segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Encontro sobre a mídia


Na matéria "Rompendo o cerco da mídia", o professor de jornalismo Laurindo Lalo Leal Filho anuncia a convocação para o próximo dia 25, pela direção nacional do PT, do debate com a sociedade das suas propostas para a comunicação, já hostilizadas pela mídia privada desde o último congresso. Eis um trecho:

"Na Argentina, a presidente Cristina Kirchner enfrentou essa batalha e conquistou bela vitória aprovando no Congresso a Lei de Meios. Em pronunciamento recente foi muito feliz ao dizer que “a lei não é para controlar ninguém, mas para impedir que o povo seja controlado”.
A aprovação foi obtida graças a um forte respaldo popular. Movimentos e organizações sociais foram às ruas estabelecendo o necessário contraponto à doutrinação contrária exercida pelos grandes meios. E venceram.
Por aqui, o movimento cresceu nos últimos anos, mas ainda não é forte o suficiente para sustentar um amplo movimento social em defesa da democratização das comunicações. Ainda estamos na etapa de ruptura do cerco midiático estabelecido em torno do tema.
Dai a importância da convocação feita pela direção nacional do PT para discussão pública das suas propostas para a comunicação. Elas foram aprovadas como moção no último Congresso nacional do partido e logo rotuladas de censura pela mídia.
Como não é possível desfazer a mentira através dos mesmos canais, o PT optou por discutir as propostas diretamente com a sociedade. O encontro está previsto para o próximo dia 25, em São Paulo.
Claro que o impacto de uma conversa não se compara com a força de persuasão dos grandes meios. Mas é um passo importante para difundir idéias democráticas, censuradas pela mídia e que terão nos participantes do encontro, novos agentes capazes de multiplicá-las pela sociedade."

Detesto a política partidária, sua forma de atuar, seus padrões de comportamento, suas amarras econômicas. Mas isso não impede que me interesse e valorize eventos necessários a mudanças. A convocação feita por pessoas do PT para o debate acerca da mídia trata de um dos pontos mais centrais em nossa sociedade. Haverão "revolucionários" de carteirinha que reagirão da forma sectária que lhes é característica, em sua arrogância e distância da realidade da maioria, com pérolas como "não vou colocar azeitona na empada dos outros", na sua concepção pobre de que só eles sabem o caminho para a "revolução", centrados em seu próprio umbigo e convencidos de que são eles os legítimos condutores das massas, portadores das verdades universais. E que quem não concorda com eles e não os reconhece como guias são reacionários, sem caráter, ou ignorantes e iludidos que não sabem de nada. Querem conduzir as massas mas não sabem nem falar sua língua, expressando um academês restrito e exercendo seu preconceito intelectual sobre a maioria, em pleno desprezo pela sabedoria, pelos saberes empíricos, sem considerar a criatividade, a personalidade e a resistência desse povo que, apesar de todas as sacanagens, se mantém solidário e alegre, levando a vida com muita dificuldade e jogo de cintura, com capacidades sequer imaginada por esses pseudo-revolucionários, esporrentos de siglas sem expressão real na população. Mais uma vez eu repito - quem pretende conduzir massas deveria entregar pizzas. O povo não se deixa levar por líderes e intelectuais. A classe dominante sabe muito bem disso - e paga regiamente publicitários, psicólogos da mente e do comportamento, estatísticos, para falarem a língua da população e convencê-la, amável e mentirosamente, a se alienar, a buscar o consumo, a procurar valor pessoal na forma, egoisticamente, dispersamente, cultivando ilusões de consumos impossíveis e produzindo desejos de privilégios e esquecendo os direitos básicos garantidos pela Constituição e sonegados por um Estado seqüestrado pelos poderes econômicos, pelos mega-empresários patrões dos políticos que mentem ao povo, simulando porcamente representá-lo. A importância do assunto deve fazer a ponte para que se passe por cima dos preconceitos e da estreiteza dos que desejam a revolução em causa própria.

Eduardo Marinho

Um comentário: