domingo, 19 de agosto de 2018

Três textículos - não necessariamente ligados

Fora da sintonia trabalhista
Quando entrava nos dezenove anos, despedi meu último patrão. De uma forma bem fácil, simplesmente dizendo a ele pra falar baixo comigo. Me despediu na hora, mas não falou nada, só soube no fim do dia, quando o barco atracou - eu era mergulhador. Pagou tudo e mais ainda, pra não me ver nunca mais. Era angolano, o cara, empresário lá e cá. Passei dois meses trabalhando sem ele aparecer na empresa. Em uma semana da sua presença, despedi ele. E resolvi que nunca mais teria patrão na vida. Aliás, nem patrão, nem empregado, nem chefe, nem chefiado, nem superior, nem subordinado. Não me dou bem com essas coisas. Eu não sabia como seria. Descobri vivendo.

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Nem solução, nem saída. O que tem é a lida.
Andam me perguntando por "solução", por "saída", já que os caminhos da institucionalidade me parecem minados, controlados, dominados pelos verdadeiros poderes, os econômicos. Não gosto de recomendar comportamentos. Já respondi "bota na água e mexe, se dissolver aí tem uma solução". E também que "a única saída é a morte", mesmo sem saber se é isso mesmo, talvez morramos e não saiamos, veremos depois da passagem por esse portal. Não preciso saber de verdades pra perceber as mentiras. E se não sei, não quer dizer que vou me deixar enganar, quando as evidências estão esfregadas na minha cara. Gente largada como lixo, ignorância, analfabetismo, fome, miséria, tudo muito fácil de resolver pra uma sociedade humana de verdade. Só que esta estrutura social é desumana, por ser empresarista, uma ditadura banqueiro-mega-empresarial exercida através do aparato estatal tendo como porta-voz a mídia. Desde que "derrubaram" a monarquia.

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Mentira e distorção como matéria-prima da publicidade
A publicidade no rádio diz: "A Petrobrás mudou... e está seguindo em frente." É verdade, o asqueiroso presidente nomeou um cara que nunca foi funcionário pra presidência da estatal (a constituição proibia isso, mas uma "emenda" safada pôs uma vírgula e abriu, "a não ser por determinação do presidente da república") e ele tratou de mudar mesmo, amputando distribuição, paralisando refinarias que cobriam todo o consumo interno de derivados (gasolina, diesel, querosene, ... - o que obrigou à importação destes produtos), despedaçando a melhor petroleira do mundo (nenhuma outra possuía condições de buscar o petróleo de alta qualidade do pré-sal). Um projeto de lei do senador Serra praticamente doou o petróleo (cru) pras transnacionais do petróleo, Temer "perdoou" mais de um trilhão em impostos devidos por essas mesmas petroleiras. Enquanto isso, acabam-se com aposentadorias, direitos trabalhistas, ataca-se ferozmente a educação e o acesso da população como um todo a ela, destróem-se e cortam-se programas sociais que diminuíam o sofrimento de parte das vítimas permanentes dos crimes sociais cometidos pelo Estado, numa rotina macabra. Enquanto isso, a mídia faz a mão do mágico, que engana o público no ilusionismo de sempre. A Petrobrás "mudou" mesmo. Amputada, esquartejada, infiltrada, sacaneada, diminuída. E "indo em frente", na direção dos interesses estrangeiros inconformados com uma empresa estatal tão formidavelmente superior às suas petroleiras internacionais criminosas. Que o digam os países produtores de petróleo.









8 comentários:

  1. Eduardo, a cada dia que passa eu estudo e parece que eu não fico mais "ignorante" cara. Tava tentando causar reflexão, mas, ando falhando . Preciso mudar por dentro. To angustiado, a ponto de largar a faculdade, não me satisfaz, so me tortura. Porém, eu preciso de um ganha pão. Abraço irmao

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  2. é isso ... o verdadeiro revolucionário é intrínseco nós aperfeiçoamos por dentro e mudamos por fora ... a mudança é sentida quando subalternizamos a razão, que sozinha é psicopata, daí uma construção social empresarista e egocêntrica, que orgulhosa não enxerga a verdade, na humildade observamos e respiramos constantes transformações no ser humano, ainda em aperfeiçoamento!

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  3. Transmite de forma simples/clara sua forma de sentir e pensar. Força no caminhar.

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  4. Te conhecer pelos vídeos foi um encontro foda com uma realidade que vai e vem no âmago do meu ser. Nasci com esse sentido de desencontro com o mundo que me apresentavam e, diferente de você, me sentia culpado por desperdiçar "oportunidades" que me eram oferecidas. Hoje vivo o sentimento de estar sem querer estar nessa sociedade empresarial, porém com dependentes me acovardei ainda mais. Sair do sistema é minha meta ainda longe de ser cumprida. Parabéns pela sua história e principalmente pela consciência.

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    1. Ninguém "sai" do sistema, parceiro. O que podemos é escolher como nos colocar nela, fora do que fomos programados e somos pressionados a escolher. Simples assim. Mas pode contar com a estranheza, a partir do círculo mais próximo, tipo "ficou maluco?".

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observar e absorver

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