terça-feira, 9 de setembro de 2014

Dívida Pública, uma dívida que o público não fez e é obrigado a pagar sem entender.

Sem entender que o orçamento nacional é roubado por banqueiros que, mancomunados com a elite nacional, inclusive a política, impedem deliberadamente o investimento nas necessidades e nos direitos constitucionais da população.

O filme diz que a dívida começou com a "ditadura militar". Não confere de todo. O governo de Getúlio Vargas já havia feito uma auditoria - limitada, mas auditoria - que a tinha reduzido a 40% do seu valor - o que foi um dos motivos pras pressões que se fizeram em cima dele e que, no seu auge, o levaram ao suicídio pra evitar o golpe, que atrasou dez anos. No governo João Goulart a dívida era em torno de seis bilhões de dólares, a tal "ditadura" a ampliou pra mais de cem bilhões, o que faz parecer que a dívida não era nada antes dos militares. Mas já era um fator de pressão e foi ampliado pra ficar irresistível, aumentando a força das pressões internacionais com todo o apoio subserviente das elites locais.

Do jeito que se fala no filme, parece que a responsabilidade recai sobre os governos. Não se fala da apropriação das instituições pelo poder privado, do controle da política - governo e parlamentos - e do judiciário, verdadeiro seqüestro do Estado, com o apoio da mídia, da desinstrução e da desinformação impostas à população que facilita o controle e a indução da opinião pública, alienando e anestesiando as consciências. Não é um punhado de intelectuais, economistas e outros estudiosos, que vai modificar esse quadro, mas a instrução e a informação do povo. Mas parece que essa é uma tarefa a que poucos se dedicam, condicionados que são em inferiorizar a importância e a capacidade da população. O trabalho deve ser profundo, a partir das raízes sociais, e deveria estar sendo feito geração após geração. Exatamente por não estar sendo feito é que não se encontra respaldo pras denúncias escandalosas que aqui são feitas.

Enquanto a mídia bradava histérica contra o "mensalão", essa "dívida" imoral levava o equivalente a mais de quinze mensalões POR DIA. Mas disso a mídia não fala, traidora compulsiva da população em benefício dos bancos, sobretudo os internacionais.

"O Sarney chegou a instaurar a CPI dos bancos. Não durou mais do que algumas horas." Assinaturas de parlamentares foram retiradas, inviabilizando a comissão. Isso demonstra mais que claramente o controle (e não apenas o poder) dos bancos sobre os parlamentares, sobre a "política" (que nunca foi política, apesar da aproximação tentada por João Goulart e destruída pela convocação dos militares) e sobre o Estado. O filme parece não destacar o óbvio. De onde vem esse apego à visão de que aqui há qualquer coisa além de uma tremenda farsa? Não se vê que não existe e nunca existiu democracia por aqui além das palavras e da simulação cênica? Qual é a dificuldade desses intelectuais, sindicalistas e demais ativistas? Que democracia é o cacete, rapaziada! É preciso deixar isso claro, antes de pensar em promover mudanças reais. Não se muda como se deve, quando não se vê a realidade como ela é.

Constituição fraudada no seu artigo 166, favorecendo o pagamento da dívida pública pelo orçamento nacional, sem votação. Como diz no filme, uma falsificação grosseira, cuja contestação por ação ajuizada pelo presidende da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e arquivada pelo Supremo Tribunal Federal, outra prova do controle das instituições pelos interesses financeiros dos vampiros da humanidade que sujeitam países e sacrificam seus povos com a cumplicidade das suas elites locais, sempre traidoras da nação e das populações.

O Brasil, no ano passado, teve o 7º maior PIB (produto interno bruto) do mundo. No índice de desenvolvimento humano (IDH), foi o 85º do mundo. Essa diferença brutal se deve ao saque do orçamento pro pagamento dessa dívida, que nunca se investigou como foi feita e como se desenvolveu - todas as tentativas foram sabotadas e frustradas. O Estado brasileiro está impedido de investir na sua própria população, o que seria bom para todos em todas as classes, menos pra esse punhado que anda de helicópteros e jatinhos, nas suas bolhas de opulência e luxo cercadas de forte segurança, de onde controlam seus fantoches "públicos" e determinam, sem serem eleitos, as "políticas públicas". Crimes contra a humanidade cometidos dentro de uma apregoada e falsa legalidade.

Essas informações teriam que ser passadas à população, num trabalho capilar, profundo e persistente, na língua geral - e não em academês ou politiquês. Parece que os contestadores sucumbem ao mito da incapacidade do povo em entender o que acontece e esse trabalho, fundamental pra ter força perante as instituições dominadas, não é feito. Na minha opinião, os condicionamentos a uma ridícula hierarquia social impedem a integração verdadeira entre os teóricos e os viventes que fazem a esmagadora maioria da população. Já existem focos de comunicação nas periferias, falta o respeito devido, o reconhecimento de que estes são os melhores tradutores pra língua falada pelo povo da base. Com um pouco de humildade, os acadêmicos poderiam aprender com eles - ou reaprender -, rendidos que estão à língua restrita de minorias intelectualizadas, verdadeira barreira pro entendimento geral.

Bueno, sem querer alongar demais, eis o filme, precioso pelas informações e denúncias. Taí uma das raízes da nossa pobreza, da exploração em que vive a maioria, da ignorância, da desinformação, da miséria, da violência e da maior parte da criminalidade. O Estado está proibido de investir nas suas obrigações constitucionais pra com os brasileiros todos, seqüestrado como está pelos poderes vampirescos dos bancos internacionais - e de quebra pelas mega-empresas de todos os setores.

