quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Não há governo, não há república, não há democracia. Revelações do óbvio, por Bob Fernandes

Frações de revelação. Há pelo menos trinta anos vejo a sociedade ser manipulada dos bastidores do teatro de marionetes que se apresenta como "política", um palco sujo de merda e sangue onde se encena a farsa de uma democracia fraudulenta e perversa. Milhões de pessoas têm seus direitos roubados, há gerações e gerações, a ignorância é distribuída num sistema de educação sabotado desde sua raíz nas "decisões" de "governos" e "legisladores" (tudo com aspas, porque tudo falso), desde a formação dos seus currículos insuficientes, pífios, deliberadamente incapazes na formação de cidadãos conscientes e preparados pra viver e contribuir numa sociedade humana, em harmonia. As classes médias são preparadas pelo ensino particular pra comandar a massa amorfa e acéfala, pra controlar a barbárie estabelecida pela estrutura social, da polícia ao judiciário, do comércio à indústria, em todas as áreas, com a visão de uma arena competitiva onde são todos contra todos, a vida não é mais que uma disputa onde é preciso vencer - e não simplesmente viver.

O inferno social em que vivemos é construído minuciosamente de onde se está protegido dele, quem o projeta não vive nele, mas nas bolhas isoladas de luxos e riquezas, cercadas por muros eletrificados e guardas armados. Dali se joga o tabuleiro social, movendo peças, subtraindo ou acrescentando elementos ao "jogo" que afeta bilhões de pessoas. E se planejam mentalidades, valores, comportamentos, visão de mundo, desejos, sentimentos, objetivos de vida, que se implantam desde os modelos de ensino e se reforçam cotidianamente pelo massacre publicitário-midiático dos meios de comunicação. Inclusive, como não poderia deixar de ser, são planejadas formas de contestação ao sistema, no controle dos inconformados. Aí se incluem os dons quixotes da farsa política, brandindo suas espadas e suas vozes, denunciadores mas impotentes, boicotados pelas mídias, ridicularizados, sabotados - que só permanecem na cena por seus reais valores e serviços, mas afinal de contas ocupando o espaço permitido e necessário, na confirmação do cenário "democrático". Na ilusão de mudanças institucionais, acabam servindo à grande farsa.

É preciso ver a realidade antes de pensar em "mudanças" na sociedade. Pra decidir de forma não programada, pra viver como se quer, não como se manda, pra se comportar de forma despadronizada, ver com os próprios olhos, pensar com a própria cabeça e sentir com o próprio coração.

A corrupção não é só sistêmica, como diz o Bob Fernandes, é endêmica, é estimulada, é o motor de toda a sociedade. O sistema é feito pra corromper a alma - não é à toa que se toma toneladas de anti-depressivos diariamente, não é à toa tanta angústia, vazio e falta de sentido na vida de cada um. Valores falsos não satisfazem a alma, embora estejam impregnados em nossa razão. O sistema social é todo uma gigantesca fraude.

Não há governo, não há república, nunca houve democracia. Estamos caminhando e chega o momento de ver a realidade como ela é. É o momento da comunicação, da tomada de consciência, da percepção, mais que nunca, e os focos se espalham pelas periferias - onde mais precisa - e por todo lado, de um jeito lúcido ou equivocado, a se desenvolver no tempo e na prática ainda nova do exercício das comunicações pulverizadas por toda a sociedade. Há focos embrionários do que será preciso na formação de novas relações sociais, entre pessoas, bichos, plantas, água, terra, entre a gente e a vida. É garimpar, com humildade e persistência, e o grande garimpo humano revela, em meio ao cascalho, suas pedras raras - sempre em serviço, contaminando e transformando cascalhos em pedras raras, num processo permanente, há milênios, que se apressa com o ritmo das mutações.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Ver, primeiro.


