segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

A farsa se descara - ou a ilusão vai se demonstrando claramente.

 Estou vendo por aí se falar de "declínio da democracia". Na minha visão, um engano. Está se vendo é o descaramento da falsidade, essa tal "democracia" nunca existiu de verdade além de instituições de fachada, infiltradas, pressionadas e submetida por poderes econômicos - banqueiros, mega-empresários, financistas e outros que formam um punhado de podres de ricos escondidos sob o nome de "mercado", fonte da corrupção que a mídia empresarial aponta, estrategicamente, na chamada "política". Os corruptos são responsabilizados genericamente enquanto os corruptores não são nem mencionados.

Uma democracia, pra mim, supõe um povo alimentado, instruído, informado, com senso crítico e capacidade analítica pra ter condições de entender o que acontece, não se deixar enganar por demogogos e por distorções do jornalismo comprado, de consciência vendida. A própria estrutura social é montada de forma a impedir, a todo custo, o respeito aos direitos constitucionais, básicos e humanos da população como um todo.
Não há democracia. O que há é um simulacro institucional safado. E não está declinando, está se revelando uma grande mentira.
Não é porque um capataz é sádico e criminoso e outro capataz é bonachão e facilita a vida dos escravos que os donos deixam de ser donos. Quem manda é o poder econômico, ainda. E é óbvio que entre o sádico e o camarada, se escolhe o camarada. Até porque assim se podem criar condições de acabar com essa escravidão mental e começar a construir outra estrutura social, mais humana e solidária, menos injusta e perversa, através das gerações.
Uma sociedade que tenha no centro de importância o ser humano e todas as suas necessidades - e não os interesses de "mercado" que impõem miséria, desabrigo, ignorância, desinformação, exploração a nível de escravidão, além do saque do patrimônio público e das riquezas da nação.

sábado, 5 de fevereiro de 2022

Agora "foi golpe"? As mutações se impõem.

 O departamento de estado estadunidense dá as regras e estas são seguidas, da mesma forma, em vários países da América Latina. O candidato indesejado é eleito, a oposição tenta colar o rótulo de "fraude". Não colando, parte pra sabotagem do governo eleito - geralmente unindo consciências vendidas em congressos e judiciários. Provocando o insucesso da governabilidade, arma-se o cenário pra um impítiman. Em todos os países há pilantras prontos a servir os saqueadores e trair sua nação - vender a própria consciência rende fortunas, nesses casos. O mesmo procedimento no Brasil, na Argentina, no Paraguai, na Venezuela, na Bolívia, enfim, onde não haja governos dominados pelos "interesses econômicos" - a partir dos mega-banqueiros mundiais que já há séculos dominam as nações, contando com a cumplicidade das "elites locais", em geral brancas e descendentes dos maiores senhores de escravos, colonizadas mental e espiritualmente.

Enquanto rolava o golpe, o silêncio institucional era estarrecedor. As tais "pedaladas" que serviram de pretexto - já que o exército de investigadores, brasileiros e estrangeiros (sobretudo estadunidenses, britânicos e israelenses), não conseguiu encontrar uma só falcatrua, um único real ou dólar ilegal nas contas do metalúrgico e da ex-guerrilheira - foram legalizadas pelo congresso nacional pouco tempo depois, por serem um procedimento comum, de praxe, usado pelos governantes em geral e de qualquer ideologia, pra continuarem servindo ao equilíbrio orçamentário de estados e do país. Não havia crime de responsabilidade, não havia motivo legal, pra impitimar a presidente. Apenas ela não tinha a vaselina do ex-metalúrgico pra tratar com corruptos, esmagadora maioria no congresso e nos poderes públicos, e criou uma rejeição enorme entre os "eleitos" do legislativo ao rechaçar qualquer papo com cheiro de sujeira, de entreguismo e falcatruas institucionais. Ao botar pra fora do seu gabinete, aos insultos, parlamentares vendidos a interesses econômicos que exigiam o sacrifício da população, rotineiro e cotidiano até então. Obviamente, o massacre midiático criou tamanha tsunamis desinformatica que, até hoje, se mantêm mentalidades brutalmente convencidas da "bandidagem petralha", sem perceber a estrutura social inteiramente construída pra funcionar sob o domínio dos corruptores. De quem, aliás, não se fala - a vista meio cega só enxerga os corruptos. Na dita "política", claro, porque o "mercado" onde moram os corruptores é apresentado como a fonte das virtudes e da competência.

