sexta-feira, 27 de maio de 2011

Realengo – a farsa da mídia

          Agora que o assunto esfriou na mídia e os ânimos serenaram, pode se perceber os sinais de farsa, por trás da tragédia de Realengo. Uma farsa no comportamento da própria mídia privada, em suas distorções e omissões deliberadas.
          A facilidade de acesso a instruções sobre armas, atentados e diversos conhecimentos bélicos através da net, por exemplo, as escandalosas estatísticas sobre o número de armas legais que cai nas mãos da bandidagem comum ou fardada (inegável parcela das polícias pode ser chamada assim), além do tráfico de armas do exterior, o que faz o mercado ilegal de armas farto e facilita o acesso, nada disso é mencionado. Haveria o dedo da indústria de armamentos, por trás deste silêncio? Ou dos empresários do tráfico, os donos de verdade, que possuem empresas para a lavagem do dinheiro e circulam tranqüilos, nos altos círculos sociais, políticos e financeiros, alheios às operações de fachada da chamada “guerra ao tráfico”?
          O fato de Wellington, o assassino suicida, ter sido vítima de massacres psicológicos e físicos durante os anos da infância e adolescência, por seu temperamento arredio, introspectivo e tímido, entre a exclusão, o deboche, os espancamentos e as humilhações – várias vezes, nos banheiros, sua cabeça foi enfiada em vasos sanitários com a descarga acionada – não foi levantado, passou por uma menção superficial. Transformado em vítima da coletividade, teve diagnosticada esquizofrenia, mas não teve tratamento nem acompanhamento. O mesmo Estado que o diagnosticou lhe negou acesso a assistência.
          O questionamento da precariedade dos serviços básicos, obrigação do Estado, na educação e na saúde, no caso, é proibido na mídia. Trata-se de “custo social”, expressão mentirosa que traz embutida a idéia de contenção, restrição, senão a eliminação de tais “custos”(na verdade, investimentos com alto retorno social), pra que o tal superávit primário seja oferecido aos bancos internacionais para o pagamento dos juros de uma dívida “pública” que não acaba e os bancos estatais invistam nas empresas privadas, ao custo da ignorância, da inconsciência e do sofrimento de uma enorme parcela da população – onde vivem os mais necessários e desprezados da sociedade.
          A cobertura repulsiva da mídia privada também omite o chamado a Jesus, na carta deixada por Wellington, onde explica os porquês de sua atitude desarvorada. Com todas as expressões de fanatismo religioso, o assassino foi ligado ao islã, o tronco religioso predominante na área com maior concentração de petróleo do planeta, e a frase em que afirma sua crença de que Jesus, em pessoa, o virá buscar foi retirada na publicação do texto. Uma atitude criminosa, comum à mídia privada nos países comandados direta ou indiretamente por interesses empresariais, na preparação da opinião pública “mundial” para aceitar – e mesmo apoiar – a intervenção e subjugação desses territórios “bárbaros” e qualhados de terroristas pela civilização cristã ocidental, representada pelos mísseis da OTAN, pelas forças de operações especiais, pelos bombardeios “humanitários”, pelos exércitos invasores que precedem as grandes empresas – petroleiras, de (re)construção, de segurança privada (os mercenários) – e a imposição de democracias fantoches – está ficando difícil sustentar as ditaduras “amigas”, atualmente – nas mãos do império corporativo americano e seu satélites europeus, remanescentes de antigos colonialismos.
          Governos, hoje, representam empresas, não povos. Constituições são ignoradas. Estados não cumprem sua lei maior e são transformados em criminosos contra seus povos, negando-lhes os direitos básicos para oferecer privilégios às minorias dominantes.
          A ideologia do egoísmo, da competição constante e desenfreada, implantada na educação de crianças, jovens e adolescentes em todo o sistema de educação – onde o ensino público, próximo à barbárie, não merece o nome – transforma a vida numa arena de todos contra todos. Prepara competidores para o mercado de trabalho, onde o prêmio aos poucos “vencedores” é o maior acesso ao mercado de consumo. Não interessa formar seres humanos para se integrarem numa sociedade voltada ao bem estar de todos os seus componentes. A estrutura social se baseia na exclusão, na ignorância, na alienação e na exploração da esmagadora maioria da população.
          Cada vez mais se percebe o papel da mídia privada na manutenção dessa estrutura torta, mentindo, distorcendo, induzindo, pressionando. É preciso desacreditar a indústria da desinformação, é preciso tomar o espaço público das comunicações do controle privado, é preciso pulverizar e popularizar o chamado espectro magnético, é preciso respeitar e incentivar a criação de TVs, rádios, revistas e jornais populares, de bairros, associações, sindicatos, movimentos sociais, comunidades, em todas as cidades e regiões. Não só do país, mas da América Latina e do mundo. É preciso tomar consciência e parar de acreditar nas mentiras que nos acorrentam, jorrando da publicidade massiva, em todas as partes, revistas, jornais, rádios e das televisões em nossas salas, criando visões de mundo e valores falsos, desejos de consumos impossíveis, objetivos de vida frustrantes e interpretações distorcidas da realidade.

