quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Os perigos “revolucionários”



Assisti, consternado, ao filme A História Soviética, claramente posicionado contra o regime que vigorou sobre muitos países do leste europeu e da Ásia. As experiências sociais, retaliações a qualquer tipo de resistência, a transferência e extermínio de populações inteiras (em nome de um absurdo bem-estar dos povos centrais da União Soviética), como a morte de 7 milhões de pessoas na Ucrânia, no espaço de um ano (!), após o confisco minucioso de todo bem comestível – exportado para apoiar o esforço de guerra nazista na Alemanha, aliada até o início da 2ª grande guerra -, provocando deliberadamente a grande fome de 1932/33 e cercando o país para impedir a fuga da população, num processo genocida de extermínio. Abaixo, o link do filme – publicado, neste caso, com o acréscimo da palavra nazista. Quem fez o filme, claramente odeia o sistema soviético e carrega nos tons sinistros. Mas as imagens e histórias são contundentes demais para serem ignoradas ou amenizadas pela posição clara do filme. Os números são chocantes demais.

Além dos ucranianos, muitos outros povos periféricos à Rússia e abrangidos pela União das Repúblicas Socialista Soviéticas. No filme, há menção a doze países que tiveram suas populações simplesmente transferidas, por inteiro, para outras áreas, em decisões de “engenharia social”. A desumanidade não ficou devendo a nenhum explorador capitalista do trabalho humano, da miséria e do desespero. Ao contrário, suplantou-a em frieza e arrogância. A fonte é a mesma, a sensação de superioridade de uns sobre os demais, neste formato, com base na superioridade de informações, de conhecimentos e de controle do aparelho estatal. Uma pretensa superioridade humana, que no sistema empresarista se baseia nas posses, na riqueza e no controle dos políticos, o que resvala no controle estatal com uma fachada de democracia falsa, baseada na ignorância que o sistema impõe, com todas as coações e sabotagens sociais que disso decorrem. O preconceito social e o preconceito intelectual dão o mesmo e nefasto resultado, os crimes contra as populações.

O sistema vigente não tem defesa. É desumano, injusto e cruel. Nenhuma sociedade que permita a existência da miséria e da ignorância pode ser considerada ideal. Estamos no caminho evolutivo e não há retorno, a não ser aparente, em alguns casos. Não pretendo com a exibição desse filme apoiar a forma de sociedade que ainda chamam de capitalista. Minha intenção é demonstrar que nenhum sistema baseado em superioridades e inferioridades funciona a contento, servindo com igualdade de direitos, oportunidades, condições e obrigações a toda a gente.

É preciso que os que sabem mais sirvam com o seu saber e não se coloquem como “guias” do povo. As pessoas não precisam de lideranças, precisam de consciência, conhecimento, informações verdadeiras (até hoje, todos os sistemas manipularam informações). A cabeça do sistema precisa estar no chão da sociedade, espalhada entre a maior parte da população. É preciso acabar com a ilusão de que se pode pensar pela maioria, a concentração de poderes não pode ficar à mercê de algumas poucas cabeças pensantes. O condicionamento geral de que maior saber significa superioridade pessoal me parece ridícula, de uma pequeneza moral primitiva. Mais conhecimentos significa maior responsabilidade social, os intelectuais teriam que descer do seu pedestal acadêmico e se por a serviço de uma nova sociedade, esclarecendo, ensinando, levando o conhecimento adquirido em instituições fechadas à maioria, por um sistema social elitista e concentrador, a essa maioria que, no final das contas, é quem constrói, mantém e sustenta toda a estrutura social. Questão de dívida moral, humana, social, há milênios.

As atuais “cabeças pensantes” que se pretendem revolucionárias precisam perceber a inutilidade (e mais, o perigo) da concentração de poderes, da centralização. Desarmar a “superioridade” que a academia injeta no inconsciente e desenvolver a humildade necessária ao bom serviço de conscientização, esclarecendo e não doutrinando, oferecendo e não cobrando, estimulando e não conduzindo. O “descondicionamento” deve partir do reconhecimento dos próprios condicionamentos (de que ninguém está livre) que ditam nossos valores e comportamentos a nível individual, pra que se possa ter maior efeito na coletividade – é muito mais fácil a assimilação com uma apresentação respeitosa e humilde, sem superioridade arrogante, ainda que disfarçada com bons modos. O sentimento emana de qualquer um e a maioria, sabotada em seu desenvolvimento racional (pela ausência de um ensino público real), desenvolve essa área pouco conhecida e até negada na área acadêmica, a intuição, o sentimento do sentimento alheio. Se engana quem confunde falta de saber com falta de sabedoria, falta de conhecimento com falta de personalidade. Esses não conseguem se comunicar com a maioria, até por não saber falar sua língua, resultado dos condicionamentos acadêmicos de superioridade e da distância estratégica em que a academia foi situada na sociedade.

