segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Extermínio dos Guarani Kaiowa. Passo Piraju.

Com a situação que se apresenta extrema, à beira da finalização do extermínio, os originários estão cercados pelos fazendeiros e seus capangas criminosos, que babam de ódio e sede de morte contra os "obstáculos" ao roubo do último pedaço de terra que lhes resta. O objetivo é claramente desaparecer com eles. A civilização que se apresenta como avançada destrói tudo que se encontra em seu caminho e não serve aos seus interesses - a economia e a propriedade acima da vida, o lucro acima da preservação de culturas e ambientes, a força das armas acima da justiça. E os povos que resistem à dizimação há quinhentos anos, espancados e mortos cultural e fisicamente, estão reduzidos aos seus últimos integrantes, sob o silêncio criminoso dos meios de comunicação comerciais e da sociedade como um todo. As exceções se apresentam, se desesperam, se envergonham, se mobilizam.

Pedro Rios é o cara que presenciou e registrou parte da barbárie de Pinheirinhos, quando um bairro inteiro, com 1600 famílias, instalado e funcionando normalmente havia oito anos (o usucapião, que lhes dava o direito de posse sobre o terreno abandonado pelo rico empresário que nunca pagou imposto predial pela área - massa falida do tal morcegão Naji Nahas - é de dois anos) foi atacado pelas forças de segurança que fez um combate de terra arrasada, matando, ferindo, destruindo, atacando velhos, crianças, cachorros, mulheres, homens, deficientes, tudo o que respirasse. Casas derrubadas, móveis quebrados, até as árvores do bairro foram arrancadas ou derrubadas. Depois, Pedro se acorrentou em frente à sede da Rede Globo, no Jardim Botânico, Rio de Janeiro, em greve de fome contra a omissão desta emissora criminosa. Durante dias permaneceu ali, até que as forças públicas, sempre elas, vieram pra cima dele, retirando todo o material de apoio, de madrugada, como é o costume. Mas o trabalho estava feito.

Agora Pedro se deslocou para o acampamento dos indígenas para morrer junto com eles, como ele mesmo disse. Esse menino tem disposição, mesmo. Exemplo de militância, não doutrinária, mas humana, ele tá em risco de morte por jagunços, como os índios têm sido cotidianamente. As causas de mortes desse grupo há tempos são os assassinatos e os suicídios. E a população dorme, entre narcóticos midiáticos e uma vida explorada, angustiante e vazia de sentido, enquanto a ganância comanda a sociedade, em nefasta promiscuidade público privada.

Sugeri, em comentário ao vídeo, que se pusesse legendas nas falas em língua dos guarani kaiowá, para que todos entendessem o discurso do cacique e os cantos.

Mais uma vez tive que sofrer a revolta, a vergonha e a tristeza de pertencer a uma sociedade tão injusta, perversa, assassina, desumana, egoísta, indiferente aos sofrimentos extremos que causa, por uma imposição secular de uma minoriazinha vampiresca que se aboleta sobre os poderes públicos, com suas riquezas roubadas e acumuladas por dinastias. São os grandes vampiros da humanidade, que contam com a colaboração inconsciente da maioria, mantida ignorante e desinformada, acreditando em valores falsos e notícias distorcidas, mentirosas e omissoras das realidades que nos cercam.

A existência de gente contestando e trabalhando no esclarecimento, na conscientização e na divulgação da realidade dá um conforto e um estímulo à existência. E à resistência. Pedro Rios é um. Não é o único, mas é um dos bons.

                   

Ato no Rio, pelo respeito aos povos originários, contra a derrubada da Casa do Índio, no Maracanã.


A impotência diante do massacre continuado, sob pretextos de dar nojo que não escondem a perversidade criminosa dos interesses no lucro, esse símbolo sacro-demoníaco da ideologia empresarista (ou elitista, para abranger mais tempo de sociedade), que já se chamou aristocracia, capitalismo e agora é o neo-liberalismo. Há quem diga que começou na década de 80, mas começou no início da sociedade humana, primeiro pelos mais fortes, depois pelos mais espertos, agora pelos mais ricos. O problema não tem sua raiz na estrutura social, mas no ser humano. Os dois escassos modelos que se apresentam - capitalismo e comunismo - encontram seus entraves numa hierarquização forçada. O primeiro comandado pelos que têm mais grana - num preconceito econômico-social - e o segundo pelos que têm mais "formação" - num preconceito intelecto-social. Não se considera a sabedoria, mas o saber, não se considera a vida, mas o patrimônio. E os dois são a maior furada.
Para ouvir a fala da lutadora Alda Silva, guarani kaiowá remanescente de família dizimada pela covardia civilizatória dos jagunços - e dos fazendeiros que os comandam, criminosos que têm no Estado seu maior cúmplice - eis o link:

