sábado, 17 de março de 2012

Cátia com "C"

Cadê você?
Cê começou a contar sua história e parou no seu pai, desescolarizado e sábio. Essa condição e seu amor por ele criaram a condição rara de obter o conhecimento acadêmico e não perder o respeito pela sabedoria dos sabotados em educação. Esperei que aparecesse no segundo dia de PUC-RS, cheguei a perguntar ao Guilherme, mas nada.
Tua história pode servir pra muita gente, que vive nos pedestais acadêmicos, se tocar do ridículo e do quanto estão perdendo, com esse condicionamento idiota de superioridade. Cê disse que lia esse blog, vez por outra. Apois, tô tentando saber o resto da história. O endereço é esse do cabeçário, mesmo, faz favor. Tem gente boa que se contamina com o condicionamento de superioridade dos cursos universitários, pelo inconsciente, e nem percebe, tão entranhado é esse condicionamento. A arrogância, a grosseria, a indiferença ou a benevolência com que se trata os mais pobres e menos escolarizados têm origem no mesmo sentimento de superioridade, as variações são pessoais, do temperamento e do caráter de cada um.
Curso superior deveria ter outro nome, se não tivesse o objetivo de formar classes "superiores", separadas do todo, da coletividade, para servir aos interesses empresariais. De todas as formas, seja com serviços profissionais específicos de cada área, seja na administração hipocritamente pública (pois está sob controle da privada), seja no comando, controle e condução da massa empobrecida, explorada e excluída dos benefícios da tecnologia, além de sabotada e roubada em seus direitos fundamentais.
Numa sociedade verdadeiramente humana, considerando a situação atual, deveria haver um pórtico na entrada das universidades, com letras garrafais, dizendo "você que entra neste estabelecimento está tendo acesso a conhecimentos negados à maioria da família humana, portanto está adquirindo uma dívida moral com essa maioria, que construiu, mantém e sustenta não só essa escola, como toda a sociedade. Trate de merecer esse privilégio, distribuindo todo o conhecimento e seus benefícios à coletividade".
Na forma atual, dominada por interesses empresariais, egoístas, a mensagem é oposta, embora subliminar na maior parte das vezes. "Guarde o conhecimento privilegiado como um capital pessoal, em seu próprio benefício e dos mais próximos, pois o mundo é uma arena de batalha onde todos são adversários e não se pode confiar em ninguém".
Interesses empresariais dominam nossa sociedade em todos os setores estratégicos. Esses poucos se prepararam pra todo tipo de contestação, manifestação, protesto. Mas não têm como permanecer no controle se houver consciência da realidade espalhada pela população. Instrução e informação são as maiores carências pra mudar a sociedade pra melhor, em benefício de todos.

Então, Cátia, dá as caras aí, preciso da tua história, que ficou pendurada na minha precária memória.

Em 12 de maio de 2012 - ...e a Cátia não apareceu.

13 comentários:

  1. Nunca havia pensado no termo 'curso superior'... todos os outros são inferiores ? E quem não tem curso nenhum, é um autodidata, como fica ? E esses dizeres que você disse que deveriam ser colocados no pórtico das universidades, acho também que deveria ser objeto dos juramentos e constar nos diplomas expressamente para quem se formasse: "você que entra neste estabelecimento está tendo acesso a conhecimentos negados à maioria da família humana, portanto está adquirindo uma dívida moral com essa maioria, que construiu, mantém e sustenta não só essa escola, como toda a sociedade. Trate de merecer esse privilégio, distribuindo todo o conhecimento e seus benefícios à coletividade".

    forte abraço,

    José Rosa.

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  2. Concordo com a contribuição à sociedade. Na verdade, creio que todos têm essa obrigação e, infelizmente, muitos a ignoram.

    Muitas vezes, aqueles que mais poderiam ajudar...

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    1. Mais que ajuda, é preciso consciência.

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    2. Vcs já viram o vídeo "Universidade do pés descalços" Bunker Roy?
      Puta cara, é exatamente isso que vcs tão falando.
      E eu, falo particularmente da área da saúde, um mercado dominado pelos laboratórios milionários, que bancam as pesquisas científicas mais tendenciosas... sabem exatamente como "comer pelas beiradas", é nojento! E me faço uma auto-crítica, depois de 13 anos de formada, quanta merda já falei... putz, tem que desmistificar... hipocrisia demais da conta em tudo!
      Tem que meter a mão, ensinar a fazer. Sempre tem o mais simples antes de complicar.

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  3. Aqui estão nomes de dois livros que um dos meus professores recomendou. 'Guia politicamente incorreto da história do Brasil', e 'Guia politicamente incorreto da América Latina', o mesmo deixou claro para ficar esperto nas grandes surprezas que seram "reveladas".

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  4. Fico trite,decepcionada e indignada com essa realidade,sei que muitos usam o curso superior para realmente se sentir superior a outros.Porém espero poder usar o meu "superior" ,que realmente não deveria ter este nome,em Serviço Social exatamente ao contrário dessa classe alienada,espero realmente com meu conhecimento acadêmico poder alcançar as classes menos favorecidas que em muitas das vezes não tem conhecimento de seus direitos. Mas não me sentindo superior a eles e sim com um conhecimento diferenciado do que eles possuem

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  5. É você a Cátia da PUC-RS? Use o endereço que tá no cabeçário do blogue (eu me recuso a falar cabeçalho), pra falar comigo, pode ser?

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  6. Edu, por que tu não cria uma página/perfil no facebook? Mais fácil pra encontrar pessoas, se manter em contato.. e poder divulgar mais seu trabalho, suas ideias, tal. Acha não?

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    1. A net já me toma tempo demais. Preciso produzir minhas coisas e sair pra rua, que é isso que paga minhas contas. Aqui já tenho blogues e recebo uma média de 50 a 60 correspondências por dia, entre boletins de notícias, cartas, perguntas, convites e informações esparsas. E minhas contas, sempre atrasadas...

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  7. Eis que aqui estou... "antes tarde do que nunca"...

    Nem sempre as correrias sisifantes ou as distrações midiáticas nos deixam com tempo para contemplar a sabedoria.

    Quando vieste agora em maio, infelizmente não pude ir ao teu encontro. A Catia com C, aqui se encontra e esta totalmente a disposição para uma agradável conversa ainda que (in-felizmente) virtual, mas que possa unir tua sabedoria com minha história.

    Grande abraço!

    Logo estarei te enviando um e-mail para o endereço sugerido.

    Obrigada pelo texto e por lembrar de mim.

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  8. Três meses depois, eis que apareces... nem esperava mais.

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  9. Querido, como podemos fazer para te-lo em uma palestra?
    sou moradora de salesópolis, mas gostaria de te-lo em Mogi das cruzes para falar a um frupo de amigos!
    vc é sensacional.
    que sejamos loucos, mas que sejamos verdadeiros!
    ahow!
    meu email: roseponce66@gmail.com

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