Descer do pedestal é fundamental pra quem se dispõe a trabalhar por mudanças verdadeiras, por uma sociedade igualitária, sem miséria, ignorância e abandono, em nenhum dos seus setores. Sem tirania de uns sobre outros, de qualquer espécie.

É mais que hora de estabelecermos um novo “mandamento”, talvez divino, mas sobretudo humano, solidário e realmente interessado no fim de tanto sofrimento de tanta gente: sensibilizai-vos, esclarecei-vos, conscientizai-vos uns aos outros, com calma, com respeito, com sinceridade, com amor. Como disse Che Guevara, na época ainda da luta armada por mudanças, a qualidade que melhor caracteriza o verdadeiro revolucionário é o amor. Irrestrito, por toda a humanidade, o que garante a não aceitação de nenhum tipo de sociedade em que exista alguma situação de injustiça, de miséria, de abandono. A solidariedade plena é o resultado desse sentimento e o trabalho de acender luzes é parte do processo de conscientização, que me parece o único lastro confiável pro funcionamento das coletividades, junto com o desenvolvimento de sentimentos sociais mais humanos, de condições humanas de mudanças sociais.

O preconceito social e o intelectual são duas vertentes de um mesmo sentimento grosseiro e primário – o de superioridade humana, um com base nas posses, outro nos conhecimentos. O que resulta no predomínio de uns poucos sobre todos os demais e nas perseguições aos que não aceitam essa imposição.


O artigo seguinte expõe a bifurcação nascida no movimento hippie, na contestação política do final dos anos 60 (que se prolongou pela década de 70 resvalando em parte dos 80 e dando filhotes até hoje, embora esparsos), quando se questionou toda a estrutura vigente, apontando o caminho de destruição em que seguia a humanidade, dirigida pelo modo ocidental de sociedade, consumista, concentrador, desintegrador e envenenado pela ambição desmedida, o estímulo irresistível ao egoísmo e à naturalização da miséria e ignorância como inevitáveis. Apontaram-se os malefícios da alimentação industrial, na tirânica imposição da dualidade produção e consumo como centro da vida, da transformação da vida em um inferno de competição e ostentação de riquezas como valor social, o consumo como objetivo da vida, os sentimentos, a justiça, os valores humanos esquecidos ou secundarizados, envolvidos no papel colorido da superficialidade para evitar o aprofundamento na análise de tal estrutura social.

Propôs-se a mudança da sociedade da forma mais profunda possível, através da mudança completa dos valores e do comportamento. Por isso foram mobilizados todos os poderes possíveis, desde a segurança pública, as influências religiosas, as instituições e a mídia, em peso, contra aquela ameaça à “estrutura social”, aos “bons costumes” e à família tradicional. Construiu-se um preconceito monumental e todos os pretextos foram utilizados contra a “subversão dos valores da sociedade”, à semelhança do que fez o império romano com os primeiros cristão que propunham as mesmas coisas – fraternidade universal, igualdade plena e destruição das estruturas sociais baseadas na exploração da maioria por grupos minoritários de poder. Naquele caso, a perseguição parou com a institucionalização da igreja, na esterilização das propostas cristãs e na cooptação da instituição cristã para a manutenção da sociedade, sacralizando os abismos das diferenças sociais, como determinação divina.

O trabalho real de revolucionar o sistema social humano deve necessariamente se basear numa população instruída e informada. É imprescindível o trabalho de sensibilizar, esclarecer e conscientizar a maioria, com o pressuposto básico da humildade, da disposição de aprender e do espírito de serviço, em vez da perigosa pretensão de lideranças, condutores e dirigentes.

