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terça-feira, 15 de maio de 2018
Vida, serviço e satisfação
Há gerações de serviço pra trás, milênios a perder de vista. Há gerações de serviço pela frente... tamo no proveito do serviço passado e preparando o terreno pro serviço que vem. Quem quiser ver algum resultado final, vai desistir pelo meio do caminho. Não tem final. Ou tem, mas são finais provisórios, sinais de novos inícios. Participar da construção, consciente da sua ínfima participação, dá sentido à vida. Criar expectativas é o passaporte pra frustração. Antes de "fazer a sua parte", é preciso perceber qual é a sua parte. Somos insignificantes no todo, mas somos tudo o que temos.
Querer fazer o que não se pode é frustração certa. Deixar de fazer o que se pode é um desperdício, de tempo, de vida, de oportunidades. Discernimento é o canal, o desenvolvimento pessoal necessário. Participamos de um processo de mutação permanente e universal que já vem de não se sabe quando, bilhões, trilhões de anos. O que são 50, 70, 90 anos nessa eternidade, nesse passar contínuo do tempo? Nascemos, vivemos a infância, a juventude, amadurecemos, envelhecemos e morremos, assim é o ciclo. As pressões se fazem fortes pra que escolhamos como programado, vivamos vidas vazias e frustrantes, lutando e disputando o que não tem valor verdadeiro, o que se dissipa e perde o sentido com o tempo. De tal forma que a maioria só percebe a merda de vida que viveu na iminência da morte, quando a vida anuncia seu final e se percebe o vazio dos valores que exercemos no caminho. Evitar isso é fundamental. Qualquer coisa, menos isso. Mas aí é preciso encarar o mundo.
Ao que parece, escolher desenvolver e seguir a própria consciência, as próprias tendências e vocações, procurar o que se gosta pra viver, não é bem visto ou bem aceito na esmagadora maioria das vezes. É preciso estar pronto pra estranheza, pra desconfiança, pro preconceito. É um mundo mau caráter, que estimula e cobra o mau caráter, a conivência, a indiferença com a injustiça, a omissão. Não existem à toa a miséria, a ignorância e o abandono pela sociedade de grande parcela das pessoas. Uma sociedade planetária que cria e mantém milhões, bilhões de pessoas em situação de lixo, com todas as condições materiais de desenvolvimento social e humano, não merece meu respeito nem pode me impor o que devo escolher na minha vida. Não tem moral pra me criar valores ou me cobrar comportamentos. Só a profunda lavagem cerebral permanente feita pela mídia, pelo massacre publicitário, pela superficialização de pensamentos e sentimentos, em campo aberto pelo ensino empresarista e anti-social que forma competidores alucinados em vez de pessoas equilibradas pra integrarem a busca - que seja - de uma sociedade menos desarmônica, só essa lavagem cerebral pode criar aceitação pra aberração social em que vivemos.
Um ensino humanista - e público, tão amplo que abranja todos -, que estude as causas dos problemas em profundidade, que aponte a direção de uma sociedade harmonizada, sem miséria, ignorância e abandono, com investimento verdadeiro no desenvolvimento do ser humano e sua coletividade como um todo, no desenvolvimento de um sentimento solidário de família humana, é considerado um ensino subversivo, criminalizado, difamado e perseguido. Um ensino que revele como foi construída esta sociedade e a sua história, que aprofunde os fatos e suas causas, que procure as raízes de todas as coisas, que trate o conhecimento como direito, é o terror dos dominantes da atualidade. A formação de cidadãos conscientes da realidade, em condições de pensar, analisar e escolher os seus caminhos, naturalmente desfaria toda a estrutura atual da sociedade, construindo outra muito diferente. Onde o ser humano, a vida, o equilíbrio ambiental e a harmonia social estejam em primeiro plano, não o poder econômico, a propriedade, o lucro, os interesses mega-empresarias de muito poucos, que desprezam tudo o que está no caminho das suas ambições. E que mantêm o poder público seqüestrado e a seu serviço.
