terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Vencer na vida

 Vencer na vida não é enriquecer, mas sim chegar ao fim dessa passagem, que começa no nascimento e termina na morte, de bem com a própria consciência. Vencer na vida é chorar quando se nasce e sorrir quando se morre. A morte não é uma tragédia, uma desgraça, mas sim conseqüência de ter nascido. Tudo que nasce, morre. Nós todos estamos aqui de passagem. É preciso levar isso em conta, diante do massacre publicitário-midiático que faz tudo pra impor nossos objetivos de vida como sendo consumir, desfrutar de prazeres materiais. A matéria é nosso veículo, não nossa finalidade. O tempo é implacável, todos sairemos da dimensão material. Impressionante como as pessoas não se ligam, mesmo vendo todos os antigos indo embora, mesmo percebendo o próprio envelhecimento. Vence quem sai limpo de maldades, de mentiras, vence quem mais beneficiou, vence quem tem facilidade em se desapegar de tudo, matéria e relações, vence quem não se deixou levar pelos valores desse mundo, controlado e dominado por interesses materiais. Chega a ser estúpido se deixar convencer que se vale o que se tem, não pelo caráter, pela amorosidade, pela sensibilidade, pelo senso de justiça. Deus não premia com riquezas, mas com paz de espírito. A verdadeira riqueza é imaterial.

Obs.: Uso a palavra "Deus" pra simplificar o entendimento do que vejo como espiritualidade e não ouso definir. Não tenho alcance pra conceber o "supremo ser do universo", já que, como se sabe, o ser humano não alcança, nem de longe, o próprio universo como um todo. Não nos é possível saber onde são os seus limites, nem se tem limites. Aguardo minha compreensão se desenvolver, sem pretensão de entender ou explicar o que não alcanço. Mas espiritualidade eu sinto plenamente, desde muito cedo, e já comprovei seus efeitos e interferências em minha própria vida.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

O genocídio ianomami e a hipocrisia da mídia empresarial

 A tevê nojenta faz matéria de menos de um minuto sobre a tragédia ianomami. Cita a morte de 570 crianças como quem fala da morte de 570 bois por febre aftosa, uma vez só, de passagem. Diz das providências que estão sendo tomadas pelo novo governo, sem citar o novo governo. Em nenhum momento questiona as causas da tragédia e do aumento escandaloso dos crimes cometidos, desde 2016, mas que aumentou mais ainda depois de 2018.

Eu já vinha acompanhando, por postagens de informativos indígenas - há vários, embora muito pouco vistos pela população em geral - os assassinatos de indígenas, estupros, expulsões, invasões de garimpeiros, madeireiros, criadores de gado e plantadores de soja. Estive pela Amazônia, há mais de trinta anos, e sei que suas terras "demarcadas" ou "em homologação", as terras onde vivem são cercadas por ambições e ódio destrutivo, em todo o território nacional. A difamação e a criação de desprezo - pelas mídias locais - servem como "justificativa" pros crimes cotidianos, os maus tratos e a repulsa por parte de pessoas sabotadas em informação e instrução.

Os ataques nunca pararam, desde a chegada dos europeus, há séculos, mas nos últimos anos esses criminosos tiveram incentivo do próprio governo, que desarmou os poucos esquemas institucionais de defesa desses povos, das florestas, do meio ambiente. O massacre estava liberado, sob o ocultamento da mídia privada (mais privada do que nunca, como depósito de merda) e a exultação da ganância assassina. A mudança de governo pra um menos desumano mostra vontade de conter essa desgraça toda. Mas os elementos que a causam continuam ali, cercando as terras indígenas, babando de ambição e ódio aos que consideram um mero impedimento aos seus objetivos. Esses dias mesmo, no sul da Bahia, dois meninos foram mortos a tiros, quando voltavam pra sua aldeia em área retomada - se não me engano, um tinha 17 e o outro 22 anos. É prática cotidiana desta "civilização" o genocídio indígena - e dos pobres, nas cidades, pelas próprias "forças de segurança" da sociedade. Segurança pra quem?

Que ninguém me pergunte o que fazer. Os povos indígenas sabem muito bem quais seriam as soluções - quem sabe com o Ministério dos Povos Originários e o apoio das pressões internacionais, não apareçam, na prática mecanismos de contenção dessa barbárie secular sobre os originários dessas terras...

