A casa já existia, muito antes da construção do Maracanã |
Corrupção explícita, programada e contumaz.
“Das 82 obras de mobilidade urbana, portos e aeroportos
prometidas em 2010, por meio de um documento chamado matriz de
responsabilidades, somente três permanecem com igual cronograma e orçamento. 21
empreendimentos foram retirados do compromisso, 25 tiveram o orçamento alterado
e os demais 33 experimentaram ao menos mudança no prazo de conclusão. Em três
anos, outras 28 obras de mobilidade urbana foram incluídas na previsão e
somente sete delas chegaram a ser entregues até agora.” (Estado de São Paulo, o Estadão)
Há alguns
meses vi uma entrevista do Romário, ex-jogador de futebol e atual deputado
federal, dizendo com todas as letras que as obras da copa, como de costume nas
obras públicas, seriam superfaturadas e a maioria delas iria atrasar
estrategicamente, porque ganhando caráter de urgência a fiscalização afrouxa,
as licitações são dispensadas e se pode roubar muito mais do dinheiro público. E
que a quantidade não era possível nem imaginar. É, dinheiro público, este que
falta nos programas de erradicação da fome, da ignorância, da miséria e da
exclusão, tão cotidianas quanto a corrupção na promiscuidade público-privada.
Sou obrigado a concluir que acreditar em democracia nessa
sociedade é ingenuidade, desinformação, estupidez ou mau caráter.
Os planos de
demolição da Casa do Índio, antigo museu, atual Aldeia Maracanã, não são novos.
Naquela casa morou uma filha de D. Pedro II, depois o marechal Rondon, criador
do Serviço de Proteção ao Índio, e depois foi destinada à cultura indígena, da
qual o marechal era o maior e mais engajado defensor, na época. Só isso seria o
suficiente pro tombamento definitivo do imóvel como patrimônio histórico. Mas
nada é definitivo pra ânsia de lucro dos "grandes" empresários, vampiros da sociedade.
Pra eles, acostumados a controlar os fios do poder político, é natural usar a
polícia pra remover os obstáculos aos seus interesses, aos lucros absurdos, sejam casas ou pessoas - às vezes casas com pessoas dentro -, sob
pretextos descarados e mentirosos, com artimanhas sujas apoiadas pela mídia
comercial privada.
Quando esses
planos vieram à tona, começaram as articulações para a defesa da área – que é
claramente de interesse público, apesar do privado. Próximo à data da varredura
que seria feita pela polícia de choque, os jornais noticiam que o Conselho
Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural proibiu a demolição do prédio e a
expulsão dos ocupantes. Mentira deslavada, cortina de fumaça na intenção de
desmobilizar as pessoas que se dispunham a somar na resistência à barbárie dos
poderes públicos constituídos por interesses privados. O tal conselho não tem
poder pra proibir o ato sem antes passar pela aprovação ou veto do prefeito –
que, obviamente, não aprovou. Artimanha óbvia que por sorte não deu resultado –
a defesa continuou juntando mais e mais apoio, apesar dos esforços do poder
público-privado e da mídia criminosa. Eles perderam a batalha que programaram
pro dia 13 de janeiro. Era tanta gente, tanta câmera, tanto apoio que a batalha
não ocorreu.
Mas não se pense que perderam a guerra – eles mantêm suas armas, o controle do poder público, das armas institucionais da “segurança pública” (que, de tanto servir aos interesses privados e atacar populares que se manifestam contra os crimes do sistema, já não merece essa definição) e a aliança incondicional da mídia privada e seu avassalador poder de enganar a população.
Mas não se pense que perderam a guerra – eles mantêm suas armas, o controle do poder público, das armas institucionais da “segurança pública” (que, de tanto servir aos interesses privados e atacar populares que se manifestam contra os crimes do sistema, já não merece essa definição) e a aliança incondicional da mídia privada e seu avassalador poder de enganar a população.
Na esperança de acalmar os agressores, fumacinha ritual. |
Tentando impedir a entrada de apoiadores, a polícia foi posta a cercar a casa. |
"Ah, se não fossem essas câmeras..." |
O vampiresco
interesse empresarial recua, rosnando seu ódio e frustração, e trata de agir no
escuro. Equipes de advogados manobram as leis, em malabarismos jurídicos,
buscando formas de “legitimar” ações velhas conhecidas, para atender suas
ambições desumanas acostumadas aos privilégios indevidos, ao exercício nos
bastidores de manipular os poderes públicos, os dinheiros públicos e a própria
população. Aguardem-se novas ações no mesmo sentido, provavelmente antes mesmo
de baixar a poeira do episódio. A ganância e a prepotência dos vampiros não têm
limites.