Artigo de Eliane Brum, contundente, para ler clique no ridículo "mais informações".
(mais vários links de artigos relacionados)

Belo Monte, Anúncio de uma Guerra - filme completo

Há uma postagem neste blog a respeito de Belo Monte, mas não esse filme completo (acabo de ser avisado por uma grande irmãzinha que já postei esse filme. Verifiquei e vi que foi em junho, mas deixo mais uma vez porque o assunto é atual e agora está sob novo recrudescimento - já que a mídia comercial não divulga, quantos mais puderem fazer isso, melhor). Como o genocídio, o ecocídio, o constituicídio e o politicídio continuam, posto como reforço, como lembrança. É um esclarecimento sobre a farsa democrática. São as empresas financiadoras das campanhas desse governo que exigem a construção desse empreendimento criminoso, pois são mega construtoras. O resto do mundo condena, a OEA já declarou crime contra a humanidade, assim como a Comissão de Direitos Humanos da ONU. Mas o governo brasileiro respondeu, gentilmente, que isso é assunto interno do "Brasil" e que esses organismos não têm nada que se meter. "A gente sabe muito bem o que está fazendo" disse o "Brasil". E dá-lhe jagunços, repressão oficial, difamação pela mídia e barbárie no local.

É tanto descaramento que seria cômico, se não fosse tão trágico.

É preciso despertar, cambada. E não ficar passeando no chópim center.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Fotografo de Guerra / War Photographer


James Nachtwey (Jim) é um predestinado. Sua forte intuição o levou ao seu caminho. Impressionante em sua interiorização manifesta no seu comportamento introspectivo, executa o trabalho massacrante de mostrar ao mundo o que acontece, as conseqüências do modo de vida que aceitamos sem questionar sua origem. Expõe o resultado do consumismo desenfreado, do estímulo ao egoísmo e à indiferença com as dores da humanidade, embrenhado nos sofrimentos mais agudos aos quais não é imune, mas resiste, na função de retratar as dores mais agudas que essa estrutura tem produzido ao redor do mundo. Depois de vivenciar as tragédias da guerra, entre outras tragédias, ele resume as coisas e demonstra a consciência no seu trabalho.


Palavras de Jim:

"É cada vez mais difícil conseguir que as publicações se concentrem nestes temas críticos. Nunca foi fácil (vender as fotos denúncia que ele faz da barbárie a que está submetida enorme parcela da população planetária), mas creio que, nos últimos anos, tornou-se ainda mais e mais difícil. A nossa sociedade está mais interessada por entretenimento, celebridades e moda. Os anunciantes estão cansados de ver seus produtos serem apresentados junto com imagens de tragédias. Dizem que atrapalha as vendas."

"O objetivo do meu trabalho é aparecer nas mídias de massa. Não pretendo que minhas imagens sejam vistas como obras de arte. Na verdade são apenas uma forma de comunicação."

"A fome é, seguramente, a mais antiga arma de destruição em massa. É muito primitiva, mas muito eficaz."


Fiquei penalizado ao ver, na mina de enxofre da Indonésia (com cenas incríveis dos mineiros trabalhando em meio à densa fumaça tóxica, tossindo e trabalhando), a conversa de Jim com o grupo, onde apenas um falava inglês. Esse "tradutor" improvisado usava um boné com o símbolo da naique. Talvez como um símbolo de distinção. O inimigo está dentro das cabeças e passa despercebido. Ainda.

Sem nenhuma menção direta, o trabalho de Jim abre as cortinas da realidade e das suas causas.

As cenas são fortes, é preciso preparar o estômago pra esse golpe na consciência. Esse cara é precioso à humanidade inteira. Seu trabalho, mais ainda.


segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Guaranis Kaiowás pedem a morte




Gravíssima situação, à beira de mais um crime contra a humanidade. É a ameaça de extinção de mais uma etnia originária, anunciada e reportada, para que ninguém fique isento de responsabilidade nesta vergonha, mais uma pra coleção de torpezas sofridas pelos povos locais.

A história se arrasta há séculos, desde a chegada da civilização européia. Durante a época dos militares, tentou-se diluir os índios na sociedade, com uma série de medidas "culturicidas". A idéia imposta era a de que não havia mais índios, eram todos brasileiros. Ridículo, absurdo, de uma insensibilidade criminosa. Não podia dar certo, apesar de ter causado muito sofrimento e alguns genocídios que hoje devem ser investigados pela tal Comissão da Verdade. Os Waimiri Atroari, por exemplo, contam em mais de três mil o número de mortos, em meio à sua diáspora para a construção da estrada Manaus/Boa Vista.