O artigo:

domingo, 16 de outubro de 2011

Manifestações por um mundo melhor




As manifestações deste 15 de outubro, pelo mundo afora, tiveram muito mais atividade nas áreas de origem e arredores das fontes do desequilíbrio global, os grandes bancos internacionais e mega-empresas multinacionais, que hoje ditam as políticas públicas com suas ligações viscerais com a administração pública, os poderes visíveis das sociedades. Aí os manifestantes apontam na direção do poder real, denunciando seus crimes cotidianos contra as maiorias e, em alguns pontos “mais distantes” do planeta, promovendo sofrimentos desumanos a populações inteiras, por conta de interesses empresarias em lucros, controle e poder de poucos, dentro da coletividade humana.

Na América Latina, as manifestações foram esvaziadas de significado pela força da mídia porta-voz e defensora do poder empresarial, apontando como responsáveis pela corrupção a ponta fraca, os corruptos, os políticos e administradores públicos, sem jamais apontar na direção do corruptor, as grandes empresas, ou melhor ainda, seus donos, as pessoas que manipulam o poder público com os financiamentos de campanhas e inúmeras outras formas de pressão, com seu poder econômico, em prejuízo de enormes parcelas da coletividade humana.

O corrupto tem prazo marcado, pode renovar ou não seu posto ou mesmo trocar de posto, numa ciranda já estabelecida nos cargos e poderes públicos. O corruptor, ao contrário, financiador dos elementos mais perniciosos aos direitos gerais, no mais das vezes já corrompeu mandatos anteriores e continuará corrompendo, pressionando, boicotando, conspirando, sempre no sentido de manter e ampliar seus poderes e privilégios sociais, explorando o trabalho alheio, desviando funções públicas em seu benefício, como já fizeram seus antepassados e como seus filhos continuarão fazendo, assim pretendem, ao longo do exercício do poder dito público. Não é à toa que a dívida pública – que o público não imagina como foi feita e da qual nunca viu nenhum benefício – leva quase a metade do orçamento do país (já levou mais) só como pagamento dos juros e “amortizações” dessa dívida que nunca foi explicada e que passou por uma CPI de fachada boicotada pela mídia, que não divulgou os entraves postos no caminho das investigações desse desfalque monstruoso no orçamento de uma sociedade com tantos milhões atirados ao abandono educacional, sanitário, trabalhista, enfim, uma coletividade com tantas necessidades prementes e não atendidas, apesar de serem obrigações constitucionais do Estado.

Não me admira o fracasso dessas manifestações em nosso continente, apesar de haver exceções, como o Chile, em meio a uma ebulição política que favorece a reflexão, a consciência e a participação em todos os atos de contestação ao modo vigente. A tendência das “lideranças” que observo é a do arrebanhamento, muito poucos se dispõem a conscientizar de verdade, se conscientizando ao mesmo tempo, pra manter a humildade e não expor uma postura de “sigam-me, eu sei a verdade”, tão ridícula quanto ineficaz. Percebo uma sensação de escaldamento com guias e líderes. Creio que o povo precisa menos dessas figuras e mais de consciência. E que ninguém está acima de ninguém nesse trabalho e que quem sabe mais tem maior responsabilidade e não superioridade pessoal. Que desça do seu pedestal e caminhe no meio do povo, aprendendo sua linguagem pra poder comunicar o que sabe, sem cobrar conhecimentos que foram intencionalmente negados à maioria. Se alguém não percebe o condicionamento implantado no inconsciente que dá origem à sensação e busca de superioridade pessoal sobre os demais, seja materialmente, intelectualmente, espiritualmente ou de qualquer forma, sua atuação ao invés de revolucionária servirá de reforço da farsa montada como democracia, berrando sua oposição, seus insultos e seus protestos, de forma inofensiva ao sistema, desagregando ao invés de agregar, formando rebanhos ao invés de consciências, trabalhando no modo pastores e rebanhos e simulando democracia como a própria sociedade, na estrutura em vigor.


