É como tatear no escuro.
Não dá pra confiar nas informações, é preciso peneirar muito e a maioria delas não passa, é distorção. Mas a realidade taí, muita coisa é verdade, apesar do mau caráter da mídia, sorridente e sedutora pra convencer a população das suas mentiras, desde sempre. É preciso decidir o que fazer, todo o tempo, viver é fazer escolhas. Observo, desconfio, sinto, decido.
A pandemia também taí, inegável, embora pra maioria que vive sob riscos bem mais palpáveis, visíveis e rotineiros, essa é uma ameaça a mais, invisível, impalpável, distante. Uso a máscara, o álcool, mas não nego um aperto de mão a quem estende – se tiver álcool por perto, uso, senão deixo pra lá e esqueço. É na base do sejuquideusquisé. A máscara anda pendurada na orelha, horrível respirar com aquilo. Na direção da kombi, se precisar parar e falar com alguém pela janela, como os frentistas dos postos, coloco direitim, por uma questão de respeito. Pra entrar em estabelecimentos, mercado, correio, sempre de máscara, se tiver álcool na entrada, uso. Sempre bom cuidar dos sentimentos nos ambientes onde estamos, sobretudo quando entramos. Bons cultivos, boas colheitas.
Vamos andando, a vida tem que ser levada. No escuro que seja, tateando mas caminhando, com cuidado, atento. É a sociedade da escuridão, da mentira, do controle subterrâneo. As comunicações não merecem confiança, os governos não merecem confiança, a educação não merece confiança, a medicina não merece confiança, nada que tenha como objetivo final o lucro merece confiança.
É o empresarismo que torna a sociedade desumana, mentirosa, perversa e criminosa. A mentalidade empresarial implantada nos próprios servidores, nos explorados, nos empregados, desde a base e por dentro das suas camadas, impostas pelas conveniências interesseiras e dominadas a partir dos próprios valores, da própria visão de mundo, dos objetivos de vida, dos desejos e das escolhas de cada um, de cada grupo e da coletividade como um todo. A psicologia do inconsciente é fartamente utilizada e regiamente remunerada, no controle mental produzido pelo massacre ideológico da publicidade, do márquetim, do jornalismo empresarial, da cultura de consumo sobre (ou sob) a ignorância implantada pela sabotagem e modelagem da educação, conforme os interesses do “mercado”.
Vampiros sociais sempre existiram, desde que se formaram estruturas coletivas de sociedade humana, é um primitivismo ainda a ser superado. E se depender dessas esquerdas que andam por aí há séculos, manipuladas, induzidas e condicionadas a um sentimento de superioridade pelo próprio sistema social, é uma superação por demais longínqua. A esquerda tampouco merece confiança – e as exceções apenas confirmam a regra. A arrogância e a pretensão são características do atraso e são, também, induções estratégicas pra afastar as pessoas, separar e criar conflitos.
Alguns se verão sem saída, "senão a esquerda, então o quê?" Ara... o destino. O mundo tá envenenado, os resíduos dos descartes se acumulam sem parar, o clima se modificando a olhos vistos, os governantes cada vez mais descarados, a crueldade social criando fome, desabrigo, miséria e as conseqüentes violência e criminalidade, tanto de estado quando na população abandonada, roubada em seus direitos constitucionais, em sua cidadania. O apocalipse – não o da bíblia – tá batendo na porta, aliás, batendo não, arrombando. A desestruturação dos Estados, o apodrecimento das condições de vida, além de muito sofrimento, farão aparecer formas de autonomia e defesa das coletividades, obrigarão à busca da sobrevivência, da harmonia coletiva sem contar com o aparato estatal.
Talvez seja o princípio do que, num futuro de muitas gerações ainda por vir, seria ou será um mundo sem fronteiras – “cercas embandeiradas que separam quintais” -, onde o ser humano e a harmonia coletiva estejam no centro de importância, onde a prioridade sejam as necessidades primárias supridas pra uma vida digna, sem nenhuma exceção. Uma outra estrutura social construída com o foco de atender a todas as necessidades de todas as pessoas, onde a miséria, a fome, o desabrigo, a ignorância e a desinformação sejam inadmissíveis e extintas de todas as maneiras. Condições materiais pra isso já existem há muito tempo.
