quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Documentários sobre Belo Monte

Um estudo sério e profundo sobre a construção da barragem de Belo Monte, com dados à exaustão e uma apresentação magistral, em linguagem clara e com sentimento. Sobretudo com muita informação. No youtube ele incluiu na descrição do vídeo uma grande quantidade de fontes de informação, onde se baseou pra estudar o assunto e destrinchar os procedimentos, tecendo o fio dos acontecimentos. 
O assunto é estendido à Amazônia toda, como foco da destruição ambiental da atualidade. A crítica ao modo de ocupação das terras da região, à própria ocupação por populações de fora que chegam para trabalhar nas grandes obras e depois se tornam uma legião de desempregados, deteriorando as condições de vida na área. Mas não toca a não ser de leve na estrutura social que assumimos em nossos comportamentos, em nossos valores pessoais, em nossos objetivos de vida. Em certo momento o cara diz que brasileiro é preguiçoso, é egoísta. Devem ser os brasileiros que ele conhece. Talvez ele partilhe da opinião de que a vítima é o culpado. A sabotagem do Estado, na alimentação e como cúmplice da doentia indústria alimentícia, na educação que não merece o nome, na saúde de morte que é a pública, constrói ignorância, desinformação, abandono e repressão, discriminação, perseguição, exploração e o resultado é a barbárie social em que vivemos. Mesmo assim, conheci gente solidária demais, criativa demais, humana e generosa demais em todo canto que andei desse Brasil. Gente esforçada, trabalhadora. Há de tudo, é claro, mas a proporção dos bons é muito grande, maior que a dos maus, mas muito menor que a proporção dos indiferentes, incluídos aí os medrosos, os ingênuos, os egoístas, os arrogantes, os alienados, os consumistas e o resto da boiada. O problema é que os maus são os que estão no poder. E nós os servimos, a maioria inconscientemente, induzida por gerações a fio de bombardeio midiático-publicitário, por décadas de deseducação e de jornalismo deformador da realidade.
Não é "o Brasil vai construir Belo Monte porque ele quer". Que Brasil é esse que ele tá falando? Eu nasci aqui, sou brasileiro, conheço um monte de gente igual, que não concorda com a construção dessa barragem, que acha que é uma desumanidade, que as populações locais têm prioridade que ninguém tem o direito de chegar na casa de ninguém pra dizer "sai fora, cê não tem o papel, essa terra tem dono, tá despejado" e a polícia atrás, no apoio. O que ele chama Brasil é a fachada do poder real, o governo, eleito pelos financiamentos de campanha e a serviço desses financiadores. O governo vai construir a usina (patrocinando empresas construtoras) porque empresários querem. E são aqueles mega-empresários com muito dinheiro roubado em suas histórias, dinheiro público, que sustentam campanhas eleitorais e corrompem o setor público, ganhando um poder de pressão gigantesco sobre governantes, legisladores, magistrados e todo funcionamento da sociedade. Inclusive na "formação" dos cidadãos, da mentalidade, dos valores, dos comportamentos, através da ala empresarial das comunicações, principalmente a mídia, outro enorme poder de pressão sobre as instituições, pelo privilégio de "apresentar" a realidade e os acontecimentos como interessar ao lucro, ao poder econômico-financeiro. E sempre em prejuízo das maiorias, as populações, as numerosas comunidades pobres que predominam em nossa sociedade.  

Independente da opinião do autor, que também não é das piores, o vídeo é precioso pelas informações claras e pela facilidade de acompanhar a "aula" até o fim. Parabéns ao "Pirulla 25", pelo belo trabalho e pela quantidade de informações. Mas sobretudo pela forma de conversa informal, pessoal, envolvendo sentimento. Isso é a humanidade chegando. 

Os vídeos de baixo fazem outras abordagens do tema, envolvendo os locais, as populações atingidas, os animais, as plantas, as vidas, enfim, que precisam ser respeitadas, os representantes, os funcionários que lutam por justiça dentro das engrenagens... 
Os atos do poder público e das empresas envolvidas deixam um sentimento de traição no ar. Há conluios, armações, sempre favorecendo grandes empresas (poucos) e prejudicando as populações (muitos). O poder público, como se sabe, serve ao poder privado, mega empresas, acima da vida e dos direitos constitucionais que o Estado e suas instituições têm a obrigação de garantir, mas não garantem, ao contrário, os violam e deixam violar, com algumas ações cênicas que servem para "provar" o contrário.

Primeiro a aula:




Vídeo seguinte feito pelo Coletivo Miséria, de São Paulo, que edita o zine Miséria e apóia o movimento das fábricas ocupadas, estando junto com a Flaskô. Lucidez e engajamento nas lutas populares. Fala Miséria.