É preciso, na minha opinião, tomar consciência da realidade, pra que apareçam caminhos e soluções pros problemas tão gritantes desta sociedade injusta, perversa, covarde - e suicida. E não se conte com os meios de comunicação empresariais, ao contrário, estes têm a função de dispersar a atenção, superficializar as mentalidades, estimular o egoísmo e a indiferença com o sofrimento alheio, omitir as causas das mazelas sociais e distorcer a realidade, apresentando amigos como se fossem inimigos e inimigos como se fossem amigos.

Nojo e repulsa dessa mídia criminosa e seus jornalistas, apresentadores e comentaristas de consciência vendida. Há muitos anos eu afirmo que o mercado de consciências é um dos que melhor paga no "mercado de trabalho".

Todo apoio e solidariedade aos povos indígenas, vítimas preferenciais desta sociedade que agiu, desde que se implantou por aqui, de forma genocida, levando os povos que já estavam aqui quase ao extermínio. Só a resistência, a criatividade e a força de adaptação às situações que se impuseram pôde impedir esse extermínio - e agora estamos em processo de percepção da importâncias desses povos pra impedir a destruição total do meio ambiente e da vida no planeta.

A sociedade dita "civilizada" tem muito a aprender com a gente originária. E isso é urgente urgentíssimo.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Dia 8 de janeiro, domingo, escancara o terrorismo planejado. Covardia "de mercado".

 Vimos ontem o resultado da união da perversidade dos poderes econômicos com a ignorância, a desinformação e as induções ao inconsciente coletivo de ódio pelas mídias empresariais.

O "mercado financeiro" e os podres de ricos não mostram a cara, comandam as "comunicações", convocam os ignorantes de cérebro lavado e enxaguado e contratam os insufladores treinados, pra "liderar" a barbárie.
Fossem os milhões de famintos, esfarrapados, desabrigados e demais sabotados do povo brasileiro a ocupar a esplanada dos ministérios e os palácios dos três poderes - em reivindicações justas dos seus direitos negados há incontáveis gerações - e todas as polícias, mais o exército, a marinha, a aeronáutica cairiam em cima, sem dó, e haveria muitos e muitos mortos, além de presos em número que precisaria ocupar estádios de futebol, pra serem judiados, torturados, "exemplados" por tal "atrevimento". E as exigências seriam mais que justas - comida, moradia, saneamento, sem falar em educação e informação são direitos constitucionais que o Estado não respeita, obrigações que o Estado não cumpre. São crimes e dívidas sociais.
Ontem, esses que se dizem "manifestantes" tinham como "reivindicações" um golpe de Estado, "intervenção militar", entre outros crimes - na inconformação com o resultado de uma eleição. Não teve polícia, nem repressão, até que depredaram os prédios dos três poderes. Aí houve alguma ação e as câmeras mostraram as pessoas saindo algemadas, às centenas, pacificamente e em silêncio.
Ninguém machucado, ninguém gritando, ninguém esperneando. No mínimo, estranho. Não era a índole que essa rapaziada apresentava, entre o ódio e o descontrole desvairado. Que tipo de acerto os deixou tão calminhos?
Aguardem-se os desdobramentos. Não sei se as autoridades serão suficientes pra mobilizar forças de segurança que se demonstram, sem dúvida, favoráveis a essa bagunça toda.
É bom lembrar que interessa aos podres de ricos - escondidos sob a expressão vaga "mercado" - manter pressionado um governo que declara pretender a contenção do saque banqueiro e mega-empresarial e o investimento na população, em alimento, moradia e educação. Assim se pode entender a benevolência com essa turba criminosa, entre profissionais do terrorismo e a massa amorfa e acéfala conduzida, induzida, insuflada pelos meios de comunicação, inclusive e, talvez, principalmente pelas redes sociais da internet.
A proposta é conter as intenções declaradas desse governo. Manter miséria, ignorância, fome, desabrigo - como chantagem sobre a população trabalhadora pra que se aceite qualquer condição de trabalho explorado e sem direitos - pra que se mantenham, também, os privilégios desse punhado de parasitas sociais podres de ricos que se beneficiam desse primitivismo social grosseiro.
A caridade é permitida, comovente na benevolência, porque não resolve. Um programa de Estado que elimine a miséria, o analfabetismo, a ignorância e a desinformação, é proibido como uma "heresia". Não é à toa que o projeto de lei destinado a criar condições pra um "auxílio-fome" foi chamado pela mídia empresarial de "pec da gastança".
Como digo, desde a década de 80, no meu trabalho, o Estado é refém do poder econômico de elites internacionais, com a cumplicidade das elites locais. E o poder econômico é inimigo do povo. É preciso resgatar o chamado "poder público", pra que finalmente ele se torne verdadeiramente público.

observar e absorver

Aqui procuramos causar reflexão.