Eduardo Marinho, 27 de maio de 2011.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Flaskô, um exemplo a ser divulgado

A fábrica acumulava dívidas. Impostos, previdência, fundo de garantia dos trabalhadores, anos de dívidas, para sustentar o luxo dos patrões, iates, mansões, excessos. No limite da situação, o procedimento padrão. Declara-se falência, despede-se os funcionários, fecha-se a fábrica, rola-se na justiça a perder de vista, muda-se de lugar e abre-se outro negócio, pra novo ciclo de mais do mesmo. Os demitidos que se danem.

Na Flaskô, os funcionários impediram esse procedimento, quebrando os cadeados, entrando e pondo a fábrica pra funcionar. Sem os patrões, começaram a pagar as dívidas da fábrica, melhoraram o ambiente de trabalho, diminuíram a carga horária, aumentando a produção, e fizeram benfeitorias que jamais seriam feitas sob controle daqueles que se julgam seres humanos superiores (fazendo o enorme favor de permitir aos operários serem explorados até o talo, com salários insuficientes, condições de trabalho exaustivas e nenhum benefício, além de não pagarem as taxas, impostos e outros, devidos por lei).

Claro que a mídia omitiu o fato. Seria um péssimo exemplo para a massa trabalhadora, um precedente perigoso aos patrões - que controlam a mídia -, uma prova de como os patrões são, não só desnecessários, mas obstáculos ao funcionamento das empresas, no que diz respeito à qualidade de vida dos funcionários, para criar condições de luxo, excessos, ostentações e desperdícios para os donos, à custa da exploração da coletividade. O sistema foi atirado para cima desses "subversivos", a polícia federal invadiu a área, prendeu os integrantes da comissão da fábrica, mas nada adiantou. Os operários conseguiram passar por tudo e a fábrica continua a pleno vapor. Um exemplo a ser divulgado.

Abraços a todos,

Eduardo. >>> http://observareabsorver.blogspot.com/



Trabalhadores organizados da Flaskô lançam manifesto por apoio ao movimento

6/5/2011 11:45, Por Redação - de Sumaré, SP



Os trabalhadores da Flaskô vivem uma democracia operária

Os trabalhadores da indústria Flaskô completam, em 12 de junho, oito anos de ocupação e controle operário da fábrica. Diante da crise mundial do capitalismo e a decisão dos patrões de fechar a fábrica, os trabalhadores organizaram-se para manter a atividade econômica e conservar os empregos. Ao ocupar a fábrica e tomar seu controle administrativo e operacional, os funcionários da companhia deram início a uma experiência inovadora no país.Sem o patrão e a partir do controle operário, da democracia operária, desde a ocupação foi reduzida a jornada de trabalho para 30 horas semanais, sem redução nos salários.

