domingo, 8 de julho de 2018

A perversidade travestida de política

A privatização como perversidade. Como um processo estratégico de dominação mundial pela economia, pelos poucos donos do mercado, de todas as áreas por extensão, até mesmo na formação de mentalidades favoráveis a este sistema social anti-humano, anti-mundo, criador e estimulador do inferno na terra, competitividade, consumo excessivo, conflitos, destruições até o genocídio.
Mais uma pérola cinematográfica de Sílvio Tendler, em informações e responsabilidade social, um artista que cumpre sua função, que põe sua sensibilidade na lapidação social, no acendimento de luzes tão necessário nesta realidade trevosa. Estamos aprendendo a ver como a estrutura social funciona, em gerações contemporâneas, como somos impregnados de consentimento, pela sujeição da administração pública aos poucos podres de ricos internacionais com as elites locais, através do modelo de ensino empresarial e, sobretudo, da mídia também empresarial.
O ensino empresarista é competitivo, formador de peças pro mercado de trabalho e não de seres humanos pra compor uma sociedade harmônica, sem abandono, onde todos tenham seus direitos constitucionais, humanos e sociais respeitados por inteiro. Não se encontram escolas que eduquem no sentido da harmonia, da paz de espírito, da verdadeira realização pessoal, social e humana. E isso é interesse de toda a sociedade, ainda que não se pense nisso, ainda que a inconsciência prevaleça.
E a mídia, implantada e enraizada na "cultura nacional" de 1964 até 69, quando virou "rede nacional", exatamente por estar na cabeça do apoio ao golpe militar, exerce o massacre publicitário-ideológico permanente em defesa de interesses empresariais, criando mundos de fantasia, usando psicologia do inconsciente, distorcendo notícias, criando mentalidades que apóiem ideologia do consumo, da competição, do punitivismo, da sabotagem em todo investimento na própria população e nos seus direitos constitucionais.
Não posso deixar de falar de uma meia-discordância no final do filme. "O momento é agora" é um jargão antigo que prepara a desilusão pra depois, muitas vezes até o desânimo. Todos os momentos são agora, o conjunto de todos os agoras forma a eternidade. Prefiro ir espalhando o que tá escondido, falando o que tô vendo, como por toda minha vida, desde os dezenove anos, refletindo, causando reflexão, aprendendo com as práticas cotidianas. Escolher os próprios caminhos, desentranhar condicionamentos, chacoalhar os valores pra ver quais são implantados e quais podem ser verdadeiros, junto com desejos, com objetivos de vida, no que me traz paz ou me inferniza e, a partir disso, fazer escolhas, tomar decisões e levar à prática cotidiana. A história caminha com passo próprio, é preciso medir o passo com ela - sabendo que ela também pode dar seus pulos. Vigiemos.

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quinta-feira, 5 de julho de 2018

Candidatos, ora candidatos...


Somos uma nação entre nações, formando uma família planetária. Chegaremos a saber, um dia, sermos parte de uma incalculável família universal. Caminhamos ao longo dos milênios e os acontecimentos se sucedem sem interrupção, nas idas e vindas em busca de harmonia coletiva, cada um em sua própria individualidade, no exercício cotidiano do convívio coletivo. No atual modelo social, não temos o ser humano como o centro de importância, mas sim  interesses econômicos que sacrificam vidas, coletividades inteiras, que criam divisões e conflitos, dominam as comunicações e semeiam discórdias lucrativas. Superficializam ao máximo as mentalidades, induzem valores falsos e comportamentos condicionados, sempre competitivos, intolerantes, conflituosos, divididos por superioridades e inferioridades falsas. Os poderes de verdade estão muito acima de quaisquer candidatos, todos colocáveis ou derrubáveis de acordo com seus interesses. E estão enraizados em nossas mentes e nossos corações, através de uma educação com índole empresarista - desumanista -, um massacre publicitário permanente, uma formação cultural induzidamente superficial, voltada mais ao consumo que ao desenvolvimento da alma, da sensibilidade, da harmonia coletiva, e muito, muito medo, paralisante e conformador a caminhos afinal frustrantes. Cabe a cada um e a todo mundo desenvolver sua própria percepção da realidade, a própria consciência das coisas, desacorrentando, mesmo que pouco a pouco, a própria mente dos condicionamentos inevitáveis que estão postos nos próprios caminhos da estrutura social.

