sexta-feira, 1 de abril de 2011

Sobre o tráfico internacional e a "guerra às drogas"

Publicado: 29 mar 2011


A CIA, agência de informações dos USA, ajudava o narcotráfico a encher seus cofres e realizar suas operações clandestinas, revelam documentos com selo federal estadunidense, trazidos a público por lei.

A história das relações entre a Agência Central de Inteligência (CIA) e o narcotráfico começou nos anos 70 e teve o seu ponto culminante na década de 90. Mais de oito mil documentos do governo federal revelados por conta do Ato de Informação Pública dão conta destes controvertidos vínculos. Informes da década de 80 mostram que, para contrabalançar a presença militar soviética no Afeganistão, os Estados Unidos gastaram mais de dois milhões de dólares no financiamento da resistência afegã, através dos cartéis das drogas. Os mesmos documentos indicam que a CIA também esteve envolvida com narcotraficantes latinoamericanos.

“No cenário estadunidense, o dinheiro da droga provinha do Cone Sul e se convertia em dinheiro legal em Wall Street. No cenário latinoamericano esse mesmo dinheiro, depois de “legalizado”, voltava à região em forma de fundos destinados ao paramilitarismo”, explica o ex-agente federal Michael Ruppert.

A desestabilização dos governos e revoluções na América Latina não eram os únicos objetivos da inteligência usamericana – também eram vítimas da CIA os movimentos sociais dos Estados Unidos. A agência buscava desacreditar os líderes das lutas pelos direitos civis, com a finalidade de prevenis transformações, no contexto ideológico, a integração racial, a justiça e outros âmbitos.

“O governo queria que atuássemos como mercenários, contra nossas comunidades. Eles nos utilizaram como jagunços (milicianos, paramilitares) para intimidar os radicais ou qualquer um que se opusesse ao governo federal”, lembra o imã (sacerdote muçulmano) Abdul Ali Mussa.


Os efeitos "colaterais" impostos aos povos não são relevantes, para eles, e servem à estratégia de criminalização da pobreza (dos pobres e, sobretudo, dos excluídos dos "mercados") e dos territórios de miséria e exclusão social.

A seu tempo, os presidentes Ronald Reagan e George Bush (pai) promoveram a doutrina da “luta contra as drogas” mas, de acordo com os especialistas, este critério causou mais problemas que soluções.

Na opinião de Bruce Bagley, especialista em assuntos latinoamericanos da Universidade de Miami, a maior parte da luta contra as drogas pertence a uma estratégia falida – em vez de diminuir o narcotráfico, ao contrário, aumentou. Em países como a Colômbia e o México, a violência entre os cartéis causa milhares de mortes, a cada ano. E, nos Estados Unidos, o número de usuários de drogas aumentou. Além disso, a lavagem de dinheiro tem deixado marcas de corrupção e fundos de origem obscura por todo lado.

Por outro lado, os investigadores do assunto assinalam que, hoje em dia, as sofisticadas operações financeiras para ocultar os frutos da lavagem de dinheiro são um fenômeno constante. Estes procedimentos se valem de ferramentas tecnológicas, como a internet, para enviar fundos de uma conta a outra, sem controles ou restrições, assegurando, desta forma, a impunidade

A Comissão de Juristas para a publicação de informações sobre o tráfico de drogas estima que anualmente, nos USA, são “lavados” mais de cem bilhões de dólares procedentes das drogas. A documentação também sugere que uma boa parte da elite econômica, tanto na América Latina, quanto nos Estados Unidos, continua se beneficiando do negócio das drogas.

Fonte – http://actualidad.rt.com/actualidad/ee_uu/issue_22299.html

Tradução – Eduardo Marinho

7 comentários:

  1. "A CIA, agência de informações dos USA, ajudava o narcotráfico a encher seus cofres e realizar suas operações clandestinas, revelam documentos com selo federal estadunidense, trazidos a público por lei."


    Essa é quentíssima. Tem que ser muito divulgado.

    ResponderExcluir
  2. a guerra as drogas já é a muito tempo uma estrategia falha, além de restringir o direito a liberdade individual. Guerra só trás guerra. Abraços

    ResponderExcluir
  3. Não acho que seja uma estratégia falha. Seria, se o objetivo fosse o combate às drogas (embora "combater drogas" não me parece fazer muito sentido). Mas na verdade, é um pretexto pra justificar ações armadas de invasão de territórios, instalação de bases militares pra controlar fornecedores de petróleo e regiões ricas em recursos naturais, enfim, pretexto.

    ResponderExcluir
  4. Estava ciente sobre esse envolvimento, principalmente, estadunidense nessa "luta contra as drogas".
    Também não vejo sentido nessa luta, é mais uma luta de interesses, uma luta típica do IMPERIALISMO ESTADUNIDENSE. A única solução para isso, no meu modo de ver, é a implantação do Comunismo, não só no Brasil, mas em médio prazo em países pobres que são dependentes dos EUA. Assim o IMPERIALISMO, ao meu ver, conspirador e genocida dos EUA iria ser eliminado! Com os países pobres tendo relações comerciais entre eles, todos com a implantação do Comunismo, e não precisariam de produtos, mercadorias à escala comercial, escala predatória que é típica do Capitalismo, mas para suprir as necessidades de todos desses respectivos países. Nesse contexto o IMPERIALISMO, o domínio dos EUA e países da UE seria abolido, sumiria por si só, porque não mas teriam países submissos à eles. Consequentemente acabariam em se transformar em países comunistas, por intermédio dos trabalhadores desses países desenvolvidos, e pelo abondono do mercado mundial por todos países subdesenvolvidos, por consequência, líderes políticos e empresariais desses países desenvolvidos iriam perder poder!
    Como diria o revolucionário Karl Marx: "Trabalhadores de todos os países, uni-vos!".

    ResponderExcluir
  5. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  6. Olá Emanuel, acho que Marx é ainda um daqueles grandes pensadores que demoram séculos para serem digeridos completamente, pouco se compreendeu acerca dele. Logo muitas vezes os maiores inimigos de Marx, são ironicamente os marxistas. Quando você fala comunismo, a que você se refere? Leninismo, Stalinismo, Castrismo? Certamente não há um modelo marxista, que até hoje não foi implantado. É muito fácil arranjar culpados, dificil é achar soluções, a questão da alienação continua sendo o principal empecilho para uma sociedade mais justa, e isso se resolve com educação com espaços como esse, se voltando para dentro, para nós, nossos defeitos, não apontando culpados.

    ResponderExcluir
  7. Penso que qualquer tentativa de coibir ou eliminar o tráfico de drogas, armas ou seja la o que for não vai dar em nada enquanto não se acabar com os paraísos fiscais espalhados pelo mundo. Sem isso, não há como pegar quem realmente ganha com esses flagelos humanos.

    ResponderExcluir

observar e absorver

Aqui procuramos causar reflexão.