Tenho motivos de sobra pra não gostar do celular no meu bolso. Ganhei esse que uso há anos e acostumei a carregar sempre, por crédito sempre, usar sempre. Mas fui percebendo que a maioria das chamadas só me atrapalhavam o que estivesse fazendo, com propagandas, anúncios, oferecimentos de "vantagens" de todo tipo, a troco de mensalidades que eu pagaria, "módicas" pra quantidade de "serviços" que me seriam disponibilizados, ou conversas vazias de significado e proveito, repetindo fórmulas sociais, convites inaceitáveis, uma série interminável de inutilidades, entremeadas por uns poucos telefonemas que valiam a pena.
Com o tempo, o sentimento que me despertava o toque do celular no meu bolso, no momento mesmo do primeiro toque, era ruim, desagradável, "putaquilpariu, lá vem encheção de saco". Principalmente quando eu estava fazendo alguma coisa que cobrava atenção e continuidade, ou numa conversa de bom proveito, em algum planejamento ou acerto e a interrupção era inconveniente - a maior parte das vezes, assédio comercial. Então me perguntei, por quê colocar no bolso um troço que vai me causar maus sentimentos na hora que tocar? Não fazia sentido, se não houvesse necessidade.
Desde então, faço minhas comunicações por imeio, pelo feicebuque, por mensagens, no tempo que escolho pra fazer isso. Às vezes estou combinando alguma coisa com alguém pela internet, sem nenhuma dificudade, e a pessoa pergunta "não tem um telefone pra gente conversar?" Uai, por quê? Não estamos nos entendendo tão bem por aqui? Qual a necessidade de falar ao telefone, tem algum problema em escrever? Aliás, não é melhor o papo escrito, pra gente não esquecer nada e, se esquecer, poder conferir os combinados? Realmente não gosto de usar esse troço, de conversar nele, se ficar mais de três minutos começa a esquentar a minha orelha. Celular serve pra marcar encontro e, quando chegar e não encontrar, perguntar onde está a pessoa. Pelo jeito isso não acontece com muita gente, vejo pessoas que passam horas falando no celular, andando na rua, nos ônibus, em todo lugar. Ou feicebuqueando em qualquer lugar, todo mundo de cabeça baixa, alheio do mundo, da realidade em volta.
Aliás é o que me diz Clara. O celular hoje tem acesso à internet, dá pra acessar de qualquer lugar, essa é a vantagem. Eu prefiro usar o computador, o lépi-tope que tenho desde 2015, nos uaifai de estrada, dos bares e da vida, quando estou na rua. Ah, não dá pra usar em qualquer lugar... quem disse que eu quero acessar de qualquer lugar? Gosto de olhar em volta, em estar envolvido no lugar onde estou, de viver a vida material, observar as coisas, as pessoas, os acontecimentos que rolam todo tempo em todo lugar. Na hora de acessar a internet, paro pra isso pelo tempo necessário - ou possível -, e dedico minha atenção toda a isso.
Quando em viagem, é comum ir alguém comigo que tem um aparelho desses, que tem até os mapas pra ensinar os caminhos, não só no traçado do mapa, mas "falando" por onde ir. É ótimo isso, mas quando não tem vejo o caminho no gúgol-méps e anoto as referências em papel. Viajo desde que nasci, chego mesmo sem referências, mas com elas se evitam os erros, as voltas na procura do caminho. E basta. O resto é improviso, criatividade, superação e aventura.
Liberdade é risco. Segurança é prisão. Não é à toa que se chama a pior prisão de "segurança máxima". A segurança do privilégio são as grades, muros e guardas dos condomínios, dos chópincenteres, dos clubes fechados, das bolhas de proteção, fora das quais está o medo, o pavor, a insegurança. Os prisioneiros das grades de ouro não sabem que as algemas de diamantes são mais profundas e difíceis de escapar que as de aço e ferro, porque aprisionam a alma. É preciso desapego pra viver mais em paz, nada é de fato nosso, até o corpo em que vivemos é um empréstimo da natureza e será cobrado, a seu tempo.