Já fui chamado, ironicamente, de "defensor de pobres". Claro, entre ricos pra quem vendia meus quadros a óleo. Os pobres não precisam de "defensores", mas de consciência da própria força, precisam ter seus direitos constitucionais, básicos, humanos, respeitados pela sociedade que os viola a todos. É interesse de todos, sem exceção de ninguém, a evolução de todos, sem exceção de ninguém, no caminho de harmonia social. A miséria, a ignorância, a desinformação, o abandono de seres humanos devem despertar a repulsa e a indignação de toda a sociedade. As academias devem se ocupar dessas prioridades, a extinção das condições miseráveis é prioridade planetária, ainda inconsciente, na escuridão da consciência humana. Condições pra isso, inegavelmente, há. Mas a manutenção dos privilégios exige a manutenção da miséria, da ignorância, da inconsciência.
As mentiras sociais vigentes ainda serão estudadas com espanto, no futuro, de como um punhado de pessoas emanava tamanhas perversidades por todo o planeta, controlando Estados e todas as instituições, manipulando as classes sociais. Pouco a pouco se percebe como a estrutura funciona, mudam-se hábitos, valores e comportamento, nos embriões de uma nova sociedade, enquanto a velha se encaminha pro colapso, visível e previsivelmente, entre embates e expectativas institucionais iludidas e repetitivas, cheias de idas e vindas manobradas pelos "poderes invisíveis", com o nosso consentimento inconsciente. É a "política" cênica, o teatro de marionetes simulando poderes que não têm.

Aí se situam os "candidatos" sobre quem me pedem opinião, quando só posso apontar qual o boneco mais engraçadinho, como acho que será o estilo de cada pretenso governante. Em alguns, como eu disse, é visível e previsível, nem precisa ser dito. Mas enfim, não basta melhorar a economia, os índices, o consumo... essa conversa fiada, repetitiva, dispersiva, esse jogo cênico das campanhas eleitorais. É preciso melhorar a sociedade, o ser humano, a convivência, os sentimentos, a vida em si, longe da ilusão dos excessos como necessidade, as superioridades como busca, o respeito de todos pra com todos, a existência sem destruição e envenenamento, tanto material como espiritual. E é exatamente pra impedir isto que estrutura social da atualidade está montada. A harmonização social é atacada com histeria por todas as forças que a concentração de poderes dispõe, desde a mídia com seus jornalistas, comentaristas e especialistas de consciência comprada, até as forças de segurança e informação controladas pelas marionetes políticas, com o apoio da área jurídico-carcerária. Tudo com a concordância das mentalidades condicionadas, superficializadas pela educação e conduzidas pela mídia empresarial. A prioridade "social" da atualidade não está no ser humano, no meio ambiente, em qualquer espécie de harmonia, mas sim nos interesses empresariais, no patrimônio, na forma acima do conteúdo. No entanto, ainda que sem consciência, somos conteúdo - envolvidos temporariamente na forma - e caminhamos através do espaço e do tempo, sem parar.