Em 2012 a coisa recrudesce pro lado dos Guarani Kaiowá. Massacre em cima de massacre, lideranças mortas uma atrás da outra, isolamento do grupo remanescente entre grandes fazendas e assédio constante de jagunços, tiros a esmo de noite, pressão e perseguição, ódio constante, desprezo cultivado. Cansei de ouvir a frase "índio tem que morrer" em áreas onde convivem indígenas e latifúndios. Os "bugres" são vistos com repulsa, com desconfiança, com nojo, na mais perversa distorção da realidade, na habitual transformação das vítimas em culpados. Falta de humanidade, falta de justiça, falta de vergonha na cara.

Agora os Guarani lançam um documento em que anunciam sua morte coletiva. O índice de suicídio entre eles é altíssimo, causado pelas condições em que vivem os remanescentes dessa outrora grande tribo, pressionados de todos os lados para que não existam. Alguns êxitos jurídicos na direção dos seu direito às terras demarcadas e outorgadas, mas ocupadas por fazendeiros, levantaram o ódio dos invasores. O assédio da violência se tornou insuportável, os recursos inundaram o judiciário, a conivência de juízes atuou na direção de adiar a retomada das terras ancestrais para o dia de são nunca. Com a ordem de despejo dada por um juiz da região, cúmplice dos fazendeiros que desejam o fim desse povo que está no caminho dos seus lucros, da sua avidez territorial, os guaranis viram apagar a luz da esperança e já não desejam viver, apenas morrer e serem enterrados na terra dos seus ancestrais. Eles estão acampados à margem de um rio, área federal, não de fazendas, mas a ordem foi dada assim mesmo.

Estamos diante de um crime anunciado, mais uma demonstração dos valores exercidos em nossa sociedade pelos maus que gerenciam os poderes falsamente ditos públicos. Mais um sinal de como é vergonhosa a participação nesta coletividade "civilizada", com seus valores distorcidos e seu comportamento bandido contra tudo e todos os que não se adequam ao modo de vida estabelecido. Com um mínimo de dignidade, é necessário retirar de dentro de cada um de nós os condicionamentos e as mentiras plantadas com intenções de domínio e controle sobre a sociedade. É preciso contestar o comportamento criminosos cotidiano dessa civilização dos diabos. É preciso recusar e desobedecer as ordens tácitas do sistema. Chega de ânsia de consumo, chega de competição desenfreada, chega de avidez, de divinizar o lucro e desprezar a vida. Chega de crimes, de falsidades, de interesses mesquinhos. Despertar é preciso.

Abaixo, o asrtigo que traz a carta em que os Guarani Kaiowá anunciam sua decisão. Esta página da história será estudada, no futuro, com horror e espanto diante desta estrutura de sociedade assassina, a serviço dos mais perversos vampiros da humanidade. Todo o aparato público, de repressão, de leis, de justiça, de governos, etc, tudo foi controlado e posto a serviço dessa minoriazinha safada e perversa, capaz dos piores crimes em nome dos seus interesses de poder e patrimônio. Esta sociedade, em todas as suas nuances (com raras exceções localizadas e esterilizadas), é de envergonhar qualquer um com um mínimo de consciência, dignidade e sentimento humano. Há muitas outras informações sobre o que vem acontecendo nesse links e através deles se pode montar um painel dos últimos acontecimentos.

http://www.cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&conteudo_id=6553&action=read
http://www.cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&conteudo_id=6553&action=read&page=4

Audio do CIMI (Conselho Indigenista Missionário)
http://www.cimi.org.br/pub/Potyro/Potyro793.mp3

Não pensamos muito nisso, não faz parte da nossa realidade cotidiana. Mas o clima tenso é constante, dia e noite. A qualquer momento, tiros varam o acampamento guarani. A todo instante, ameaças de morte e extermínio. Acusações infundadas, reações criminalizadas, desqualificação preconceitual. Somos todos parte da responsabilidade por essa vergonhosa existência "civilizatória". Se esse é o preço do desenvolvimento, que porra de desenvolvimento é esse que inferniza as relações sociais? É uma mentira a mais, isso não é desenvolvimento real. É, sim, o desenvolvimento da barbárie, do roubo, do assassinato, do genocídio, da dizimação dos povos indígenas. É a cracia do demo, essa democracia.


Galeria de vídeos
http://www.cimi.org.br/site/pt-br/index.php?system=videos


domingo, 14 de outubro de 2012

Operação Peter Pan: Vaticano e CIA traficaram 14 mil crianças cubanas


DOMINGO, 14 DE OUTUBRO DE 2012

 (documentário)





A Operação Peter Pan ocorreu em 1961, quando mais de 14 mil crianças e adolescentes cubanos foram levados aos EUA por vontade de suas famílias, apoiadas pela Igreja Católica e pela CIA, a Central de Inteligência Americana.







observar e absorver

Aqui procuramos causar reflexão.