Manter a população na ignorância e na desinformação é uma necessidade desta estrutura social. Uma necessidade permanente.
Conter as verbas públicas e pagar os juros de uma dívida inventada pra colocar o país de joelhos diante de banqueiros e magnatas estrangeiros, com a conivência permanente da "elite" local, entregar de graça as riquezas o país e o povo à exploração sem direitos, esses são os objetivos da atual gerência, dos novos capatazes à frente das instituições falsamente públicas. Os “donos” da fazenda nem moram nela. Apenas a sugam de todas as formas, com a conivência e a cumplicidade dos poucos privilegiados locais.
Não há disfarce convincente, o descaramento é resultado da confiança na eficiência da sabotagem total nos direitos humanos e constitucionais da população. Conta-se plenamente com a ignorância e a desinformação. Cara de pau sem limites. E ainda se pensa que há caminho dentro da institucionalidade pra reverter a situação... ingênuas ilusões... tá tudo dominado, infiltrado, influenciado, impregnado dos interesses vampirescos dos parasitas mundiais e locais. Em todas as áreas.
A mineradora que matou a vida do rio Doce está recebendo permissão pra funcionar – na verdade nunca parou, até hoje escuto o apito dos trens, coisa de oitenta por dia, em dois meses seguintes à avalanche de rejeitos que assolou o vale – o maior da região sudeste – , matando tudo o que encontrava pela frente. Por trás do descalabro na saúde pública, ressalva feita a enorme quantidade de servidores que dão seu jeito pra atender nas condições miseráveis de trabalho que encontra, estão os interesses de planos de saúde, de laboratórios e da indústria da medicina lucrativa, devidamente representados nos poderes públicos, sabotando o sistema público de saúde. A educação não interessa, simplesmente, aos interesses do punhado de parasitas podres de ricos. Enquanto a educação pública deve criar ignorância pra maioria, como se vê em qualquer lugar, a sabotagem é óbvia, a particular se destina à formação dos gerentes e chefes da maioria ignorantizada. Não era à toa o ódio a toda iniciativa de educação de qualidade, no interesse do desenvolvimento de todo o povo brasileiro, da formação de senso crítico, de visão de mundo, de relações sociais mais esclarecidas, na composição de uma sociedade mais harmônica. A barbárie é deliberada e estratégica. Relega-se a maioria à inferioridade, à pobreza, à exclusão, criam-se as condições de violência, de miséria e revolta, e o massacre publicitário-midiático vai convidar milhares ao crime, com o acesso ao consumo induzido como valor pessoal e social. Deforma-se a mentalidade dos agentes de segurança, impedidos de ter qualquer consciência social, implantam-se idéias falsas e sentimentos destrutivos, culpam as vítimas e os incitam à violência contra os pobres em geral. Está formada a guerra. Com o tempo, o histórico de mortes dos dois lados é combustível suficiente pra sustentar o ódio e os conflitos.
Os empresários do tráfico circulam seus exércitos divididos em facções, seguros das cordas que têm nas mãos. Afinal, financiam também campanhas eleitorais, midiáticas, publicitárias, como bancos, laboratórios, mineradoras, latifundiários, mega-empresas em geral. Há uma guerra nos morros e nas periferias, a mídia não fala nada, uma pincelada aqui e ali, sem possibilidade de unir os pontos. Os responsáveis últimos por esta situação não circulam pelo caos, têm suas fortalezas, suas ilhas, mansões bem cercadas e cuidadas por exércitos particulares, cercas eletrificadas, câmeras e sabe-se lá o que mais. Enquanto isso as instituições tratam de manter a estrutura como é, apesar das heróicas exceções pessoais.
É preciso desenvolver novos caminhos, pois os institucionais estão monitorados e controlados de todas as maneiras possíveis, além de algumas impossíveis. Ver direitinho como é a realidade, antes de decidir o que fazer ou como, pra não fazer das formas induzidas que, além de não afetar em nada a estrutura social, ainda colabora na construção da farsa democrática.

O despertar é lento, mas inexorável... as revelações se sucedem. Enxurrada delas.

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Tonella - Celestina!

