domingo, 26 de julho de 2020

Crimes de mídia, interesse econômico


A “ajuda humanitária” seguia pela estrada, em carretas cheias de gente nas cabines, nos estribos dos caminhões, carros, furgões e até helicópteros de veículos de comunicação do mundo todo, sobretudo Estados Unidos, Europa e América Latina. Em território colombiano, o comboio embandeirado rumava pra fronteira da Venezuela, que recusava a tal “ajuda” e denunciava a farsa interesseira, lobo em pele de cordeiro. A cobertura jornalística empresarial estava ali na função de dar crédito à farsa. Na ponte sobre o rio que fazia a divisa, o cenário estava montado.
“O cenário era com todas as luzes: os presidentes de Colômbia, Paraguai, Chile, funcionários do mais alto nível da administração dos Estados Unidos estavam presentes, artistas reconhecidos internacionalmente haviam se apresentado. Todos contra o governo venezuelano, numa entrada pela força previsto para acontecer por três pontes internacionais, que unem os países.”
O espetáculo foi todo programado, uma festa foi organizada pra repetir as denúncias de violações de direitos humanos na Venezuela, por países entidades, grupos e pessoas com histórico de violações dos direitos humanos, em locais, regiões e países do mundo inteiro. Contam com a desinformação, com a ignorância, com a psicologia do inconsciente, estudos profundos de antropologia, sociologia e todo conhecimento preciso na estratégia do controle das mentalidades, na deformação da realidade, na demonização de tudo que se oponha aos seus interesses. Por isso, convencem.
Meios de comunicação empresariais, agências internacionais, corporações midiáticas de diferentes países, estavam a postos, prontos pra fazer suas narrativas e os efeitos cênicos da chamada “ajuda humanitária” na tentativa de romper fronteira adentro da Venezuela.
As pontes estavam bloqueadas pela Venezuela, o exército estava nas barreiras, do lado venezuelano. Os caminhões tiveram que parar, depois de tentativas cinematográficas de romper os bloqueios. Tumulto, gritos, até que apareceram voando coquetéis molotov, em chamas e na direção dos venezuelanos. Um deles explodiu numa carreta, incendiando a lona e parte da carga. Os jornais pipocaram, histéricos, a oposição venezuelana e até o vice-presidente dos Estados Unidos declarando que Maduro “estava disposto a tudo” pra se segurar no poder. "Mostrando" a violência do governo venezuelano contra a "ajuda humanitária".
Mas havia também jornalistas da Telesur, colocados em todas as pontes, que puderam mostrar o outro lado da história. Foram os próprios invasores que, errando o alvo, incendiaram a lona e parte da carga. E, sem querer, mostraram o que havia no meio do que se podia chamar de “ajuda humanitária”, um monte de cavaletes bloqueadores de estradas, ferramentas e apetrechos para manifestações, seguindo o plano de criar o caos interno pra enfraquecer e derrubar o governo da Venezuela. Grupos mercenários, traidores venezuelanos a serviço das corporações internacionais, infiltrados gringos e colombianos seriam apresentados pela mídia como “combatentes da liberdade”, na intenção de ganhar apoio da opinião pública a uma guerra civil pra conseguir essa derrubada. Na intenção colonizadora, como em toda a América Latina.
A Telesur junto com um punhado de outras agências, como a Hispan TV, desmontaram a farsa. Uma semana depois, vários meios reconheceram o erro, como o New York Times. Teria sido tarde demais, a Venezuela estaria queimando se não fosse a divulgação por meios alternativos. A Telesur tem raiz latinoamericana e interesse latinoamericano, nascida há quinze anos na Venezuela, com a participação de Argentina, Uruguai e Brasil. Este, depois do golpe, abandonou o consórcio público de notícias. Claro, voltou a servir ao seu senhor mais antigo, o interesse imperial corporativo euro-estadunidense – sobretudo o estadunidense. Voltamos a colônia, embora não possamos dizer que tenhamos deixado de ser. Mas estávamos a caminho – tão lentamente que os passos foram interrompidos por um golpe forjado e pelo controle das mentes pela mídia, lavagem atualmente estendida às redes sociais.
Eduardo Marinho

Em español:
https://www.telesurtv.net/opinion/El-continente-que-seria-invisible-sin-teleSUR-20200724-0039.html?utm_source=planisys&utm_medium=NewsletterEspa%C3%B1ol&utm_campaign=NewsletterEspa%C3%B1ol&utm_content=41

5 comentários:

  1. Que facilidade de observação do todo você tem! Parabéns. Agora mudando de assunto, onde está o link "ver o trampo" ? Não estou achando no seu blog.

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  2. Apoio tudo que for contra ao Império!
    Apoio tudo que possa apontar para um caminho diferente ao que seguimos hoje!
    Talvez o caminho certo ainda não foi trilhado, mas continuar nesse...é insuportável!
    Grato Eduardo.

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  3. Voce e contra o controle midiatico da midia,e parece que da de ombros ao controle criminoso de maduro e seu regime ultra genocida devidamente comprovado pelo seus ex apoiadores?

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  4. As grandes corporações definem a Estratégia, a Midia induz/incendeia as Massas, e os Politicos apresentam a solução, como resposta à vontade do Povo.
    Irmão luta e mata irmão.
    As grandes corporações (ou será apenas uma?) não lutam entre si. No pior resultado elas dividem os lucros. Pois os prejuizos todos sabemos quem paga. A solução é ganhar tempo e perder dinheiro. Dividir o tempo com os irmaos. E usar o talento de cada um para ajudar o proximo. O juro do dinheiro ser zero, mas o tempo esse, tem de ser cada vez mais inflacionado em qualidade de vida.

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