segunda-feira, 9 de maio de 2011

Flaskô, um exemplo a ser divulgado

A fábrica acumulava dívidas. Impostos, previdência, fundo de garantia dos trabalhadores, anos de dívidas, para sustentar o luxo dos patrões, iates, mansões, excessos. No limite da situação, o procedimento padrão. Declara-se falência, despede-se os funcionários, fecha-se a fábrica, rola-se na justiça a perder de vista, muda-se de lugar e abre-se outro negócio, pra novo ciclo de mais do mesmo. Os demitidos que se danem.

Na Flaskô, os funcionários impediram esse procedimento, quebrando os cadeados, entrando e pondo a fábrica pra funcionar. Sem os patrões, começaram a pagar as dívidas da fábrica, melhoraram o ambiente de trabalho, diminuíram a carga horária, aumentando a produção, e fizeram benfeitorias que jamais seriam feitas sob controle daqueles que se julgam seres humanos superiores (fazendo o enorme favor de permitir aos operários serem explorados até o talo, com salários insuficientes, condições de trabalho exaustivas e nenhum benefício, além de não pagarem as taxas, impostos e outros, devidos por lei).

Claro que a mídia omitiu o fato. Seria um péssimo exemplo para a massa trabalhadora, um precedente perigoso aos patrões - que controlam a mídia -, uma prova de como os patrões são, não só desnecessários, mas obstáculos ao funcionamento das empresas, no que diz respeito à qualidade de vida dos funcionários, para criar condições de luxo, excessos, ostentações e desperdícios para os donos, à custa da exploração da coletividade. O sistema foi atirado para cima desses "subversivos", a polícia federal invadiu a área, prendeu os integrantes da comissão da fábrica, mas nada adiantou. Os operários conseguiram passar por tudo e a fábrica continua a pleno vapor. Um exemplo a ser divulgado.

Abraços a todos,

Eduardo. >>> http://observareabsorver.blogspot.com/



Trabalhadores organizados da Flaskô lançam manifesto por apoio ao movimento

6/5/2011 11:45, Por Redação - de Sumaré, SP



Os trabalhadores da Flaskô vivem uma democracia operária

Os trabalhadores da indústria Flaskô completam, em 12 de junho, oito anos de ocupação e controle operário da fábrica. Diante da crise mundial do capitalismo e a decisão dos patrões de fechar a fábrica, os trabalhadores organizaram-se para manter a atividade econômica e conservar os empregos. Ao ocupar a fábrica e tomar seu controle administrativo e operacional, os funcionários da companhia deram início a uma experiência inovadora no país.Sem o patrão e a partir do controle operário, da democracia operária, desde a ocupação foi reduzida a jornada de trabalho para 30 horas semanais, sem redução nos salários.

O coletivo operário, em conjunto com famílias da região, ocupou o terreno no entorno das instalações fabrís e constroem, atualmente, a Vila Operária e Popular com moradia para mais de 560 famílias. Sem a presença do industrial no comando, os operários e as operárias reativaram um galpão abandonado e iniciaram o projeto Fábrica de Cultura e Esporte, com teatro, cinema, judô, futebol, balé e dança. Além de cursos e atividades de formação. Desde o início os operários defenderam a estatização da fábrica sob controle dos trabalhadores diante das dívidas dos patrões com o Estado.

Desde o inicio, o movimento se somou à luta do conjunto da classe trabalhadora e passou a defender a reforma agrária, ao lado dos trabalhadores do campo, e pela luta por moradias, na reforma urbana, ao lado dos trabalhadores sem-teto; além de contribuir na luta contra os patrões em dezenas e dezenas de fábricas. Da mesma forma, os trabalhadores da Flaskô manifestam-se favoráveis a que serviços públicos, como saúde, educação, transporte e segurança sejam estatizados e levados à totalidade da população brasileira. Lutaram desde o inicio pela reestatização das ferrovias, junto aos ferroviários, pela reestatização da Vale do Rio Doce e da Embraer e por uma Petrobrás 100% estatal.

O movimento organizado da Flaskô uniu-se ao Movimento das Fábricas Ocupadas em conjunto com os operários da Cipla e Interfibra 8, nas caravanas a Brasília para exigir a estatização daquelas plantas industriais. Assim, organizaram conferências, seminários, encontros nacionais e internacionais, além de manifestações por todo o país, para discutir com a sociedade brasileira as alternativas ao atual modelo econômico. Atualmente, desenvolvem campanha para que a Prefeitura de Sumaré (SP) declare a Fábrica e toda a área em volta como de Interesse Social, um passo decisivo no caminho da desapropriação das propriedades para a sua definitiva estatização, sob o controle dos trabalhadores.

Nesta sexta-feira, o movimento convocou todas as organizações operárias, estudantis, sindicatos, partidos e organizações políticas e personalidades a ajudar na luta dos trabalhadores daquela indústria, para que consigam seguir adiante até alcançar seu objetivo, na Declaração de Interesse Social da Flaskô, que permitirá regularização de 560 moradias na Vila Operária e a transformação da Fábrica de Cultura e Esportes num verdadeiro centro cultural e esportivo público. No endereço http://fabricasocupadas.org.br/site/?page_id=1469 pode ser assinado o manifesto em apoio à fábrica ocupada.

