatamente como eu penso e sinto.
ResponderExcluirimpressionante que se as pessoas apenas se aterem a observar as coisas chegam a mesma conclusão. essa que tu chegastes há tempos, e eu ainda estou galgando. sua reflexão é extremamente reprodutora da verdade, é MUITO bom ver que não sou esquizofrênico e estou enganado. meus parabéns!!!
ResponderExcluirMe atrevendo a parecer repetitivo tenho a dizer que este texto é maravilhoso, faz muito tempo que não encontro uma crítica tão sucinta aos críticos atemporais deste país. Entretanto, me pergunto se você acredita que as manifestações de junho-julho foram tomadas pela maioria da população, me refiro as classes C,D e E, ou se esta foi apenas uma interpretação errada de minha parte.
ResponderExcluir"Hoje penso que, se os que se julgam revolucionários tivessem se espalhado no meio da população das periferias naquela época, há trinta anos – ou antes – descendo dos seus pedestais acadêmicos ou partidários"
ResponderExcluirEngraçado, em 1980 (34 anos atrás), era fundado no Brasil um partido de esquerda, o PT. Será que um partido consegue 55 milhões de votos, eleger 3 vezes, consecutivas, um presidente da república, será que consegue ser o maior partido da América Latina, com cerca de 1 549 000 filiados, além de eleger inúmeros governadores, prefeitos, vereadores, deputados estaduais, federais e senadores em cima de "pedestais acadêmicos ou partidários" e sem representatividade "no meio da população das periferias"?
Será que o FHC, Serra, Dilma, Marina Silva e tantos outros políticos brasileiros, que participaram ativamente dos movimentos estudantis universitário, ou e em alguns casos até de grupos guerrilheiros, são e foram tão isolados da população, em seus ambientes universitários "de clubes barulhentos, chatos e fechados"?
Será que Lula não tinha inserção nas massas? Será que ele fez movimento sindical "sem se misturar com a população “ignorante”? E o que você chama de "população ignorante"? Afinal de contas, defendeu que o povo tem um conhecimento próprio.
Mas não basta suas críticas a esquerda. Me interessa também, sua versão sobre a história:
O que quis dizer com isso: "Os militares já agonizavam na gerência da ditadura e a mudança de fachada era iminente."?
Me parece interessante que você dê a entender que os grupos de esquerda são arrogantes, por terem opinião, mas ao mesmo tempo coloca o seu estilo de vida como o certo, chegando a dar entender que o mundo seria um lugar melhor se seus ex-colegas militantes de esquerda tivessem feito o que você fez. Seria você um doutrinador dogmático?
Quanto as manifestações de 2013, faço uma leitura, classista, totalmente diferente da sua, que daria um outro comentário bem mais longo, que talvez depois escreva.
Por fim, acho invalida sua critica a esquerda universitária que teorizou e lutou durante anos, ao lado do povo, por uma sociedade melhor. E se hoje temos um país mais justo, se existem cotas nas universidades (cotas essas que representam a entrada das massas no ensino superior), se temos um país mais rico, em que o trabalhador tem muito mais renda, se existe estabilidade econômica, controle da inflação, democracia e muitas outras coisa, é por que nossas universidades teorizaram. Os grupinhos arrogantes, chatos e fechados, diferente de você que virou um hippe e hoje tenta emplacar como intelectual, mudaram o país pra melhor e continuam a mudar. Vê se não atrapalha.
Obs: Em que país vc serviu o serviço militar aos 16 anos? É o mesmo país em que a esquerda não é fruto de condições materiais, fruto das periferias, da luta entre oprimidos e opressores, mas sim de um grupinho fechado no ambiente universitário?
O PT endireitou, num processo doloroso e espúrio que eu presenciei do lado dos derrotados internos. Uma cooptação suja, compondo com os vampiros da sociedade, abandonando suas origens. A velha marra, a arrogância intelectual que destruiu a força das suas bases.
ExcluirEu não dou a entender, eu fui percebendo devagar, sem acreditar no que estava vendo. Lamentei profundamente. Os que "participaram ativamente" tomaram posições abjetas, mudaram pra pior e calaram as denúncias mais graves que poderiam fazer, que a sociedade não é regida pela política, mas pelas forças econômicas, pelos mega-banqueiros, mega-empresários, mega-vampiros internacionais.
Lula teve origem nas massas. Apenas isso. O fato das alternativas serem bem piores não justifica seu "amaciamento" diante dos crimes cotidianos contra a humanidade, diante do descumprimento, pelo estado brasileiro, dos direitos básicos fundamentais determinados pela sua própria constituição.
Obs.: sim, passei no concurso pra preparatória de cadetes do exército, em Campinas, 1977, ainda na ditadura. Tive experiências extremamente esclarecedoras, ali. E pedi desligamento.
Se tem uma coisa que não preciso, é de crédito. Tranqüilidade de consciência dá essa segurança, dispenso o crédito dos preconceituosos, dos agarrados a ideologias de cartilha, que há décadas vem repetindo os mesmos erros e mantendo o mesmo isolamento estéril, com as mesmas palavras, os mesmos modos, as mesmas certezas religiosas, a mesma arrogância. A insatisfação diante das injustiças sociais se perdem na soberba e no desprezo disfarçado pela população, porque valorizando em excesso o saber, não podem perceber o valor da sabedoria, da intuição desenvolvida no meio da "população ignorante", termo que você me atribui, mas que não costumo usar. Como já disse antes, em público, a população é ignorantizada permanentemente pela sabotagem da educação pública e pelo direcionamento da educação paga no sentido dos interesses empresariais, do consumo desbragado como objetivo de vida.
Doutrinador dogmático foi ótimo, ri bastante. Não entendo que malabarismo mental cê fez pra chegar a essa conclusão.
Essa esquerdinha arrogante vive de um passado equivocado que já vai longe e que matou os melhores. Chama pra si os méritos de outros, porque eram das mesmas siglas, apenas. Siglas essas que nunca entenderam o povo, desprezando suas formas de ser e na pretensão absurda de "conduzir as massas", tão comum aos marxistas. Bem que o próprio Marx disse, próximo da morte, "eu não sou marxista". Cometo freqüentemente e amarradão a heresia de dizer que não é preciso de Marx pra entender o que acontece na estrutura social. É por demais simples de entender, embora difícil de desfazer, pelo tempo de serviço dos condicionadores sociais implantados - mídia à frente, acessorada pela desinstrução planejada.
Não há luta entre oprimidos e opressores, isso é um delírio dos tradicionais de esquerda. Há um massacre de cima pra baixo e uma colaboração induzida de baixo pra cima. Conscientizar sem doutrinar é uma impossibilidade pros teóricos. Daí o seu isolamento.
Eduardo, pq vc não vem mostra seu trabalho na baixada? Passa aqui em Duque de Caxias, segundo município mais populoso do Estado e extremamente desigual.
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