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terça-feira, 31 de outubro de 2023
Por quê tanta cumplicidade desse "mundo ocidental" onde somos periferia?
quinta-feira, 19 de outubro de 2023
Celestina, ostentação e retomada dos caminhos
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Caricatura - Cláudio |
Celestina, a kombi, tá uma beleza. Alisada e pintada de novo. Antes da pandemia, ela tava toda lenhada, quando chovia muito era preciso parar, tirar tudo e enxugar a água que entrava pelos buracos, pelos encaixes das janelas, por todo lado. Eu gostava daquela aparência, o problema eram as conseqüências, a ferrugem se alastrando, buracos na lataria, a água que entrava a cada chuvarada.
Vários amassados, muitos arranhões e pontos de ferrugem nas janelas e dobradiças, era uma kombi velha, rodada, marcada pelo tempo, mas disposta e valente. Eu gostava do aspecto, simpático e cheio de cicatrizes, Celestina parecia uma senhora guerreira, de uma "velhice" ao mesmo tempo forte, suave e serena.
Lembro de uma vez em que calculei mal a chegada no Rio, gosto muito de viajar na estrada de madrugada, estrada vazia, de chegar amanhecendo o dia. Cheguei pela Linha Vermelha de manhã, quando o trânsito tá aglomerado pra ir da baixada pra centro e zona sul, das periferias mais distantes. Congestionamento, parando de cinco em cinco metros. Escuto um barulho, uma gritaria, uns baques à distância, parecendo longe. Olho pelo retrovisor, vejo um movimento intenso, um monte de moleques assaltando os carros, quebrando vidros com pedaços de vergalhões de ferro, com madeiras, sei lá, uma confusão acontecendo e vindo de trás pra frente, na minha direção. Arrastão. Não tenho o que fazer, não tem pra onde correr, o trânsito tá parado, na altura de Caxias. Estou sozinho na Celestina, a kombi, os vidros estão abertos e eu não faço nada, só espero. Eles vêm chegando, pegam o carro de trás, pegam o do lado, o do outro lado, o da frente. Eu só olhando, janelas abertas, percebo que nenhum deles olha pra mim ou pra kombi. Estão numa função de risco, podem tomar um tiro a qualquer momento, focam nos seus objetivos e não vêem mais nada. A única atenção fora disso é com a possibilidade de aparecer polícia. Nem viram a kombi, com seu aspecto de trabalhadora pobre. Instintivamente, não interessava a nenhum deles. Havia carros muito mais atraentes, bonitões, ostensivos, com aspecto de que tem grana.
A ostentação, tão comum em nossa "cultura social"- e em todas as classes -, me parece fragilidade de ego, insegurança em seu valor pessoal e uma estupidez social. Se pretende "ser respeitado" e se atrai a simpatia dos interesseiros, o olhar de cobiça, a inveja dos frustrados. O valor de cada um está em seu caráter, sua sensibilidade, seu senso de justiça, sua capacidade de compreensão, seu corpo abstrato, sua alma, sua espiritualidade. A transferência de valor pra fora, pra aparência e ostentação, costuma ser um sinal de precariedade interna, de superficialidade mental, de enquadramento nos valores induzidos pelo sistema social, pela própria sociedade. É o domínio da mentalidade "de mercado", induzida pelo modelo de ensino, pelo controle da cultura, das informações, das comunicações - a partir do aparato de administração pública infiltrada, pressionada e controlada pelas forças econômicas de um punhado que se esconde no tal "mercado".
Voltando à Celestina, mais uns dias ela vai me ser entregue. Parada na pandemia, passou quase um ano nessa dermatologia, tratando da "pele", dentro e fora. Depois, é revisar motor e componentes, preparar uma boa produção pra fazer a carga, lotar a viatura e partir pras estradas e pras exposições. Estávamos em cinco adultos e uma criança, em Brasília e partindo Goiás acima, quase na fronteira com Tocantins, quando a pandemia se impôs. A viagem já tinha mais de um mês, Juiz de Fora, Belo Horizonte, Betim, Contagem, depois em Goiás, Rio Verde, Goiânia, Brasília, Alto Paraíso... aí eventos foram desmarcados, em Palmas, em seguida o Ceará fechou fronteiras. Paramos em Cavalcante, norte de Goiás, e ficamos. O motor da kombi tinha sido retificado antes da saída, estava "novo". A covid demorou seis meses pra chegar, foi quando decidimos ir embora, não havia mais por quê ficar.