Ninguém está
seguro. Tudo o que estiver no caminho do lucro está ameaçado, exceção feita a
esse punhado de parasitas que dominam os poderes públicos, enquanto o povo é
mantido ignorante, desinformado e narcotizado pela cultura do consumo, da
competição e do egoísmo. Aliás, como de costume.
Atualmente,
toma-se consciência como nunca, devido aos furos no controle das informações –
antes as únicas fontes de informação passavam pela censura empresarial –,
principalmente pela internet. O processo é lento, longo, palmilhado pouco a
pouco, mas de forma constante e consistente. Daí a importância fundamental da
luta pela pulverização das comunicações, da liberação do espaço público que é o
espectro magnético por onde transitam rádios e televisões, atualmente sob
controle das grandes empresas que dominam não só esse espaço como os
governantes, legisladores e instituições falsamente democráticas.
A Aldeia
Maracanã continua sob ameaça. O poder público, sob comando dos financiadores
das campanhas, procura formas jurídicas pra justificar os crimes que pretende
cometer. Como sempre, criminalizando as vítimas.
“Porque os índios já
disseram que vão resistir com arco e flecha contra o armamento israelense da
polícia. É possível que, num gesto filantrópico, o governo do estado até dê uma
ajuda de custo para a compra de novas residências, individuais e de madeira
barata, com forro de cetim roxo por dentro, para os índios desafortunados no
confronto com a PM.” (Bajonas Teixeira de Brito Júnior, no mesmo artigo)
http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/outros-destaques/teoria-das-coincidencias-matriz-br-e-indios-no-rj/
Governo estadual agora empurra com a barriga. Parecer de desembargador dá prazo de 10 dias pro governo federal se manifestar. Caso nada ocorra, fica tudo como está, a ameaça permanece. A proposta do governo estadual ofende a inteligência. Oferece para os povos indígenas um galpão dentro de um presídio em processo de desativamento, que ainda conta com três milhares de presos à espera de serem transferidos, para o Conselho Estadual de Direitos Indígenas. As universidades públicas, os hospitais e as escolas enfrentam um estado de precariedade vergonhoso. Imagine um presídio, ainda mais sendo desativado. O governador pretende colocar os índios nesse imóvel semi-abandonado e esquecer da existência deles. Taí a reportagem:
http://pelamoradia.wordpress.com/2013/01/17/decisao-do-tribunal-regional-federal-suspende-demolicao-da-aldeia-maracana-rj/
Governo estadual agora empurra com a barriga. Parecer de desembargador dá prazo de 10 dias pro governo federal se manifestar. Caso nada ocorra, fica tudo como está, a ameaça permanece. A proposta do governo estadual ofende a inteligência. Oferece para os povos indígenas um galpão dentro de um presídio em processo de desativamento, que ainda conta com três milhares de presos à espera de serem transferidos, para o Conselho Estadual de Direitos Indígenas. As universidades públicas, os hospitais e as escolas enfrentam um estado de precariedade vergonhoso. Imagine um presídio, ainda mais sendo desativado. O governador pretende colocar os índios nesse imóvel semi-abandonado e esquecer da existência deles. Taí a reportagem:
http://pelamoradia.wordpress.com/2013/01/17/decisao-do-tribunal-regional-federal-suspende-demolicao-da-aldeia-maracana-rj/
O seguinte vídeo apareceu na iternet hoje:
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=KAmTYRWM48c
A Globo como empresa defende os interesses privados de seus grandes acionistas e toda a corja elitista que está por trás dela, lavando a mente de milhões de brasileiros.
Não é a melhor solução, conheço pouco da realidade, mas ao que parece a democracia venezuelana e uruguaia são bons modelos a serem levados em conta. Mas não vejo como reverter esse modelo onde quem controla são os que tem o poder financeiro. Ninguém dá tiro em seu próprio pé a troco de banana.
É tanto descaso, tanta ganância, que me vejo incapaz de tentar fazer algo que possa ajudar. Tudo é em prol do dinheiro. Pessoas se cegam e se cercam em suas bolhas de "conforto" que não vem que a situação está cada vez pior, cada vez mais indo rumo a extinção via hiper-consumo. Essa neblina que paira, impede de ver os problemas sociais mais escrotos acontecerem a seu lado. Não impedem que aqueles porcos que os representam continuem mandando e desmandando em prol das grandes corporativas que financiam suas sujas campanhas a troco de benefícios que nem imaginamos o tamanho de suas proporções.
O que me motiva são pessoas que pensam como você Eduardo. Você me mostrou o caminho.
"Eu me organizando posso desorganizar..."
Isso ainda vai pegar.
E ainda rolou outro absurdo, Eduardo. Operários que foram apoiar a manifestação contra a demolição do antigo Museu ganharam um prêmio: demissão.