Estamos no desenvolvimento individual e coletivo das condições morais e mentais, na formação de valores mais apurados, mais humanos, mais sociais, mais amorosos e solidários. A gente ainda caminha no escuro da ignorância, da desinformação, da distorção da realidade, da mentira, da farsa falsamente política. Mas caminha. Tateando no escuro, mas andando.
O tempo não pára de passar, é sempre bom lembrar.
A sua generosidade me alegra! Paz e luz no seu, no nosso caminho!
ResponderExcluirA partir do momento que a consciência da propriedade foi imposta, ser humano parou de buscar a viver e todo dia levanta a cabeça do travesseiro pra conquistar "o seu" que tornou-se um problema pra todos. O pior é que olho pros lados só vejo pobre contra pobre e rico COM rico.
ResponderExcluirEvoluir moralmente com facilidade, é uma incógnita. Comparo a vida a um joguinho (onde eu aceitei as regras), e nele existem as fases e os obstáculos a serem ultrapassados. Tenho a tv, a internet, os livros, e os que me rodeiam, que sempre estarão de alguma forma implicando diretamente no meu crescimento moral, e é aí que o "bicho pega", porque o meu foco é me humanizar cada vez mais nesse corpo que tem tanta intimidade com sentimentos nocivos, e que sabe quase nada sobre o amor universal.
ExcluirGRATIDÃO!
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ResponderExcluirParece que foi mais fácil para o homem desenvolver a inteligência do que se desenvolver moralmente. Por mais que o corpo possa se adaptar a uma vida sem sentido, robótica, chegará um momento que a alma irá dizer "olha, eu não tô bem", daí tanta gente no mundo com depressão.
ResponderExcluirSou sua fã. Muita luz na sua joranada. Deus te abençoe cada vez mais. Me representa.
ResponderExcluirSão tempos onde a mente é um produto. A valorização do produto começa no berço. A elite brasileira e sua hereditária soberba, tornando tão precoce a arrogância, estupidez, ignorância, desumanidade que parecem ser genérico
ResponderExcluirDe onde vem tanta clareza? Vc inspira...vc transpira...vc transforma amor no coração em atitudes e sabedoria na mente em palavras!
ResponderExcluirPerfeita sua linha de pensamento
ResponderExcluirObrigado por partilhar tanta experiência e provocar reflexão.
ResponderExcluirApenas absorvo.Gratidão!!
ResponderExcluirhttps://blogdojuca.uol.com.br/2020/10/dando-nome-aos-bois/
ResponderExcluirGrata
ResponderExcluirÉ estou como o Eduardo Marinho. Vivemos nesse mundo cheio de ilusões e falsas necessidades; por um lado é bom saber que me livro cada vez mais dessa alienação, mas por outro bate um desânimo ver uma sociedade tão doente e robótica. Já chegamos na era dos robôs, mas são robôs de carne e osso. São programados desde cedo por indução.
ResponderExcluirAssim como Eduardo Marinho diz, ninguém pode conscientizar o outro. Não sou evoluído, mas no gerúndio como o Edu diz: Estamos evoluindo. Mudemos a nossa própria vida para não ficar com o amargor de achar que podemos mudar o mundo. Mudemos nossa vida ,pois, como indivíduo faço parte da coletividade, e assim aos poucos essa mudança contagia e vai tocando mais pessoas. Muito Eduardo Marinho essa frase (risos), mas eu concordo.
Ele se diz antena, eu captei o "sinal" a mensagem. Mudando pra outro aparelho tecnológico serei um "repetidor wifi" - óbvio, com pensamento crítico - mas repetindo uma mensagem que pode mudar vidas, para um dia chegarmos em uma sociedade harmônica. E sim, nem me preocupo em não ver isso com meus próprios olhos nos poucos anos de minha vida. O que pudermos fazer pra que isso aconteça, mesmo que minimamente, que façamos!
Gratidão Eduardo Marinho.
Existe alguma página onde posso comprar algum desenho, ou uma das suas artes?
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