Em Belo Horizonte ainda paramos pra regular o motor na Fuscaria do Rafael, especializado em motores a ar, com carburador, das antigas. Chegando em casa e na impossibilidade de expor, fui morar na montanha, no mato. Andar de kombi ali ficava caro, sem mercadoria pra carregar e expor, ela não compensava. Passei pro uninho e deixei ela parada por um tempo, até encontrar o funileiro que ia tapar os buracos, cortar as chapas enferrujadas, soldar novas e o que fosse preciso e terminar fazendo a pintura nova com seu sócio pintor. Quase um ano depois, os olhos se enchem com a novidade da Celestina com um aspecto que ela nunca teve. Pelo menos desde que peguei, abandonada havia anos num depósito em São Gonçalo. O motor foi pro lixo e entrou um novo, original de kombi mesmo.
Não tracei rota pra primeira viagem, mas quero começar nessa região que abrange norte de São Paulo e sul de Minas, em direção oeste com vários "talvezes". Talvez triângulo mineiro, talvez Mato Grosso do Sul, talvez oeste do Paraná, talvez o sul de Goiás, até onde a mercadoria se aproximar da metade. Aí começa o retorno, expondo sempre, mas já na direção leste, a caminho de casa.
Com o dinheiro ganho na viagem, compra-se matéria-prima farta e começa a produção novamente, gravuras, camisas, fanzines, livrinhos, ímãs... uns dois ou três meses e já dá pra encher Celestina, a cargueira. Aí se estabelece uma nova rota.
sábado, 29 de julho de 2023
Publicações de hoje no feice
A mídia empresarial, dominante, compra consciências de jornalistas, comentaristas e "especialistas". Com grana, espaço e fama. Através deles, impõe uma realidade distorcida, sempre a favor de banqueiros e demais podres de ricos nacionais e, sobretudo, internacionais. É a ferramenta mais poderosa pra manter o país subdesenvolvido, de joelhos diante do saque e da exploração desenfreada, exportador de matérias-primas não industrializadas, pra manter a pobreza, a miséria, a ignorância e a desinformação que vejo por aí, em toda parte.
domingo, 2 de julho de 2023
domingo, 21 de maio de 2023
Agradar o pobre desagrada o rico, diz Paulo Guedes
Por esses dias foi divulgado um contato entre o ex-presidente e seu ministro da economia, banqueiro e financista, depois do presidente atual conseguir baixar preços que ele não havia conseguido pouco antes da tentativa de reeleição. Reclamou de ter pedido pra baixar o preço do gás de cozinha, numa jogada eleitoral atrás de votos, e ter recebido como resposta “não dá pra agradar o pobre, porque isso desagrada o rico e o rico é quem manda”. Em seguida, irritado pela interpelação do seu ex-chefe – pelo menos em teoria –, completou com “desapega” e bloqueou o ex-presidente.
Essa resposta é uma declaração esclarecedora, pra quem ainda não se deu conta. “Agradar”, no caso, é colocar o Estado a serviço dos que têm seus direitos constitucionais roubados cotidianamente, como alimentação saudável, moradia decente, educação de qualidade, entre muitos outros. Dizendo o mesmo, de outra maneira, fazer a sociedade cumprir a sua constituição, uma obrigação simples e óbvia. Isso “desagrada”, ou sendo mais exato, apavora e enfurece “o rico” – que explora o pobre, saqueia as riquezas do país e acumula terras sem conta, a maior parte improdutiva na intenção da especulação imobiliária, enquanto a parte produtiva resulta em “comodities”, matéria prima para exportação (embora se anunciem produtoras de alimentos pra matar a fome da população, uma grande mentira. Setenta por cento dos alimentos são produzidos por agricultores familiares em pequenas propriedades). Pra esses poucos, manter os pobres humilhados, inferiorizados, sem consciência da realidade, da sua importância e necessidade na produção de tudo o que a sociedade necessita, ignorantes e desinformados, entre a repressão do aparato de segurança e a chantagem da miséria explícita.
