terça-feira, 9 de agosto de 2011

A guerra mundial das empresas contra os povos

As classes médias são transformadas em zumbis do consumo
      A derrubada das torres gêmeas foi o incêndio do Reichtag estadunidense. Da mesma forma que Hittler usou os escombros do congresso alemão para concentrar poderes e começar a segunda guerra mundial, o império atual utilizou o “ataque” como pretexto pra iniciar a invasão do Iraque e a “guerra total ao terrorismo”, significando o terrorismo dos outros, pois não é outra coisa o que as forças ocidentais fazem no mundo árabe. Aliás, no mundo inteiro, nos cinco continentes, a cobiça e a desumanidade dos interesses das grandes empresas têm causado morte e sofrimento, destruição e tragédia.
         Essa explosão de guerras no oriente médio é apenas a parte mais visível, uma batalha na grande guerra mundial em que está envolvida a humanidade, em inconsciência quase plena. A pior guerra, com os piores inimigos, que se fazem de amigos, entram em nossa casa e em nossos pensamentos e nos fazem colaborar com eles pra nossa própria derrota. É a guerra das grandes empresas contra os povos.
         Infiltraram-se nos Estados, nas instituições, bancam campanhas eleitorais para ter seus próprios políticos, determinam leis e concessões, manobram a destruição do ensino público e sua constante sabotagem, controlaram a educação privada e a superior, impondo regras aos currículos para que se moldem aos seus interesses e aos orçamentos para privilegiarem interesses de poucos em prejuízo de muitos. Barbarizaram a saúde pública e privatizaram a maior parte dos serviços, a comando de laboratórios farmacêuticos, planos de saúde e indústria de equipamentos médicos. Controlam as comunicações com a mídia gorda, comercial, privada. Com sua publicidade massiva, suas novelas e programas, moldam comportamentos, formam valores, objetivos de vida, distorcem a realidade, sempre contra o povo e a favor dos poucos “poderosos”, das empresas, manobrando a coletividade para se deixar explorar e acreditar que o mundo é assim mesmo.
         Os sinais estão por todo lado. Na diferença entre uma delegacia de homicídios, precária, e uma de crimes contra o patrimônio, estruturada; entre o prédio de ciências sociais em qualquer escola universitária e o prédio de engenharia ou ciências tecnológicas de interesse empresarial. Na diferença de tratamento dado pelo poder público aos interesses empresariais e aos interesses da maioria da população; entre a consideração com os mais ricos e o desprezo pelos mais pobres. No descumprimento das leis principais da constituição do país, a garantia dos direitos básicos para uma vida decente, pelo próprio Estado. Inúmeros sinais em nosso cotidiano, naturalizado pelas distorções das informações e pela prática cotidiana que, progressivamente, foi se instalando na vida das coletividades, induzidas por uma mídia mentirosa, profundamente aplicada em controlar a mente e o comportamento da população. Superficializando a mentalidade, criando a necessidade do consumo como valor social, dividindo com a ideologia da competição desenfreada, produzindo uma vida angustiante em comportamento de manada, sem um sentido real e profundo, impondo o ter no lugar do ser.
         O inimigo ataca em toda parte, sempre sorrindo dentes brancos, olhos sedutores com juras de amor incondicional, tudo pela sua felicidade, enquanto rouba seus direitos, sua educação, sua consciência, sua vida, os patrimônios e riquezas da sociedade e as possibilidades de melhorar a situação de todos. O pior inimigo, que nos faz colaborar, mais que isso, sustentar esse sistema absurdo, desumano, com nossos comportamentos, nossos pensamentos, nossos desejos, nossas opiniões. Estimula-se o egoísmo, o vencer a qualquer custo, promete-se o paraíso aos vitoriosos e acena-se a todos com essa possibilidade impossível. As correntes da escravidão que nos aprisiona, hoje, são construídas com mentiras altamente planejadas por cérebros lapidados nas academias e implantadas no inconsciente das pessoas desarmadas de senso crítico pela falta de uma educação humanizadora e de informações verdadeiras. Não se recomenda lutar por direitos, mas sim por privilégios – isso é que dá lucro.
         Somos nós, como coletividade, que sustentamos o sistema. Induzidos, programados, desinformados, superficializados, cheios de preconceitos, ameaçados, iludidos ou acovardados, consentimos que o mundo seja assim, que a sociedade seja estruturada desta maneira. A solidariedade irrestrita é francamente indesejável aos que se sentem donos do mundo. Quando nos dermos conta e começarmos a pensar com independência, buscar informações nos meios alternativos, tomar posse dos valores pessoais, o sistema desmorona. Não há defesa mais poderosa que a consciência.
                                                                                                                  Eduardo Marinho, 8.8.11

10 comentários:

  1. É a primeira vez que estou postando um comentário neste blog e gostaria de registrar a minha admiração pelos textos, desenhos e depoimentos (em vídeo) do autor.
    Quando já nascemos inseridos nesse modo de vida individualista, consumista e cruel, dificilmente conseguimos entender quais os valores que realmente importam nas nossas vidas.
    Muitos discutem formas de resolver problemas socias graves que afetam todos nós, mas poucos tem a percepção de enxergar as raízes (quase invisíveis) da maioria desses problemas.
    A iniciativa do Eduardo é muito nobre e com certeza está causando reflexão nas mentes que tem a oportunidade de conhecer suas ideias.

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  2. O trabalho na consciência, no interno, é o primeiro passo.
    Mais um texto reflexivo e esclarecedor. Valeu!

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  3. A Base do sistema está no próprio "eu" que cria a idéia de um "nós", de um "outro", que cria toda ilusão de separatividade, idéia essa que sustenta — usando suas palavras — a busca egocêntrica de privilégios que usurpam o que é de direito. Tentar atacar o sistema, tentar olhar para o "sistema externo", sem observar e não mais absorver o que de externo se fez intermo, — o que está sistematizado em nós mesmos — se faz mero idealismo. Nem fundamentalismo, nem idealismo: auto-observar-se, me parece ser a "pedra de sustentação", capaz de mover a "pedra de tropeço" que dá vida a este sistema desumano, totalmente destituído de fraternidade e amorosidade. Obrigado pela sua reflexão.

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  4. Cara, muito foda seu texto!!! sem palavras!!!
    O conceito geral me lembra muito o filme "Clube da Luta" ou a música "Youth" do Matisyahu.
    Parabéns!!!

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  5. "Não há defesa mais poderosa que a consciência."

    Isso resume tudo; devemos nos educar para a tirania não nos enganar.

    Abraços!

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. belo texto. a imagem q usou tb é mt boa!

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  8. Muito bom. Mas e depois da consciencia? Como fazer alguma diferença? Apesar de negar o consumismo e comprar somente o essencial, o que pode ser feito de concreto? Minha consciencia só me incomoda e minhas atitudes ficam perdidas. Não sei contra o que lutar... As engrenagens são tão inflexiveis e não consigo ver a brecha. Qual eh a raiz do problema? Como melhorar a situação? Enfim... Muitas perguntas fiz, mas o ponto é, E AI?? Pra onde caminhar entao?

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observar e absorver

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