sábado, 24 de dezembro de 2011


Vídeo para maiores de 18 anos. Ou pra quem tem maturidade para analisar as coisas sem ingenuidade, sem ilusão e sem preconceito.


sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Livro "A Privataria Tucana" se impõe sobre o silêncio da mídia


O livro do Amaury tinha tudo pra não aparecer, boicotado pelo silêncio da mídia, ignorado por seus comentaristas literários, políticos, econômicos e policiais - áreas ligadas ao tema dos crimes de lesa-pátria no governo Fernando Henrique Cardoso. Mas os tempos são outros e a internet, as redes sociais e a mídia alternativa constituem vazamentos na blindagem informativa privada e comercial que se faz porta-voz dos interesses empresariais, deformando a realidade e manipulando informações, entorpecendo a população com entretenimentos alienantes e produzindo valores e comportamentos adequados à manutenção da estrutura social concentradora de riquezas e poder para poucos e criadora de ignorância, pobreza, exclusão, miséria e sofrimento para a maioria.

A divulgação, ainda que pífia, aconteceu pelos meios alternativos e a primeira edição, de 30 mil exemplares, foi esgotada em poucos dias, a ponto do autor ser chamado à direção da editora, no exterior, para explicar tal fenômeno, enquanto se prepara a segunda edição, de 50 mil. Nos primeiros dias, o livro foi solenemente ignorado pela mídia. Com a repercussão, entretanto, surgiram algumas menções entre jornalistas midiáticos.

O livro está servindo de base para a instalação da CPI da privataria, proposta pelo deputado Protógenes Queirós, o mesmo que prendeu o banqueiro Daniel Dantas, por sua intermediação entre o Citibank e o governo Fernando Henrique, com a compra escandalosa do congresso brasileiro e do governo FHC pelo Citygroup (denunciada no mensalão, embora apenas em parte, suficiente para abalar a popularidade do governo Lula e presente no "capítulo brasileiro" do livro A Melhor Democracia Que o Dinheiro Pode Comprar, de Greg Palast, a partir da segunda edição), por lavagem de dinheiro, evasão de divisas e outras cositas más. A interrupção das investigações, o desmantelamento da operação Satyagraha (apego à verdade) e o afastamento do delegado Protógenes o levou ao trabalho parlamentar, eleito por São Paulo, apesar de ser de Niterói, pela projeção nacional resultante da repercussão inicial dos resultados das investigações - interrompida e desmantelada com pretextos jurídicos para proteger envolvidos "superiores" ao próprio Daniel Dantas, ex-sócio do Citibank e dono do Oportunity, banco brasileiro sediado no paraíso fiscal das ilhas Cayman. O cara manteve sua linha, agora sem poder ser afastado ou processado pelos poderes constituídos dentro e acima da administração pública, os financiadores de campanhas eleitorais, mega-empresários que fazem uso costumeiro dos bens e dinheiros públicos, como se fosse direito adquirido, e atacam ferozmente qualquer tentativa de mudança desse quadro de barbárie social, pela mídia, pela justiça ou pela bandidagem contratada. Como parlamentar, Protógenes tem agora a oportunidade de investigar novamente os crimes de lesa-pátria, com todo o conhecimento adquirido no trabalho de delegado da polícia federal - e já relatado em detalhes, sem que a mídia tomasse conhecimento, apenas desqualificando a investigação, em defesa dos sujos interesses das elites dominantes contra o público geral.

Durante todo o governo FHC assisti, entre estarrecido e revoltado, a entrega do patrimônio público brasileiro a empresas e conglomerados de empresas, praticamente de graça, com as mentiras de sempre, pra "melhorar" a educação pública (como se existisse além de um simulacro nocivo e safado), a saúde (que acabou entregue a laboratórios, planos de saúde e indústria da medicina), etc. Pudemos observar, com o tempo, todas essas mentiras ladronescas, enquanto a mídia produzia freneticamente narcóticos conscienciais para entorpecer a opinião pública, distorcia a realidade e produzia informações dispersivas, para que não se percebesse o latrocínio coletivo (considerando os mortos pela segurança pública e pela ineficiência do que deveria ser a "saúde pública", fora suicídios produzidos pelo desespero e os assassinatos devidos à estrutura social produtora de miséria e desejos compulsivos de consumos impossíveis à maioria). Fernando Henrique é o supra sumo da vaidade acadêmica, totalmente entregue e defensor dos  poderes empresariais sobre a sociedade e os bens públicos, emanando desprezo pela população sabotada, na velha postura europeísta do egoísmo e da dominação sobre as coletividades. O próprio lesa-pátria, que deveria estar em cana, ao invés de ser louvado pelas academias mundiais e vender palestras por centenas de milhares de reais ou dólares.