A partir dessa compreensão pode-se olhar a história recente do país e entender porquê governos que investiram na população, ainda que insuficientemente, foram odiados, difamados, perseguidos e derrubados – com apoio ou com direção estadunidense, além dos países colonizadores da Europa. No governo de Getúlio Vargas, criaram-se leis que tornavam o ensino obrigatório para todos, que regulavam as remessas de lucros das empresas estrangeiras que saqueavam o território, leis trabalhistas para conter a exploração exagerada de trabalhadores, investiu-se na criação de empresas estatais como Petrobrás, Usiminas, Eletrobrás, Companhia Siderúrgica Nacional, Fábrica Nacional de Motores, enfim, no desenvolvimento econômico em busca de autonomia e soberania nacional. A mídia empresarial, na época tendo à frente os Diários Associados, de Assis Chateaubriand, com jornais impressos e rádios por todo o território, difamava o governo e o presidente, acusava o “mar de lama” da corrupção, afirmava não haver petróleo no Brasil e que tudo era para roubar o dinheiro público. Congresso e judiciário faziam parte da orquestração, em busca de motivos – ou pretextos – pra escândalos ampliados por jornalistas de consciência vendida. A pressão foi tamanha que, na iminência do golpe e num gesto político, Getúlio deu um tiro no peito e se matou.
É de se observar que os conservadores e serviçais de interesses estrangeiros se encolheram diante da fúria popular que se manifestou em toda parte. Jornais foram atacados e “empastelados”, como se dizia na época, jornalistas foram espancados ou fugiram a se esconderem, carros de entrega dessas publicações foram virados, incendiados, máquinas de impressão foram destruídas. O único jornal poupado foi o “Última Hora”, de Samuel Wainer, apoiador de Getúlio, que era amado pelo povo e conhecido como o “pai dos pobres” – e por isso mesmo odiado pelos ricos. Quando o povo se levanta, as elites colonizadas se encolhem com medo.
Outro governo que despertou esse ódio interesseiro foi o de João Goulart, o ex-ministro de Getúlio que deu um aumento histórico de 100% no salário mínimo e implementou medidas para garantir os direitos dos trabalhadores, sendo por isso atacado violentamente de todos os lados e retirado por Getúlio por razões políticas, embora as medidas tenham sido mantidas. O governo de João Goulart investiu na educação, implementou o Plano Nacional de Alfabetização, com o objetivo de erradicar o analfabetismo do território nacional, regulou mais ainda as empresas estrangeiras, sobretudo estadunidenses (que eram a maioria), criou programas de qualificação de professores e, supremo “atrevimento”, decretou a reforma agrária. A mídia empresarial, histérica, berrava contra a “ameaça comunista” e clamava pela derrubada de Jango, como era conhecido.
Na verdade, Goulart era latifundiário de São Borja, RS, como Getúlio, e jamais seria comunista, embora levantasse às quatro da manhã pra ir junto com os seus empregados pros serviços da fazenda, dividindo com eles o chimarrão em franca camaradagem. Ele simplesmente achava que os mais pobres tinham direito a uma vida digna, nada de “comunismo”, apenas humanismo, sensibilidade e solidariedade com a parte mais sacrificada de toda a sociedade, que sofria com a mentalidade ainda escravista das elites descendentes e admiradoras dos antigos “senhores de escravos” dos tempos do império e da colônia.