O coletivo operário, em conjunto com famílias da região, ocupou o terreno no entorno das instalações fabrís e constroem, atualmente, a Vila Operária e Popular com moradia para mais de 560 famílias. Sem a presença do industrial no comando, os operários e as operárias reativaram um galpão abandonado e iniciaram o projeto Fábrica de Cultura e Esporte, com teatro, cinema, judô, futebol, balé e dança. Além de cursos e atividades de formação. Desde o início os operários defenderam a estatização da fábrica sob controle dos trabalhadores diante das dívidas dos patrões com o Estado.

Desde o inicio, o movimento se somou à luta do conjunto da classe trabalhadora e passou a defender a reforma agrária, ao lado dos trabalhadores do campo, e pela luta por moradias, na reforma urbana, ao lado dos trabalhadores sem-teto; além de contribuir na luta contra os patrões em dezenas e dezenas de fábricas. Da mesma forma, os trabalhadores da Flaskô manifestam-se favoráveis a que serviços públicos, como saúde, educação, transporte e segurança sejam estatizados e levados à totalidade da população brasileira. Lutaram desde o inicio pela reestatização das ferrovias, junto aos ferroviários, pela reestatização da Vale do Rio Doce e da Embraer e por uma Petrobrás 100% estatal.

O movimento organizado da Flaskô uniu-se ao Movimento das Fábricas Ocupadas em conjunto com os operários da Cipla e Interfibra 8, nas caravanas a Brasília para exigir a estatização daquelas plantas industriais. Assim, organizaram conferências, seminários, encontros nacionais e internacionais, além de manifestações por todo o país, para discutir com a sociedade brasileira as alternativas ao atual modelo econômico. Atualmente, desenvolvem campanha para que a Prefeitura de Sumaré (SP) declare a Fábrica e toda a área em volta como de Interesse Social, um passo decisivo no caminho da desapropriação das propriedades para a sua definitiva estatização, sob o controle dos trabalhadores.

Nesta sexta-feira, o movimento convocou todas as organizações operárias, estudantis, sindicatos, partidos e organizações políticas e personalidades a ajudar na luta dos trabalhadores daquela indústria, para que consigam seguir adiante até alcançar seu objetivo, na Declaração de Interesse Social da Flaskô, que permitirá regularização de 560 moradias na Vila Operária e a transformação da Fábrica de Cultura e Esportes num verdadeiro centro cultural e esportivo público. No endereço http://fabricasocupadas.org.br/site/?page_id=1469 pode ser assinado o manifesto em apoio à fábrica ocupada.

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Mais sobre a Flaskô - http://rebococaido.blogspot.com/2011/05/canal-tv-flasko.html
                                  http://miseriahq.blogspot.com/search/label/FLASK%C3%94

terça-feira, 3 de maio de 2011

Mentiras e crimes midiáticos

Dez guerras, dez mentiras


1) Vietnã (1964-1975)

Mentira midiática: Nos dias 2 e 3 de agosto o Vietnã do Norte teria atacado dois barcos dos Estados Unidos na baía de Tonkin.
O que se saberá mais tarde: Esse ataque não aconteceu. Foi uma invenção da Casa Branca.
Verdadeiro objetivo: Impedir a independência de Vietnã e manter o domínio dos Estados Unidos na região
Conseqüências: Milhões de vítimas, malformações genéticas (agente laranja), enormes problemas sociais.

2) Granada (1983)

Mentira midiática:: A pequena ilha do Caribe foi acusada de que nela se construía uma base militar soviética e de trazer perigo à vida de médicos americanos.
O que se saberá mais tarde: Absolutamente falso. O Presidente Reagan inventou esses pretextos.
Verdadeiro objetivo: Impedir as reformas sociais e democráticas do premiê Bishop (depois assassinado)
Conseqüências: Brutal repressão e restabelecimento da tutela de Washington.

3) Panamá (1989)

Mentira midiática: A invasão tinha o objetivo de prender o presidente Noriega por tráfico de drogas.
O que se saberá mais tarde: Formado pela CIA o presidente Noriega reclamava a soberania ao fim do acordo do canal, o que era intolerável para os Estados Unidos.
Verdadeiro objetivo: Manter o controle dos Estados Unidos sobre essa estratégica via de comunicação.
Conseqüências: Os bombardeios dos Estados Unidos mataram entre 2 e 4 mil civis, ignorados pelos meios.