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Mais sobre a Flaskô - http://rebococaido.blogspot.com/2011/05/canal-tv-flasko.html
                                  http://miseriahq.blogspot.com/search/label/FLASK%C3%94

15 comentários:

  1. Sensacional esse exemplo. Vamos todos divulgar!

    Isso mostra que é possível mudar o rumo das nossas vidas quando nos unimos. Sozinhos, somo muito fracos...

    Não dá em nada ficar esperando o governo resolver nossos problemas. Tome conta da sua vida!

    Abs,

    Luiz.

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  2. Um exemplo, realmente. Nessas horas é que a gente percebe o porque do entretenimento em massa jogado nas nossas cabeças...

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  3. Uma brilhante manobra dos funcionario, que foram nao somente sábios, mas corajosos tambem. Uma idéia pode mudar o mundo, se a seguimos. Quanto mais exemplos desse tivermos, mais crescerão, simplesmente porque a população anda muito incredula no potencial individual, e de uma mudança revolucionaria.
    Obrigado por mais um post
    Ricardo

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Olá
    Fiz um resumo da informação para postar nas outras redes sociais, se alguém quiser aproveitar, está aqui:

    LINK DE FOTO MOSTRANDO O FATO: http://4.bp.blogspot.com/_D-sArGCVNys/TEok8XdOT_I/AAAAAAAAAD4/tA6lgrPB9Lg/s320/flasko.jpg

    Patrões de fábrica fogem por motivos de falência (má administração e gastos com luxo desnecessário), e funcionários estouram os cadeados dos portões e a fábrica volta a ativa.
    O funcionários pagaram as dividas da empresa, fazeram reformas administrativas e crescem muito bem sem a pressão dos patrões e cargas horárias excessivas.

    MAIS INFORMAÇÕES EM: http://observareabsorver.blogspot.com/

    O GOVERNO E GRANDES EMPRESAS NÃO ADMITEM QUE ESSA INFORMAÇÃO CHEGUE ATÉ OS JORNAIS, POIS ESTE FATO MOSTRA QUE É POSSÍVEL TRABALHADORES SEREM LIVRES SEM DEPENDER DE PATRÕES.
    ISSO É PÉSSIMO PARA A ELITE, É MENOS UM LUGAR PARA SUGAR DO POVO BRASILEIRO.

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  6. Impressionante a História! A autogestão é sem dúvida a melhor forma de administração.

    Porém, eles deveriam tomar cuidado com essa manifestação em favor da estatização generalizada, que vai ocntra o belo exemplo dado por eles. O estado é o pior dos patrões! e deve ser reduzido!
    As decisões devem ser descentralizadas.

    A classe operária tem que parar de querer conquistar o poder.

    O poder, não há que conquistá-lo, há que destruí-lo!

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  7. Mas que história linda! Esse tipo de história é que deveria ser recorde de twiters, de views no youtube, no facebook, capa de jornal, televisão, etc...

    Mas concordo com a opinião do Jorge de que não deve-se buscar um poder. Enquanto existir esse tipo de estrutura na sociedade, não sairemos do lugar que nos encontramos. E realmente, isso vai de encontro com a luta iniciada a oito anos atrás. Portanto cuidado com o que se deseja.

    Abraços

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  8. E ai Eduardo, eu acompanho seu blog e admiro o seu trabalho de conscientização por muito tempo, e eu acho que você se interessaria por um documentário americano chamado Zeitgeist. São 3 filmes que podem ser baixados gratuitamente na internet:
    Zeitgeist O filme
    Zeitgeist Addendun
    Zeitgeist Moving Forward


    Uma sequencia de como uma mudança social poderia acontecer, acredito que tenha muito a ver com o nosso objetivo. Abraços!

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  9. Assinado o manifesto!
    Divulgarei no meu blog.

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  10. Em primeira instância, esse caso nos leva a uma interpretação única e exclusivamente voltada ao lado capitalista da sociedade, mais interpretando mais afundo, como uma atitude de mudança, essa pode ser uma ferramenta que se utilizada em qualquer situação da forma correta, podemos trazer grandes resultados. vamos aplicar isso ao planeta, imaginas essa empresa Flaskô como um universo, se tudo fosse pra esse caminho, viveríamos num planeta livre de tolos, tolisses,e derivados.

    Renato

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  11. Sensacional! e QUE exemplo, realmente eu nao tinha ouvido falar disso, a mídia não expõe fatos assim com medo que vire moda...
    manifesto assinado !

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  12. Obrigado pela solidariedade com a dilvugação.

    Trata-se de uma importante luta e sofre muito contra os ataques da burguesia - seja pelos empresários diretamente seja pelo Estado. Estamos realizando muitas atividades e contamos com a presença de todos vocês.

    Resistimos para que novas experiências como esta surjam. Ou seja, aos que verdadeiramente se solidarizam com esta luta, estejam junto aos trabalhadores e impulsionem esta luta em cada fábrica, em cada cidade, em cada estado. É assim que lutaremos pelo socialismo, expropriando os grandes meios de produção.
    Uma saudação em nome do Conselho de Fábrica da Flaskô

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  13. É bom saber que estamos caminhando, ou engatinhando, pelo menos, que existem pessoas trabalhando para formar uma sociedade mais justa, e o mais incrível é como a mídia esconde um fato desses que vem acontecendo a 8 anos e ainda tem a cara de pal de intitular seus jornais como imparciais...

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