                                                                                                                             Eduardo Marinho





Indignado: Resumo Notícias de sábado 15 de outubro (+ Fotos e Vídeo)
OUTUBRO 15, 2011 

Incidentes em Roma, durante a Marcha Mundial das "indignados"

Centenas de jovens confronto com a polícia em Roma.  Foto: Reuters
Centenas de jovens confronto com a polícia em Roma. Foto: Reuters
O Roman Plaza San Juan de Letrán, ponto de chegada do movimento italiano contra os ajustes aplicados por Silvio Berlusconi e os governos da Europa em crise, de repente se tornou um campo de batalha. Polícia e manifestantes reprimidos respondeu atirando pedras de pavimentação e granadas de fumaça contra a patrulha.
Foram registrados cerca de 70 feridos. Outro grupo de pessoas foi para um anexo ao Ministério da Defesa, perto do Coliseu, e queimados na testa, bem como dezenas de carros. Enquanto isso, em diferentes países foram mobilizados para os principais edifícios do poder financeiro e político, sob o lema: "A partir de indignação para a ação. Nossas vidas e os seus benefícios. "
As três principais confederações sindicais e os sindicatos de estudantes juntou-se à demonstração, inspirado no "indigno" de Madrid. "Uma solução, revolução" "Nós não são de propriedade nas mãos dos banqueiros", orou alguns dos banners dos manifestantes começaram a sua marcha. "Hoje é apenas o começo. Queremos avançar no sentido de um movimento global ", disse um estudante que participou do protesto.
No início da marcha, desconhecidos quebraram as fachadas de dois bancos na Via Cavour, com sinais de trânsito, e em seguida fugiram. Vários veículos foram queimados, assim como um anexo do Ministério da Defesa. Um grupo carregava um caixão com o nome do primeiro-ministro Silvio Berlusconi.
Da manhã, uma forte presença da polícia implantado no centro da capital. Os oficiais principalmente proteger os locais-chave de poder, como Presidente da República, a sede do Parlamento e da residência privada do primeiro-ministro, Silvio Berlusconi.
Segundo um manifestante, 50 anos, a polícia transformou o evento "em apuros". Poderíamos ter se reuniram pacificamente, disse ele. Perto da praça, onde o tráfego não foi interrompido, alguns carros de luxo foram recebidos com pedras. Outros em ziguezague entre o lixo queimado.

O criador do WikiLeaks com a "raiva" em Londres


Na Grã-Bretanha, a mobilização contra os ajustes de demanda e mudanças nos sistemas político e econômico culminou em frente à Catedral de St. Paul, no distrito financeiro, onde fez uma participação especial surpresa e Julian Assange, que naquele país enfrenta uma extradição para a Suécia. "Nós não podemos ser máscaras anônimos e uso, mas os bancos suíços se pode", disse ele sob aplausos da multidão.
Europa.Durante participação maciça na sua intervenção curta no palco improvisado dos passos da catedral, Assange criticou que "o povo enviado para Guantanamo a obedecer à lei, enquanto o dinheiro é" lavado "com impunidade nas Ilhas Cayman e Londres ".
Na capital britânica, o "indignado" não conseguiu cumprir sua meta de tornar o principal evento na Praça Pasternoster, que foi cercada pela polícia para a especulação de que haveria uma tentativa de tomar a sede da London Stock Exchange. Este contratempo não impediu que vários milhares, incluindo um grande grupo de campeões espanhóis da 15M-motion movimento que surgiu em referência ao passado, 15 de maio de sinal de protesto em mão, contra os excessos do sistema financeiro e para exigir mais democracia.
Localizado às portas da Catedral de St. Paul, os manifestantes, entre 3.500 e 5.000 pessoas, segundo estimativas da BBC, chamado por Ocupar LSX 15M e do grupo em Londres, entre outros, realizou reuniões para decidir como evoluir protesto, sem excluir acampar durante a noite, se a polícia o permitam.

