quarta-feira, 15 de abril de 2020

"Pequena coleta num artigo de hoje" ou "Pandemia" ou "Cegueira Bovina"

" Naquela mesma manhã, enquanto esperava a transferência para um hospital, postou em sua página no Facebook um relato desesperado.
“É horrível, uma tosse que não pára. Te impossibilita de respirar e te faz ter dores que você não imaginaria. Não aguento mais essas dores, ficar em uma sala de isolamento para poder melhorar e nada mudar. Qualquer coisa que você faça, já fica cansado, sem ar. Se cuidem, fiquem em casa, não é gripezinha. É real e está muito perto de todos.”
Foi a última mensagem de Diogo nas redes sociais, no último dia que a dona de casa Eromar Azeredo Polo Boz, de 55 anos, viu o filho.
Em Osasco, Eromar cuidava dos trâmites da liberação do corpo de Diogo, sem direito a velório nem enterro por causa do risco de contaminação. O jovem foi cremado. As cinzas, conta a mãe, serão entregues em 24 de abril à família, um dia depois da data que o rapaz completaria 28 anos.
“Vou ao supermercado e vejo gente falando que quer trabalhar, que a economia não pode parar. Eu preferia ficar na miséria do que ter perdido meu filho. Dinheiro, coisas materiais, a gente conquista. Meu filho não volta mais.” "
Sem muito a dizer. Com muito a sentir. Sem raiva. Com perplexidade. Não diante da pandemia, que dessa já me dei conta, é mundial, artificial ou não. Mas perplexo, espantado diante da renitência, da insistência, da não percepção da roubada que nos foi imposta a todos, pela manipulação mental, como a conseqüência não só da sabotagem por décadas da educação pública, como do enquadramento da educação privada, das classes médias e altas. A realidade não entra na carapaça mental criada pelos condicionamentos sociais. Há uma "realidade" fabricada em laboratórios de pensamento e implantada tão profundamente no inconsciente coletivo, que se cria um campo de força intransponível por qualquer evidência. E se a evidência for inegável, detona-se uma agressividade invencível, um rancor destrutivo, um ódio sem freio nem direção que explode em inconsciência, ignorância e destruição. Aqui eu uso essa palavra no mais profundo e sincero significado: triste.

Bom lembrar que tristeza não me leva à depressão ou à desistência. Leva, sim, à digestão dos primitivismos no meu meio, à reflexão, a outras compreensões e atitudes. Sempre na função do serviço. Vida e trampo são a mesma coisa.

https://www.pragmatismopolitico.com.br/2020/04/diogo-azeredo-polo-morre-coronavirus.html?utm_source=push&utm_medium=social&utm_campaign=artigos

14 comentários:

  1. Vida trampo,coisas diferentes.
    Viver pro trampo,outra coisa!

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    1. Pra mim, não. Mas cada um vê com os olhos que tem, cada um forma sua visão a começar pela própria vivência. Nâo dá pra impor visão de mundo, do mesmo jeito que é impossível não formar essa visão - a partir seja do que for. Tendo o respeito como princípio, toda diversidade se harmoniza.

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  2. Verdade. Vivemos num período de retrocesso científico, negacionista, como se apenas a vontade fosse capaz de transformar em realidade aquilo que a pessoa desejasse. Qualquer outra visão causa um ódio insano e perigoso. Difícil...

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  3. https://fumaca.pt/laura-mattos-existe-no-governo-e-na-sociedade-uma-cultura-favoravel-ao-controle-de-ideias/https://fumaca.pt/laura-mattos-existe-no-governo-e-na-sociedade-uma-cultura-favoravel-ao-controle-de-ideias

    Boas Eduardo! Achei esse artigo num jornal alternativo português talvez você ache maneiro. Um grande abraço

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Se nao conseguuir aceder basta escrever no google jornal fumaca portugal e vai achar o artigo com a Laura Mattos.


    Muito triste a situação que descreveu e sei que isso o fará a continuar a trampar e viver sempre na "função de serviço" força Eduardo. Paz

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  6. Olá Eduardo, espero que esteja bem.
    Tem como escrever mais sobre essa parte aqui? "tristeza não me leva à depressão ou à desistência. Leva, sim, à digestão dos primitivismos no meu meio, à reflexão, a outras compreensões e atitudes."

    Isso está me fazendo pensar bastante.

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    1. Olá Eduardo, me chamo Guilherme.

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    2. Eduardo, como colo o Guilherme, achei muito interessante essa essa parte, podes escrever mais sobre...

      Sou Cleudemi. TXAI...

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  7. E isso aí Eduardo vamos ficar em casa galera

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  8. EDUARDO infelizmente o Ser humano foi contaminado por uma doença bem maior. A polarização da política em primeiro lugar. Em vez da preservação da vida estão criar um curral eleitoral. E partindo pra defender seus políticos de estimação. A preservação da vida em primeiro lugar.

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  9. Este comentário foi removido pelo autor.

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  10. Eduardo boa noite.
    Aonde eu consigo comprar a sua arte?

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