terça-feira, 8 de novembro de 2011

Violência do Estado no Alemão

Dezenas de pessoas são feridas em violento 
ataque do Exército no Complexo do Alemão
RIO — Na madrugada do último sábado, dia 5 de novembro, centenas de pessoas que celebravam um aniversário em um salão de festas do Complexo do Alemão, na localidade Largo do Cruzeiro, foram atacadas por soldados do exército. Segundo um dos aniversariantes, ferido no rosto com um tiro de bala de borracha, os militares tentaram invadir a festa, mas foram impedidos pelos convidados. Em seguida, os soldados teriam atirado bombas de gás lacrimogêneo para dentro do salão. Ainda segundo os moradores, as pessoas que saiam do imóvel, sufocadas com a fumaça, eram atingidas na saída com tiros de bala de borracha disparados pelo exército. Tiros de fuzil também teriam sido efetuados para o alto pelos militares. Cerca de 40 pessoas ficaram feridas no ataque. 
Sufocadas pelas bombas atiradas pelo exército para dentro do salão, algumas das vítimas chegaram a pensar que não sobreviveriam ao ataque. Os moradores disseram ainda que não existe um orgão que fiscalize a ação dos militares no Complexo do Alemão. Segundo eles, a população das 13 favelas do Complexo encontra-se abandonada e a mercê dos excessos cometidos diariamente pelo exército.


Quem vive ali, ou convive, é que sabe da arrogância, da violência das "forças de segurança", das injustiças que acontecem todo dia. Pra quem vê a estratégia de criminalização das áreas pobres, de criação de medo, de contenção e repressão, é uma triste realidade, nada de novo. A novidade é vir à tona, é a possibilidade de fazer essa realidade ser percebida pela sociedade como um todo. Uma vergonha para todos.

A mim parece óbvio que a sociedade precisa dar prioridade às situações de fragilidade plena, a miséria, a ignorância. É preciso investimentos maciços na população, na formação de todas as pessoas, na saúde plena, ao invés de estar ao serviço de um mercado controlado por uma dezena de famílias, se tanto, e seus vassalos, os poderosos regionais. Duvido que não existam recursos pra acabar com a situação de miséria, não existam recursos para a educação ser de qualidade ou a saúde ser pronta e ótima. Apenas esses recursos são desviados para servir aos interesses privados de grandes bancos e mega-empresas nacionais e internacionais, resultando na sabotagem da educação como estratégia de manter a maioria ignorante. Controlando as comunicações, é possível criar valores, desejos, objetivos de vida, sentimentos de inferioridade ou superioridade, distorcer a realidade de acordo com os interesses em lucros, riquezas e poderes. As pessoas, sem instrução, sem informação, não têm senso crítico pra se defender dos condicionamentos, das induções, das distorções da realidade que são cotidianas. É preciso perceber a mídia privada como inimigo público que tem sido, investindo ferozmente na deformação da opinião pública, na formação dos valores de consumo compulsivo, na transformação do consumo e da posse em valor social, na desumanização da sociedade, do favorecimento explícito às grandes empresas em prejuízo de vastas camadas da população.

É preciso perceber que as instituições estão todas infiltradas e dominadas, para não representarem perigo ao modo social da exploração, da coação, da mentira, da concentração de riquezas e poder por um pequeno grupo de grandes banqueiros e empresários, que controlam as instituições e as comunicações, criando valores, comportamentos, desejos e objetivos de vida falsos, em benefício de poucos e em angústia, inconsciência e sofrimento para muitos.

É preciso cuidar dos nossos desejos, nossas reações, nossos comportamentos e nossos valores que concordam, consentem e colaboram com esse estado de barbárie, ainda que inconscientemente. Competitividade, agressividade, violência, insultos, tudo formas de ação do opressor, estimuladas pelo sistema até como justificativa para investir mais e mais nas forças de "segurança", na verdade forças de opressão às maiorias pobres, na manutenção dessa estrutura perversa, covarde e suicida.

Há maneiras de ação cotidiana, de mudança de valores e comportamentos, de desejos e objetivos, quando se toma consciência do que acontece e se decide recusar os valores impostos. Assim se pode perceber valores mais verdadeiros, mais humanos, mais solidários. E se desenvolver consciência de grupo. Somos uma grande família e ainda não percebemos. Caminhamos para perceber, os movimentos do mundo são contínuos, como o movimento de todas as coisas que se conhece no universo, nada parado, tudo em movimento.

Cada um que descubra e exerça o seu papel nisso tudo. Em benefício de todos, me diz o sentimento. Em seu próprio benefício, me diz a intuição.

                                                                                                               Eduardo Marinho

7 comentários:

  1. Vão-se os traficantes, ficam-se as milícias... E num é que o filme do Padilha tinha razão!?

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  2. Oi Eduardo. Entrei em contato contigo ha um tempo atras a respeito de uma matéria sobre andarilhos. Ainda não sesisti da idéia. To passando mais aqui pra ver como que tu anda e poder trocar informações. E divulgar tambem o meu blog, que da nome a minha revista. Quem sabe ainda não podemos colaborar um com o outro.

    Um abraço, Cleber

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  3. "Há maneiras de ação cotidiana, de mudança de valores e comportamentos, de desejos e objetivos, quando se toma consciência do que acontece e se decide recusar os valores impostos." É isso que todos nós precisamos aprender!

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  4. Obrigado por compartilhar pensamentos, interpretações, faço o máximo possível pra divulgar, o Blog é muito bom !

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  5. Mais um caso de abuso de autoridade e imcompetência do estado brasileiro na educação desses militares que batem na própia carne ao atacar irmãos, brasileiros, povo humilde e humilhado pela sequência histórica de cassação do ensino para as comunidades pobres. Esses miliotários jamais fariam isso na casa do burguês que trafica milhões para os eua ou europa que ao mesmo tempo massacra e humilha milhões com uma caneta... pensem nisso... Essa guerra é povo contra povo e o povo não se ligou nisso... O militar fardado também é explorado...

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  6. O aparelho repressivo do Estado é onipresente, e o pior é que nós mesmos fomentamos este já que o Culto ao Estado é preponderante para grande parte ou maioria dos seu suditos.

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