4) Iraque (1991)

Mentira midiática: Os iraquianos teriam destruído parte da maternidade da cidade de Kuwait.
O que se saberá mais tarde: Invenção total da agência publicitária Hill e Knowlton, paga pelo emir de Kuwait.
Verdadeiro objetivo: Impedir que o Oriente Médio resista a Israel e se comporte com independência em relação aos Estados Unidos.
Conseqüências: Inumeráveis vítimas da guerra, depois um longo embargo, inclusive de medicamentos.

5) Somália (1993)

Mentira midiática: O senhor Kouchner aparece na cena como herói de uma intervenção humanitária.
O que se saberá mais tarde: Quatro sociedades americanas tinham comprado uma quarta parte do subsolo somali, rico em petróleo.
Verdadeiro objetivo: Controlar uma região militarmente estratégica.
Conseqüências: Não conseguindo controlar a região os Estados Unidos a manterão num prolongado caos.

6) Bósnia (1992-1995)

Mentira midiática: A empresa americana Ruder Finn e Bernard Kouchner divulga a existência de campos de extermínio sérvios.
O que se saberá mais tarde: Ruder Finn e Kouchner mentiram. Eram apenas campos de prisioneiros. O presidente muçulmano Izetbegovic o admitiu.
Verdadeiro objetivo: Quebrar uma Iugoslávia demasiado esquerdista, eliminar seu sistema social, submeter a zona às multinacionais, controlar o Danúbio e as estratégicas rotas dos Bálcãs.
Conseqüências: Quatro atrozes anos de guerra para todas as nacionalidades (muçulmanos, sérvios, croatas). Provocada por Berlin, prolongada por Washington.

7) Iugoslávia (1999)

Mentira midiática: Os sérvios cometem um genocídio contra os albaneses do Kosovo.
O que se saberá mais tarde: Pura e simples invenção da OTAN como o reconheceu Jaime Shea, seu porta-voz oficial.
Verdadeiro objetivo: Impor o domínio da OTAN nos Bálcãs e sua transformação em polícia do mundo. Instalar uma base militar americana no Kosovo.
Conseqüências: Duas mil vítimas dos bombardeios da OTAN. Limpeza étnica de Kosovo pelo UCK, protegido pela OTAN.

8) Afeganistão (2001)

Mentira midiática: Bush pretende vingar o 11 de setembro e capturar Bin Laden
O que se saberá mais tarde: Não existe nenhuma prova da existência dessa rede. Além disso, os talibãs tinham proposto extraditar Bin Laden.
Verdadeiro objetivo: Controlar militarmente o centro estratégico da Ásia, construir um oleoduto que permitisse controlar o abastecimento energético do sul da Ásia.
Conseqüências: Ocupação extremamente prolongada e grande aumento da produção e tráfico de ópio.

9) Iraque (2003)

Mentira midiática:: Saddam teria perigosas armas de destruição, afirmou Colin Powell nas Nações Unidas, mostrando provas.
O que se saberá mais tarde: A Casa Branca ordenou falsificar esses relatórios (assunto Libby) ou fabricá-los.
Verdadeiro objetivo: Controlar todo o petróleo e chantagear seus rivais; Europa, Japão, China…
Conseqüências: Iraque submerso na barbárie, as mulheres devolvidas à submissão e ao obscurantismo.

10) Venezuela – Equador (2008?)

Mentira midiática: Chávez apoiaria o terrorismo, importaria armas, seria um ditador (depois do golpe fracassado, a razão definitiva ficou meio vaga).
Verdadeiro objetivo: As multinacionais querem seguir com o controle petroleiro e de outras riquezas de toda América Latina, temem a libertação social e democrática do continente.
Conseqüências: Washington empreende uma guerra global contra o continente: golpes de estado, sabotagens econômicas, chantagens, estabelecimento de bases militares próximas às riquezas naturais.