Dado importante no filme, que a mídia jamais divulgaria. A Islândia não só suspendeu o pagamento da dívida pública como também prendeu os banqueiros. Ninguém falou nada, no mundo inteiro.


16 comentários:

  1. Por que todos gritamos, agimos, fazemos vídeos, apresentamos trabalhos, pesquisas, damos aulas para conscientizar os futuros economistas, cientistas sociais, profissionais da saúde, administradores...... e o ciclo de espoliação continua???

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    1. Oi Marília. É porque a consciência do ser humano aumenta muito (muito muito) lentamente. Porque dói expandir os horizontes e olhar em profundidade. Temos que ter muita paciência. Enquanto a pessoa não acordar só teremos situações insustentáveis.

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  2. Talvez eu só esteja cansada... mas esse poder parece inexpugnável, inabalável. Noam Chomsky fala, Boaventura Sousa Santos corre o mundo pra dizer, Eduardo Galeano anuncia... nas periferias tem vozes, nas instituições tem vozes, na arte tem vozes... e nada. Pouca mudança ocorre. O poder dos vampiros é algo quase inatingível. Tenho refletido, pensado, estudado.....

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    1. Há pouco tempo as vozes nas periferias eram raríssimas. Antigamente, na minha infância, nada se falava além das informações controladas e filtradas pelos interesses dominantes, ou se falava em pouquíssimos lugares. Agora ando por aí e vejo um início de fervilhar, que já me parece um fervilhamento, muitas vozes, em toda parte. São exceções ainda, mas muito mais numerosas do que quando saí pra estrada, me dando conta de um mundo que eu não conhecia, ou uma enorme parte dele que me escapava à percepção. O processo tem seu ritmo e nada permanece além da mudança, todo o tempo.

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    3. Vejo dois problemas na dívida pública brasileira:

      1º A fiscalização do uso do dinheiro.

      O Brasil, pede empréstimo aos bancos internacionais e nacionais para solucionar
      os problemas do país. Mas não fiscaliza o uso dessa grana.
      Que por vezes, acaba indo pro bolso de muito corruptozinho.
      E a conta fica pra gente, que "tenta" pagar uma dívida, que em partes, não precisaria existir.


      2º A alta taxa de juros que os brancos cobram.

      A alta taxa de juros e o juros composto (juros sobre juros).
      Fica difícil sair dessa teia, quando o país é totalmente dependente dos bancos.
      O Brasil seguirá pedindo empréstimo, já tendo uma dívida que não conseguiu pagar. E assim, segue o ciclo.


      Como solução, penso que seria o impossível:

      Negociar a dívida pública, baixando a taxa de juros e passando os juros composto para juros simples.
      Acho difícil, porque os bancos não querem que o sustento deles acabe.
      Agora, terá os Brics. Talvez seja uma solução, mas a longo prazo.

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    4. Marília, esse "cansaço" que você sente é normal; vencê-lo, sempre, é o que nos faz mais fortes e esperançosos, apesar de tudo! Não podemos desperdiçar uma única oportunidade, que nos for dada, em buscar, no outro, uma parte de nós mesmos para reforçar a luta em favor da uma Sociedade de Fato e de Direito!

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    5. Marília, é que nem o Eduardo falou. A dinâmica de evolução é muito lenta. A gente não viverá (nessa existência) para ver o mundo que imaginamos e concebemos. Mas vendo lá nas minúcias...observando (e absorvendo ;) ) a História em profundidade, você sente que as coisas estão se movendo. É claro: são milhões morrendo e sofrendo com uma mentalidade opressora que apoia um sistema cada vez mais falido. Mas lembre-se que a vida é imprevisível e as alterações ocorrem. A vida está além da capacidade de compreensão humana ;)

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  3. Acredito que o poder dos vampiros se estabelece continuamente pelo trabalho ininterrupto de seus colaboradores: todos aqueles que de alguma forma alimentam este sistema. Seja em posições "superiores" ou "inferiores". Nas ações dos neo-escravos,neo-capitães-do-mato e neo-senhores.

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    1. Não só pelo trabalho, mas principalmente pelos valores, pelos objetivos de vida, pelo modo de relação com a coletividade, com a própria índole, expostos todos aos condicionamentos de massa cotidianos.

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    2. Condicionamento, eis um grande fato.No dia 07 de setembro deste ano, um grupo de manifestantes tentava fazer uma passeata em outra pista na Central do Brasil. Para meu espanto, a população mais simples vaiou, e quando a polícia cercou os manifesantes o povo aplaudiu! Essa vaia não me sai da cabeça porque fazem uma ligação com o que voce já disse por aí: a dificuldade dos movimentos de esquerda saberem a língua do povo .

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  4. O problema está tão enraizado, que eu nem sei por onde começar. Acho que um dos caminhos pra desembolar essa teia de problemas, é conscientização, mesmo. Acredito que as informações mostradas neste documentário, não são de conhecimento da maioria.

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  5. '' o sonho do oprimido é ser opressor'' por isso passam gerações e não muda.

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    1. Não muda? Como acreditar nisso, se não se tem a si mesmo como referência do universo?

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    2. Não há nada que não mude. A única permanência é a mudança, a meu ver.

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  6. "A única permanência é a mudança" é isso, meu caro!

    Cair no imediatismo pode ser frustrante. É preciso entender o processo como um todo. Basta olhar para história e ver como as mudanças não foram repentinas, mas graduais.

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