terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Correspondência com o primo.

Enviei o texto "Feliz Ano Novo..." ao primo Bosco. Ele vive em Mato Grosso e respondeu com uma pergunta. Respondi e depois, lendo o escrito, achei que devia postar aqui. Vejamos se vale.


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Vou digitar uma frase desgastada pelo tempo: “CONCORDO COM VOCÊ EM GÊNERO, NÚMERO E GRAU". Agora pergunto: Tens alguma idéia para virar o sistema?

Um abraço, primão.


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Olha, compade meu primo,

                  já me dá um trabalho danado retirar o sistema de dentro de mim mesmo. Por mais que eu viva diferente do padrão, procurando enxergar e não me deixar levar pelas sutilezas insinuantes dos falsos valores, falsas buscas e objetivos, encontro ecos no inconsciente que, às vezes, se manifestam. O trabalho de condicionamento, de esvaziamento da vida vem de longa data e tem raízes profundas em nosso inconsciente. A mídia não brinca em serviço e ataca desde a menor infância.
                  Não tenho a pretensão (ou ingenuidade) de "virar o sistema". Mas isso não me faz conformar com ele, muito menos aderir aos seus falsos valores, ou aceitar o que é apresentado como realidade. Isso seria, pra mim, a morte em vida. O processo é universal, tudo em constante mutação, nada estático, nem no micro, nem no macro. Faço questão de escolher como participar disso tudo, sem me deixar levar (ao menos, tão facilmente, sem reação). Daí essa minha necessidade de trabalhar nesse sentido, questionando, denunciando, propondo, pesquisando, divulgando. O sistema se sustenta porque nós todos consentimos. Eu, de minha parte, procuro retirar o meu consentimento. A partir daí, encontrei pessoas trabalhando neste mesmo sentido, de várias maneiras. É um grupo crescente de pessoas, sempre e ainda exceções à regra geral, que tem um outro brilho nos olhos, uma vibração pessoal diferente, uma abertura na mentalidade que as diferencia da maioria - que é tratada como gado humano, pela mídia e pelo Estado, conduzida em seus valores, objetivos, desejos e padrões de comportamento. Da mesma forma que levou tempo pra se formar essa estrutura social, leva tempo pra reformar, muitas gerações de instrução, de informação, de conscientização. Quem pretendeu mudar o mundo em uma vida, ou desistiu ou morreu cedo. Bem, acho que são duas formas de morrer.                                                                                                       
                   Eu mesmo achei que não chegava aos trinta. Depois, com o tempo, percebi a toada e a parte que me cabe, o acorde momentâneo que é a minha vida. E coloquei meu trabalho a serviço dessa parte. Assim, a vida tomou cores e sabores que não existiam antes, quando a vida era sem gosto.
          
                   Abraço,
                                 Eduardo.

8 comentários:

  1. Caraca amigo.Bem assim me sinto.Vou copiar e pôr nos meus guardados,pra olhar quando me sentir sozinha de novo.
    obrigada.
    bjo

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  2. Acho que é tolice minha, mas esse pequeno texto me fez lembrar "Na Natureza Selvagem"... Mas falando do post: é tão bom saber de pessoas assim, com esse pensamento.

    Ótimo blog!
    Xêro!

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  3. É curioso como quem vê alguém "diferente" questiona sua intenção (ou tenta desmerecê-la/ironizá-la), não sei se por medo ou por vontade de ver as coisas mudarem.

    Já me disseram que eu deveria por uma capa e ir salvar o mundo. E eu, tal como você, Eduardo, disse que mal consegui me salvar, menos ainda os outros.

    Eduardo, não sei se você conhece o mundo corporativo a ponto de sobre ele escrever, mas gostaria muito de saber sua opinião sobre ele.

    Abraço!

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  4. Primeiramente, admiro sua coragem...!!!

    Acredito fielmente na essência humana, o homem busca naturalmente a sobrevivência, imagine se vivêssemos em uma sociedade sem leis e sem regras, um tanto anarquista, o homem iria lutar pela sua sobrevivência apenas, pela garantia de sua própria existência, o que seria extremo, poderia se tornar o equilíbrio, tanto de maneira quantitativa , como qualitativa... tanto se fala em buscar o equilíbrio chave, quando na verdade o equilíbrio se faz da fusão dos extremos... seria uma saída... mas fico refletindo sobre a relação que a formação histórica da sociedade tem com a ordem, e é uma relação cíclica, é como se houvesse em certo ponto a necessidade de instaurar ordem, já que o homem é naturalmente um ser livre, ele não nasce condicionado, a sociedade quem o faz, talvez não seja uma simples necessidade de mudança, mas a implantação da ordem pode significar controle, no ponto em que o homem percebe sua capacidade de comando e o que isso acarreta, ele busca a instauração da ordem, mas isso poderia ser quebrado se pudéssemos viver livres,onde a necessidade primordial fosse a sobrevivência, isso até geraria um padrão, mas não seria imposto seria gerado naturalmente o que possivelmente poderia tornar o âmbito social realmente mais humano, e com valores embasados na busca do equilíbrio e essência humana... há algo que se fala por estudiosos de várias áreas de "revolução invisível"... que luta pela quebra do sistema... O que Você acha ??? Bom, tenho apenas 16 anos e moro no estado do Ceará, talvez a minha visão não esteja muito aguçada para a profundidade dos problemas causados pelo sistema, mas sempre acreditei no poder da mudança, não de maneira utópica, mas de maneira a gerar mudanças reais, estou em busca , em uma incessante busca...

