A estrutura da sociedade é construída
de forma extremamente violenta com a base, com a maioria da população. A base é
o alicerce e é preciso manter o alicerce imóvel pra construção se manter. Desde
a sabotagem do ensino público (não é possível crer em desinteresse ou incompetência
quando os melhores e mais bem intencionados são perseguidos e expulsos e os
melhores planos educacionais são feitos em pedacinhos, difamados e destruídos),
passando pelo desprezo do sistema de saúde, pelo massacre midiático-publicitário
permanente, pela desinformação dos meios de comunicação, pelo abandono das vias
públicas, pela tortura nos transportes públicos, pela exploração desenfreada
nos trabalhos ditos formais e chegando na brutalidade policial cotidiana,
no genocídio cotidiano, no clima de
guerra, de insegurança total nas periferias, com sobras evidentes nos bairros
mais atendidos e mesmo nos privilegiados. É preciso perceber e reconhecer esta
situação pra chegar às raízes da violência generalizada, em explosões pontuais
e momentâneas, forças de segurança prontas pra abafar rebeliões, ou seja,
explosões de revolta nas coletividades contra os sacrifícios impostos pelo
Estado, sem nenhuma contrapartida, ao contrário, sob ameaça.
Quase toda a criminalidade tem
origem na criminalidade estrutural. A sociedade, o Estado, as instituições
descumprem descarada e rotineiramente a Constituição Federal, a Carta Magna, o
símbolo máximo de uma sociedade dita civilizada. Crianças nascem já predestinadas
à miséria ou ao crime, aos milhares, aos milhões, e os ideólogos sociais propõem
endurecer medidas penais. Em vez de fechar a fonte, respeitando os direitos
fundamentais da população, constroem-se presídios. É parte do mesmo plano.
Produzir a criminalidade e lucrar com ela das mais variadas formas. Os meios de
comunicação alardeiam a necessidade da redução da idade penal sem levar em
conta um sistema carcerário hediondo, abarrotado, verdadeiros infernos. Fala-se
em privatizar o sistema. Presídios são privatizados, viram empresas, cada preso
é uma grana. O sistema de suborno aumenta a quantidade de presos, desde o
agente que prende até o juiz que condena. A miséria, a ignorância, a instigação
ao consumo, o valor social invertido garantem a produção de matéria prima pro
lucro de poucos – excluídos, sabotados, violentados sociais.
O Estado, seqüestrado pelos
mega-poderes banqueiro-empresariais, comete crimes graves contra sua população,
com o incentivo da mídia.
“A pobreza mata muito mais
pessoas do que todas as guerras da história, mais pessoas que todos os
assassinos da história, mais que todos os suicídios na história. A violência
estrutural não apenas mata mais pessoas do que toda a violência comportamental
junta, como também é a principal causa da violência comportamental.” James
Gilligan
É preciso parar de procurar
culpados e construir caminhos. Há focos brotando em todo lado, pelas periferias
numerosas, resgate de auto-estima,
desenvolvimento cultural independente, base de novas independências.
Brotando, contaminando, sensibilizando, conscientizando, se ligando, formando
redes de informação e de trocas. E da lama brotam os lírios, da merda se faz
adubo pro que é novo crescer, iluminar e libertar.
Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente. A gente muda o mundo na mudança da mente. E quando a mente muda a gente anda pra frente. E quando a gente manda ninguém manda na gente. Na mudança de atitude não há mal que não se mude nem doença sem cura. Na mudança de postura a gente fica mais seguro, na mudança do presente a gente molda o futuro! Gabriel O Pensador - Até Quando?
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ResponderExcluirPor isso sou fã do bom selvagem. Sou fã do índio não contactado (apesar do plástico ser nosso arauto). Sou fã da permacultura e dos que não vêem TV mas leem bons livros. Sou fã daquele que constrói tudo que precisa com as próprias mãos. Sou fã da terra e dos verdadeiros terráqueos, sou fã do mar e de tudo que é Marinho.
ResponderExcluirOlá Eduardo! Conheci vc assistindo uma palestra do TEDxAvCataratas, pela Internet. Gostei muito do que vi e ouvi, e busquei mais na Internet sobre vc. Cara! Sua história, e suas palavras trazem uma mensagem muito forte, de libertação. Vc me lembra um personagem bíblico, o Moisés. Moisés foi criado entre os "nobres", e depois Deus fez dele um libertador dos "pobres". Deus abençoe vc e sua família.
ResponderExcluirOlá Eduardo! Conheci vc assistindo uma palestra do TEDxAvCataratas, pela Internet. Gostei muito do que vi e ouvi, e busquei mais na Internet sobre vc. Cara! Sua história, e suas palavras trazem uma mensagem muito forte, de libertação. Vc me lembra um personagem bíblico, o Moisés. Moisés foi criado entre os "nobres", e depois Deus fez dele um libertador dos "pobres". Deus abençoe vc e sua família.
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