Participação massiva na Europa

Aspecto da Puerta del Sol de Madrid, depois de oito horas.  Foto: O País
Aspecto da Puerta del Sol de Madrid, depois de oito horas. Foto: O País
Os "indignados" Os europeus se mudou para os principais edifícios do poder financeiro e político dos diferentes países. O mais convener foi a Espanha, onde realizou comícios em 80 cidades e vilas para protestar contra cortes de bem-estar e insegurança no emprego.
O maior protesto foi realizado em Madrid, onde uma multidão correu a milha que separa a Plaza de Cibeles e da emblemática Puerta del Sol, que começou há cinco meses movimento indignada de 15M. Em Barcelona, ​​cerca de 60 000 pessoas estavam na Plaza Catalunya, com um banner que dizia: "A partir de indignação para a ação. Nossas vidas e os seus benefícios. "
Na Alemanha, cerca de 40.000 pessoas, segundo estimativas do movimento anti-globalização ATTAC participou em manifestações por todo o país com a maior concentração na sede do Banco Central Europeu em Frankfurt e no Ministério das Relações Exteriores. A marcha pacífica discursou em Berlim, embora tenha havido ameaças de tumultos na altura da sede do Parlamento, alegando cerca de 200 jovens que haviam quebrado a partir do grande grupo invadiu o prédio, onde um forte contingente policial isolou a área.
Em Atenas, centenas de "indignados" gregos concentraram-se em Syntagma Square, cercado por forte esquema de segurança e se tornou um símbolo de protesto contra a política de cortes aplicada pelo governo para evitar a falência.
Em Bruxelas, milhares marcharam pelo centro da cidade e se reuniram em frente as principais instituições da União Europeia. Eles carregavam cartazes criticando a resposta europeia à crise financeira, o sistema capitalista em favor da mobilização.
Em Portugal foi também um outro cenário em que dezenas de milhares de pessoas em várias partes do país em resposta ao apelo lançado em 82 países pelo movimento chamado indignados. O primeiro dia de protesto despertou na Oceania e na Ásia, onde a participação era desigual com os países onde for proibido ou restrito em concentrações locais públicos, tais como Cingapura ou China, enquanto na Austrália ou Nova Zelândia destacou a eventos festivos.

U. S. Protestos

Ocupam os membros do movimento foram Wall Street escoltado pela polícia em Nova York.  Foto: Reuters
Ocupam os membros do movimento foram Wall Street escoltado pela polícia em Nova York. Foto: Reuters
No âmbito da Marcha Internacional da "Angry", centenas de pessoas se reuniram perto do Monumento a Washington, na capital dos EUA, e contra uma afiliada da JPMorgan Chase, a "Big Apple" para protestar contra o poder dos grandes bancos e postos de trabalho exigente. "Chase foi salva com dinheiro dos impostos, vendemos", gritavam os manifestantes através de alto-falantes.
JPMorgan Chase é o banco que ganha mais do que tudo de Wall Street e foi um dos vencedores no âmbito da crise financeira. Seu chefe, Jamie Dimon, é um dos críticos mais severos de uma possível regulamentação mais apertada dos bancos. Portanto, os manifestantes conclamaram seus clientes a cancelar as suas contas no Chase e abrir outros bancos menores.
Os protestos, que juntou vários sindicalistas, foram acompanhadas por um envio de forças policiais pesados. Apesar de nos dias anteriores houve confrontos com a polícia e prisões, o movimento de protesto "Ocupar Wall Street", em Nova York foram pacíficas. O pedido é simples: que os bancos têm menos poder e os ricos pagam mais impostos.
À tarde, membros do movimento se reuniram com estudantes que protestavam que têm dívidas, que são estudos tão caro. As universidades americanas são famosos por suas altas taxas. Mais tarde, o evento foi para a Times Square, ponto focal da cidade.
"Eu não posso acreditar que todas as pessoas aqui. Dificilmente pode-se mover ", disse um pedestre. A polícia cercou o local, para que o espaço era ainda menor. A operação também envolveu a RCMP.Finalmente, a polícia fechou algumas ruas ao trânsito para dar espaço para os manifestantes. "Isso é democracia", exclamou vários manifestantes, que gritavam também o grito de guerra: "Nós somos 99 por cento."
O protesto é que os ricos paguem mais impostos, têm reformas sociais e regulamentos para os bancos.Turistas gastaram em autocarro turístico típicas perto da praça parabenizou os manifestantes.
Também na capital dos EUA, Washington, cerca de mil pessoas foram às ruas para protestar contra a elevada taxa de desemprego. Na "Marcha sobre Washington por empregos e justiça" também participou várias defensores dos direitos civis e sindicatos, um dia antes de ter sido inaugurado oficialmente em Martin Luther King Jr. Memorial. "É hora de ocupar Wall Street, que ocupamos Washington, Alabama que ocupamos", disse o reverendo Al Sharpton, líder dos direitos civis nos Estados Unidos e um dos organizadores da marcha.