Fonte - Blog do Mello blogdomello.blogspot.com


Agora é por minha conta.

Manifestação pelas eleições diretas lota o centro de São Paulo. A mídia diz que é a comemoração do aniversário da cidade. Motivo: medo da "democracia" planejada se descontrolar e abrir espaço pras denúncias do sem número de crimes cometidos pelas instituições contra a população.

Terremoto no Haiti. A primeira "ajuda" oficial chega no dia seguinte, dos Estados Unidos. Não traz remédios nem médicos, mas soldados, armas, tanques, navios de guerra e aviões de combate, numa mobilização militar que demorou, com certeza, meses sendo preparada. Desconfia-se do Projeto Haarp, a mídia ridiculariza.
A Venezuela havia acertado com Cuba a instalação de um cabo submarino para internet banda larga chegar à ilha, boicotada há 50 anos pelo bloqueio criminoso que pretendia sufocar a economia de Cuba. Esta, mesmo sacrificada, manteve as empresas multinacionais fora da sua área e não permitiu a lavagem cerebral que é especialidade da publicidade comercial. O Haiti fica entre Cuba e Venezuela, eixo de resistência ao controle de grandes empresas sobre os Estados submetidos. Os USA, império das corporações, não se conforma e acusa o "eixo do mal" latinoamericano.
Médicos e enfermeiros cubanos já estavam no Haiti havia muito tempo e recebem reforços depois do terremoto, via marítima. A mídia não divulga. Aviões com ajuda humanitária vindos da Europa reclamam não poder aterrissar no aeroporto de Porto Príncipe, tomado pelas movimentações militares dos Estados Unidos. São obrigados a pousar na República Dominicana e seguir por terra. O general brasileiro comandante da MINUSTAH (embolação militar de vários países instalada no Haiti, depois do presidente eleito, Jean Bertrand Aristide, ser seqüestrado pelos marines e levado à África do Sul, sob o protesto em massa dos haitianos, que precisaram ser reprimidos com violência militar), reclama do desrespeito "americano", chegando sem aviso e se espalhando sem dar a menor satisfação. Não entendo a estranheza, a quarta frota desfila pelo nosso litoral, nos vigiando em nome do ambicionado pré-sal petroleiro. A mídia não deu nada disso e quando deu, foi distorcido em mentiras descaradas.

Prefeito do Rio, eleito por campanha milionária financiada em grande parte por construtoras, assume com a notícia da remoção de 199 comunidades pobres, "para salvá-las dos riscos de desabamentos". As comunidades protestam em desespero. As áreas apontadas são todas de recente valorização imobiliária. A mídia apóia e comemora.

Durante a campanha presidencial, a mídia levanta e martela o tema aborto. O assunto é da alçada do congresso, sem nada a ver com a presidência. Mas serve à tentativa de levantar a campanha do Serra, candidato das oligarquias mais conservadoras, mais tiranas e anti-população. É um desvio dos assuntos mais importantes, mas fracassa. A mídia silencia e se adequa. Dilma vai à Ana Maria Braga.

A conferência nacional de comunicações passa batido, no ano passado. Acompanho algumas movimentações, os representantes da mídia privada comparecem para atravancar o processo, e conseguem. Visito o blog da conferência e fico constrangido. Pouco mais de vinte seguidores. O assunto é de interesse nacional, a pulverização do espectro magnético é fundamental pra acabar com a ditadura midiática e levantar discussões relevantes e informações mais próximas da realidade à população, abrir espaço pra comunicação do povo brasileiro nas comunidades, bairros, sindicatos, escolas e outros grupos. Os enviados da mídia privada atravancam tudo o que podem, com sucesso. O noticiário não noticia.