Este agora é o nosso ponto na mutação permanente em que existimos, estamos acendendo luzes na escuridão. Período de clareamento, esclarecimento, acendimento de luzes sobre os mecanismos de funcionamento da nossa sociedade, do nosso mundo, da nossa atualidade. O desenvolvimento da consciência é permanente, não há ponto de chegada. As atualidades se sucedem ininterruptamente.
No indivíduo, cada passo se completa com a manifestação prática das reflexões, seja em sentimentos, em visão, em pensamento, em valores, mas sobretudo nas escolhas, na prática cotidiana, nas formas de relacionamento, nas reações, no trato geral. Do individual pro coletivo assim como dos fios das raízes para a planta como um todo. Da reflexão à prática, da consciência às escolhas, e o mundo vai mudando, sem parar nunca, geração em geração, incontáveis nos milênios, nos milhões de anos. Temos algumas décadas de vida, raramente além de dez, frequentemente menos, e a sociedade nos adestra a uma vida sem sentido ou pior, cheia de sentidos falsos que nos levam à sensação de vazio na vida, a angústias profundas e aos anti-depressivos, às vezes desde a infância. Há cada vez mais resistência, dentro da coletiva conformação, se manifestando das mais variadas formas. Exceções que foram raras, se multiplicam, são cada vez mais numerosas, exceções ainda, mas com poder de "contaminação" incomparável, pela própria vibração pessoal entre os convencionais. O processo tem seu ritmo. As exceções têm a sua função coletiva. E isso não lhes dá nenhuma superioridade, ao contrário, é preciso exercer a responsabilidade com espírito de serviço, de fraternidade, de interesse no desenvolvimento geral, com respeito e afeto.

Saberes e sabedorias se completam. A estratégia de domínio estabelece superioridades imbecis. O saber, freqüentemente, é impregnado de arrogância, de sentimentos de superioridade, o que o esteriliza e acorrenta a interesses empresariais. A sabedoria nasce das vivências, da superação de dificuldades, da necessidade de harmonia em coletividades abandonadas pelo Estado, empilhadas, aglomeradas, desassistidas, roubadas em seus direitos sociais, humanos, constitucionais, em tudo. Os que têm o saber institucional, apesar do sentimento de superioridade induzido, dependem inteiramente dos injustiçados sociais. Na falta deles, não são capazes de nada. Por isso é preciso manter a ignorância, a desinformação, a alienação, a superficialidade mental, pra que os de baixo não percebam a sua importância na estrutura social. É uma divisão estratégica. Enquanto a chibata canta no lombo dos mais pobres, via segurança pública, a classe média é tratada com direitos, precários mas direitos, e mesmo privilégios salpicados à disputa classemediana, que se divide em camadas. Afinal, são quem administra a massa de baixa qualificação produzida pela farsa do ensino público, que semeia ignorância simulando "educar". São quem exerce o controle e as pressões sobre os sabotados, os executores das perversidades.  E esses direitos e privilégios têm seu alto preço, na consciência, nos sentimentos. É preciso coniver com a maldade do sistema social, se acumpliciar, ser perverso também, calar, cumprir ordens... Não é à toa o consumo colossal de anti-depressivos. Essa covardia existencial tem seu prazo marcado, em breve tenderá à extinção.

Nos tempos do cursinho e da universidade, sentia o engano dos ideais, alguma coisa errada no que me era apontado como objetivo, como vencer na vida, como realização pessoal. Os valores do mundo, da sociedade, da civilização nunca me convenceram, desde criança intuí alguma coisa fora do lugar, alguma coisa escondida, alguma coisa não revelada, inexplicável como a miséria. Minha posição social me era extremamante desconfortável, é engraçado hoje me dizerem que saí da minha zona de conforto. Pra mim, o conforto externo não é nada, perto do conforto interno, com a própria consciência, com os próprios sentimentos. Quero terminar minha vida com o prazer de ter vivido de acordo com minha consciência. A intuição me diz que estar bem com a consciência, trabalhando no seu desenvolvimento, é estar bem com a espiritualidade. Posso passar tranqüilo pela porta da morte.
O todo está além da minha capacidade e, acredito, da capacidade humana. Por enquanto, há muito caminho a caminhar. E caminhamos. Sem parar.

observar e absorver

Aqui procuramos causar reflexão.