Com menos de eco na América Latina

Cerca de 5.000 pessoas se reuniram na capital do Chile, como estimado pelas forças de segurança do país.  Foto: AFP
Cerca de 5.000 pessoas se reuniram na capital do Chile, como estimado pelas forças de segurança do país. Foto: AFP
A mobilização maciça internacional "ultrajado", que aconteceu em pelo menos 95 cidades, pouco se ouviu falar de países do Cone Sul. Na Argentina, um pouco menos de uma centena de manifestantes foram detidos em frente ao Congresso. Na Venezuela, presidente Hugo Chávez apoiou-o e disse "são o resultado da pobreza que afeta a classe média". Em Santiago do Chile marcharam cerca de 100 000, segundo os organizadores. E no Brasil, onde ele tinha chamado eventos em 44 cidades, o comparecimento às urnas foi tão baixo que no Rio de Janeiro houve 37 manifestantes.
O maior protesto foi realizado em Madrid, onde uma multidão correu a milha que separa a Plaza de Cibeles e da emblemática Puerta del Sol, que começou há cinco meses movimento indignada de 15M. Em Barcelona, ​​cerca de 60 000 pessoas estavam na Plaza Catalunya, com um banner que dizia: "A partir de indignação para a ação. Nossas vidas e os seus benefícios. "
Na Alemanha, cerca de 40.000 pessoas, segundo estimativas do movimento anti-globalização ATTAC participou em manifestações por todo o país com a maior concentração na sede do Banco Central Europeu em Frankfurt e no Ministério das Relações Exteriores. A marcha pacífica discursou em Berlim, embora tenha havido ameaças de tumultos na altura da sede do Parlamento, alegando cerca de 200 jovens que haviam quebrado a partir do grande grupo invadiu o prédio, onde um forte contingente policial isolou a área.
Em Atenas, centenas de "indignados" gregos concentraram-se em Syntagma Square, cercado por forte esquema de segurança e se tornou um símbolo de protesto contra a política de cortes aplicada pelo governo para evitar a falência.
Em Bruxelas, milhares marcharam pelo centro da cidade e se reuniram em frente as principais instituições da União Europeia. Eles carregavam cartazes criticando a resposta europeia à crise financeira, o sistema capitalista em favor da mobilização.
Em Portugal foi também um outro cenário em que dezenas de milhares de pessoas em várias partes do país em resposta ao apelo lançado em 82 países pelo movimento chamado indignados. O primeiro dia de protesto despertou na Oceania e na Ásia, onde a participação era desigual com os países onde for proibido ou restrito em concentrações locais públicos, tais como Cingapura ou China, enquanto na Austrália ou Nova Zelândia destacou a eventos festivos.
Durante seu breve discurso no palco improvisado dos passos da catedral, Assange criticou que "o povo enviado para Guantanamo a obedecer à lei, enquanto o dinheiro é" lavado "com impunidade nas Ilhas Cayman e em Londres."
Na capital britânica, o "indignado" não conseguiu cumprir sua meta de tornar o principal evento na Praça Pasternoster, que foi cercada pela polícia para a especulação de que haveria uma tentativa de tomar a sede da London Stock Exchange. Este contratempo não impediu que vários milhares, incluindo um grande grupo de campeões espanhóis da 15M-motion movimento que surgiu em referência ao passado, 15 de maio de sinal de protesto em mão, contra os excessos do sistema financeiro e para exigir mais democracia.
Localizado às portas da Catedral de St. Paul, os manifestantes, entre 3.500 e 5.000 pessoas, segundo estimativas da BBC, chamado por Ocupar LSX 15M e do grupo em Londres, entre outros, realizou reuniões para decidir como evoluir protesto, sem excluir acampar durante a noite, se a polícia o permitam.
(Com informações de agências / Página 12)


Manifestantes com uma bandeira dos EUA  anexado à boca, segurando cartazes em Zuccotti Park, perto de Wall Street, em Nova York.  Foto: Reuters
Manifestantes com uma bandeira dos EUA anexado à boca, segurando cartazes em Zuccotti Park, perto de Wall Street, em Nova York. Foto: Reuters


Ocupam Hong Kong.  Foto: AP
Ocupam Hong Kong. Foto: AP
Ocupam na Austrália.  Foto: AFP
Ocupam na Austrália. Foto: AFP