A mídia histérica saltita em torno da CPI dos "cartões corporativos", denunciando o mau uso das verbas públicas pelos membros do governo do PT, somando um montante de 260 milhões de reais. São dois meses de martelação, todos os dias, várias vezes. Ao mesmo tempo é instaurada a CPI da dívida pública, criada e aumentada de forma suspeita e nunca auditada. Em todos os lugares do mundo onde houve auditoria de dívida pública, houve comprovação de fraude e a dívida foi tremendamente reduzida, inclusive no Brasil, na época de Getúlio Vargas. Por isso as forças econômicas mundiais e locais se levantaram, a mídia fechou o cerco em cima dele e tantas pressões se levantaram que, na iminência de um golpe de Estado, ele se suicidou, desfazendo as condições para tal golpe, que ficou na estufa por dez anos, até estourar em 64. A CPI da dívida pública tratava de um montante de 26 bilhões de reais. A mídia não deu nada. Dessa CPI, não se tomou conhecimento. Foi a óbito silenciosamente.

As comunidades do Complexo do Alemão são ocupadas por tropas armadas do Exército, da Marinha e das polícias, militar, civil e federal. A mídia exulta com a "reconquista" desse território abandonado desde sempre, que só recebe alguma coisa em véspera de eleições, em troca de votos. Centenas de soldados do tráfico são vistos fugindo por uma estrada que liga a Vila Cruzeiro ao Morro do Alemão. Uma operação dessa envergadura é feita com planejamento minucioso sobre um mapa detalhado da área, conhece-se de antemão todas as possíveis rotas de fuga. O general comandante reconhece a "falha". Na verdade, não havia como levar tantos presos ao sistema carcerário já superlotado. Os bandidos somem nos esgotos, fogem em bandos, roubam carros. Um morador avisa que um carro da polícia da região dos lagos deu fuga a vários "oficiais" do tráfico. Outro denuncia uma caminhonete que descarregou armamento pesado para o tráfico, durante o conflito. Morros em Niterói que nunca tiveram tráfico começam a ter. Macaé explode em criminalidade, encabeçando o aumendo de toda região dos lagos. A mídia dá por encerrado o conflito no Alemão, enquanto a Angutv, do Raízes em Movimento, na subida do Morro do Alemão, anuncia estar havendo tiroteio naquele momento, próximo ao centro cultural. Policiais espancam moradores, invadem suas casas, esvaziam suas geladeiras, levam seus pertences, seu dinheiro, matam "por engano"(ops, foi mal), jogam corpos aos porcos. A mídia comemora, o mercado imobiliário exulta, milícias avisam aos moto-táxis que eles vão ter que pagar pedágio pra circular no complexo. Uma facção criminosa é expulsa - pois se recusou a pagar aluguel de favela pra milícia. Outra ocupará o seu lugar, topou a parada e já paga o aluguel de algumas favelas, onde trafica sob a proteção e o comando de milícia. A mídia "não sabe" de nada disso.

Os exemplos são infinitos, paro pra não encher demais o espaço. O fato da mídia privada cometer e apoiar tantos crimes contra a população, o Estado, os recursos naturais, o direito de informação, etc, e não acontecer nada com ela é sinal de que está mancomunada com o real poder, acima das instituições do país, o poder econômico mundial de bancos e indústrias corporativas do "primeiro mundo", suas sucursais e aliados locais, que nos tratam, aos povos do "terceiro mundo", como mão de obra escrava, massa de manobra e lixo (qual seria o "segundo mundo"?) Essa subordinação dos "nossos" poderes precisa ser vista pra ser trabalhada e debelada, pra acabar com a indignidade da miséria e da ignorância. A subalternidade cultural das classes médias é um fator paralisante. Até mesmo os que se dizem "revolucionários" são seguidores de idéias européias, como se apenas do continente que levou o genocídio, a exploração, as doenças, o roubo dos recursos, a miséria estrutural a todos os outros continentes pudesse vir a revolução dos povos. É de chorar, mas eu fico no riso amargo e faço meu trabalho. Para gerações ainda vindouras e as exceções da atualidade.

Ninguém denuncia a mídia privada. E ainda se acredita nela. Até quando, divindade?

observar e absorver

Aqui procuramos causar reflexão.