Marcelo Tonella descreve os procedimentos médicos da cirurgia na kombi, nada menos que um transplante de coração. Bem sucedido, como se vê. Os cuidados e a paciência são características desse doutor, didático e explicito em seus vídeos, em língua que se entende sem ser mecânico. No teste a porta do motorista se abre, ela tem uma manha pra fechar e já abriu várias vezes. Por sorte, foi sempre só engraçado, não aconteceu nada demais. Agora eu já fecho e confiro antes de andar, assim não acontece esse problema - que só vai ser resolvido quando todas as trancas puderem ser tratadas. Ainda há outras prioridades mais iminentes e a grana é pingada.

Celestina tá com o coração pronto pra viagem de novembro. Com a primeira parada em Belorizonte, seguindo por Goiás, talvez Brasília, depois subindo até a fronteira oeste da Bahia, cruzando o sertão e o rio São Francisco pra chegar no Vale do Capão, na Chapada Diamantina. Vou com Adro, o gnomo cozinheiro, e bastante material pra espalhar pelo caminho. E no Capão encontro o retiro suficiente pra novos trampos, novos originais pra acrescentar no acervo. Lá encontro Clara, inspiração não vai faltar.

(Concluindo a história na postagem de 23 de novembro... a desse motor, claro, que as histórias não páram, enquanto há vida.)

domingo, 2 de outubro de 2016

Parada forçada em Sampa

Foto - Rogério DSantis
Saímos de Florianópolis depois de esperar quase uma semana pela Celestina, parada num mecânico que "trocaria" o bloco do motor, quebrado por vazamento de óleo na subida da serra catarinense. Daniel nos aturou por esses dias, Clara, Ravi, Roque e eu. Buscando a kombi, reparei que ainda vazava óleo, na noite anterior à viagem de volta. Como o mecânico só se liberava na noite do dia seguinte, levamos a outro, pra avaliação. Este condenou o motor de forma definitiva, "esse aí não vai a lugar nenhum". Sem acreditar na falcatrua, acabamos pegando a estrada durante a noite, passamos por Curitiba e, a quarenta quilômetros de São Paulo, quebrou o tal bloco. Chegamos de guincho e eu já estava desistindo da viatura, pelas despesas que se anunciavam, quando conheci Marcelo Tonella, com seu amor pelos motores a ar e sua especialidade em volkswagen. Ele assumiu a Celestina, como quem recebe um animal de estimação, com carinho. Então me mostrou o motor que iria ser transplantado.
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Tivemos que esperar, aproveitei pra expor todos os dias no Masp, avenida Paulista. Foram bons contatos e boas vendas, compensando os prejuízos de até então. De quinta até quarta, todas as noites estávamos expondo no mesmo lugar, com ligeira variação no último dia, por causa de uma fita de isolamento que foi posta no lugar onde ficamos nos outros dias. Clara já se preparava pra ir de ônibus, porque seu avião pra Bahia era na sexta, quando Tonella avisou, "a Celestina tá pronta", arrumada e testada nos principais pontos básicos, freios, suspensão, motor novo e sem vazamento. Marcelo trabalha com sua filha, Bianca, no final da adolescência e no início da juventude. Séria e compenetrada, vai aprendendo com o pai os segredos e os sentimentos da mecânica. Ela faz os vídeos que ele publica, ensinando as manhas dos motores a qualquer um que se interesse, na intenção de evitar a dependência de mecânicos nem sempre honestos.

E assim, a kombi ficou pronta pra viajar, chegamos no Rio tranqüilos, motor mais silencioso, amaciando nos setenta, oitenta por hora. Sem vazamento. Quem gosta do que faz, só pode fazer bem feito, é o caso do Marcelo Tonella, a quem só tenho a agradecer. Na foto, Marcelo, Bianca e eu.

https://www.youtube.com/user/marcelotonella

Ela é a cara do pai. Bem melhorada, claro, mas se vê a matriz forte.

























Abaixo, encontros durante os dias de exposição no miolo de Sampa, avenida Paulista, no Masp.


Foto - Rogério DSantis



Foto - Rogério DSantis











observar e absorver

Aqui procuramos causar reflexão.