O Serra, personagem central no livro, não passa de um menino de recados eficiente, que leva as gordas gorgetas dos seus patrões, satisfeitos em suas ambições desumanas. Não li o livro ainda (e não devo lê-lo tão cedo, por não ser fundamental pra mim - sensação de 'eu sabia', embora sem documentação, pois a realidade já diz claramente o que acontece -, e por falta de grana, mesmo. Lerei, assim que puder), mas nada do que se falou a respeito das suas revelações me parece surpresa. Por que não me surpreendo? É a pergunta que faço, ironicamente, quando se revelam essas barbaridades. A resposta é simples: porque é o que a realidade nos diz, a todo o momento e de inúmeras formas. A força revelada desse "menino de recados", aparentemente avassaladora, apenas anuncia a força descomunal dos interesses que ele atende, protege e defende, sempre contra o povo. Espero que o livro não pare nos fantoches, as marionetes do "teatro" político e midiático. A corrupção começa no corruptor, não no corrupto, que é a parte menor da corrupção, onde costumam parar as investigações, nas poucas vezes em que são feitas. Os que seguram os fios dos bonecos permanecem no escuro e se passam por "benfeitores da humanidade", louvados pela mídia privada, sempre, como geradores de empregos e não como exploradores do trabalho e dos bens públicos, a qualquer custo, que é o que realmente são.

As revelações do livro são novidades apenas por trazer detalhes, nomes, datas à tona. Esses procedimentos são uma triste tradição no exercício do poder público. A única diferença é essa parte específica - o período desse nefasto governo - ter vindo à tona, provavelmente pelo excesso de descaramento, de cara-de-pau, de confiança na imbecilização programada da mentalidade popular. Na minha visão, não há exercício de governo que não compactue, em maior ou menor grau, com a ditadura das empresas. E a base não está apenas no controle da informação e das instituições públicas. Está, principalmente, no condicionamento das mentes e dos comportamentos, dos valores e objetivos de vida, implantados massiva e diariamente, 24 horas por dia, que nos levam a consentir e colaborar com essa estrutura infeliz de sociedade.

Disputamos por qualquer coisa, encaramos os irmãos como adversários, desejamos o ócio e o consumo excessivo, amamos o luxo e o desperdício e admiramos a ostentação e a arrogância. Consumimos marcas como se fossem padrão de qualidade social e pessoal, sem perceber o ridículo de apoiar esses valores artificiais, traiçoeiros e completamente falsos, em essência, embora tristemente reais no cotidiano, quando são estimulados sentimentos de superioridade e inferioridade com base no ter, no parecer, na forma e não no conteúdo, nos sentimentos, no caráter, na integração ao coletivo. Por isso, qualquer trabalho revolucionário precisa começar internamente, dentro de si mesmo, nos condicionamentos impostos a todos, a que ninguém está isento. Quem negar isto está apenas exercendo uma arrogância estúpida ou uma ingenuidade triste.

Precioso livro pra começar a enxergar como as coisas funcionam em nossa sociedade. Recomendo também o "Confissões de um Assassino Econômico", de John Perkins, além do já mencionado "A Melhor Democracia Que o Dinheiro Pode Comprar", como seqüência de "Confissões..."

Abaixo, alguns trechos da reportagem de Carta Maior a respeito.


"'Privataria' chega ao Senado, e PT e PSDB se enfrentam em plenário"


"Líder petista pede providências ao Ministério Público e desafia PSDB a debater 'capítulo triste'. Serrista fala em 'calúnia' para abafar denúncias contra governo e expõe atrito interno, ao negar aparte a Aécio. Na Câmara, líder do PMDB diz que 'não vai embarcar em CPI', para a qual segue coleta de assinaturas, e ilustra efeito de silêncio da mídia: 'Livro tem documentos mesmo?'"

