terça-feira, 2 de abril de 2013

Postagem de emergência: ataque do estado aos moradores (pobres, claro) do Horto, no Rio de Janeiro.



Comp@
Está marcado para amanhã, dia 03/04, o início do cumprimento da ação de despejo de algumas casas do bairro do Horto, a despeito das negociações entre a União e representantes da comunidade apontarem soluções para o impasse.
O pessoal da Manoel Congo solicita apoio militante, jurídico e de divulgação na imprensa popular, além do comparecimento de todos(as) que puderem ir para o local, às 7h30 da manhã. É possível contar com sua contribuição, ajudando a mobilizar imprensa?

Abs,
Rodrigo Marcelino da Silva



Há tempos acompanho o movimento de retirada dos pobres, mais uma vez, de áreas valorizadas, para expansão da classe média e "limpeza" dos bairros "nobres", no Horto do Jardim Botânico. A limpeza social está acontecendo em ritmo acelerado com as obras da copa, das olimpíadas, do tal porto maravilha. A povo do Horto já é assediado há tempos. Agora estão aproveitando o embalo das desocupações, desapropriações e remoções pra se consumar mais esse crime contra a humanidade. Centenas, milhares de famílias que se alojaram como puderam, próximo ao trabalho na construção, manutenção e serviços dos bairros das classes médias. Ali construíram suas vidas, há gerações. Agora, no comportamento típico do pensamento empresarial imposto ao dia a dia, na vida de todo mundo, essas pessoas se tornaram indesejáveis, por vários motivos, além de exporem em suas existências as injustiças e diferenças criadas por um sistema social direcionado a concentrar riquezas, patrimônio e poder nas mãos de pequenas minorias, tão menores quanto maior for o poder. Incomodam as consciências.

Mas, sobretudo, estão no caminho dos lucros. A especulação imobiliária flutua pela cidade e suas áreas valorizadas, por qualquer motivo. Sabotados em instrução, em informação, em cidadania, são facilmente varridos dos seus lares, com o uso do aparato de segurança pública, escorado por malabarismos jurídicos que não levam em conta vidas, mas sim interesses. Em nossa propriedade sua vida vale o seu patrimônio. Tendo pouco, se é pouco e se vale pouco. Valor foi confundido com preço. A maioria, anestesiada em sua consciência, não percebe a formatação estatal contra a população e a favor dos interesses mega-empresariais.

Mas há pessoas, e cada vez mais, tomando consciência. Movimentos se formam como nunca, informações vazam como antes não era possível, associações, cooperativas, coletivos e indivíduos caminham na direção da luz, enxergando e atuando na mudança do modelo de sociedade atual. O trabalho é árduo, difícil e perigoso, mas sem ele cada vez mais vidas perderiam o sentido. "...esses são os imprescindíveis." A resistência cada vez aumenta, se faz presente. A divulgação é fundamental, o apoio dos movimentos e das pessoas que puderem é fundamental, como nunca se consegue bloquear, ainda que poucas vezes, a ação criminosa do Estado regido por gerentes que, afinal de contas, recuam quando movimentos populares se aglomeram de tamanho considerável. Aí essas marionetes dos poderes econômicos peidam na farofa. Se borram de medo do povo. Por isso tanto esforço em estragar a educação pública e narcotizar as consciências com uma mídia feita pra isso. Narcotizar as consciências, induzir ao consumo, fabricar valores de competição pra nos atirar uns contra os outros e impedir a solidariedade e o entendimento sobre o que acontece em nossa sociedade.

Recebi esse apelo e pedi informações complementares. Não sei quem é Rodrigo Marcelino da Silva, o que ele está representando, escrevi a ele perguntando. Mas sei que muita gente envolvida nos movimentos sociais não pode estar à beira de um computador, a não ser esporadicamente. Como a ameaça de despejo é pra amanhã - ela vem pesando há tempos sobre as cabeças dos moradores, muitos nascidos e criados ali, muitos se criando, muitos no final do caminho da vida - eu resolvi postar logo. Depois, com a resposta provável, acrescento aqui mais informações.

Por enquanto fica o apelo a quem puder ajudar, a quem quiser participar, somando pra impedir essa injustiça, no apoio, em respeito e solidariedade às gerações familiares que passaram, passam e devem continuar passando nessa área tradicional e histórica da cidade, estendendo a essa comunidade a inclusão devida a todas as estruturas da nossa sociedade, explicitadas na Constituição Federal.








Do Comitê Popular :

Ação de despejo no Horto está marcada para esta quarta-feira, dia 3

Após a truculenta ação da polícia militar na desocupação da Aldeia Maracanã, outra polêmica reintegração de posse está marcada para amanhã, dia 3 de abril, na comunidade do Horto, no Jardim Botânico. A ação poderá ocorrer a qualquer momento a partir das 6h. A Justiça Federal pretende despejar sete famílias. Entre eles, um casal de idosos de 71 e 68 anos, com seus filhos, netos e bisnetos. Porém, moradores e movimentos sociais prometem resistir.

