Diante das reviravoltas que estou vendo nesse teatro macabro da política institucional, lembro da minha mãe, nos seus últimos anos de vida, vendo a realidade em volta, antes inimaginável, olhando nos meus olhos com um sorriso triste – e me parecia que seu olhar se estendia pelos seus 99 anos – e comentava, conformada, “quem diria...” Geralmente eu só concordava, “quem diria...”, sorrindo de volta. Uma vez perguntei, “quem diria o quê, mãe?” Pega de surpresa ela respondeu com um gesto de quem ouviu uma bobagem, olhando em volta como quem olha o mundo, “ora... tudo”.
Tô vendo um tanto de atitudes “quem
diria” por aí, no palco das instituições. As peças mudam de lugar no tabuleiro.
Os jogadores continuam no escuro, os holofotes - mídias empresariais jamais apontam suas luzes para os vampiros sociais que as sustentam com patrocínios e publicidades bilionárias - estão sobre as peças da política institucional, manipuladas como se decidissem sobre si mesmas, encenando tragédias e comédias
de acordo com as instruções dos bastidores. As poucas que não se deixam
manipular – porque existem as peças rebeldes – são monitoradas, mantidas nos
limites que não afetem a estrutura social, e são estratégicas pra legitimar a
farsa. Essa independência enquadrada acaba por dar crédito a uma democracia
falsa, de instituições alheias às necessidades fundamentais de grande parte da
população, onde o povo é mantido ignorante e desinformado – sabotagem da
educação pública, educação particular “de mercado” e controle das comunicações
por poderes econômicos gigantescos que claramente induzem, condicionam,
aprisionam mentes e corações num inferno social de desarmonia, conflito, exploração,
miséria, desabrigo, violência e criminalidade. Não é à toa tanta manifestação
de ódio, tanto conflito em torno da superfície, em torno dos personagens do tal
teatro macabro. Torcidas de novela com tremendo potencial destrutivo na vida
real.
Valores, comportamentos,
desejos, objetivos de vida, opiniões, visão de mundo, tudo passível de
condicionamento, de indução. É o que constrói o mundo como ele é. E o que pode
construir um outro modelo de mundo, de sociedade humana. Se não imediatamente
no coletivo, pelo menos na própria vida. Mudando um mundo, se muda de freqüências
e sintonias, muitas vezes de lugares e companhias, de desejos, de objetivos. E
o que é o mundo todo senão a união de todos os mundos? Cabe sentir, perceber
por dentro. Vejo as exceções se multiplicarem há quarenta anos. Vi a formação
de tantos grupos buscando alternativas – inclusive de sobrevivência, que são os
mais fortes e unidos – surgindo, desaparecendo, desfazendo em outros, uns
sumindo, outros permanecendo, muitos se contaminando de vaidades, disputas,
ambições pessoais, alguns permanecendo e seguindo nas atividades. Hoje tem pra
todo lado, quem quiser conhecer vai encontrar por perto, em algum lugar,
fazendo coisas fora do padrão. Se eu chegar em algum lugar que não tenha, não
fico. Mas tenho encontrado em toda parte por onde ando. A senha de contato é
sinceridade, humildade e respeito. Sem esquecer do próprio.
Consciência contamina.
Pode ter certeza que levarei algumas das ideias aqui expostas, na minha caminhada.
ResponderExcluirGosto muito das suas posições,e ensinamentos.
ResponderExcluir"A senha de contato é sinceridade, humildade e respeito. Sem esquecer do próprio.
ResponderExcluirConsciência contamina".
👋👋👋👋👋
Já me contaminei😊✌️
Mermão, tô consciente disso tudo.
ResponderExcluirValeu. 🙏
Não é uma merda tudo isso? Mas pior, é ignorar e viver anestesiado. Tu é sábio meu caro.
ResponderExcluirMerda a gente transforma em adubo.
ExcluirPode crer Eduardo
ExcluirQue essa contaminação seja pandêmica!
ResponderExcluirExcelente texto de como o pais caminha cada vez mais para auto destruição.
ResponderExcluirSem comentários 👌
ResponderExcluirTem todo.meu respeito sincero ✨✨👏👏
ResponderExcluirTe admiro muito 👏✨ gratidão
ResponderExcluir🙏🙏🙏
ResponderExcluirQue incrível tua visão de vida e como vc passa isso através de palavras tão claras! Obrigado!
ResponderExcluirPalavras reconfortantes para o caos que estamos vivendo. Muito obrigado!
ResponderExcluirLindo texto
ResponderExcluirGrande irmão.
ResponderExcluirAbraço
Como é grande minha admiração por sua SABEDORIA!!!
ResponderExcluirVou ler todos os dias.
ResponderExcluirComo faço para te conhecer pessoalmente? Só tenho gratidão a vc
ResponderExcluirObrigada pelo texto ☺
ResponderExcluirEduardo, eu posso estar enganado, mas parece que o link do "ver o trampo", pelo celular, só aparece quando clicamos em "visualizar versão para a web". Se quiser informar a galera, ou disponibilizar de outra forma, acho q facilitaria. Blz. Abraços. Parabéns pelo trabalho em função dos oprimidos, nós todos.
ResponderExcluirEstou conhecendo o mundo agora, mas eu ja sei bastante sobre, ja nao sou tao alienado como antes, pretendo abrir os olhos de mais pessoas,amo seu trabalho continue assim
ResponderExcluirAss: Gean lahass
Não sei se estou certa na minha interpretação.
ResponderExcluirPenso que, o que ele pensa e sonha...até haje como pode...
Fosse uma sociedade igualitária,onde não houvesse tanto riqueza com ostentação, enquanto milhões de pessoas vivem na miséria e à margem de uma sociedade que mais pensa no poder que tudo.
O mundo seria outro se, a igualdade de direitos e deveres fossem para todos.
Onde se tivesse qualidade de vida mas, sem ostentação.. onde as comunidades fossem auto sustentáveis...onde não houvesse moeda ,mas tudo o que fosse produzido,levado para um grande centro,onde haveria a troca.você pegaria o que necessitava e o outro também do que foi por você levado...sem ganância.