A frase do banqueiro ex-ministro da economia Paulo Guedes revela a mentalidade das elites dominantes, perversa, anti-social, que permite entender porquê somos obrigados a conviver com pessoas atiradas como lixo pelas ruas, entocadas nas periferias em situações escabrosas de miséria e indigência, gerando mão-de-obra farta, barata e sem direitos, alimentando a criminalidade que cadeias não resolverão, ao contrário, especializam e aumentam a violência e alimentam as organizações criminosas criadas por elementos da própria elite – tudo o que dá lucro, desperta a cobiça. Condições materiais pra acabar com a desumanidade social há de sobra e há muito tempo. A produção de alimentos e de insumos é mais que capaz de atender a todas as necessidades de todas as pessoas. O que acontece é que não é suficiente pra atender a ambição de alguns poucos – que impõem a ignorância com a sabotagem da educação pública e, com o controle das comunicações, mantêm a desinformação, pra que o povo não tome consciência do que acontece. Da mesma forma, precisam de focos de miséria pra obrigar os trabalhadores a aceitarem qualquer condição de trabalho, abrindo mão dos seus direitos e aceitando qualquer merreca pra não cair nas condições expostas de abandono.
É tempo de revelação, é preciso ler os sinais e perceber os condicionamentos que nos aprisionam a esse modo de vida angustiante, competitivo, vazio de verdadeiro significado, frustrante. É preciso desenvolver a solidariedade e a mentalidade cooperativa, entendendo as induções que nos afastam uns dos outros, que criam competitividade e impedem a união fraterna que poria abaixo toda esta estrutura injusta, covarde e perversa.
Acordamos, pouco a pouco demais pra minha cabeça, mas acordamos, principalmente através das novas gerações – que os dominantes, com seus profissionais de alta capacidade e de consciências compradas (jornalistas, sociólogos, antropólogos, psicólogos, etc.) tentam cooptar sistematicamente. Mas as exceções se multiplicam e a realidade vai se esclarecendo – o tempo não pára.
quarta-feira, 17 de maio de 2023
Olhar, escutar & perceber práticas de libertação
domingo, 14 de maio de 2023
Vinte cinco toneladas de alimentos orgânicos
Hoje foram doadas vinte e cinco toneladas de alimentos, no último dia da Feira da Reforma Agrária, a vinte entidades sociais da Grande São Paulo. Vinte e cinco mil quilos pra distribuir entre os famintos que perambulam pelas ruas ou moram em barracos nas periferias mais pobres. Nada que resolva por mais que um pouco tempo, pra alguns milhares de pessoas. Mas um exemplo e um demonstrativo do que é, na verdade, o MST em nossa sociedade injusta, perversa e covarde. E esse é o motivo pelo qual esse Movimento é tão odiado pelas elites e pela mídia que as representa - e a mais ninguém. Tão difamado e há tanto tempo que é quase senso comum, que vem se desfazendo aos poucos, sobretudo desde a pandemia, quando outras toneladas de alimentos foram doadas nas periferias famintas das cidades, pela solidariedade do MST, entre outras entidades igualmente perseguidas. Uma demonstração da perversidade institucionalizada, a percepção do seqüestro do Estado e suas instituições pelos poderes econômicos de elites diversas, embora compostas de muito pouca gente, em comparação com a população. Todo o aparato estatal e midiático é posto a serviço desses interesses anti-sociais, a quem interessa a fome e o desabrigo, a ignorância e a desinformação, a partir do escuro dos bastidores. Essa gente não tem medo de escuro, porque tira seus privilégios dele; tem medo é de luz, de clareza. Tem pavor da idéia de um povo instruído, esclarecido, com auto-estima e senso crítico pra entender o que acontece e escolher como atuar dentro disso tudo. E esse pavor se transforma em ódio diante de qualquer possibilidade que isso aconteça. Daí o ódio a Paulo Freire e a todos os que pretenderam instruir de verdade, que quiseram investir no desenvolvimento humano individual e coletivo, em alimentação orgânica e saudável, na formação do povo em todo o seu potencial, no atendimento de todas as necessidades de todas as pessoas, sem exceções.