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  5. A questão da necessidade da ordem imposta por leis sob a pena da barbárie na sociedade é o que mais nos tem aproximado da real barbárie.. temos que aprofundar essa discução, com toda calma, para antes de tudo conhecer as limitações de pensamento que foram condicionadas em nós.

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  6. Eduardo! Não sei como expressar o quanto estou feliz por ter visto seu vídeo hoje no Youtube e encontrado seu blog! PUTZ CARA! Com certeza que se puder, desejo trocar ideias contigo. É TÃO difícil encontrar pessoas que batem TANTO com as coisas que eu penso, que te encontrar é tipo, "não posso deixar passar"!

    Aproveito para perguntar se conhece, se já viu, os documentários Zeitgeist. Porque quando vi esse documentário em agosto, senti muita coisa começar a mudar, muitos pensamentos tomaram outras formas, e todos eles batem muito com o que você fala.

    Recomendo a todos os leitores que assistam. Pode baixar da internet, o Movimento Zeitgeist não aprova o sistema financeiro e não cobra ninguém por ver seus documentários. Recomendo que se assista na seguinte ordem:

    1. Zeitgeist
    2. Zeitgeist - Addendum
    3. Future by design
    (esse terceiro não é exatamente do Zeitgeist, mas é estritamente ligado a ele)

    Se você assistir nessa ordem, vai se fascinar cada vez mais e chegar num ponto em que vai passar a se questionar, todos os dias, o porque que continuamos a viver nessa loucura que é a sociedade atual.

    O terceiro documentário do Zeitgeist, Moving Forward, será lançado mundialmente amanhã. Em uma semana já deverá estar disponível para download.

    Mas, finalizando, parabéns pelo seu blog e seu ativismo, sua coragem de se expor, mudar toda a sua vida, para experimentar (e não só pensar, como eu tenho feito) a quebra com essas regras invisíveis e podres desse sistema atual!

    Sinceramente, fiquei muito feliz de saber que pessoas como tu existem! E é dessas pessoas que eu quero me cercar.

    Um abraço,
    John

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  7. Como já dizia: todos nós nascemos com a alma vendida. Alma vendida para o capitalismo.
    Várias e várias vezes já me perguntei "como subverter essa ordem social". Em "massa" seria, praticamente, impossível. Então acabei indo mais pra esse raciocínio de "quem pretendeu mudar o mundo em uma vida, ou desistiu ou morreu cedo".
    Acredito que, aos poucos -e com intensidade-, a subversão acontecerá.
    Tenho 19 anos, e a melhor coisa que me aconteceu em 2010 foi trabalhar BEM o senso crítico.
    Trabalho com carteira assinada é prêmio pra quem se comporta no sistema.
    No entanto, como afirmei, já nascemos com a alma vendida. Não posso ficar sem trabalhar neste mundo porque morro (mais uma vez, o egocentrismo reinando). Enfim... decidi ser professora. Assim, gerarei mais críticos (espero).
    Gosto muito de artes, tanto que sou estudante disso. Só que, enquanto existir pobreza, a arte vai ser fútil. Não faço questão nenhuma de adentrar ao palco para a elite ver meu "espetáculo".
    Também sou contra aos vestibulares, ensino superior e tals... Pois, claro, tenho a noção de que a pessoa não vale o quanto pensa, além de que isso só sustenta o status.
    Entretanto, como as universidades públicas são feitas para a elite, faço que questão de, pelo fato de eu ser pobre, entrar nesse mundo. Assim, causarei a sensação do "MAL-ESTAR" nesses bitolados e treinados a fazerem uma prova.
    Eles se incomodam com minha presença, pelo fato de não fazer parte da elite.
    Enfim... dentre várias e várias outras coisas..............
    Sei que acabei fugindo do assunto, mas está tudo relacionado.

    Você, Eduardo, faz críticas que eu gostaria muito de fazer a faço.
    Estava, ontem mesmo, fazendo meu blog para expor minhas ideias... mas acho que não precisa, né? HAHA
    Ao menos por enquanto não... o seu já está sustentando.
    Mas quando for além e quando tomarmos destinos diferentes de pensamento, farei o meu...

    Inclusive ia te indicar os documentários que o cara acima "John" te indicou. São bons.

    Aqui fica meu super OBRIGADA e meu enorme CARINHO.

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