Ocupam Austrália.  Foto: AFP
Ocupam Austrália. Foto: AFP


Ocupam Tóquio.  Foto: Reuters

Manifestantes ea polícia italiana em uma nuvem de fumaça no centro de Roma.  Foto: AFP
Manifestantes ea polícia italiana em uma nuvem de fumaça no centro de Roma. Foto: AFP


sexta-feira, 14 de outubro de 2011

O Santuário dos Pajés sob ataque

Há um documentário, Sagrada Terra Especulada, sobre a terra indígena do Santuário dos Pajés, onde ocorre uma luta pelos direitos dos remanescentes dos povos massacrados desde o genocídio na época da colonização – em curso até hoje. No final do documentário, os originários comemoram o reconhecimento legal, pelo Estado, dos seus direitos e das ilegalidades cometidas por empresas imobiliária, obcecadas na construção do bairro Noroeste, em sua ânsia de lucro a qualquer preço, mesmo a vida da natureza e dos habitantes ancestrais. Era uma vitória, sem dúvida.

Mas os empresários, quando derrotados nos impulsos destruidores da sua ambição, não desistem. Apenas recuam até que as coisas esfriem, rosnando no escuro e atiçando seu departamento jurídico para estar alerta a qualquer possibilidade de reverter a decisão, sempre a qualquer custo, desde que seja custo a outros e não a si mesmos. Desta vez não foi diferente.

Quinta-feira de manhã, dia 13 de outubro, máquinas entraram na terra indígena, derrubando a mata. Indígenas e apoiadores se dispuseram a impedir, mas foram atacados por cerca de 30 seguranças contratados pela construtora. Houve vários feridos, entre homens, mulheres e adolescentes, uma área foi desmatada a 100 metros da aldeia. Ver matéria em http://www.cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&action=read&id=5847

Há um histórico e um respiro na matéria de 14 de outubro, sem que se possa esquecer que a vigilância deve ser firme. A dívida com os povos originários é vergonhosa para nossa sociedade, para a humanidade inteira e de cada um.

Aos que puderem prestar solidariedade ou se manifestar a respeito, agora é a hora para essas pessoas que há tanto tempo lutam em condições adversas, sendo invariavelmente criminalizadas, difamadas, perseguidas, sabotadas, mas que permanecem lutando contra os inimigos gigantes, cruéis e covardes. A desigualdade da luta pede a solidariedade de todos, a indignação de todos. Esse “desenvolvimento” mentiroso e destrutivo deve ser revelado e eliminado. Precisamos nos solidarizar com os povos originários e perceber como são desprezíveis os argumentos de seus desumanos algozes do momento, que perpetuam o genocídio indireto que mata a alma dos povos. Um desenvolvimento a esse custo não vale a pena, assim como há benefícios materiais que não valem, nem de longe, os prejuízos morais, ambientais, sociais e, nesse caso, culturais.


