terça-feira, 17 de julho de 2012

O MILAGRE GERSON (2004) (Legendas Pt)

Não conferi as informações. Já tinha visto esse filme, fiquei de verificar e não fiz, não tenho tempo, preciso produzir desenhos, aquarelas, livrinhos... o que me rende mal e mal o que gasto. Como passou de novo pelo meu caminho, resolvi postar. Faz todo o sentido. Creio que há várias maneiras de curar os duzentos tipos de câncer. Mas o mercado do câncer movimenta bilhões de dólares, desacredita-se de tudo o que não precise das quimioterapias, radioterapias, cirurgias e tantas e quantas maneiras de ganhar dinheiro. Os médicos se tornaram receitadores de remédios e tratamentos, para que a indústria médica e farmacêutica - infiltrada nas universidades, na formação dos médicos! - possam lucrar ao extremo. O filme mostra uns episódios, sem aprofundar as causas, sem acusar ninguém. "Incrivelmente, nos Estados Unidos o método do dr. Max Gerson continua proibido", informa, delicadamente, o locutor. Incrivelmente? Ou compreensivelmente? Tiveram que ir pro México, montaram um Hospital Gerson em Tijuana. Depois, outro foi montado em Budapeste, na Hungria. O método é simples e genial. Humano, eu diria, como deveria ser tudo o ligado à medicina, ao ensino, ao serviço público em geral. Sinto verdade nesse documentário. Não sei se dará certo com todos, mas certamente dá com muitos, pelo descrito, a esmagadora maioria. Acho que esse filme deveria ser extremamente divulgado, conferido, adaptado, conhecido.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Crime de Estado - só mais um exemplo

O vídeo foca na figura do governador, quando se sabe que o poder está acima da política, nos financiadores de campanhas e nos financiadores dos financiadores de campanhas, que são maiores e piores. A promiscuidade entre grandes empresários e representantes públicos, seus governos e suas empresas, é notória, descarada e despreocupada a não ser com os altos círculos do poder econômico-midiático. A marionete faz o que lhe comandam os fios. Atacar os fantoches não afeta quem segura os fios, o estoque de bonecos é farto, morcegos nas mãos de vampiros. Chega a ser ingênuo.

Outra discordância é com a atitude do nobre deputado Paulo Ramos, ao provocar a revolta e o insulto coletivo às forças de segurança ali presentes por ordem "superior" e treinadas pra atacar sem dó. Qual é, vai bater o pé e gritar "isca!" pro pastor alemão em ponto de bala? Isso é colocar toda a coletividade em risco, uma irresponsabilidade. O extremo desta atitude pode ser visto nas conseqüências de Pinheirinho, quando algum maluco postou o vídeo dos moradores do bairro armados de escudos de pvc, capacetes de motociclistas, brandindo porretes e cantando cantos de guerra, tipo daqui ninguém me tira. Uma total irresponsabilidade. Duvido que esse vídeo não tenha sido passado muitas vezes, talvez acrescido de fundos musicais escolhidos, praqueles militares que foram lá, no dia anterior, enquanto técnicas de incitamento são postas em cima dos caras, desumanizando-os, tirando deles o que o ser humano tem de melhor, sua sensibilidade. Crianças, idosos, enfermos, trabalhadores, animais, materiais de trabalho, casas com oito anos de moradia foram expulsos, espancados, feridos, mortos, destruídos, destroçados pelas forças públicas de segurança. Mais de oito mil pessoas, em mais de mil e seiscentas famílias. Cães mortos a tiros na frente das famílias, cenas de terror que nunca mais sairão da cabeça daquelas pessoas, sobretudo as crianças. Isso sem falar em Belo Monte, Tucuruí, o Rio dos Macacos, a lista é imensa e a de casos desconhecidos do mundo, muito maior.


Quanto ao deputado, eu, se me fosse dado, sugeriria uma outra atitude. Olhar e se dirigir aos policiais, a começar pelos de mais alta patente, apelar à humanidade deles, "capitão, eu apelo à sua humanidade, veja com seus olhos, há doentes, não têm pra onde ir, conteste suas ordens, é uma desumanidade, não é possível que vocês tenham perdido a humanidade (pode ter um tom dramático, pois é um drama que se desenrola na realidade), como é possível alguém se dispor a tirar essas pessoas daí, nessas condições? Como tratar com violência pessoas que não são a menor ameaça, não esboçam nenhuma agressividade? Como participar do ato de atirar essas pessoas doentes ao deus-dará? Que tipo de ordem pode obrigar a tamanha covardia? Vocês são pessoas, seres humanos, antes de serem militares. Têm família, mãe, pai, avós, tias, sobrinhos... olhem o que estão pra fazer, gente, eu falo com a consciência que tá dentro de cada um, todo mundo tem, pode esconder, mas tem."