Veja neste vídeo a história do Horto e de moradores idosos que nasceram lá: http://youtu.be/Mr0fHavvOVg

A juíza da 23ª Vara Federal ignorou os direitos das 621 famílias que vivem na região há mais de um século com autorização do Jardim Botânico, desrespeitando também a vontade da própria dona da terra, a União Federal, que já tem projeto de regularização fundiária que mantém as famílias na área e ao mesmo tempo preserva o meio ambiente. Um estudo da UFRJ mostra que basta o remanejamento de 10% das residências dentro da própria comunidade para que quaisquer questões de segurança e possíveis problemas ambientais sejam resolvidos. Além disso, os próprios moradores vêm atuando há décadas na preservação da vegetação e no controle do crescimento urbano da região. 

A aposentada Celeste Dias, de 75 anos, que também pode perder sua casa, confia no apoio dos demais moradores do Horto, assim como de todos os cariocas:  "A nossa vida inteira foi aqui. Se você olhar essas mansões pelo Jardim Botânico, não vai encontrar nenhuma mais velha do que o Horto, mas ninguém fala em tirar elas. Agora, querem acabar com a nossas casas, as nossas vidas". 

Serviço: Local - Casa do Sr. Delton: Rua Pacheco Leão 1235, Grotão, ao lado da sede do SERPRO 
Assessoria de Comunicação: Mario Campagnani (21) 9849-2025
Mais informações: Mariana Medeiros (21) 9106-9181 e Clara Silveira (21) 9618-7351
Associação de Moradores do Horto: Emília Souza (21) 9384-5125 e Wilson Resende (21) 8231-1173


O vídeo abaixo conta um pouco da história do Horto e das famílias que moram lá. Não consegui incluir como vídeo, então ponho o link pra quem quiser ver.

http://www.youtube.com/watch?v=Mr0fHavvOVg&feature=youtu.be


Em 3 de abril, às 3 horas da tarde:
http://www.ebc.com.br/noticias/brasil/2013/04/no-rio-moradores-da-comunidade-do-horto-mantem-vigilancia-para-impedir


5 de abril, quinta de manhã:


Polícia Federal faz reintegração de posse no Horto do RJ

04 de abril de 2013 | 11h 57


CLARISSA THOMÉ - Agência Estado
Agentes da Polícia Federal e um oficial de Justiça chegaram na manhã desta quinta-feira ao Horto, no Jardim Botânico, zona sul do Rio para uma reintegração de posse. Eles cumprem decisão da 23ª Vara Federal, que determinou a reintegração de quatro casas na área do Jardim Botânico. Ali vivem sete famílias.
A desocupação das quatro casas está dentro de contexto maior - 620 famílias vivem no terreno do Horto Florestal, em casas doadas ao longo dos anos por sucessivas administrações do parque e também pelo Ministério da Agricultura.
O presidente do Jardim Botânico, Lizt Vieira, que já apresentou seu pedido de demissão, defende "alternativa digna de moradia" para as famílias, mas sustenta que as casas no terreno do parque contrariam interesses científicos e ambientais.
Os moradores se recusam a sair. Eles aguardam a regularização das famílias no local, defendida pela Secretaria de Patrimônio da União (SPU). Os moradores têm o apoio do deputado federal Edson Santos (PT), ex-morador do local.
Entre os moradores que estão para ser despejados está o senhor Delton, de 71 anos, que vive no Horto desde que nasceu. "Ele não tem para onde ir. Simplesmente vai ficar na rua. A juíza está irredutível, não quer reconhecer que essas casas fazem parte do projeto de regularização fundiária que já está em curso em Brasília", afirmou Emília Souza, da associação de moradores. 

4 comentários:

  1. Separei uma matéria e vou editar amanhã.
    Mas já vou te adiantar aqui: http://www.programafaixalivre.org.br/download.php?id=1443&participante=7469

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Admiro muito o seu trabalho, se é que pode ser chamado assim. Concordo 100% com suas idéias, e admirio acima de tudo sua coragem em assumir sua verdade e coloca-la em prática.
    Pois assim como eu, a maioria das pessoas que estão comentando nesse blog, ficam só na teoria, como vc memso fala. É preciso ter muita coragem para sair da teoria, não é fácil, pois a contaminação do mundo consumista é muito forte. Mesmo sabendo que estamos agindo errado continuamos a fazer. é como um viciado em cigarro. Mesmo sabendo o mal que faz, o falso prazer momentâneo o faz continuar fumando.
    Espero um dia ter coragem e força para seguir minha verdade, ou pelo menos nao seguir mais minha mentira.

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