"...o líder do PT, Humberto Costa (PE), provocou o Ministério Público a tomar providências e desafiou o PSDB a debater o que seria “um dos mais tristes capítulos” da história brasileira. Ao responder, os tucanos apontaram “calúnia”..."

"...o livro revelaria “entrega do patrimônio público” durante privatizações no governo Fernando Henrique, com “documentos contuntendes”...
"...Marta Suplicy (SP), que também é do PT, disse: “Tive acesso a esse livro e realmente é um espanto."

 "A exemplo de outro serrista ilustre, presidente do PPS, deputado Roberto Freire, (o senador) Nunes Ferreira afirmou que o livro, que teria “calúnias”, serve apenas para proteger a gestão Dilma."


"Nos bastidores de Brasília, fala-se que parte das investigações do autor de Privataria, o jornalista Amaury Ribeiro Jr., começou por interesse de Aécio de se proteger contra Serra na disputa que os dois travavam no PSDB como postulantes a candidato a presidente da República. Amaury foi repórter do jornal O Estado de Minas durante parte da gestão de Aécio como governador do estado."

"...Humberto Costa foi irônico"..."os grandes arautos da moralidade, as vestais da honestidade"..."sai uma nota num jornal, querem convocar o ministro para vir ao Congresso Nacional, pedem a abertura de uma CPI, vão para o Ministério Público. Agora, diante de um livro de 300 páginas, que tem 141 documentos sobre as coisas que estão aqui denunciadas, uma única palavra para se pedir apuração eu não ouço por parte da oposição.” 
O link do livro:

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Documentários sobre Belo Monte

Um estudo sério e profundo sobre a construção da barragem de Belo Monte, com dados à exaustão e uma apresentação magistral, em linguagem clara e com sentimento. Sobretudo com muita informação. No youtube ele incluiu na descrição do vídeo uma grande quantidade de fontes de informação, onde se baseou pra estudar o assunto e destrinchar os procedimentos, tecendo o fio dos acontecimentos. 
O assunto é estendido à Amazônia toda, como foco da destruição ambiental da atualidade. A crítica ao modo de ocupação das terras da região, à própria ocupação por populações de fora que chegam para trabalhar nas grandes obras e depois se tornam uma legião de desempregados, deteriorando as condições de vida na área. Mas não toca a não ser de leve na estrutura social que assumimos em nossos comportamentos, em nossos valores pessoais, em nossos objetivos de vida. Em certo momento o cara diz que brasileiro é preguiçoso, é egoísta. Devem ser os brasileiros que ele conhece. Talvez ele partilhe da opinião de que a vítima é o culpado. A sabotagem do Estado, na alimentação e como cúmplice da doentia indústria alimentícia, na educação que não merece o nome, na saúde de morte que é a pública, constrói ignorância, desinformação, abandono e repressão, discriminação, perseguição, exploração e o resultado é a barbárie social em que vivemos. Mesmo assim, conheci gente solidária demais, criativa demais, humana e generosa demais em todo canto que andei desse Brasil. Gente esforçada, trabalhadora. Há de tudo, é claro, mas a proporção dos bons é muito grande, maior que a dos maus, mas muito menor que a proporção dos indiferentes, incluídos aí os medrosos, os ingênuos, os egoístas, os arrogantes, os alienados, os consumistas e o resto da boiada. O problema é que os maus são os que estão no poder. E nós os servimos, a maioria inconscientemente, induzida por gerações a fio de bombardeio midiático-publicitário, por décadas de deseducação e de jornalismo deformador da realidade.
Não é "o Brasil vai construir Belo Monte porque ele quer". Que Brasil é esse que ele tá falando? Eu nasci aqui, sou brasileiro, conheço um monte de gente igual, que não concorda com a construção dessa barragem, que acha que é uma desumanidade, que as populações locais têm prioridade que ninguém tem o direito de chegar na casa de ninguém pra dizer "sai fora, cê não tem o papel, essa terra tem dono, tá despejado" e a polícia atrás, no apoio. O que ele chama Brasil é a fachada do poder real, o governo, eleito pelos financiamentos de campanha e a serviço desses financiadores. O governo vai construir a usina (patrocinando empresas construtoras) porque empresários querem. E são aqueles mega-empresários com muito dinheiro roubado em suas histórias, dinheiro público, que sustentam campanhas eleitorais e corrompem o setor público, ganhando um poder de pressão gigantesco sobre governantes, legisladores, magistrados e todo funcionamento da sociedade. Inclusive na "formação" dos cidadãos, da mentalidade, dos valores, dos comportamentos, através da ala empresarial das comunicações, principalmente a mídia, outro enorme poder de pressão sobre as instituições, pelo privilégio de "apresentar" a realidade e os acontecimentos como interessar ao lucro, ao poder econômico-financeiro. E sempre em prejuízo das maiorias, as populações, as numerosas comunidades pobres que predominam em nossa sociedade.  