Foto - Murilo da SilvaPadre Júlio Lancellotti, conhecido em seu trabalho de apoio à população desabrigada em sua paróquia, na Mooca - e também perseguido, difamado e agredido -, recebeu simbolicamente os alimentos, que vieram de assentamentos do MST em vinte e quatro estados do Brasil. Essa solidariedade vem de longe, mas foi sempre escondida, omitida pela mídia empresarial que domina as comunicações no país inteiro. Ao contrário, como porta-voz dos interesses econômicos de punhado de podres de ricos e formadora de opinião "popular" mas, sobretudo, das classes médias, ela difama, calunia, distorce e criminaliza o movimento, enquanto as agências de segurança "pública" infiltram seus agentes de espionagem.
Quem não conhecer e for a uma feira do MST, sempre de orgânicos, vai se surpreender com as mentalidades, as personalidades, o jeito das pessoas, além dos alimentos saudáveis e variadíssimos, colhidos ou preparados, pimentas, temperos, queijos, geléias, nem dá pra chegar perto de dizer tudo o que tem. Só indo e vendo com os próprios olhos, ouvindo, observando e absorvendo da realidade, do convívio, do contato direto. Ver com os próprios olhos e sentir com o próprio coração acaba levando a gente a pensar com a própria cabeça. Se é que me entendem.
Conheci o MST há muitos anos, em beiras de estrada por onde eu passava, em lonas pretas, plantando as terras mais distantes. Povo simpático, eu não tinha ainda a noção do que era o Movimento nascido em 1984. O que percebi logo é que eram pessoas pobres, mas esclarecidas a respeito da sociedade, com auto-estima e consciência acima da média sobre a realidade. Além de muito solidárias. Várias vezes cheguei e em cinco minutos estava convidado pra um café e alguma coisa pra comer - eles me viam a pé na estrada, carregando minhas coisas e nem perguntavam se eu queria, me viam chegando e cumprimentando, já iam me chamando e oferecendo. Muito tempo depois, já morando no Rio, conheci o escritório do MST na praça Tiradentes, deixei lá um desenho meu, de presente - "por tão poucos terem tanto, é que tantos têm tão pouco". Eu tinha ido com um amigo jornalista, Fabio da Silva Barbosa, para uma entrevista marcada com o Mano Teko, do Santa Marta se bem me lembro. Espero que tenham emoldurado o desenho e posto em alguma parede por lá. Mas não sei, nunca mais voltei. Encontro o MST por aí, vez por outra, e é sempre um prazer, sempre gente boa, sempre bons contatos. Pelo menos até hoje.
Não estou "defendendo" nada, não estou "pregando" nada, tô só relatando e dizendo como vejo e sinto.
sábado, 4 de março de 2023
Cuidado, Sônia
A ministra dos povos indígenas se encontrou, na embaixada dos Estados Unidos, com o “secretário especial para o meio ambiente”, John Kerry. Diz que ele se interessa pelos povos indígenas e pela proteção da Amazônia. Que está “verdadeiramente preocupado”, tanto com a proteção ambiental quanto com a proteção dos direitos dos povos indígenas.
Cuidado,
Sônia. Os Estados Unidos representam o atual colonialismo nascido na Europa,
sobretudo o da Grã-Bretanha, de onde são descendentes diretos e que superaram sua
matriz, hoje sua aliada na dominação, no saque, na exploração e escravização de
todos os lugares onde lançam suas garras, de todos os povos que conseguem, ainda,
submeter. Não há sinceridade em suas propostas “humanitárias”. Basta observar
seus movimentos pelo mundo, a interferência em governos e parlamentos, nos
golpes de estado promovidos ao longo da história, nas mais de cinqüenta guerras
provocadas depois da segunda guerra mundial, nos países que se rebelaram ao seu
domínio. Um histórico de hipocrisia, de mentiras, de massacres e assassinatos,
sob pretextos superficiais e falsos, oferecendo armas, treinamento e dinheiro
aos traidores de seus povos, enriquecendo elites locais e formatando
mentalidades racistas e preconceituosas contra as maiorias, contra os
movimentos de defesa das precárias soberanias dos países ditos pobres – em sua
população – mas ricos em recursos minerais, em terras férteis, em água e,
sobretudo, petróleo.
