Em todas as cidades os mais pobres são obrigados a flutuar para as periferias, à medida em que as cidades vão crescendo e "se desenvolvendo". Remoções, expulsões, pressões de todos os tipos, ameaças, coações, os mais pobres são tratados a cacete, quando estão no caminho dos poderosos, da especulação imobiliária, da indústria do turismo, do lucro de qualquer tipo.
No Rio de Janeiro, a pretexto do projeto "Porto Maravilha", virou rotina a sinistra incursão noturna das forças públicas nas ocupações da região, onde famílias desabrigadas ocuparam, ao longo de décadas, os prédios abandonados pelo poder público e por grandes empresários, que se dedicavam à exploração do desenvolvimento da zona oeste, Barra da Tijuca, São Conrado, Recreio dos Bandeirantes... onde há um enorme e triste histórico de remoções. Agora os olhos cobiçosos se voltam para o centro "histórico" e seu potencial turístico e cultural. Milhares de famílias atiradas à própria sorte, algumas poucas com ridículas indenizações ou absurdas instalações feitas de qualquer maneira, lá longe, apenas pra sair na mídia como prova de que o poder público estava cumprindo o seu papel. A área portuária só pôde conservar sua arquitetura por causa do desinteresse, do abandono a que foi relegada essa região da cidade, enquanto se explorava o "potencial imobiliário" das valorizadas terras do litoral oeste. Se sua cobiça estivesse no centro, certamente não haveria mais nada a preservar - a consciência cultural, histórica, social e humana dessas pessoas está em seus bolsos, em suas contas bancárias, em seu patrimônio e seu poder sobre as instituições públicas.
Em São Paulo, nos últimos governos, foi aberta a temporada caça aos pobres. Desabrigados do centro foram obrigados a sumir de vista, debaixo de pancadas, prisões, jatos de água no frio do inverno. As remoções de comunidades pobres evoluíram até a sucessão de incêndios nas favelas. Foram 79, no ano passado. Este ano, já se contam 32. Ontem, no bairro Campo Belo, a favela do Piolho queimou. Foram trezentas casas, mais de mil pessoas desabrigadas. O bairro é valorizado, pertinho do aeroporto de Congonhas. Um fenômeno paulistano, essa freqüência de incêndios em favelas. Paulistano e contemporâneo. Claro, já houve incêndios em comunidades pobres, alguns não criminosos, acidentes de verdade. Mas a seqüência de São Paulo me dá conta da segurança esquizofrênica da promiscuidade público-privada, tratando descaradamente a população como mercadoria, como gado ou como entulho.
No blog do Miro, Altamiro Borges faz dez perguntas sobre os incêndios nas favelas, muito bem colocadas. http://altamiroborges.blogspot.com.br/2012/09/incendios-em-favelas-dez-perguntas.html
São Paulo ilustra o massacre promovido pelos poderes "privado-públicos" em cima das populações mais pobres, extensas massas humanas, por todo o planeta, com algumas poucas exceções. Onde existe resistência, como em vários países da América Latina, há mudanças, devidamente escondidas ou deformadas pela mídia comercial - em combate frontal a qualquer sociedade onde empresas não controlem os governos, mentindo, difamando, debochando, caluniando, desinformando, plantando alienação e criminalizando qualquer movimento de esclarecimento, conscientização e defesa da maioria das populações.
A existência da pobreza, da miséria, da ignorância, do abandono deixa claro o nível da sociedade em que vivemos e faz das suas pompas e solenidades ridículos rituais sem conteúdo, encenações de falsas superioridades e honrarias sem significado. Títulos e graduações são responsabilidades sociais, mas são vistos pelos medíocres de espírito como fator de superioridade pessoal. E assim aplicados na vida prática, construindo, consentindo e colaborando com essa estrutura social injusta, perversa, covarde, ecocida, genocida e suicida.
Quem trabalha em sua própria consciência, conscientiza o mundo. Quem quer, ou diz querer conscientizar, sem começar por si próprio, só atrapalha e desacredita o processo de conscientização.
Eduardo Marinho.
Complementado em 28 de setembro
Em 27 de setembro, Carta Maior divulga a CPI dos incêndios nas comunidades pobres de São Paulo, formada por parlamentares financiados por grandes empresas do setor imobiliário. É um deboche. Os incêndios que favorecem a especulação imobiliária serão investigados por "representantes públicos" que, na prática, são funcionários informais dos próprios interesses da especulação imobiliária. Aliás, a esmagadora maioria dos parlamentares brasileiros é financiada em suas campanhas por grandes empresas que, logicamente, condicionam suas gordas contribuições à defesa dos seus interesses em lucros, mesmo (e geralmente) em prejuízo da maioria, dos mais pobres, da população, incluindo as classes médias.