Que forças amarraram tão fortemente os poderes institucionais que poderiam ter impedido esse golpe e evitado a tragédia da eleição de um criminoso declarado, conhecido, praticante de falcatruas há décadas? Quais os poderes que estão acima dos chamados "poderes públicos"? A pista está na convocação recente do BGT Pactual, um banco de segunda linha, aos "presidenciáveis", pra um evento sintomaticamente chamado "CEO Conference", em inglês mesmo, descarado. Dizem que é o "mercado financeiro", pra não dizer que são os maiores banqueiros, na verdade controladores do tal "mercado" tanto quanto ou mais ainda do que dos "poderes públicos". Pra esconderem esse punhado de podres de ricos - causa e fonte de toda a miséria, fome, desabrigo, ignorância e desinformação, em última análise - se usa o termo genérico, nebuloso, de "mercado", pra manter os verdadeiros poderes, que submetem todos os governos, no escuro, nos bastidores, ocultos, longe dos holofotes da mídia empresarial, dominante nas comunicações do país e dominada por esses mesmos vampiros sociais.

O silêncio covarde do supremo tribunal, diante de um golpe de estado armado de fora pra dentro, contando com a trairagem das "elites" políticas e econômicas - e com a lavagem cerebral permanente executada pelo massacre midiático, publicitário e ideológico -, foi imposto pelos poderes imperiais, colonizadores, saqueadores das riquezas das nações e sabotadores do seu desenvolvimento. No Brasil a sabotagem iniciada com o golpe seguiu destruindo todos os instrumentos e mecanismos criados para um verdadeiro desenvolvimento do país e seu povo, ainda no nascedouro. Pequenas aberturas foram fechadas, na educação, na agricultura, nas comunicações, nas relações sociais, em toda parte. E o silêncio dos "magistrados" ecoaram como um trovão, anunciando os poderes ocultos que dominam os chamados "poderes públicos", que nunca foram mesmo públicos, até agora. Ainda serão.

Agora, que a indústria naval foi destruída, a indústria da construção pesada fechou mais de 200 empresas no território, que a Petrobrás foi esquartejada e reduzida, privatizada na surdina nas suas partes mais rentáveis e produtivas, deixando de refinar os combustíveis que atendiam a todas as necessidades do país e passando a comprar no exterior a um preço que depende do tal "mercado internacional", que o acesso mínimo aberto à população mais sabotada em escolas e universidades vem sendo fechado e dificultado ao máximo, que a fome tornou a se espalhar, o desabrigo se expõe em toda parte, que milhões e milhões estão sem trabalho, agora que a perversidade está escandalosamente instalada nos cargos mais visíveis dos governos, surgem tardiamente as vozes dissonantes. Onde estavam esses covardes enquanto esses crimes sociais eram cometidos na preparação da situação de agora? Nos mesmo lugares onde estavam caladinhos, o que dá a perceber que receberam algum tipo de permissão pra começar a se manifestar, a esboçar alguma reação institucional. O contraste com o silêncio os denuncia. 

Esta nossa sociedade é uma grande farsa. E é a partir desta percepção que se pode e vai construir um outro modelo, mais humano, mais harmônico, menos injusto, mais igualitário, menos perverso e mais solidário. Quanto tempo, quantas gerações isso vai levar, depende de nós, das nossas reações, individuais e coletivas. Mas o planeta, com todas as mutações que se apresentam cada vez mais profundas e amplas, parece preparar um grande impulso nessa direção. É o que me parece.

 

terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

Jornalismo empresarial: cadê a realidade?

Eu queria saber o que acontece com os kaiapó, depois de Belo Monte construída no rio onde eles viviam. Foram seis meses de Acampamento Indígena na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, em protesto contra a construção da usina - luta "até a morte", segundo eles. Que acabou mesmo na morte de um cacique, do coração, por conta dos gases que as polícias lançavam a cada vez que destruíam aquele acampamento, que era reconstruído em seguida por outra leva de indígenas kaiapó. E na morte de uma criança que ainda estava em gestação, pelo mesmo motivo, ataque das "forças de segurança" do Estado inimigo da população quando se trata de atender interesses econômicos.