Cuidado,
Sônia. Estão oferecendo novamente espelhinhos, miçangas e ferramentas de metal,
como foi feito com seus ancestrais. Sorrisos falsos e promessas cínicas
escondem os mesmos interesses de sempre nas riquezas, agora, da Amazônia. É
claro que não vão declarar os bastidores desses “interesses” de multinacionais
e mega-bancos mundiais sediados no império corporativo da “civilização
ocidental”, esse é seu modo de agir. Como já disse um de seus representantes,
um sorriso no rosto, palavras mansas e um grande porrete nas mãos. Lembre-se de
que, desde que se descobriu o pré-sal, foi reativada a tal 4ª Frota da marinha
estadunidense, desativada desde a grande guerra e re-esboçada durante o golpe
de 1964, no apoio aos militares brasileiros diante da possibilidade de
resistência. Que só não aconteceu pela decisão do presidente derrubado, um
latifundiário acusado mentirosamente de “comunista”, o bicho papão da mídia
empresarial e das políticas estadunidenses, na criação da paranóia ignorante e
desinformada com o domínio das comunicações e dos modelos de educação
engaiolados pelo “mercado”, superficiais e moldados na formação de peças para a
engrenagem perversa de uma sociedade escravista, maquiada e travestida como “democracia”,
mais uma grande hipocrisia.
Cuidado,
Sônia. A sedução dos vampiros mundiais começa com preocupações falsas, tanto
quanto os sorrisos e as promessas que escondem – embora se possa ver, quando se
leva em conta a história recente – pretendidos saques das riquezas da Amazônia.
Os colonizadores genocidas e escravistas europeus hoje estão representados pela
democracia de papel dos EUA, pela monarquia que resiste na Grã-Bretanha e, em
segundo plano, pelas mega-empresas européias. Existe ainda, em terceiro plano,
interesses parecidos vindos da Ásia, insipientes mas “promissores”, se
apresentando como “alternativa”. As riquezas latinoamericanas são cobiçadas
pelo mundo inteiro, como as da África, que já dá mostras de acordar para esta
realidade muito mais que a América Latina, porque lá o saque, a escravização, a
produção de miséria e o descaramento no controle das instituições é sem
disfarce, descarado e sem pudor.
Cuidado,
Sônia. Todos esses sorrisos falsos, promessas mentirosas e preocupações ambientais
e humanitárias hipócritas trazem na alma interesses destrutivos e assassinos.
Aproveita-se a situação de fragilidade produzida pelos vampiros internos, pra
acenar “ajudas” que visam impor vampiros muito maiores, mundiais, “donos”
podres de ricos da “civilização ocidental” – a mais violenta de todos os
tempos.
Sua foto com
esses dois “galalaus” brancos, estadunidenses, sorridentes os três na embaixada dos Estados Unidos – base de todos os golpes de Estado na América Latina –, me
pareceu assustadora e deu um frio na barriga. A ministra dos povos originários,
de grande importância histórica por ser a primeira vez que as vítimas de
genocídio continuado, desde a chegada da nefasta civilização européia, hoje
ocidental porque a colônia anglo-saxônica superou o mestre, está se deixando
levar pelo canto da sereia, está fechando com os piores inimigos da humanidade.
São representantes de forças que não têm amigos, mas sim interesses, que têm na
traição uma ferramenta de trabalho, na dominação e no saque, não importando em
nada qualquer quantidade de sofrimento e morte que possam produzir.