Quem quiser ler o artigo, clique abaixo.
Membros da CPI dos Incêndios em Favelas são financiados pelo setor imobiliário
Todos os membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) montada na Câmara Municipal de São Paulo para investigar os incêndios em favelas são financiados por empresas ligadas à construção civil e ao setor imobiliário. Juntos, os seis membros da comissão receberam na eleição de 2008, mais de R$ 782 mil, segundo as prestações de contas apresentadas à Justiça Eleitoral.
Fábio Nassif
São Paulo - Todos os membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) montada na Câmara Municipal de São Paulo para investigar os incêndios em favelas são financiados por empresas ligadas à construção civil e ao setor imobiliário. Juntos, os seis membros da comissão receberam na eleição de 2008, mais de R$ 782 mil, segundo as prestações de contas apresentadas. E na atual briga para a reeleição, suas prestações de contas parciais já contabilizam mais de R$ 338 mil em doações. Os valores totais podem ser muito maiores já que algumas doações estão registradas em nome pessoal ou dos comitês financeiros dos partidos.
A comissão instalada em abril deste ano realizou apenas três sessões e cancelou outras cinco. Na última quarta-feira (27), movimentos sociais e familiares compareceram à Câmara para acompanhar a reunião que estava agendada. Diante dos manifestantes, o presidente da CPI Ricardo Teixeira (PV) justificou o cancelamento, por falta de quórum e compromisso dos demais vereadores. Entre os colegas de Comissão, Teixeira é o campeão de arrecadação de doações por ter recebido mais de R$ 452 mil no pleito de 2008. E ao mesmo tempo que preside a comissão, já acumula mais de R$ 150 mil de contribuição do setor imobiliário para conseguir sua reeleição.
Comissão suspeita
Ushitaro Kamia (PSD), Toninho Paiva (PR), Anibal de Freitas (PSDB), Edir Sales (PSD) além de receberem investimentos de construtoras, empreiteiras e empresas relacionadas, haviam registrado em 2008, junto com Ricardo Teixeira (PV), doações da Associação Imobiliária Brasileira (AIB). A entidade foi investigada por doações irregulares de R$ 6,7 milhões a 50 candidatos e oito comitês de campanha. Por este motivo, em outubro de 2009, o promotor eleitoral Mauricio Antônio Ribeiro Lopes, do Ministério Público, pediu a revisão das contas para a Justiça Eleitoral. Trinta dos 55 vereadores paulistanos poderiam ter seu mandato cassado, incluindo os membros da CPI dos Incêndios em Favelas Ricardo Teixeira e Ushitaro Kamia. A ameaça de cassação também caiu sobre o prefeito Gilberto Kassab (PSD) e sua vice Alda Marco Antonio, em 2010, por captação ilícita de recursos, mas todos eles conseguiram reverter a decisão judicial.
As empreiteiras lideram o ranking de doações para as campanhas eleitorais em todo o país em 2012. As seis maiores da lista (Andrade Gutierrez, OAS, Queiroz Galvão, Carioca Christiani Nielsen, UTC e WTorre) gastaram mais de R$ 69 milhões, entre doações ocultas e não ocultas.
Em texto recente, Guilherme Boulos, militante do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), afirma que “as construtoras Camargo Correa, EIT, OAS e Engeform (que constam entre as maiores do Brasil) doaram juntas para a campanha de Kassab em 2008 cerca de R$ 6 milhões e em troca somaram em contratos junto à prefeitura nos 4 anos seguintes, nada menos que R$ 639 milhões”. O militante ainda destaca que “a prefeitura destinou em 2011 o valor absurdo de R$ 1mil reais para a compra de áreas para a construção de habitação popular”.
Incêndios criminosos
A CPI surgiu para investigar o aumento de incêndios em favelas e moradias precárias na cidade e as suspeitas de serem criminosos, inclusive por acontecerem em regiões de valorização imobiliária.
Somente este ano, segundo o Corpo de Bombeiros, foram mais 68 incêndios em favelas. Desde 2005, foram mais de 1000 ocorrências de incêndios. Em 2011, foram registrados 181 incêndios na cidade de São Paulo. Em 2010 foram 107; em 2009, 122; em 2008, 130; em 2007, 120; em 2006, 156; e em 2005; 155. Pelos registros da ocorrências que consideram incêndios em barracos e em outras cidades do estado, os números são muito maiores. Planilhas enviadas pelos Bombeiros para a Carta Maior em janeiro mostram por exemplo que, em 2009 foram 427 ocorrências (295 em barracos e 132 em favelas). Em 2010, foram 457 ocorrências (330 em barracos e 198 em favelas). Esses números, no entanto, não coincidem com o de outros órgãos.