Queria saber do vale do rio Doce, contaminado de metais pesados desde 2015, foco de todos os tipos de câncer que os resíduos da mineração são capazes de provocar. São mais de oitocentos quilômetros, mais de vinte municípios na beira do rio, até o mar, no Espírito Santo, passando por um território indígena, os Krenak. As pessoas estão cozinhando com água de poços, a contaminação é geral, deve ser o maior nível de câncer por habitante do país - de esôfago, de estômago, intestinos, pulmões... Barra Longa tá com o maior índice nas vias respiratórias, Valadares tá comendo um peixe mutante que apareceu na água infestada de metais pesados, cor de ferrugem, o vale todo é uma fonte de contaminação geral. Os laboratórios farmacêuticos estão lucrando muito por ali. 

O que está acontecendo nas "frentes agrícolas" que derrubam e queimam florestas? E nas terras indígenas e quilombolas, sempre cercadas de olhos ambiciosos, armados e prontos pra atacar as pessoas e tomar as terras onde vivem há gerações sem conta? 

O que passa nas periferias e favelas das cidades grandes? A quantas anda a repressão, os mortos por balas "perdidas"? Como está o movimento de êxodo urbano, que vem inchando as cidades do interior e levando os problemas das metrópoles pras áreas onde ainda não havia? 

O que acontece hoje com as 250 mil famílias que foram expulsas das suas casas - na base da porrada, do gás lacrimogêneo, da repressão pelas "forças de segurança"- pra dar espaço às obras empresariais da copa do mundo e das olimpíadas que o país sediou? Não se fala do destino dessas pessoas, tratadas como pragas, formigas, espalhadas e atiradas à própria sorte - ou azar de não ter nascido entre os privilegiados sociais.

A imprensa, o jornalismo em geral só fala das personagens, marionetes nas mãos dos poderes "ocultos", nos bastidores - banqueiros, mega-empresários e seus cúmplices na política e nas elites "nacionais". É Moro, Bolsonaro, Lula, Dilma, Dória, Ciro, personagens, no fundo, cênicos da política partidária, que se diferenciam pelas personalidades, mas são subalternos aos "poderes de mercado", ao "mercado financeiro", aos poderes econômicos mundiais e seu braço nacional, que é essa elite de um punhado de podres de ricos, descendentes dos senhores de escravos, antigas alavancas do poderio banqueiro mundial, desde que tinham sede, principalmente, no império britânico. E que hoje estão mais nos Estados Unidos, embora se mantenham ainda pela Europa - o que nos põe sob o controle do imperialismo euro-estadunidense - que se impõe a quase todo continente Americano e a quase toda África. Domínio e saque europeu na África, domínio e saque estadunidense na América Latina. Os que fazem e constróem de verdade a história e as histórias por aí ficam fora dos holofotes, no escuro, mantidos na ignorância e desinformação, impedidos por muitas formas de tomar consciência da realidade como é e suas causas mais profundas.

A mídia mira seus holofotes no palco das marionetes e esconde os bastidores, os verdadeiros poderes que têm no cenário dito "político" um tabuleiro onde movem suas peças - e controlam inclusive os holofotes. A seu favor e contra povos e nações. A mídia empresarial esconde e distorce a realidade, a favor do lucro e da propriedade do punhado de podres de ricos mundiais e suas elitezinhas locais, cúmplices dos crimes contra a humanidade. E a mídia alternativa, dita "de esquerda", mais humanista mas não menos condicionada, fica na superfície, discutindo e disputando no teatro de marionetes, focada na farsa e sem se dar conta dos próprios condicionamentos, dos aprisionamentos em suas "correntes de pensamento" no desprezo à sabedoria e à resistência popular, dos sentimentos de falsa superioridade que afastam, separam e impedem a troca verdadeira com os verdadeiros construtores e mantenedores de toda a estrutura social - em todo o mundo.


observar e absorver

Aqui procuramos causar reflexão.