A “ajuda humanitária” seguia pela estrada, em carretas cheias
de gente nas cabines, nos estribos dos caminhões, carros, furgões e até helicópteros
de veículos de comunicação do mundo todo, sobretudo Estados Unidos, Europa e América
Latina. Em território colombiano, o comboio embandeirado rumava pra fronteira
da Venezuela, que recusava a tal “ajuda” e denunciava a farsa interesseira,
lobo em pele de cordeiro. A cobertura jornalística empresarial estava ali na função
de dar crédito à farsa. Na ponte sobre o rio que fazia a divisa, o cenário
estava montado.
“O cenário era com todas as luzes: os presidentes de
Colômbia, Paraguai, Chile, funcionários do mais alto nível da administração dos
Estados Unidos estavam presentes, artistas reconhecidos internacionalmente
haviam se apresentado. Todos contra o governo venezuelano, numa entrada pela
força previsto para acontecer por três pontes internacionais, que unem os
países.”
O espetáculo foi todo programado, uma festa foi organizada
pra repetir as denúncias de violações de direitos humanos na Venezuela, por países entidades, grupos e pessoas com histórico de violações dos direitos humanos, em
locais, regiões e países do mundo inteiro. Contam com a desinformação, com a
ignorância, com a psicologia do inconsciente, estudos profundos de antropologia,
sociologia e todo conhecimento preciso na estratégia do controle das
mentalidades, na deformação da realidade, na demonização de tudo que se oponha
aos seus interesses. Por isso, convencem.
Meios de comunicação empresariais, agências internacionais,
corporações midiáticas de diferentes países, estavam a postos, prontos pra fazer suas narrativas
e os efeitos cênicos da chamada “ajuda humanitária” na tentativa de romper
fronteira adentro da Venezuela.
As pontes estavam bloqueadas pela Venezuela, o exército estava
nas barreiras, do lado venezuelano. Os caminhões tiveram que parar, depois de
tentativas cinematográficas de romper os bloqueios. Tumulto, gritos, até que
apareceram voando coquetéis molotov, em chamas e na direção dos venezuelanos.
Um deles explodiu numa carreta, incendiando a lona e parte da carga. Os jornais
pipocaram, histéricos, a oposição venezuelana e até o vice-presidente dos
Estados Unidos declarando que Maduro “estava disposto a tudo” pra se segurar no
poder. "Mostrando" a violência do governo venezuelano contra a "ajuda humanitária".
Mas havia também jornalistas da Telesur, colocados em todas
as pontes, que puderam mostrar o outro lado da história. Foram os próprios invasores
que, errando o alvo, incendiaram a lona e parte da carga. E, sem querer, mostraram o que havia no meio do que
se podia chamar de “ajuda humanitária”, um monte de cavaletes bloqueadores de
estradas, ferramentas e apetrechos para manifestações, seguindo o plano de
criar o caos interno pra enfraquecer e derrubar o governo da Venezuela. Grupos
mercenários, traidores venezuelanos a serviço das corporações internacionais,
infiltrados gringos e colombianos seriam apresentados pela mídia como “combatentes
da liberdade”, na intenção de ganhar apoio da opinião pública a uma guerra civil pra conseguir essa derrubada. Na intenção colonizadora, como em toda a América Latina.
A Telesur junto com um punhado de outras agências, como a
Hispan TV, desmontaram a farsa. Uma semana depois, vários meios reconheceram o
erro, como o New York Times. Teria sido tarde demais, a Venezuela estaria
queimando se não fosse a divulgação por meios alternativos. A Telesur tem raiz
latinoamericana e interesse latinoamericano, nascida há quinze anos na
Venezuela, com a participação de Argentina, Uruguai e Brasil. Este, depois do
golpe, abandonou o consórcio público de notícias. Claro, voltou a servir ao seu
senhor mais antigo, o interesse imperial corporativo euro-estadunidense –
sobretudo o estadunidense. Voltamos a colônia, embora não possamos dizer que
tenhamos deixado de ser. Mas estávamos a caminho – tão lentamente que os passos
foram interrompidos por um golpe forjado e pelo controle das mentes pela mídia,
lavagem atualmente estendida às redes sociais.
Eduardo Marinho
Em español:
https://www.telesurtv.net/opinion/El-continente-que-seria-invisible-sin-teleSUR-20200724-0039.html?utm_source=planisys&utm_medium=NewsletterEspa%C3%B1ol&utm_campaign=NewsletterEspa%C3%B1ol&utm_content=41
Que facilidade de observação do todo você tem! Parabéns. Agora mudando de assunto, onde está o link "ver o trampo" ? Não estou achando no seu blog.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirApoio tudo que for contra ao Império!
ResponderExcluirApoio tudo que possa apontar para um caminho diferente ao que seguimos hoje!
Talvez o caminho certo ainda não foi trilhado, mas continuar nesse...é insuportável!
Grato Eduardo.
Voce e contra o controle midiatico da midia,e parece que da de ombros ao controle criminoso de maduro e seu regime ultra genocida devidamente comprovado pelo seus ex apoiadores?
ResponderExcluirAs grandes corporações definem a Estratégia, a Midia induz/incendeia as Massas, e os Politicos apresentam a solução, como resposta à vontade do Povo.
ResponderExcluirIrmão luta e mata irmão.
As grandes corporações (ou será apenas uma?) não lutam entre si. No pior resultado elas dividem os lucros. Pois os prejuizos todos sabemos quem paga. A solução é ganhar tempo e perder dinheiro. Dividir o tempo com os irmaos. E usar o talento de cada um para ajudar o proximo. O juro do dinheiro ser zero, mas o tempo esse, tem de ser cada vez mais inflacionado em qualidade de vida.