Eduardo Marinho, em 14 de outubro de 2011

domingo, 9 de outubro de 2011

O descontentamento social se estende pelos Estados Unidos



8 OCTUBRE 2011 

Ao completar 21 dias, o movimento Ocuppy Wall Street gerou expressões de protesto contra a desigualdade econômica e o poder financeiro em 45 dos 50 estados do país e se tornou assunto cotidiano nos meios de comunicação, nos estágios de poder de cúpula e nas ruas de dezenas de cidades.
“Somos 99 por cento” é um grito ouvido e visto de Tampa, na Flórida, a Portland, no Oregon (onde, de acordo com alguns meios de comunicação, 10 mil pessoas se manifestaram, na quinta-feira) e hoje montaram plantões e/ou realizaram marchas em San Diego, San Francisco, Minneapolis (onde se estabeleceu uma Praça do Povo, em frente à prefeitura local), Tampa e Atlanta.
A ocupação de Washington entrou em seu segundo dia, com cerca de 300 pessoas realizando uma assembleia geral, para definir agenda e ações, depois das marchas de ontem. Segundo os organizadores, há iniciativas, reuniões e outras atividades relacionadas, em 900 cidades e povoados.
Aqui na Praça Liberdade, a duas quadras de Wall Street, o plantão estabelecido em 17 de setembro continua gerando ecos em âmbito nacional e internacional.
 Hoje cerca de 200 representantes da comunidade haitiana em Nova Iorque cruzaram a ponte do Brooklin e caminharam até a praça cantando “Ocupe Wall Street, não o Haiti”. Foram recebidos por um contingente de igual número de ocupantes da praça e caminharam juntos até o plantão. “Os mesmos banqueiros e capitalistas que estão levando os estadunidenses à pobreza, ao endividamento e à situação de sem teto empobreceram  os haitianos durante décadas... a comunidade haitiana demonstrará sua solidariedade com os milhares que estão se levantando contra a avareza e a crise capitalistas”, declararam no seu comunicado público.
À tarde, no forum diário, manifestantes e simpatizantes ouviram os acadêmicos gregos sobre o movimento de resistência contra a austeridade na Grécia.
Aqui seguem os estudantes, agora acompanhados de sindicalistas, desempregados, profissionais ambientalistas, veteranos de guerra, uma brigada de avós pela paz, religiosos, um mosaico a cada dia mais diversificado. Fala-se de uma multidão de demandas e assuntos e, diante das críticas de que não há um programa de propostas, afirmam que há muitas, mas que, em essência, o ponto é demonstrar que “assim é que se tem uma democracia”, com a participação de todos. “Estamos abrindo um espaço democrático no umbigo da besta, Wall Street”.
Cada vez se unem mais
Com o aumento das ações no contexto nacional e o apoio de diversos setores sociais, continua a dramática transformação desta iniciativa, que ao nascer estava conformada quase exclusivamente por jovens brancos privilegiados. Agora alguns já chamam “movimento” a este esforço que começa a aglutinar os principais sindicatos e organizações sociais e comunitárias de todo tipo, elevando-se ao perfil de nova expressão social no panorama político nacional.
“Este movimento de protesto,  Wall Street, contra a desigualdade econômica e social já aparece em 45 estados”, disse o noticiário nacional da NBC News. Na Praça Liberdade (Liberty Place), disse o repórter, não só há mais organização a cada dia, como receberam dezenas de milhares de dólares em doações, além de roupas, alimentos e mais.
Para outros noticiários, o fenômeno é reportado com seriedade, mas chega a ser cômico. Por exemplo, na CNN o subtítulo afirmava: “protestos de Wall Street explodem; expressam a ira contra os sistemas financeiros e políticos”. Enquanto isso, uma locutora resume: “há muita gente zangada lá fora”. E pergunta a sua repórter que está na praça se já é algo como a Praça Tahir, no Cairo, e a resposta é que isso está por se ver, que poderia ser. Aparentemente não se davam conta de que isso implicaria na derrubada do governo pelo movimento.
Alguns analistas, comentaristas, acadêmicos e estrategistas políticos mais conhecidos debatem se é o início de uma expressão popular progressista, como uma espécie de contrapartida do ultraconservador Tea Party, se ajudará ou atrapalhará as perpectivas eleitorais de Barack Obama, se é uma expressão “efetiva” ou se pode “detonar uma revolução”. Por outro lado, os pré-candidatos presidenciais republicanos denunciam o Occupy Wall Street como perigoso, por promover “a guerra de classes” e por ser “anticapitalista” e, por isso, “anti-americana”.
O economista prêmio Nobel, Paul Krugman, escreveu hoje, em sua coluna no New York Times, “algo está acontecendo aqui. O que é, não está bem claro, mas poderíamos, enfim, estar vendo o surgimento de um movimento popular que, diferente do Tea Party, está furioso com as pessoas  indicadas.” Acrescenta que “a acusação dos manifestantes de Wall Street, como uma força destrutiva, econômica e politicamente, é completamente correta”. Krungman adverte que “agora, com sindicatos e um número crescente de democratas expressando, pelo menos, um apoio qualificado aos manifestantes, Occupy Wall Street começa a ser visto como um ato importante que, eventualmente, poderia ser considerado um ponto crítico.”
Em Nova Iorque, alguns se queixam da “incivilidade geral” na praça, e o ruído da incansável batucada, como disse um cidadão no programa de rádio de linha aberta com o prefeito Michael Bloomberg, membro destacado do um por cento mais rico do país. “Estamos agindo de maneira que o problema não cresça e protegendo os direitos de todos. Não há soluções fáceis aqui e só posso dizer que estamos trabalhando nisso”. Ainda que estivesse falando do “incômodo” físico que causava a manifestação, poderia muito bem estar falando politicamente a mesma coisa. Mas, ao que parece, já é tarde demais – “o problema” já cresceu.
 (Tomado de La Jornada)                                                   Boletim Cuba Debate de 9/10/2011
Tradução – Eduardo Marinho

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