Obviamente é perseguido sob qualquer pretexto para que se cale. Está refugiado na embaixada do Equador, em Londres, cercado pela polícia londrina, que ameaçou mas não se atreveu a invadir a representação.
Ele mantém um programa de entrevistas e, neste, entrevistou Rafael Correa.
Rafael dá um espetáculo de clareza e concisão. Tem espírito o cara.
Começa falando das relações com os Estados Unidos, explica depois a expulsão da embaixadora, coisa escondida por nossa mídia que tratou o assunto como uma loucura ou tirania do governo do Equador - não assisti, apenas suponho.
Explica também aquele movimento policial que chegou a fazê-lo refém por uns momentos. A infiltração da CIA nas forças de segurança é impressionante, embora não surpreendente. É prática cotidiana nas atribuições que esta agência se dá, ao violar soberanias no interesse das empresas que comandam seus governos. Sua existência é conhecida, reconhecida, denunciada, desmascarada inúmeras vezes na história mundial. Não há país latinoamericano que tenha escapado disso. E nenhum se livrou por completo, apesar de vermos processos avançados, sempre malditos pelas mídias privadas do mundo inteiro - Cuba, Venezuela, Bolívia, Equador, Nicarágua e alguns países caribenhos formam a ALBA, alternativa de união para mútuo apoio e criação de independência econômica e política das imposições de sacrifícios às populações para benefício do punhado mais rico, acostumado a fazer e desfazer, de acordo com seus interesses, o que bem entendem com as sociedades.
Rafael Correa comenta o assunto crucial que tenho levantado. Acredito ser determinante, neste estado de barbárie, a atuação da mídia, das comunicações controladas por interesses econômicos. O governo do Equador apresentou ao congresso uma proposta que divide o espaço das comunicações em três setores iguais. Um terço para a mídia comercial, outro terço para atividades comunitárias e o último para o poder público, incluídos os poderes federais, estaduais e municipais. A proposta está no congresso equatoriano mas não é votada, porque a maioria parlamentar deve serviço aos magnatas da mídia e de outros poderes econômicos, sempre associados à mídia privada por interesses comuns, sobretudo de se servir do que é público. É como no Brasil.
Ele coincide comigo em estabelecer a diferença entre os que servem à população e os que se servem dela. Eu ainda faria diferença entre os que pretendem servir, mas não sabem como, os que não conhecem a população e seus códigos, os que querem mas em troca de cargos dirigentes e os que servem no cotidiano, sem querer nada pra si, além da satisfação de ver as coisas caminhando para melhorar, através da conscientização geral, da tomada de decisões por assembléias informadas e em condição de decidir.
Aponta a diminuição do poder das corporações imperiais - "sobretudo o financeiro" - e pede pro Wikileaks publicar tudo o que achou sobre o Equador - e ilustra com uma passagem significativa de comunicados secretos entre a embaixada e o governo dos Estados Unidos sobre o governo equatoriano. Declara a inevitabilidade do confronto em algumas áreas. Mas confrontos com a corrupção, com a exploração, com a interferência indevida, com o predomínio dos interesses privados sobre as sociedades.
Pra quem não sabe, existe um Wikileaks Brasil e inúmeros outros espalhados em outros países, não posso dizer em todos, mas tomara fosse.
Desnecessário afirmar a necessidade de divulgação deste material no acendimento de luzes no mundo.
Sobre Julian Assange, abrir a reportagem abaixo ("mais informações") e clicar sobre o nome Assange escrito em vermelho. Vários artigos a respeito.
Assange: “Barack Obama é
um lobo em pele de cordeiro”
7 NOVIEMBRE 2012
“Obama parece ser uma boa pessoa e é
exatamente esse o problema. Um cordeiro com pele de lobo é melhor que um lobo
com pele de cordeiro”, afirmou Assange. E previu novos ataques contra o saite WikiLeaks por parte do governo estadounidense.
“Toda a actividade dos Estados Unidos contra o WikiLeaks começou durante a administração
Obama”, acrescentou.
Assange apelou aos USA
para libertar Bradley Manning,
o soldado acusado de revelar uma enorme quantidade de documentos secretos
militares y que está em confinamento solitário numa prisão militar há mais de
dois anos
“A eleição de Barack
Obama coincide com o dia 899 da prisão de Bradley Manning”, disse Julian.
O WikiLeaks enfureceu
Washington em 2010, ao revelar milhares de documentos dos Estados Unidos sobre
as guerras no Iraque
e no Afeganistão e
constrangedoras comunicações diplomáticas das embaixadas estadunidenses, no
mundo inteiro. Julian Assange foi detido no mesmo ano.
O jornalista
australiano, que está refugiado na embaixada do Equador em Londres, nega as acusações
de delitos sexuais que lhe são feitas. Afirma que se é extraditado para a Suécia,
pode ser enviado depois aos Estados Unidos, onde enfrentaria un tratamento igual
ao de Manning, ou mesmo la pena de morte.
Na semana passada, o
WikiLeaks começou a publicar mais de cem arquivos confidenciais ou de acesso
restrito do departamento de defesa estadunidense, revelando normas e
procedimentos em prisões sob custódia militar dos Estados Unidos.
Ótima entrevista, perguntas bem formuladas - e o melhor - bem respondidas.
ResponderExcluirExcelente!
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