Estes poucos podres de ricos, miseráveis de espírito, produtores mundiais de sofrimento, estiveram por muito tempo na escuridão completa. Mas os ciclos se sucedem e pequenas luzes aparecem, iluminando precariamente a escuridão, dando os vislumbres dos mecanismos que movem a realidade que nos cerca. É tempo de acendimento de luzes, cada vez mais gerais. Muitos acreditam que estão vendo uma degradação geral, um retrocesso abissal, que regredimos como sociedade. Mas não, a visão é que está se apliando, está se vendo o que sempre existiu e até pior, mas não se via. As mentiras, as escabrosas armações por trás dos poderes constituídos estão se escancarando, pouco a pouco. Há muitas gerações nesse trabalho. Pra trás e pra frente.
São milênios de história, de mutação, de experiências, de modelos de sociedade, de evolução humana neste planeta. Nascemos num processo de mutação e participamos dele. A questão é como participamos, em geral de forma programada, com valores induzidos, como desejos, objetivos de vida, gostos, comportamentos, visão de mundo, tudo fabricado, estratégico, mentalidades produzidas no atacado. Perceber isso, na minha opinião, é um dos trabalhos em foco neste momento da história. A pulverização das comunicações é um foco importante e será ainda por várias gerações, é preciso se comunicar, trocar informações, buscar raízes nos fatos, nos acontecimentos, desenvolver a capacidade de percepção e o discernimento. Escolher como participar, de vontade própria, já é uma satisfação na vida. É preciso perceber os próprios condicionamentos e ver que o descondicionamento é um trabalho profundo e sem final... são muitos, entre primários, secundários, sutis e profundos.
No pequeno tempo que temos, algumas décadas, se tanto, fazemos muito se conseguimos pensar por conta própria e escolher com critérios próprios. No meu caso, aos dezenove anos tive um pavor imenso de chegar ao fim da vida sem ter sentido nenhum, com a sensação de ter vivido uma vida vazia. Em todas as possibilidades que a sociedade me apresentava, só via frustração, vazio e falta de sentido, parecia tudo ilusão. Então saí atrás de sentido, tomando várias atitudes, e a vida ganhou sentido com todas as mudanças que rolaram, embora então eu só me encantasse com as novidades e, mesmo sem perceber o quanto estava aprendendo, tudo já ficou muito mais interessante. Eu pensava que morreria logo, diante dos riscos a que me expunha e dos acontecimentos à minha volta. Achava que não passaria dos trinta, mas ainda estou vivo. Vivito y coleando por aí, com meus fazimentos. E com a única pretensão de gostar de estar vivo, que foi o que consegui. Com todas as dificuldades, gosto muito da minha vida. Até que termine. Na consciência de que a vida é uma passagem, na certeza intuitiva e íntima de que não acaba com a morte, quero comemorar minha vida vivida nesta passagem, quando passar pra outra dimensão. Não lamentar, embora sempre haja algo pra se lamentar. Que seja pouco.
A espiritualidade é um estado de consciência, nada mais. Que se reflete na conduta, no caráter, nos sentimentos, no temperamento, na própria vida e suas relações.
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observar e absorver
Aqui procuramos causar reflexão.
Adorei seu texto, as suas palavras valem como retrato da realidade no qual, facilmente se enxerga tudo aquilo que vc referencia com evidência de que se pode viver e ser humano. Obrigado por ser essa pessoa.. valeu
ResponderExcluirUm texto escrito com muita destreza e veracidade! Eduardo, seja onde for que você estiver, eu lhe envio forças para continuar a ser essa pessoa tão lúcida e otimista com nosso futuro como você é, e em contrapartida, também ganho forças sob mim mesmo lendo/ouvindo seus comentários acerca de nossa sociedade. Temos muitos problemas e sabemos disso, mas poucos de nós temos a mínima decência de tomar alguma atitude.
ResponderExcluirImpossível ler isto e não refletir sobre nosso verdadeiro papel aqui nesse mundão. Nem tão mundão assim ante a grandeza imensurável de nosso universo. Palavras para se ler, apreciar e internalizar. Obrigado ao tempo dedicado em constituir este artigo para nós meu caro amigo Eduardo. Muita força e saúde de ferro para continuar difundindo aprendizado.