Posso ser atrasado, antiquado, ultrapassado, não me importa. Não gosto de celular na maior parte do tempo. Uso pouco, quando quero.
Boa noite Eduardo.Se algum dia vier pro lado norte do Espírito Santo,Tenho interesse em conhecê-lo,trocar umas idéias.Um Abraço.
ResponderExcluirPassa por macaé ou rio das ostras, você é um ídolo pra mim Eduardo!!!! Paz
ResponderExcluirUso celular porém desativei todas as notificações. Já não aguentava mais tanto interrupção. Hoje penso que sou quem tenho que procurar o celular e não o contrário. Vejo dezenas de pessoas todos os dias penduradas em seus smartphones rolando o dedo em redes sociais que na maioria das vezes não lhe apresentam nada de útil. Hoje gasto 13 reais por mês (e ainda sobra crédito), entro na internet somente para me comunicar pelo whatsapp, de resto, faço tudo pelo computador. O pior, ainda sou discriminado por não ter um grande pacote de internet pra poder acessar quando quiser kkkk
ResponderExcluirAh, parabéns pelo post. Acompanho seu trabalho faz um tempo e tenha certeza que suas reflexões tem um valor especial na minha vida. Um abraço
ResponderExcluirIr para o mundo virtual é uma forma de sair do mundo real que já está insuportavel viver! Nós ensinaram assim como mudar? Melhor se nem vivêssemos a viver uma vida de gado. Não tem pra onde fugir as novas gerações. Não vai existir outro Eduardo Marinho, e só você não vai dar conta de ensinar toda essa gente que sofre aprisionada carente de resposta e orientação. O povo aprende é só ensinar educar... Mas acabou não existem pessoas para ensinar todos estamos sozinho aprisionados e a prisão fica dentro de nós, e não é uma questão facil se libertar! Vc faz parecer facil e isso da raiva...rss Mas você é de outra geração, celular é muito, muito mais que só pra fazer ligação, ele é melhor amigo, consolo, fuga, vício da maioria dos adultos, jovens e crianças. Porque buscamos nele todas as respostas que o mundo não dá e suprimos as carências dos relacionamentos e falta de diálogo, ele vem como um consolo e ficamos dependentes porque somos carentes e precisamos buscar uma forma de sentir vivo vendo um filme no Netifilix porque o celular proporciona sentimentos que a frieza do mundo e das pessoas não supre, todos somos viciados em sentimentos isso é mais forte que crak! Porque a nossa volta só existe solidão e o celular supre isso, agora o que pode suprir o celular? Tantas coisas podem, mas nada que as pessoas consigao ver. Isso é triste todos estamos aprisionados.
ResponderExcluirUso celular, mas me incomodo muito, pois as pessoas (me incluo nessa) estao o tempo todo "presas" às telas destes aparelhos, tento me policiar...mas pra mim este é o mal do seculo.
ResponderExcluirBoa noite Eduardo. Quando você vai fazer uma palestra aqui em Indaiatuba?
ResponderExcluirMuito bem.
ResponderExcluirO real é material. O digital não tem peso, cheiro, forma ou cor.
Quase todas as coisas "essenciais" ficaram interligadas ao aparelho celular e muitas das vezes mesmo sem perceber estamos conectados ao aparelho. Pagando conta, pesquisando, olhando redes sociais, menos fazendo ligações. Muitas funções foram associadas ao celular, dando a sensação de que ele é o item mais importante na vida das pessoas. Se tornou um tipo de marca passo.
ResponderExcluirA propaganda da operadora tim vende a ilusão: "fale ilimitado"
ResponderExcluirMuitas pessoas se encaixam em "nao tenho ninguem pra ligar..."
Estamos juntos...
ResponderExcluirEscravos da Internet e Tecnologias...
