terça-feira, 2 de junho de 2020

Há política além de partidos

A afirmação de que "sem partidos não se faz política", que a gente escuta de vez em quando por aí, é um grande engano, na minha opinião.
Eu fiz política a vida inteira, sem me filiar a nenhum partido. Participei de ações, manifestações, passeatas, ativamente, produzindo cartazes, levando filho pequeno, convivi com os partidários de diversas linhas e grupos. Quando me chamavam à filiação, às vezes fazendo cobrança de "posicionamento", eu dizia que era filiado à minha consciência e a nada mais, jamais pensaria de acordo com as conveniências de um partido, de um grupo, de uma linha de pensamento que não partisse da minha própria consciência, com base na minha visão de mundo, na minha vivência.
Com o tempo e a convivência, fui vendo na política partidária - comprada, na minha visão, mas que poderia ser tomada pela sinceridade, honestidade e espírito de serviço à coletividade como um todo - verdadeira farsa institucional, montada em todos os seus detalhes pra não ameaçar a estrutura social, dominada dos bastidores pelos poderes econômicos esmagadores de mega-banqueiros internacionais, acompanhados pelo seu séquito de mega-empresas transnacionais, com seus acionistas podres de ricos e ávidos de mais e mais. Esse domínio se vê nas prioridades dos governos e instituições, sua proximidade com os mais ricos, sua promiscuidade público-privada, que só confirma essa fachada safada e mentirosa de "democracia", quando o que se vê são "instituições democráticas" infiltradas, influenciadas e dominadas por poderes econômicos e financeiros. 
"Políticos" de partidos, pra mim, ou são meros farsantes, ou iludidos que pensam que através dessas instituições se vai poder afetar a estrutura social ou são os que se conformam em fazer o que for possível dentro do esquema armado e passam a agir de acordo, armando, fingindo, mentindo, jogando com a imagem, com a mídia, com interesses, sem perceber que são úteis ao sistema social empresarista e patrimonial - desumano e anti-social - ao figurar como "prova" de que isso é uma democracia - "eles podem falar assim porque isso aqui é uma democracia" . São os dons quixotes institucionais, sem poder pra sequer tocar na estrutura. Nem a CPI da dívida pública, relutantemente instaurada, deu algum resultado prático. A dívida criminosa taí, firme e forte. E as esquerdas, em sua arrogância, não têm contato verdadeiro e profundo com a população. Seus condicionamentos de falsa superioridade são uma barreira imensa, tanto no trabalho imprescindível de conscientização dos sabotados sociais, quanto no enxergamento verdadeiro da realidade. Acabam dando legitimidade à farsa.
"Sem partido não se faz política" é um grande equívoco, uma indução estratégica em que os interessados em construir uma sociedade menos injusta caem, por não fazerem a revolução de base, a interna, se reconhecendo condicionado e induzido por estrategemas dos poderes reais, nos subterrâneos dos poderes falsamente chamados de públicos. Democracia é um povo bem nutrido, com uma boa educação, instruído, informado de verdade, consciente do seu valor, dos seus direitos e dos mecanismos de controle sobre os seus representantes. Ou seja, estamos muito longe de uma verdadeira democracia.

9 comentários:

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  2. Uma boa escola pública não dá voto, uma rua bem saneada não dá voto, um hospital público ótimo não dá voto, uma renda básica social não dá voto: mas prometer tudo isso na campanha dá...

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  3. No Brasil a mídia empressarial e porta voz dos corruptos e o seu trabalho da piscicologia e bem feita sobre a sociedade. Abraço Eduardo Tmj irmão

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  4. Eduardo, Boa noite me chamo Nasario sou de João Pessoa PB, como faço para comprar uma camisa sua das que você produz ?

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  5. SOBRE O COMENTARIO ACIMA,,,DISCORDO DE QUE UMA BOA ESCOLA NAO DA VOTOS UM BOM SANEAMENTO NAO DA VOTO... SO ACHO QUE NAO TEM POLITICOS NO PAÍS COM ESSES INTERESSES TALVEZ ALGUMAS RARIDADES POR AI.
    SOBRE O TEXTO DO ROBERTO CONCORDO COM ELE EM TUDO ESCRITO AI POREM A VOZ DE PESSOAS COMO ELE NO MOMENTO EM QUE O SISTEMA ENCHERGA ( ESCUTA ) ELES RAPIDÃO SACANEIA O IRMAO AI COM ALGUMA COISA PRA TIRAR DE CIRCULAÇÃO... É ASSIM Q FUNCIONA INFELISMENTE...

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  6. https://youtu.be/cMioTvEICkU

    Assista o RAP produzido com a poesia de Vinícius de Moares: O OPERÁRIO EM CONSTRUÇÃO

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  7. Oi Eduardo, espero que você esteja bem. Meu nome é Rafael, moro em Belo Horizonte-MG. Concordo plenamente que há política além dos partidos. Vejo e penso que atualmente, no Brasil, não é a democracia partidária-burguesa-liberal que está sendo atacada pelo desgoverno federal. Essa democracia sempre favoreceu os banqueiros e o capitalismo financeiro e, por isso, é mantida. O que está sendo desmontado pelo clã Bozo é o que resta de público (educação, saúde, direitos trabalhistas e previdenciários, etc.). Entendo sua crítica às esquerdas mas é preciso separar o joio do trigo. Infelizmente, existe gado na esquerda. Felizmente, existe gente reflexiva na esquerda. Abraço!

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    1. Acho que só de se separar em lados acaba limitando a visão das pessoas se estivesse sem nenhum lado enxergando com seus próprios raciocínios e vivências desenvolvendo sua imaginação para ter este tipo de mente independentes de lados e visões de outras pessoas mas apenas seguindo o que você se sente melhor e desenvolvendo sua maneira de ser dentro desta estrutura tendo suas próprias visões com tudo o que te cerca sacou ae poderia ter uma reflexão talvez mais elaborada

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    2. Olá. Falei em separar o joio do trigo em referência à frase do Eduardo: "E as esquerdas, em sua arrogância, não têm contato verdadeiro e profundo com a população.". Neste e em outros textos do Eduardo, além de falas dele em vídeos que estão na Internet, percebi que ele usa os termos "esquerda" e "direita" para se referir aos partidos. Porém, "esquerda e direita" não representam partidos políticos, representam diversas idéias e posicionamentos políticos. Na minha opinião, ser uma pessoa de esquerda é, essencialmente, desejar e agir pelo bem da coletividade. Como o próprio Eduardo expressou, podemos e devemos nos posicionar sobre o que nos cerca, sem necessariamente filiar-se a um partido. A atividade política é feita por nós, diariamente, através das nossas relações com as pessoas.

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