Acho que isso dito por um deputado talvez desse pra arrumar um tempo pra correr atrás de um jeito. Bota os advogados pra correr. Bueno, não sou deputado, né? Mas tá na hora de perceber que a língua do confronto é a língua do opressor, pro confronto eles tão preparados. Não tão preparados é pra consciência. Mas esse é um trabalho mais difícil, mais profundo, mais reflexivo e que não permite o arrebanhamento. Além disso, exige um profundo e sincero trabalho constante dentro de si mesmo, corrigindo e se melhorando pra melhorar, senão o mundo, pelo menos o ambiente. Tô cansado de ver "revolucionário" usando roupa de marca. E quem perguntar o que tem uma coisa a ver com a outra eu respondo: cê não sabe de nada, vai se informar. Muito preferem acreditar que vão conduzir as massas. Só se forem entregar pizzas, penso eu.

Mas a importância, aqui, está na denúncia do crime de Estado. Na madrugada, estão ocorrendo desocupações em toda a área declarada o tal porto maravilha. Por muitas décadas, aquela área portuária e vizinhas foram abandonadas. Como capital nacional e porto, havia grande quantidade de prédios públicos, que foram deteriorando, desocupados. Pouco a pouco, a população esquecida pela sociedade, desabrigada, foi ocupando esses prédios, às centenas de prédios, às milhares de pessoas, famílias, crianças, idosos, deficientes. Isso, enquanto a especulação imobiliária concentrou sua atenção na Barra e adjacências, na vastidão da orla oeste. Agora, com a área saturando, os interesses se voltam pra área portuária, depois do sucesso da "recuperação" da área da Lapa e das ruas históricas, tudo entregue a empresários, já "limpo", o serviço sujo o Estado faz. Abandonados, os prédios, as velhas casas, tudo permanece com aspecto antigo, patrimônio histórico, reforma-se dentro do padrão e ganha um outro valor. Revitalizar a área. Só precisa expulsar os pobres, os moradores que, mal ou bem, conservaram, limparam e mantiveram as estruturas que, de outra forma, teriam caído ou estariam irrecuperáveis. E mesmo que não fosse, não muda nada.

Na madrugada. O Estado tá sinistro. Em toda parte acontecem coisas semelhantes. É óbvio que é coisa do - pra falar vagamente - "mercado". Interesses econômicos. E até quando vamos servir ao "mercado" com nossos comportamentos, com nossos valores, com nossas opiniões padronizadas? Ninguém escapou do condicionamento massacrante cotidiano há décadas por publicidade, propaganda, condicionamentos, psicologia do inconsciente, márquetim, merchandaise e o escambau. Pra isso a academia serviu - e serve - direitinho. Seria bom que servisse pra achar o jeito de todo mundo ter seus direitos respeitados.

Reforço - não é crime do Cabral, é crime da própria sociedade, é crime do Estado, é crime público.

Crime do Cabral contra o IASERJ. 15.07.2012

domingo, 15 de julho de 2012

Alguns pensamentos

"Quando reparto meu pão com os pobres, me chamam de santo. Quando pergunto pelas causas da pobreza, me chamam de comunista."                          Hélder Câmara

A pior pobreza é a de dentro. Pobreza de grana, por si só, não nos diminui a alma.        E.M.

"Se não for cuidadoso, os jornais farão você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas e amar as que estão oprimindo."                                              Malcom X

"Poucos são aqueles que vêem com os próprios olhos e sentem com o próprio coração."                             Albert Einstein

"O ser humano não é o único bicho que pensa, mas é o único que pensa que não é bicho."                     Tupã (faixa no sambódromo, onde foram entulhados os indígenas que vieram para a cúpula dos povos)

"O comunismo só existe porque a civilização cristã não é tão cristã quanto se diz. "                              Martin Luther King

sexta-feira, 13 de julho de 2012

O outro lado das eleições


Beyond Elections Documentario Parte 1 (Portugues - Introdução)

Foi assim que me chegou, com esse nome aí. Tive que consultar o dicionário pra saber o que é beyond. Essa é a primeira parte de uma série de temas muito bem colocados, interessantes e necessários, cada um na sua área. Dava um bom debate, depois de cada um, se fosse exibido num auditório.