ResponderExcluirhttp://www.jb.com.br/rio/noticias/2013/01/14/perseguicao-politica-empresa-demite-operarios-por-apoio-a-indios-no-maracana/
Não é um absurdo. É de se esperar. Absurda é a organização da nossa sociedade.
ExcluirTenho a certeza de que, quando pularam o muro pra dentro da Aldeia Maracanã, tinham plena consciência de que seriam despedidos. Preferiram isso a não se solidarizar com o que viram que é justo. Depois, se virariam, como sempre se viraram. Lá dentro mesmo, eu tô sabendo que já arrumaram trabalho pra eles. Via celular. Porque eles ficaram lá dentro.
Excluir"A Copa de 2014 será o maior assalto aos cofres públicos da história da República." - Romário
ResponderExcluirAgora, talvez, seja importante a abandonar o pacifismo.
ResponderExcluirToda manifestação com violência é sempre uma defesa, é sempre uma resposta a um ato muito mais violento, que parte de estruturas do Estado.
Muitas vezes, quem ganha a fama de violento só está, na verdade, se defendendo de um ato muito violento e bem planejado.
Mas por que os índios vieram para o Rio? Os indígenas que, de fato, sabem da sua realidade - daí percebem o quão perigoso é mostrá-la - esses ficam escondidos pelos cantinhos do Brasil. E, infelimente, é bom que continuem escondidos. Eles sabem disso e acredito que não façam a miníma questão de agregar características da nossa cultura a deles.
A violência é a língua do sistema. Sejamos criativos, conscientes das raízes dos valores dessa sociedade implantadas em nós mesmos. Mudando nossos valores e comportamentos, só assim temos condições de mudar o mundo.
ExcluirNão há canto nesse Brasil que a ganância não vasculhe. Não há como se esconder eternamente. Manter a própria cultura não depende de isolamento. Nem pode. O isolamento não existe, e se existe é temporário, é precário. Pelos sentimentos se conserva uma cultura. Mas é preciso usar os meios existentes, mesmo produzidos pela civilização predatória. Porque é o que há, o que existe com mais alcance, mais poder de comunicação. A comunicação, no momento, é a chave da evolução.
A "nossa cultura" precisa assimilar a cultura do relacionamento dos povos indígenas, que jamais admitiriam que um membro da sua sociedade chegasse à miséria que vemos em nossa civilização.
Tem razão quanto ao uso da violência. Só funciona a curto prazo e não interfere nas estruturas mais violentas do Estado e outras instituições. Aliás, penso que o uso da violência por parte de um grupo apenas o estigmatizaria, o tornaria uma minoria que não seria aceita em uma sociedade narcotizada pelos vários estímulos que nos desviam a atenção do que realmente interessa.
ExcluirQuanto ao isolamento, eu não quis dizer que as tribos devem ficar isoladas. Talvez devam permanecer isoladas enquanto existir uma civilização predatória e extremamente territorialista. Dos poucos exemplos que eu conheço, os zulus (povo originário de alguns países africanos), nunca foram expansionistas, mantiveram diversas línguas diferentes, talvez pelo isolamento citado acima. Tudo isso foi o resultado de uma intensa exploração britânica. Enfim, estou dando um exemplo de como as culturas se mantiveram para se defender de impérios e religiosos.
A comunicação faz parte de todos nós. Tem um livro do Eduardo Galeno (O Livro dos Abraços), cheio de crônicas de encher os olhos e o coração. Ele conta a história de uns prisioneiros da ditadura uruguaia que ficavam com parte do rosto vendado (talvez a boca), corpo amarrado... e os caras arrumavam diversas maneiras de se comunicar uns com os outros. Quando a necessidade de se comunicar existe, ninguém cala.
E se você vir a cara dos políciais, todos eles são bem miscigenados, como qualquer outro brasileiro, que surgiu de diversas etnias, a principal é a indígena.
ResponderExcluirPercebem como a agressão é violenta? Pô, a gente precisa se defender.
Obrigado pelo vídeo, Ytalo. Eu não tinha visto.
ResponderExcluirA televisão tem uma responsabilidade social imensa, pois está na casa de todo mundo. Não somente isso, a televisão é um monólogo. Fala, fala e fala. Nós ouvimos. 'Como discordar do que eu ouço na TV?' Eu me perguntava. Achava que não tinha como, mas o índio, discordando bravamente da repórter, aparentemente fingindo estar no celular, me fez acreditar que a gente pode e deve discordar.
Aí ela desvia o microfone, o simbolismo é gritante: e aí, todo mundo tem voz?