quinta-feira, 26 de janeiro de 2023
terça-feira, 24 de janeiro de 2023
Vencer na vida
Vencer na vida não é enriquecer, mas sim chegar ao fim dessa passagem, que começa no nascimento e termina na morte, de bem com a própria consciência. Vencer na vida é chorar quando se nasce e sorrir quando se morre. A morte não é uma tragédia, uma desgraça, mas sim conseqüência de ter nascido. Tudo que nasce, morre. Nós todos estamos aqui de passagem. É preciso levar isso em conta, diante do massacre publicitário-midiático que faz tudo pra impor nossos objetivos de vida como sendo consumir, desfrutar de prazeres materiais. A matéria é nosso veículo, não nossa finalidade. O tempo é implacável, todos sairemos da dimensão material. Impressionante como as pessoas não se ligam, mesmo vendo todos os antigos indo embora, mesmo percebendo o próprio envelhecimento. Vence quem sai limpo de maldades, de mentiras, vence quem mais beneficiou, vence quem tem facilidade em se desapegar de tudo, matéria e relações, vence quem não se deixou levar pelos valores desse mundo, controlado e dominado por interesses materiais. Chega a ser estúpido se deixar convencer que se vale o que se tem, não pelo caráter, pela amorosidade, pela sensibilidade, pelo senso de justiça. Deus não premia com riquezas, mas com paz de espírito. A verdadeira riqueza é imaterial.
Obs.: Uso a palavra "Deus" pra simplificar o entendimento do que vejo como espiritualidade e não ouso definir. Não tenho alcance pra conceber o "supremo ser do universo", já que, como se sabe, o ser humano não alcança, nem de longe, o próprio universo como um todo. Não nos é possível saber onde são os seus limites, nem se tem limites. Aguardo minha compreensão se desenvolver, sem pretensão de entender ou explicar o que não alcanço. Mas espiritualidade eu sinto plenamente, desde muito cedo, e já comprovei seus efeitos e interferências em minha própria vida.
segunda-feira, 23 de janeiro de 2023
O genocídio ianomami e a hipocrisia da mídia empresarial
A tevê nojenta faz matéria de menos de um minuto sobre a tragédia ianomami. Cita a morte de 570 crianças como quem fala da morte de 570 bois por febre aftosa, uma vez só, de passagem. Diz das providências que estão sendo tomadas pelo novo governo, sem citar o novo governo. Em nenhum momento questiona as causas da tragédia e do aumento escandaloso dos crimes cometidos, desde 2016, mas que aumentou mais ainda depois de 2018.
Eu já vinha acompanhando, por postagens de informativos indígenas - há vários, embora muito pouco vistos pela população em geral - os assassinatos de indígenas, estupros, expulsões, invasões de garimpeiros, madeireiros, criadores de gado e plantadores de soja. Estive pela Amazônia, há mais de trinta anos, e sei que suas terras "demarcadas" ou "em homologação", as terras onde vivem são cercadas por ambições e ódio destrutivo, em todo o território nacional. A difamação e a criação de desprezo - pelas mídias locais - servem como "justificativa" pros crimes cotidianos, os maus tratos e a repulsa por parte de pessoas sabotadas em informação e instrução.
Os ataques nunca pararam, desde a chegada dos europeus, há séculos, mas nos últimos anos esses criminosos tiveram incentivo do próprio governo, que desarmou os poucos esquemas institucionais de defesa desses povos, das florestas, do meio ambiente. O massacre estava liberado, sob o ocultamento da mídia privada (mais privada do que nunca, como depósito de merda) e a exultação da ganância assassina. A mudança de governo pra um menos desumano mostra vontade de conter essa desgraça toda. Mas os elementos que a causam continuam ali, cercando as terras indígenas, babando de ambição e ódio aos que consideram um mero impedimento aos seus objetivos. Esses dias mesmo, no sul da Bahia, dois meninos foram mortos a tiros, quando voltavam pra sua aldeia em área retomada - se não me engano, um tinha 17 e o outro 22 anos. É prática cotidiana desta "civilização" o genocídio indígena - e dos pobres, nas cidades, pelas próprias "forças de segurança" da sociedade. Segurança pra quem?
segunda-feira, 9 de janeiro de 2023
Dia 8 de janeiro, domingo, escancara o terrorismo planejado. Covardia "de mercado".
Vimos ontem o resultado da união da perversidade dos poderes econômicos com a ignorância, a desinformação e as induções ao inconsciente coletivo de ódio pelas mídias empresariais.