As últimas partes me tocaram mais profundamente. Achei necessário, esse documentário.

São doze partes, eu acho. Todas preciosas.

Abraços a todos.



segunda-feira, 9 de julho de 2012

TEDxCanoas - Eduardo Marinho - O que a razão não alcança

Canoas, vizinha a Porto Alegre. Fui de trem. Da estação tomei um ônibus que me deixou lá em menos de dez minutos. Depois voltei andando pra estação, mas errei o caminho, cheguei numa estação mais distante uns dois quilômetros e acabei dando uma boa volta por aquela área da cidade, enquanto o sol morria no horizonte.


sexta-feira, 6 de julho de 2012

Fala do presidente do Uruguai, Pepe Mujica. na Rio+20




Autoridades presentes, de todas as latitudes e organizações, muito obrigado. E muito obrigado, nosso agradecimento ao povo do Brasil e à sua senhora presidente. E muito obrigado à boa-fé que, seguramente, manifestaram todos os oradores que me precederam.

Expressamos a íntima vontade, como governantes, de acompanhar todos os acordos que esta nossa pobre humanidade possa subscrever. No entanto, seja-nos permitido fazer algumas perguntas em voz alta. Durante toda a tarde esteve-se falando em desenvolvimento sustentável, de tirar imensas massas da pobreza. O que nos passa pela cabeça? O modelo de desenvolvimento do consumo é o atual das sociedades ricas. Eu gostaria de perguntar o que aconteceria a este planeta se os indianos tivessem a mesma proporção de carros por família têm os alemães? Quanto oxigênio nos restaria para podermos respirar?

Mais claro: o mundo tem, hoje, os elementos materiais para fazer possível que sete, oito bilhões de pessoas possam ter o mesmo nível de consumo e desperdício das mais opulentas sociedades ocidentais? Será possível ? Ou teremos que nos dar, algum dia, outro tipo de discussão? Porque criou-se uma civilização, na que estamos, filha do mercado, filha da competição, que se deparou com um progresso material portentoso e explosivo. Mas o que foi economia de mercado criou a sociedade de mercado. E se apresentou esta "globalização" que significa olhar por todo o planeta. Estamos governando a globalização ou a globalização nos governa? É possível falar de solidariedade e de que estamos todos juntos numa economia que está baseada na competição desapiedada? Até onde chega a nossa fraternidade?

Nada disso digo para negar a importância desse evento. Não, pelo contrário, o desafio que temos pela frente é de uma magnitude e de um caráter colossal e a grande crise não é psicológica, é política. O homem não governa, hoje. A força que se liberou, ou a força que liberaram governa o homem... e à vida. Porque não viemos ao planeta para nos desenvolvermos em termos gerais. Viemos à vida tentando ser felizes. Porque a vida é curta e nos acaba. Nenhum bem vale como a vida e isto é elementar. Mas se a vida me vai escapar trabalhando e trabalhando para consumir o máximo e a sociedade de consumo é o motor, porque se definitivamente se paralisa o consumo ou se detém, se detém a economia, e se se detém a economia é o fantasma da estagnação para cada um de nós. Mas esse hiper-consumo, a juízo, é o que está agredindo o planeta e esse hiper-consumo tem que gerar coisas que durem pouco, porque é preciso vender muito. Uma lâmpada elétrica não pode durar mais de mil horas acesa. Há lâmpadas que podem durar cem mil, duzentas mil horas, mas essas não se pode fazer. Porque o problema é o mercado. Porque temos que trabalhar. Temos que estar numa sociedade de uso e descarte, estamos num círculo vicioso. Estes são problemas de caráter político que estão nos dizendo da necessidade de lutar por outra cultura. 

Não se trata de propor voltar aos homens das cavernas, nem fazer um monumento ao atraso. É que não podemos, indefinidamente, continuar governados pelo mercado mas, sim, temos que governar o mercado. Por isso digo que o problema é de caráter político. 

Na minha humilde maneira de pensar - porque, como os velhos pensadores definiam, Epicuro, Sêneca, ..., - pobre não é o que tem pouco, mas o verdadeiramente pobre é o que necessita infinitamente muito e deseja e deseja e deseja mais e mais. Esta é uma chave de caráter cultural. Então, vou saudar o esforço e lhes recordo que é assim. 

