São tempos de metais pesados. Na água, no ar, na comida, pela pele adentro. Por isso é que se precisa do coentro. Ele retira metais pesados do corpo, do sangue, dos tecidos, é a informação que rola.
A passagem pelo rio Doce, duas vezes em dois anos, foi marcante. Reveladora dos valores nesta sociedade onde a vida está num plano tão evidentemente secundário que choca a sensibilidade mesmo havendo a consciência de tal disposição, de tal estrutura social, desumana, perversa, capaz de qualquer coisa "possível" em nome de interesses econômicos, empresariais. Inclusive transformando a política, a administração pública, os poderes do Estado em marionetes, em instrumento, em uma farsa institucional que trai cotidianamente a população, dominada nos bastidores, em círculos acima dos poderes públicos, a partir do mercado econômico-financeiro, do punhado de podres de ricos mundiais e seus cúmplices, agentes e beneficiários regionais e locais, elites privilegiadas que usufruem das injustiças e falcatruas sociais.
Na primeira viagem, a barragem de Fundão acabara de romper, havia menos de um mês, e nós começamos em Mariana, invadindo o distrito de Bento Rodrigues* - os acessos estavam embarreirados e a área estava sob controle da segurança da Samarco, mineradora testa da Vale, o terror dos povos originários e ribeirinhos, a população em geral do vale do rio Doce - e depois passando em todas as localidades ao longo do percurso dessa onda descomunal de rejeitos da mineração, metais pesados de todo o tipo, altamente cancerígenos. Desde o rio Gualaxo do Norte, coberto e destruído, passando pelo rio do Carmo, que continua "limpo" no centro de Mariana, mais de vinte quilômetros acima do despejo venenoso, segue ainda oitenta quilômetros serra abaixo até Barra Longa, depois mais dez, onde se junta ao rio Piranga pra formar o rio Doce*.
Em Barra Longa a maré do metal pesado cobriu a área de lazer da cidade, à beira rio. Chegamos à noite lá e no dia seguinte vimos tratores limpando, recolhendo, enchendo caminhões basculante que saíam pingando pelas ruas da cidade pra levar a lama tóxica até um espaço determinado pela prefeitura como depósito dos metais pesados. Claro, sem mencionar "metais pesados" em nenhum momento. Pensei neles, vendo escorrer pelas ruas, "isso vai secar, carros vão passar, a poeira vai levantar, cheia de veneno, pro povo respirar". Não deu outra. Dois anos depois, Barra Longa era "campeã" em doenças nas vias respiratórias, em todo o vale*. Doenças de pele, de esôfago, de estômago, garganta, intestino, pâncreas, fígado, em tudo, proliferaram e continuam proliferando por todos os mais de oitocentos quilômetros do rio Doce, hoje fonte de envenenamento. Não serve nem pra irrigar as plantações.
Bueno, tudo o que estou dizendo aqui já disse antes, a intenção agora é chamar a atenção pro coentro, como desmetalizador pesado de corpos, retira metais pesados que as... como dizer... "atribulações sociais", ou melhor, as mancomunações público-privadas da mineração espalharam em rios, mares, vales, montanhas, em proporção nunca vista. Informação necessária, não só pra ajudar os tratamentos, mas pra ligar sintomas desconhecidos à presença desses venenos, cádmio, chumbo, cobre, ferro, arsênio, etc, etc, etc, nas águas, terras, nos ares, na comida da atualidade.
São tempos de metais pesados. São tempos em que a necessidade do coentro, não só mas sobretudo, aumenta em importância medicinal. Chá de coentro, salada de coentro, coentro na manteiga, no queijo, no azeite, em tudo. Coentro!
http://observareabsorver.blogspot.com/2017/01/o-rio-doce-precisa-de-quelacao-urgente.html
*https://observareabsorver.blogspot.com/2015/11/o-apocalipse-de-bento-rodrigues.html
*https://observareabsorver.blogspot.com/2015/12/rio-doce-cidade.html
*https://observareabsorver.blogspot.com/2018/03/do-bento-barra-longa.html
Belo texto e belas comparações amigo.
ResponderExcluirQuando puder/quiser dá uma olhada no meu instagram: francofcs92
Divulgo lá minhas poesias. Abraço.
Viva a cura das plantas! Plantem coentro em casa, e saibam que o coentro se desenvolve muito bem com o funcho (erva doce), inclusive é a única planta que o funcho aceita por perto. Vale a pena cultivar os dois num vasinho.
ResponderExcluirEsse coentro nosso de cada dia é a reflexão/questionamento; indagação: remédio sagrado que tanto nos falta !!!!
ResponderExcluirGratidão!
ResponderExcluirExcelente! Prazer em conhecê-lo, Eduardo!
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ResponderExcluirRealmente, um caos nos dias de hoje. Mas não entendi como o coentro pode ajudar.
ResponderExcluirE agora temos esse óleo nas praias do nordeste brasileiro! Pena que isso não foi tão divulgado internacionalmente como as queimadas na Amazônia. Se acha mais noticias disso no diario de pernambuco, a globo quase nada, folha de sao paulo idem. E não teve nenhum presidente da europa dando chilique com isso. Talvez os corais e a biodiversidade marinha não sejam tão importantes como as árvores.
ResponderExcluirQueria comprar uma camisa. Ainda tá vendendo na Lapa? Tem dia certo lá?
ResponderExcluirBoa noite galera.
ResponderExcluirRefletir é preciso.
Acompanhando sua história, seus depoimentos, entrevistas e divulgando porque você é simplesmente maravilhoso! Continua essa jornada linda ! Ótimos textos e reflexões, sempre que posso venho aqui ler, reler, refletir... Abraço na alma, meu irmão
ResponderExcluirAdmirada por suas reflexões...
ResponderExcluirBuenas companheiros.
ResponderExcluirAcho interessante tambem ser ressaltado a casca da banana, quando em forma de farinha e misturado a água que contem metais pesados age, semelhante ao detergente de louça, se fixando a estrura do metal.
Convido a pesquiserem a respeito.
Sou sua fã! Muita admiração por você!
ResponderExcluirMe dá um" Oi" se puder.obrigada
ResponderExcluirEduardo, fale para esse pessoal que morar na rua é ruim, é pesado. Esse pessoal está te endeusando, tá horrível, gente muito obtusa. Eduardo, você conhece Gramisci?
ResponderExcluirCara demorei para enteder meu modo de vê a vida, você me explicou.obrigado
ResponderExcluirSocorro! me ajuda!
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ResponderExcluirsinta-se abraçado! 🌻
ResponderExcluirBoa Tarde!, Venho manifestar minha admiração pela existência e história do Sr. Eduardo Marinho, com certeza está
ResponderExcluirsalvando a vida de muitas pessoas e em mim ampliou ainda mais a idéia consciente do que dizer às pessoas que estejam interessadas em algum assunto.....Quero me colocar à disposição para alguma coisa qualquer que possa colaborar com o seu propósito. Agora 29/02/2020 11:14 Sábado estou vendo vídeo do viva Roda e encantado com sua independência, as quatro pessoas que estão te ouvindo, além dos internautas estão boquiabertos!!! Parabéns!!!
Estou em São Bernardo do Campo- São Paulo- à disposição para ajudar em qualquer projeto em que você pense desenvolver. 9-7449-4460 , se considerar útil é só conversarmos.
E o mundo a girar
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