ESCLARECIMENTO:
Nós, do Coletivo Miséria e outros realizadores gostaríamos de esclarecer o que já está claro no vídeo, mas nos foi questionado:
Não fazemos nenhuma acusação de relação direta entre o grupo "Tempestade em copo d'água?" e seu vídeo, com a AG. Nossa crítica é em relação às parcerias e patrocínios de grandes corporações dentro da Universidade, constituindo um "cerco ideológico" (nas palavras de um dos participantes do vídeo, que é estudante de uma das Engenharias). Mostramos como existe esta relação privada, o que obviamente influencia na formação dos estudantes (como mostrado, através de eventos, entre outras coisas). Há quem ache normal que uma empreiteira de Belo Monte forme alunos sobre o desenvolvimento do país e patrocine eventos de uma universidade pública... é uma opinião. Nós não concordamos. A partir disso, nos colocamos contra este modelo de universidade. Defendemos um ensino superior realmente público e que atenda aos interesses populares. 

http://miseriahq.blogspot.com/                                                                               




Os caras conviveram lá, entrevistaram os moradores e seus representantes, funcionários governamentais, e foram se envolvendo com a situação. Muito sentimento neste filme, muita comoção com as injustiças. Um sentimento de "forças ocultas" que não são mais ocultas, estão descaradas nas demonstrações das forças públicas. Percebe-se de que lado elas estão colocadas pelo poder que deveria ser público, mas que foi privatizado pelo poder econômico dessa elite empresarial que posa de avançada, fina, progressista e portadora das verdades sociais, cada vez com seu disfarce mais esfarrapado, cada vez mais aparecendo seus rabos de demônios, seus caninos de vampiros, produzindo mortes, despejos, destruição e sofrimento.



Que sociedade é essa? Como poderia me enquadrar comodamente nela? Não, cara, eu sou um ser humano, não posso compactuar com isso, tranqüilamente, como tantos. As populações locais são seres humanos como eu e, se não são iguais, têm os mesmos direitos. A respeito, a uma vida digna, da maneira deles, como com todo mundo. Nossa sociedade não merece respeito. Não faço parte consentida disso. Latifundiários bandidos são louvados como benfeitores. Grandes empresários bandidos e seus políticos bandidos mandam e comandam a estrutura administrativa do Estado. Massacram, expulsam, saqueiam e enganam a população desescolarizada e desinformada, em benefício de grandes empresas. E nós, pensando em consumo, em marcas, em futilidades, enquanto o extermínio prossegue em sua saga genocida, há séculos. Assim, colaboramos ou, ao menos, consentimos. É a alienação, a superficialidade, o egoísmo, o excesso, os desejos de consumo, o valor do ter, a competição geral e permanente, a exploração, a ignorância, a pobreza e a miséria o que sustenta esse sistema. Mudando valores e comportamentos, mudamos o mundo.

O documentário precisava de ajuda pra seguir adiante e já não precisa mais, a cota de 114 mil reais que precisava foi ultrapassada. Um trabalho feito em busca de conscientizar, pesquisando entre o povo da região onde está sendo construída a barragem de Belo Monte, a maior de uma série de barragens que destruirá grande parte da vida do rio e seus habitantes ribeirinhos. Grandes empresas construtoras, a indústria do alumínio (grande consumidora de energia), especuladores de sempre e seus coniventes políticos, comprados por financiamentos de campanha eleitoral, inventam mentiras deslavadas, espalhadas pela mídia repetidamente em jornais e programas, como sempre, enquanto as milícias e as forças de segurança pública da região são lançadas sobre os moradores locais para retirá-los de suas casas, da sua área, da sua vida. Desumanidade pura, tanto dos que visam o lucro a qualquer custo, quanto dos seus arautos jornalísticos da mídia privada, dos seus funcionários de luxo no congresso, nos governos e na justiça e dos publicitários que vendem seu serviço ao genocídio, à expulsão dos povos locais, à desumanidade dos grandes empresários e seus cúmplices comprados.
Taí o link:
Esse traz comparações entre as propostas de realocamento e a realidade de outros mega empreendimentos na Amazônia, como Tucuruí e a situação atual dos desapropriados, desenraizados de suas terras em nome do lucro de empresas desumanas. As mentiras se repetem, sem constrangimento ou vergonha. No final, uma série de vídeos e reportagens com informações sobre o assunto.

8 comentários:

  1. É triste ver pessoas apoiando este desumano projeto.

    Curti o vídeo aqui.

    http://www.youtube.com/watch?v=xnitmB22JtQ

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  2. Muito bacana, Eduardo Valente! Parabéns!

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  3. http://www.xinguvivo.org.br/wp-content/uploads/2011/12/info-bancos.pdf

    Tem esse link aí explicando como vão usar o dinheiro do BNDES para a construção.

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  4. Veio num arquivo pdf, não deu pra postar, aqui não abre pdf. Mas tá simples e direto. Merece divulgação, até pelas projeções que provoca na análise da estrutura social como um todo. Esse tipo de procedimento não se limita à construção de hidrelétricas, é uma infestação em todas as áreas. Usa o endereço que tá no cabeçário, xará, pra falar comigo. Abraço.

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  5. sempre aconpanho o seu blog vc esta de parabens... que tal uma paceria da uma olhada ai http://pensamentodemocratico.blogspot.com/ espero uma resposta sua abraço...

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  6. Amei, a se todas as pessoas postagem videos assim, onde se consegue entender eu diria "entrar" naquilo que o orador esta dizendo. Parabéns! Espero que as pessoas que irei recomendar tenha calma e queira ver o video até o final, pois é bem explicativo e de bom tom.
    Eu sou contra a contrução da usina.

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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