Independente da opinião do autor, que também não é das piores, o vídeo é precioso pelas informações claras e pela facilidade de acompanhar a "aula" até o fim. Parabéns ao "Pirulla 25", pelo belo trabalho e pela quantidade de informações. Mas sobretudo pela forma de conversa informal, pessoal, envolvendo sentimento. Isso é a humanidade chegando. 

Os vídeos de baixo fazem outras abordagens do tema, envolvendo os locais, as populações atingidas, os animais, as plantas, as vidas, enfim, que precisam ser respeitadas, os representantes, os funcionários que lutam por justiça dentro das engrenagens... 
Os atos do poder público e das empresas envolvidas deixam um sentimento de traição no ar. Há conluios, armações, sempre favorecendo grandes empresas (poucos) e prejudicando as populações (muitos). O poder público, como se sabe, serve ao poder privado, mega empresas, acima da vida e dos direitos constitucionais que o Estado e suas instituições têm a obrigação de garantir, mas não garantem, ao contrário, os violam e deixam violar, com algumas ações cênicas que servem para "provar" o contrário.

Primeiro a aula:




Vídeo seguinte feito pelo Coletivo Miséria, de São Paulo, que edita o zine Miséria e apóia o movimento das fábricas ocupadas, estando junto com a Flaskô. Lucidez e engajamento nas lutas populares. Fala Miséria.

ESCLARECIMENTO:
Nós, do Coletivo Miséria e outros realizadores gostaríamos de esclarecer o que já está claro no vídeo, mas nos foi questionado:
Não fazemos nenhuma acusação de relação direta entre o grupo "Tempestade em copo d'água?" e seu vídeo, com a AG. Nossa crítica é em relação às parcerias e patrocínios de grandes corporações dentro da Universidade, constituindo um "cerco ideológico" (nas palavras de um dos participantes do vídeo, que é estudante de uma das Engenharias). Mostramos como existe esta relação privada, o que obviamente influencia na formação dos estudantes (como mostrado, através de eventos, entre outras coisas). Há quem ache normal que uma empreiteira de Belo Monte forme alunos sobre o desenvolvimento do país e patrocine eventos de uma universidade pública... é uma opinião. Nós não concordamos. A partir disso, nos colocamos contra este modelo de universidade. Defendemos um ensino superior realmente público e que atenda aos interesses populares. 

http://miseriahq.blogspot.com/                                                                               




Os caras conviveram lá, entrevistaram os moradores e seus representantes, funcionários governamentais, e foram se envolvendo com a situação. Muito sentimento neste filme, muita comoção com as injustiças. Um sentimento de "forças ocultas" que não são mais ocultas, estão descaradas nas demonstrações das forças públicas. Percebe-se de que lado elas estão colocadas pelo poder que deveria ser público, mas que foi privatizado pelo poder econômico dessa elite empresarial que posa de avançada, fina, progressista e portadora das verdades sociais, cada vez com seu disfarce mais esfarrapado, cada vez mais aparecendo seus rabos de demônios, seus caninos de vampiros, produzindo mortes, despejos, destruição e sofrimento.