ResponderExcluirSó posso agradecer. Discutia assuntos semelhantes com meu tio hoje, mas não pudemos nos expressar com tanta maestria. Um forte abraço
ResponderExcluirMais uma vez me sinto grato por um pouco mais de consciência.
ResponderExcluirExato. Obrigada!
ResponderExcluirEduardo marinho sempre falando as palavras certas ,que nós ajuda a ver a vida de uma maneira diferente pura e verdadeira obrigado por me ajudar a descobrir o sentido da vida. Pois depois que conheci seus vídeos suas palavras sua visão de mundo minha vida se transformou de uma maneira incrível, obrigado
ResponderExcluirNo ciclo atual, é de fundamental importância a conscientização da Luz Interior.
ResponderExcluirA percepção da realidade é um processo doloroso onde poucos conseguem alcançar uma visão de si mesmo e do mundo à sua volta.
Como foi dito lá no início do texto: " Antes de "fazer a sua parte", é preciso perceber qual é a sua parte. Somos insignificantes no todo, mas somos tudo o que temos".
Forte abraço...
Olá Eduardo!Não sei se sabe, mas estáacontecendoatualmente greve dos caminhoneiros, se estende por todo o país, gostaria que se pronunciasse quanto a isso. Eu posso ver que o povo ta unido,querendo seus direitos, não só pra deduzir o preço do diesel, mas uma causa pela população inteira. Bom é isoso, forte abraço e muita luz
ResponderExcluirEduardo marinho pra presidencia já
ResponderExcluirMuito obrigado por compartilhar com nós um verdadeiro sentido de está por aqui.
ResponderExcluirTexto muito profundo, coeso e com um profundo discernimento. Tenho os teus vídeos aos montes, fico feliz pela tua partilha e entrega para a mudança de consciência social. Teus pontos de vista coadunam com a vivência aqui no meu país (Angola), teus relatos expressam com destreza tudo aquilo que a TV máscara. Desejo-lhe muita força e saúde para continuar nesta senda. Abraço forte prezado amigo.
ResponderExcluirObrigado ....
ResponderExcluirÉ exatamente oque penso...
Como faço pra te conhecer pessoalmente...
Meu email (luizfelipematozo@gmail.com).
É intrigante como o que deveria ser normal é surpriendente,sim deveriamos ter essa visão com certeza, mas nascemos no meio disso tudu e não conseguimos na verdade enxergar nada, é preciso pessoas como Eduardo para abrir olhos mentes e coração,é como honestidade que deveria ser comum e normal, mas quando encontramos alguem realmente honesto logo sorrimos e enchemos nosso coração de esperança é como achar ouro no garimpo é dificil mas não podemos parar e sim fazer a nossa parte.
ResponderExcluirEduardo, é isso. Escolhi agir, para não deixar que suas palavras se vão com o tempo, e manter a chama dessa continuidade de "escolher como participar, de vontade propria" sempre acessa nessa nossa rede. Minha gratidão se faz através de mudanças viscerais, invisíveis pra você, na minha propria vida. Nós vemos por aí artista ♡ com muita gratidão, Sol.
ResponderExcluirNam myoho rengue kyo
Nam myoho rengue kyo
Nam myoho rengue kyo.
Eduardo, quando você estará passando por Conquista-Bahia?
ResponderExcluir"No meu caso, aos dezenove anos tive um pavor imenso de chegar ao fim da vida sem ter sentido nenhum, com a sensação de ter vivido uma vida vazia. Em todas as possibilidades que a sociedade me apresentava, só via frustração, vazio e falta de sentido, parecia tudo ilusão. Então saí atrás de sentido, tomando várias atitudes..." Bom no meu caso tenho 15 e tenho pressa. Pressa pra finalmente entender como preencher esse vazio,tento tomar atitudes q me faça esquecer da superficialidade em q estou inserida e que as vezes até contribui para continuar.Mas só tenho contato cm gente "pior", tento mostrar as minhas idéias, porém quando eu falo para os outros soa ser mais uma guria metida a filósofa.Mano do céu perturbador não saber como agir dentro de suas próprias vontades...
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