Deem uma olhada no vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=VrpurEkmJkU
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEduardo, um pedido: você precisa falar mais sobre a sua história, sobre o que sentiu e sobre as estruturas psicológicas que você teve que abandonar, simplificando, você precisa contar como desacreditou de tudo que acreditava, afinal foi isso que aconteceu. Você, na palestra da UNESC, falou que tentou se enquadrar, mas não conseguia. Quando tu descreve o sonho que teve, parece um momento de iluminação (espero que o termo não soe pretensioso, afinal, ainda somos todos ignorantes).
ResponderExcluirTem muita gente se conscientizando, mas a mudança interna, muitas vezes, não acontece. E o cara fica sofrendo, pois a vida passa a fazer sentido e, ao mesmo tempo, você vê que esse sentido que agregam à vida é uma merda. É um ciclo de sofrimento. Se você contar mais, você ajudaria muita gente a interromper esse ciclo.
Obrigado pelos novos horizontes que tem proporcionado a todos nós.
Rapaz, isso é uma responsa. Tem vários textos aqui no blogue a respeito dessas vivências. Elas vão brotando, assim, não tenho o controle. De repente baixa. A memória tem becos e passagens e travessas, em várias camadas, como uma cebola. Temos acesso e controle na parte superficial. Lá dentro acho que tem toda a história do universo, a começar pela tua própria. Muita coisa que deve jazer no inconsciente porque não formamos ainda uma estrutura pra suportar tamanha carga de conhecimentos. Vamos nos desenvolvendo, na medida em que seguimos vamos ampliando a capacidade de compreensão e entendimento.
ExcluirNão é o caso de interromper um ciclo, mas de elevá-lo. Sigamos a espiral da eternidade, em nosso pedacinho. Assim damos sentido à vida.
Obrigado pela resposta. Eu estou dando uma volta, aos poucos, pelo blog. Lendo os posts mais antigos. Observando e absorvendo.
ExcluirNunca pare de fazer isso que você faz, cara. Acho que nenhuma pessoa me estimulou tanto a procurar e conhecer coisas que, para a maioria, são desinteressantes. Mantemos a história inerte por opção, talvez sejamos condicionados a sermos assim, a achar que tudo sempre foi assim e não tem jeito mesmo.
O Indio é verdadeiro dono das terras do Brasil, uma falta de humanidade fora do normal, gente que não tem dignidade com sigo mesmo. que vergonha tenho de ser humano estas horas. o indio é humilde. morre por seus direitos de peito aberto,com arco e flexa bate de frente contra metralhadoras, armas letais, mais morre com dignidade....Porque nenhum destes empresarios politicos não sentem isso,,,porque ???....
ResponderExcluirÉ uma pena que eu não esteja conseguindo seguir o blog para sempre ser avisada das atualizações!Tão maravilhosa quanto seu pensamento é sua expressão!
ResponderExcluiro estrondoso silêncio que invade os corações e mentes daqueles que se importam com o outro! o silêncio que incorpora a mudança de comportamento naqueles saturados de tanta futilidade consumista! ser e não ter, ter e não ser... eis a questão! o que ainda temos de mais genuíno e autentico é negligenciado pelas autoridades ditas competentes...e aí senhorita Roussef, permanecerás na conveniência de teu silêncio presidencial? no teu silêncio da aprovação camuflada?
ResponderExcluirO Capital e seus intrumentos de dominação não param de funcionar em nenhum momento. No entanto, uma coisa é lucrar na sociedade, gerando a mais-valia para seus lucros sedentos, outra coisa é a destruição da nossa "História" para justamente não haver memória da luta, da destruição dos verdadeiros donos desta terra. É um crime histórico e sobretudo humano. Governo e sociedade parecem que tem pacto para manutenção do silêncio. Serviço bem feito pela mídia corrupta, covarde, anti-patriótica e entreguista que temos neste miserável país. Concomitantemente assistimos pela rede da internet e mídias alternativas e corajosas, um processo lento e criativo de resistência, com denúncia e alerta para sociedade toda. A revolução virá, sem data marcada, mas ocorrendo em nossas veias da indignação constante sobre a porcaria deste sistema exploratório.
ResponderExcluirAtenciosamente
Profº José Eduardo Brondi
www.professorbrondi.blogspot.com.br
www.analisarentenderagir.blogspot.com.br
Genocídio,um ato ignóbil que vem praticando quase todo o governante brasileiro em dezenas de anos.
ResponderExcluirOu ignóbil,ou desprezível, ou torpe etc.....
Porem,jamais foi tão declarado estes atos como nos dias atuais.
Um avanço tecnológico em dois atos,tipo teatro.
1º ato = O uso da tecnologia das comunicações,assim ocorre maior rapidez na execução das barbáries goveramentais.
2º ato= A balança do equilíbrio entre ações benéficas e tecnologia foi para o brejo faz tempos.
Vamos acrescentar um 3º ato,=E a moralidade humana política tentou nascer um dia e deu em natimorta.