ResponderExcluirNão uso muito também, limitando apenas para momentos pontuais, e acho incrível quando estou conversando com uma pessoa (que mal consegue me olhar nos olhos), e em alguns minutos o assunto fica tao dessinteressante que a pessoa abaixa a cabeça, entra no face ou apps de mensagens, e pronto, você nao existe mais... ou será que nao existe mais sentimento e raciocinio critico nessas pessoas? (Sempre me pergunto)
As pessoas se escondem em seus egos para se proteger, mas se acostumaram tanto a isso que agora não saem de lá nem com "bomba atômica"... prisão é uma excelente definição,
Excelente texto, gosto muito da sua cabeça,
Grande abraço
Aruã.
Boa noite. Eduardo, quando é que vc vem dar uma palestra no Piauí?
ResponderExcluirBoa noite. Post bastante interessante. Acredito que todos sabemos o quanto essas coisas nos aprisionam, porém o condicionamento nos faz reféns. Fica a mensagem de despertar ao desapego, que nos torna inclusive, menos reacionários, menos apoiadores de uma sociedade que valoriza demais o "vale o quanto tem". Quando guri, construíram o primeiro Shopping Center em minha cidade e o bairro onde este foi construído era bem humilde e com moradores antigos, muito próximo da casa em que eu morava. Então pensava que os seguranças só deixariam entrar quem tivesse grana pra comprar. Os preços dos produtos eram muito mais caros que em outros lugares... Enfim, depois, mais velho, percebi que não eram os seguranças o problema mas sim os valores que nos pregavam que estavam equivocados .
ResponderExcluirPor aqui, bom dia Eduardo, lhe acompanho a pouco tempo via YouTube e agora conhecendo seu blog ...
ResponderExcluirNao tenho palavras pra descrever esse ser humano expetacular que voce e ...
Referência pra muita gente, sou um rapaz de 23 anos tentando entender um pouco da vida agora, vendo sua filosofia de vida, me abriu espaco para bastantes reflexões no meu dia a dia ...
Você faz um trabalho sem igual ...
Parabéns Eduardo, obrigado por passar a diante toda sua experiência de vida, acredito que isso mudará a maneira de pensar de muitas pessoas !!!
Vivemos na chamada 'era tecnológica" em que as novas tecnologias conectam,facilitam e agilizam o nosso dia a dia. No entanto elas também nos alienam e aprisionam, mas não percebemos pois criamos um habito e passamos a acha-lo normal.Nada que nos aprisiona pode ser normal, o celular e as redes causam dependência, depressão e etc. Saber usa-las sabiamente é o desafio das gerações atuais. Adoro suas filosofias, foi gracas a elas que eu me tornei uma pessoa melhor, tenho 17 anos e hoje percebo que foi riquíssimo conhecer o seu trabalho, tenha certeza não e em vão e esta dando resultado.
ResponderExcluirRapaizzz...onde podemos tomar uma aqui em São Paulo? Grande abraço
ResponderExcluirobrigado pelo texto
ResponderExcluirBoa madrugada, meu mano. Eu to aqui escrevendo algumas coisas que me vem à cabeça e lembrei em um dos vídeos que vi e que no qual divulgou seu blog. Então cá estou eu, que no qual, dps de ver uma dúzia de vídeos seus e ter impressão de que eu via vc como um espelho foi incrível. Assim como o espelho tem seu tamanho limitado, o que me difere de vc e eu é que você consegue transformar seus sentidos em palavras. Coisa eu tenho trabalho de fazer porque na hora que coloco no papel me vem em mente uma confusão total... (e em outros aspectos somos diferentes, óbvio, mas não me refiro apenas nisto porque é óbvio). Enfim, eu estou sentindo prestígio em conhecer vc, mesmo que de longe, mas é um prazer
ResponderExcluirRsrsrs... Quando vinher em Salvador/BA já que você nao atende celular, me avise onde será a palestra. Bjus no coração!!! Kkkkkk você é 1.000
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