Os dados do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil já foram apresentados aos membros da CPI, assim como se tentou ouvir representantes das subprefeituras. A próxima reunião ficou marcada para o dia 17 de outubro, quando, os moradores que buscam explicações, mesmo se saírem sem saber a causa dos incêndios e sem soluções para a falta de moradia, saberão o valor total das doações do setor imobiliário para cada um dos vereadores da comissão.
A comissão instalada em abril deste ano realizou apenas três sessões e cancelou outras cinco. Na última quarta-feira (27), movimentos sociais e familiares compareceram à Câmara para acompanhar a reunião que estava agendada. Diante dos manifestantes, o presidente da CPI Ricardo Teixeira (PV) justificou o cancelamento, por falta de quórum e compromisso dos demais vereadores. Entre os colegas de Comissão, Teixeira é o campeão de arrecadação de doações por ter recebido mais de R$ 452 mil no pleito de 2008. E ao mesmo tempo que preside a comissão, já acumula mais de R$ 150 mil de contribuição do setor imobiliário para conseguir sua reeleição.
Comissão suspeita
Ushitaro Kamia (PSD), Toninho Paiva (PR), Anibal de Freitas (PSDB), Edir Sales (PSD) além de receberem investimentos de construtoras, empreiteiras e empresas relacionadas, haviam registrado em 2008, junto com Ricardo Teixeira (PV), doações da Associação Imobiliária Brasileira (AIB). A entidade foi investigada por doações irregulares de R$ 6,7 milhões a 50 candidatos e oito comitês de campanha. Por este motivo, em outubro de 2009, o promotor eleitoral Mauricio Antônio Ribeiro Lopes, do Ministério Público, pediu a revisão das contas para a Justiça Eleitoral. Trinta dos 55 vereadores paulistanos poderiam ter seu mandato cassado, incluindo os membros da CPI dos Incêndios em Favelas Ricardo Teixeira e Ushitaro Kamia. A ameaça de cassação também caiu sobre o prefeito Gilberto Kassab (PSD) e sua vice Alda Marco Antonio, em 2010, por captação ilícita de recursos, mas todos eles conseguiram reverter a decisão judicial.
As empreiteiras lideram o ranking de doações para as campanhas eleitorais em todo o país em 2012. As seis maiores da lista (Andrade Gutierrez, OAS, Queiroz Galvão, Carioca Christiani Nielsen, UTC e WTorre) gastaram mais de R$ 69 milhões, entre doações ocultas e não ocultas.
Em texto recente, Guilherme Boulos, militante do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), afirma que “as construtoras Camargo Correa, EIT, OAS e Engeform (que constam entre as maiores do Brasil) doaram juntas para a campanha de Kassab em 2008 cerca de R$ 6 milhões e em troca somaram em contratos junto à prefeitura nos 4 anos seguintes, nada menos que R$ 639 milhões”. O militante ainda destaca que “a prefeitura destinou em 2011 o valor absurdo de R$ 1mil reais para a compra de áreas para a construção de habitação popular”.
Incêndios criminosos
A CPI surgiu para investigar o aumento de incêndios em favelas e moradias precárias na cidade e as suspeitas de serem criminosos, inclusive por acontecerem em regiões de valorização imobiliária.
Somente este ano, segundo o Corpo de Bombeiros, foram mais 68 incêndios em favelas. Desde 2005, foram mais de 1000 ocorrências de incêndios. Em 2011, foram registrados 181 incêndios na cidade de São Paulo. Em 2010 foram 107; em 2009, 122; em 2008, 130; em 2007, 120; em 2006, 156; e em 2005; 155. Pelos registros da ocorrências que consideram incêndios em barracos e em outras cidades do estado, os números são muito maiores. Planilhas enviadas pelos Bombeiros para a Carta Maior em janeiro mostram por exemplo que, em 2009 foram 427 ocorrências (295 em barracos e 132 em favelas). Em 2010, foram 457 ocorrências (330 em barracos e 198 em favelas). Esses números, no entanto, não coincidem com o de outros órgãos.
A primeira pergunta que ele (Miro) fez, foi o que eu tenho feito essa semana junto a um amigo de reflexão no 'front' de caminhadas nossas.