Que sociedade é essa? Como poderia me enquadrar comodamente nela? Não, cara, eu sou um ser humano, não posso compactuar com isso, tranqüilamente, como tantos. As populações locais são seres humanos como eu e, se não são iguais, têm os mesmos direitos. A respeito, a uma vida digna, da maneira deles, como com todo mundo. Nossa sociedade não merece respeito. Não faço parte consentida disso. Latifundiários bandidos são louvados como benfeitores. Grandes empresários bandidos e seus políticos bandidos mandam e comandam a estrutura administrativa do Estado. Massacram, expulsam, saqueiam e enganam a população desescolarizada e desinformada, em benefício de grandes empresas. E nós, pensando em consumo, em marcas, em futilidades, enquanto o extermínio prossegue em sua saga genocida, há séculos. Assim, colaboramos ou, ao menos, consentimos. É a alienação, a superficialidade, o egoísmo, o excesso, os desejos de consumo, o valor do ter, a competição geral e permanente, a exploração, a ignorância, a pobreza e a miséria o que sustenta esse sistema. Mudando valores e comportamentos, mudamos o mundo.

O documentário precisava de ajuda pra seguir adiante e já não precisa mais, a cota de 114 mil reais que precisava foi ultrapassada. Um trabalho feito em busca de conscientizar, pesquisando entre o povo da região onde está sendo construída a barragem de Belo Monte, a maior de uma série de barragens que destruirá grande parte da vida do rio e seus habitantes ribeirinhos. Grandes empresas construtoras, a indústria do alumínio (grande consumidora de energia), especuladores de sempre e seus coniventes políticos, comprados por financiamentos de campanha eleitoral, inventam mentiras deslavadas, espalhadas pela mídia repetidamente em jornais e programas, como sempre, enquanto as milícias e as forças de segurança pública da região são lançadas sobre os moradores locais para retirá-los de suas casas, da sua área, da sua vida. Desumanidade pura, tanto dos que visam o lucro a qualquer custo, quanto dos seus arautos jornalísticos da mídia privada, dos seus funcionários de luxo no congresso, nos governos e na justiça e dos publicitários que vendem seu serviço ao genocídio, à expulsão dos povos locais, à desumanidade dos grandes empresários e seus cúmplices comprados.
Taí o link:
Esse traz comparações entre as propostas de realocamento e a realidade de outros mega empreendimentos na Amazônia, como Tucuruí e a situação atual dos desapropriados, desenraizados de suas terras em nome do lucro de empresas desumanas. As mentiras se repetem, sem constrangimento ou vergonha. No final, uma série de vídeos e reportagens com informações sobre o assunto.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Lançamento de livro em Santa Teresa

O livro "Eduardo Marinho - Crônicas e Pontos de Vista" será lançado amanhã no Centro Cultural Laurinda Santos Lobo, na rua Monte Alegre, um casarão cor de rosa, inconfundível ao primeiro olhar. Às 18:30 horas.
(Acabei de receber um comunicado do editor.  Não é seis e meia, é seis horas, 18 horas. Quem puder chegar às 17, já vou estar trocando idéias lá. Pregando desenhos na parede - deve ter alguma parede disponível - e conversando. Cinco horas da tarde, moçada, no horário do governo.) 

Infelizmente não será possível lançar literalmente livros, no estilo "barata voa", presenteando algumas pessoas aleatoriamente. A editora tem os seus controles, seus métodos e padrões de existência.

Provavelmente trocarei algumas idéias com as pessoas presentes. Levem suas impressões, discordâncias ou dúvidas, por favor, pra enriquecer o momento. Aguardo e abraço a todos.

foto de Adhara, no lançamento no Convés
O livro pode ser comprado comigo, também, é só pedir pelo arteutil.em@gmail.com. Vinte paus mais correio, vai como encomenda registrada, mais cinco real. Na minha mão é mais barato - não tem correio.

Documentário : Os Escafandristas - Cifrões, Padrões e Exceções



Eles chegaram com uma camerinha dessas miúdas, explicaram que faziam um documentário sobre artistas de rua que contestavam o sistema social em que vivemos. Era minha praia. Como uma obrigação moral e com o maior prazer, respondi às perguntas. Os três, Rafael, Eduardo e Victor, jovens universitários, tinham a chama da contestação acesa nos olhos, a identidade foi imediata. Somos uma grande equipe em função, espalhada no meio da coletividade, a maioria sem consciência de participar do trabalho coletivo de evolução do ser humano, partindo apenas de uma necessidade interna "inexplicável", mas que impossibilita a adesão incondicional aos valores impostos por essa estratégia de controle da opinião, dos valores, das mentes e do comportamento, através de muitos controles, tendo como eixo principal a mídia privada, os interesses de poucos sempre tomando os direitos inerentes ao ser humano, em cima das maiorias. Levamos uma vida de merda, numa sociedade de merda que não garante o mínimo necessário a todos os seus membros, ao contrário, sabota e explora a maioria, produzindo e usufruindo a miséria, a pobreza e a ignorância transformadas em privilégios, poderes, confortos, excessos e desperdícios para poucos.
Abaixo, o apanhado primeiro que eles fizeram da entrevista, feita em Santa Teresa, onde exponho.


quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O genocídio guarani continua

"Cuidem com coragem essa terra (...) Cuidem bem de minha neta e de todas as crianças..."
"Vocês não deixem esse lugar. Cuidem com coragem essa terra. Essa terra é nossa. Ninguém vai tirar vocês... Cuidem bem de minha neta e de todas as crianças. Essa terra deixo na tua mão (Valmir). Guaiviry já é terra indígena". Nestes termos se expressou o nhanderu Nisio, baleado, agonizante. Isso foi relatado aos membros do Conselho da Aty Guasu, que foram levar apoio ao grupo e se inteirar do bárbaro ataque. Conforme o relato, três tiros foram disparados em Nisio - nas pernas, no peito e na cabeça. Além do corpo de Nisio, mais três crianças que estavam chorando ao seu redor, foram jogadas na carroceria de uma camionete.
Polícia Federal, Força Nacional e especialistas estiveram no local da execução brutal do nhanderu Nisio Gomes, no tekohá Guaiviary, no amanhecer do dia 18 de novembro. Sangue Guarani-Kaiowá no chão. Rastos do corpo arrastado. Apenas constatações. Um pequeno resto da mata testemunhou mais um assassinato de seus seculares guardadores.
Matam e destroem a mata com a mesma desenvoltura e certeza de impunidade há anos, décadas, séculos. A revolta da Mãe Terra e de seus filhos primeiros chegará. Como diz a canção em homenagem a Marçal Tupã'i: "Chegará o dia em que o alto preço dessa covardia será cobrada pelos Guarani".
Enquanto isso, as lágrimas e o sangue continuam banhando esse chão em revolta, em gritos, em protesto. Os ouvidos do mundo não estão mudos. O clamor das vidas e da natureza sacrificada diariamente no altar do progresso, da acumulação do capital, do deus dinheiro, não permanecerão impunes!
Que o sangue de Nisio Gomes Kaiowá Guarani se junte ao coro dos guerreiros da vida para juntos nos unirmos no grito que ressoa mundo afora.

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Agora eu:
(Eduardo)

Que sociedade é essa? Como poderia me enquadrar comodamente nela? Não, cara, eu sou um ser humano, não posso compactuar com isso, tranqüilamente, como tantos. São seres humanos como eu e, se não são iguais, têm os mesmos direitos. A respeito, a uma vida digna, da maneira deles, como com todo mundo. Nossa sociedade não merece respeito. Não faço parte consentida disso. Latifundiários bandidos são louvados pela mídia. Grandes empresários bandidos e seus políticos bandidos mandam e comandam a estrutura administrativa do Estado. Massacram, expulsam, saqueiam e enganam a população desescolarizada e desinformada. E nós, pensando em consumo, em marcas, em futilidades, enquanto o extermínio prossegue em sua saga genocida, há séculos.

Documentário precisa de ajuda pra seguir adiante, atrás de alguma consciência, pesquisando entre o povo da região onde está sendo construída a barragem de Belo Monte, a maior de uma série de barragens que destruirá grande parte da vida do rio e seus habitantes ribeirinhos. Grandes empresas construtoras, a indústria do alumínio (grande consumidora de energia), especuladores de sempre e seus coniventes políticos, comprados por financiamentos de campanha eleitoral, inventam mentiras deslavadas, enquanto as forças de segurança pública da região são lançadas sobre os moradores locais para retirá-los de suas casas, da sua área, da sua vida. Desumanidade pura, tanto dos que visam o lucro a qualquer custo, quanto dos seus arautos jornalísticos da mídia privada, dos seus funcionários de luxo no congresso, nos governos e na justiça e dos publicitários que vendem seu serviço ao genocídio, à expulsão dos povos locais, à desumanidade dos grandes empresários e seus cúmplices comprados.
Taí o link:


observar e absorver

Aqui procuramos causar reflexão.