quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

A casa da traição prepara mais uma das grandes

 As dragas estão todas postas, muitas e maiores do que as que já estão há séculos. Os bancos estão prontos pra sugar o sangue da sociedade alienada, superficializada, iludida e enganada, já vivendo num caos social crescente, sobretudo nestes últimos anos. A "independência do banco central" é uma das grandes mentiras estratégicas. Independente só do governo - e de todos os poderes públicos - o banco central será regido pelas "leis de mercado", ou seja, por banqueiros internacionais com cumplicidade dos banqueiros nacionais. A eles interessa a sociedade em caos, violência, criminalidade e medo, ignorância, desinformação e consumismo. O senado aprovou o tal projeto das dragas, dos banqueiros, no dia da eleição nos Estados Unidos, quando os holofotes de todas as mídias comerciais estavam virados pra lá, todo o tempo, o dia inteiro. Agora tá na câmara dos deputados. As casas da traição funcionam na surdina. 

Maria Lúcia Fattorelli me faz repensar as ações intra-institucionais. Ali é área suja, onde reina a hipocrisia, a simulação, o interesse. Pesado pra alma. Incansável, Maria Lúcia levou todas as informações sobre o tal projeto, em estudos econômicos da Auditoria da Dívida Pública, a todos os líderes de todos os partidos, detalhando todos os crimes, todas as falcatruas, todas as catástrofes sociais que estão ali projetados. Ela também menciona um mecanismo proposto de controle dos parlamentares e a cobrança jurídicas pelas consequências dos seus votos.

O vídeo é longo e exige atenção dos que não têm intimidade com o linguajar mais academizado, embora não seja tão fechado quanto se vê nas falas acadêmicas. Mas os assuntos são de enorme importância. Percebendo os mecanismos, pode-se entender o por quê de tanta miséria, tanta ignorância, tanto abandono, com tantas condições pra atender todas as necessidades básicas de todas as pessoas, condições materiais, quero dizer. Dá pra entender porquê não importa envenenar a água, a terra, o ar, não importa assassinar povos originários, gente das florestas, ribeirinhos na bala ou com venenos tóxicos. Não importa queimarem as florestas e toda a vida nelas. O lucro está em primeiro plano e são esses valores que estão no controle social. O domínio dos bancos é imoral, anti-social, desumano. Mas é fato. Dá pra entender o controle e a sabotagem da educação, dá pra entender a traição permanente do povo pelo Estado. É o sequestro econômico-financeiro em que o Estado se encontra por esse punhado cheio de cúmplices comprados, conscientes ou não, nas instituições públicas e também nas privadas.

https://www.youtube.com/watch?v=WqaX351smdU


terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Descrédito como elogio

 O cara desacreditou quando eu disse que fazia à mão. Era uma mesa grande, dez a doze pessoas, alguns elogiando meu trabalho e eu explicando como fazia, o assunto foi pro conteúdo, as idéias, mas o cara não se conformava. Fincou pé que não era feito à mão e eu encerrei dizendo que ele era livre pra não acreditar e voltei ao papo sobre a alma do trabalho. Acabei vendendo umas peças, as pessoas já sabiam até onde iam usar, quem ia ver... uma forma de comunicação sutil. Aí ele desesperou, apelou pra mentira. "Eu cheguei de São Paulo ontem e estive lá no lugar onde cê compra isso aí. Vi na minha frente, isso mesmo que taí" e apontou pro painel na minha mão. Olhei pra ele, que sorria, o descarado foi fundo na sua descrença, tinha como certo me desmascarar. No silêncio, todos olharam pra mim, eu olhei pro meu painel. Eram broches gravados em relevo no percloreto de ferro, que exigia quinze horas de movimento só pra gravar, o fundo pintado com laca nitrocelulose, tinta pra metal, os fechos simétricos feitos no alicate e soldados com estanho atrás da chapa cortada com tesoura de metal e depois esmerilhados e polidos. Ficavam fortes e delicados. E lindos, eu gostava muito, apesar de dar um trabalho enorme e não me deixar tempo pra nada. Eu falava com o mundo através deles. O cara duvidava com a razão ignorante, num mundo realmente de mentiras e simulações. Disse a ele, "eu vou tomar como um elogio". Todos fizeram cara de estranheza, mas eu me expliquei. "Tu acha tão bom o meu trabalho, tão bonito e bem acabado, que é impossível eu fazer à mão, né..." o silêncio era geral e eu continuei, "...no fundo, é um elogio". Estendi calmamente a mão aberta virada pra luz de cima, os calos visíveis na palma e em todos os dedos, "...eu é que sei se faço ou não..."Acenei pra todos, "valeu, gente", e diante da expressão meio desconcertada dele, disse sorrindo, "obrigado pelo elogio". E segui adiante que o mangueio ainda ia longe.  

observar e absorver

Aqui procuramos causar reflexão.