Em 1980 "peguei a estrada". Desde essa época, convivi com a repressão institucional permanente, a discriminação social e a estranheza geral. COm os anos, os filhos foram nascendo e a nossa mobilidade tinha que ser imensa, mudando de lugar - de cidade, de região - a cada vez que as dificuldades impossibilitavam uma vida digna. Para comer bem, abríamos mão da moradia e tínhamos que nos virar pra resolver os probleminhas cotidianos, viajando de carona, cidade em cidade. Uma vida dura, embora rica de experiências, vivências e aprendizados.
Perdi a conta de quantas vezes fui atacado pelas forças de segurança - indiferentes ao meu princípio de não causar prejuízo ou qualquer tipo de mal às pessoas -, tive meus trabalhos tomados violentamente, apreendidos sem condições de recuperá-los, tendo que começar novamente do zero. Injustiças cotidianas com os que tentam levar a vida de forma diferente do modo angustiante e sem sentido que nos impõem - é a estratégia de um Estado controlado por grandes empresários, onde se plantam idéias criminalizadoras contra todos os que não se submetem a esse esquema tirânico que inferniza o mundo. E que só é interessante pra os poucos ricos, que usufruem da exploração do trabalho, dos luxos e excessos que custaram os direitos da imensa maioria, roubada em instrução e em informação - pra não permitir condições de entender e reagir.
Consegui superar a revolta, mas é uma sensação estranha você estar lutando com tantas dificuldades pra ter uma vida menos vazia de significado, pra resistir às imposições convencionais, pra sobreviver, e ter o fruto do seu trabalho tomado por pessoas uniformizadas, sob a proteção de armas e da própria lei - com base nos tais "códigos de postura" dos municípios que violam a própria constituição federal. Afinal, as guardas municipais seguem antes as leis municipais que a constituição, que eles nem conhecem.
Esse filme que se propõem a realizar é um marco na história nunca contada dessa enorme e heterogênea coletividade que se lançou nas estradas, ao nomadismo, à contraposição ao esquema convencionado como o único possível. Infinitas histórias diferentes, com o denominador comum da repressão, da estranheza e da discriminação. E da resistência, da criatividade e da insubmissão, pra seguir vivendo.
Aqueles que puderem ajudar essa realização, estarão contribuindo pra lançar luz nessa parte tão obscura da nossa história cultural, nessa realidade tão desconhecida e tão marginalizada, com o trabalho da mídia e das instituições que sempre desqualificam e perseguem aqueles que não seguem os padrões impostos. Será um filme precioso. Até pra entender alguns modos de ação dessa nossa sociedade tão injusta, hipócrita, covarde, genocida e suicida.
Abraços a todos,
Eduardo.
Deu uma contribuiçãozinha. Quero ver esse vídeo rodando pelo Brasil.
ResponderExcluirEstranho, no vídeo algumas falas não são audíveis. É assim mesmo ou está com problema?
ResponderExcluirLuciana, experimenta trocar de navegador ou acessar pelo Vimeo: https://vimeo.com/54498570
ExcluirTambém não funcionou. A fala em 2m de vídeo, por exemplo, não aparece, apesar das primeiras falas e da música funcionarem.
ExcluirMinha nossa coitado do rapaz, na hora da entrevista teve que sair correndo com suas coisas.
ResponderExcluire exatamente quando tinha sido perguntando "você já perdeu trampo pra fiscalização?".
Esse tipo de projeto tinha que ser divulgado e muito, acho muito difícil conseguir a méta necessaria.
infelizmente isso seria possivel com a ajuda dá mídia.
Quando você citou sobre o trabalho ser tomado pelas pessoas uniformizadas, sob a proteção de arma e da propria lei, é mais uma coisa que faz as coisas ficaram ainda mais difícil.
A polícia só existe pra nos manter na lei, Lei do silêncio, lei do mais fraco.
Futebol,Televisão,Tecnologia,Religião,Política,Carnaval,Copa do Mundo,Olimpíadas.
é nisso que eles querem que nós fiquemos preso.
vamos MUDAR!!!!
que quando a gente muda o mundo muda com a gente
A gente muda o mundo na mudança da mente
E quando a mente muda a gente anda pra frente
E quando a gente manda ninguém manda na gente!
Na mudança de atitude não há mal que não se mude nem doença sem cura
Na mudança de postura a gente fica mais seguro
Na mudança do presente a gente molda o futuro!
Abraços!
Fiz a minha parte... Quero muito ver esse marco em nossa hostória.
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