ResponderExcluirQue surpresa Eduardo, achei que ninguém iria comentar este fato. Tenho conversado com alguns amigos sobre isto, mas nenhum meio de comunicação toca neste assunto. Moro em SP e em uma bairro periférico, lá todo mundo anda meio assustado, meio que inconsciente. Todos sabem o real motivo disto, principalmente a classe média, mas uns preferem não comentar pois irão lucrar com isso de alguma forma, outros negam pois são responsáveis (direta ou indiretamente), e como sempre quem se fode são as pessoas que carregam na costa todo o sistema!!!
ResponderExcluirAté quando?
Arnaldo Bertoni
Desde quando classe média poder de mudar alguma coisa? além de pagar impostos. ( claro que tem se quiser é claro, mas não estão nem ai, se não afetar eles, estou pouco se lixando).
ResponderExcluirA mídia todo mundo já sabe, que é contra o povo, controlada por empresas, afinal quem paga essa merda são eles. Até quando as pessoas dormirem em berço esplendido, isso vai acontecer.
Contratado pelo prefeito Prado Júnior, o urbanista Alfred Agache elaborou, em 1927, um extenso plano de remodelação da cidade do Rio de Janeiro, que incluía a demolição do morro da Favela, situado próximo da zona portuária. Muito discutido pela imprensa, o projeto inspiraria o samba "A Favela Vai Abaixo", no qual Sinhô protestava contra a ameaça de desabrigo dos moradores: "Minha cabrocha, a Favela vai abaixo / quanta saudade tu terás deste torrão / (...) / vê agora a ingratidão da humanidade / (...) / impondo o desabrigo ao nosso povo da Favela".
ResponderExcluirMúsica: http://www.youtube.com/watch?v=7O8gifq8irg
Fonte: http://901semfreio.blogspot.com.br/2011/05/favela-vai-abaixo-sinho-atividade-para.html
Tenho que escrever algumas coisas, sinto que chegou a hora de nos libertar dos sofrimentos, que a mídia empoe, chego no momento de minha vida aos meus 25 anos, e vejo que essa estrutura do sistema ,não é nada mais nada menos que os grandes "empresários" da vida ,eles que acabam com o pão de cada dia para essas pessoas pobres... não adianta nós querermos mudar o mundo se ficamos vendo TV, vi agora em 2013 deu noticia que EUROPOL pegou países da Europa e na asia corrupcão de placares no Futebol, isso me deixou com sentimento de fraqueza de saber quem pagou esses ingressos, Futebol tá indo pro esgoto , futebol tem que morrer, eu adoro futebol, sinto que não abrirmos a conciencia não resolverá nada, vai continuar isso daqui em 2030, ainda bem que tem seres humanos honestos e isso tudo está vindo atona, se eu e mais ninguem terem noção do que DEUS está colando no nosso coração , toda corrupcão do mundo vao estar desmascaradas.
ResponderExcluirRenato José Argolo Rdrigues
ResponderExcluirTítulo: Simplicidade
Vejamos meus amigos
Como somos diferentes
Noção de felicidade
Varia com cada mente
Depende dos valores
E mais alguns fatores
Dos quais somos carentes
Mas sempre confundimos
A tal felicidade
Procuramos no dinheiro
E também na vaidade
Pensamos que é prazer
As vezes que é poder
Nada disso é verdade
Vivemos a defender
Nossos bens materiais
Nos trancamos em muros
Chamamos policiais
Vivemos ansiosos
Neuróticos e medrosos
Sem liberdade ou paz
Ser feliz é ser leve
Ter menos necessidade
Enxergar as pessoas
Com mais igualdade
Ter paz de consciência
E ter sempre paciência
Em todas dificuldades
São muitas necessidades
E não paramos de criar
Mas o que é essencial
Explico com cinco “A”
Anote o que eu digo
Alimento e Abrigo
Água, Agasalho e Ar
Muitos já entenderam
E tomaram atitude
Largaram suas riquezas
Em busca da virtude
Viveram com humildade
E com simplicidade
Estão na plenitude
Vejam alguns exemplos
Como Chico Xavier
Também Irmã Dulce
Amor em forma de mulher
E Francisco de Assis
É Santo, como se diz
Todos pessoas de fé
Mas encontramos também
Alguns ainda aqui
Vive no meio dos pobres
Assim vive a sorri
Eduardo Marinho
A quem já tenho carinho
Pelas lições que ouvi
Eu me identifico
Com essa filosofia
Porém minhas correntes
Me tiram autonomia
Mas dentro do meu coração
Já há uma revolução
Que pode explodir um dia
Olá Eduardo,
ResponderExcluirDesejo encontrar você para conversamos sobre a vida simples e sobre os 5 A e o que mais surgir.
Se for possível entre em contato comigo, por favor. renatoargolo@yahoo.com.br
Obrigado, um abraço.
Renato.