Vou acompanhar, como governante, porque sei que alguma coisa das que digo se retêm. Mas temos que nos dar conta que a crise da água, que a crise do meio ambiente não são uma causa. A causa é o modelo de civilização que construímos e o que temos que rever é a nossa forma de viver. Por quê? Pois temos um país pequeno, muito bem dotado de recursos naturais para viver. Em meu país há três milhões de habitantes, pouco mais, três milhões e duzentos, mas há treze milhões de vacas, das melhores do mundo, e uns oito a dez milhões de ovelhas, estupendas. Meu país é exportador de comida, de arte ou de carne. É uma enorme planície, quase noventa por cento do seu território é aproveitável. Meus companheiros trabalhadores lutaram muito pelas oito horas de trabalho. Agora estão conseguindo seis horas. Mas aquele que consegue as seis horas, consegue outro trabalho, portanto trabalha mais que antes. Por quê? Porque tem que pagar uma quantidade de mensalidades, a motocicleta que comprou, o carrinho que comprou, e paga prestação e paga prestação e quando se dá conta, é um velho reumático como eu e se lhe foi a vida. E se faz essa pergunta: esse é o destino da vida humana? 

Estas coisas são muito elementares. O desenvolvimento não pode ser contra a felicidade, tem que ser a favor da felicidade humana, do amor sobre a terra, nas relações humanas, no cuidar dos filhos, em ter amigos, em ter o mínimo necessário. Precisamente, porque esse é o tesouro mais importante que existe. Quando lutamos pelo meio ambiente, o primeiro elemento do meio ambiente se chama felicidade humana. Obrigado.

José Mujica, el Pepe.


(Tradução - Eduardo Marinho)

"Portas Abertas", de novo, em Santa Teresa





eu:  E aí, Pedrão.
Tá sabendo que amanhã tem um "portas abertas", em Santa?
Pedro:  Fala Edu.
To sabendo, não.
eu:  Apois...
Eu até ia viajar pra Mauá, mas não deu. Tem que preparar mais material pra subir a serra.
Vou ter que ir lá na falcatrua desse portas fechadas pros artistas mais pobres, que expõem nas ruas de Santa Teresa. Ou exponho meus desenhos, ou minhas opiniões a respeito do evento, ligando com a realidade da nossa sociedade, onde o serviço público serve ao privado e o povo que se f...
Pedro:  Amanhã eu vou pra Saquarema. Fds que vem vc vai estar no rio?
eu:  Vou amanhã na porra desse evento.
Não sei se no próximo eu vou estar. Continuo querendo ir pra Mauá. Chei de sodade de Alice Luz e de Brisa do Outono. 
Pedro:  Tu viu o título de patrimônio da humanidade?
eu:  Vi. O que tem de mais?
Pedro:  Hoje descobri o real motivo.
eu:  Aié? E qual é?
Pedro:  Criaram um fundo.
Da prefeitura
eu:  O que esses caras mais criam são fundos - por onde eles entram e saem.
Pedro:  Isso.
eu:  É por onde escoam os dinheiros públicos pros bolsos privados.
Pelos fundos. Pode ser um motivo. Mas tem vários outros, eu penso.
Cê tem informação sobre isso?
Pedro:  Saiu no globo hj:
Pedro:  primeiro eles fizeram cada carioca se sentir um vitorioso pelo título, depois criam o fundo pra escoar o dinheiro.  

eu:  E não se sabe como se "administra" os fundos. Se intui.

Xovê essa merda... 

 Enviado às 08:50 de sexta-feira

Pedro:  O quê isso muda na prática, para um cidadão comum no rio de janeiro?
    eu:  Coitado do cidadão comum...
    eu:  Então acaba a secretaria municipal de patrimônio e entra o instituto rio patrimônio histórico...
E o secretário vira presidente do instituto.
Pedro:  rs
eu:  E sai do controle público.
Aliás, "controle" público (com aspíssimas), que é só na lei, mesmo. Mesmo que não funcione, é sempre um risco.
Cauteloso, sabendo das coisas, o prefeito já deu uma preventiva.
Vai que algum maluco do ministério público ou do tribunal de contas da união resolve criar problemas e dar uma incerta nas contas...
Pedro:  rs
eu:  ,,, num instituto isso encontra mais barreiras que numa secretaria municipal, imagino.
Pedro:  O título é de patrimônio "Cultural" da humanidade.
eu:  É a cultura da competição, do consumo, da obsolescência, da publicidade... a porta enfeitada do inferno.
Pedro:  primeiro a mídia começou a criar a expectativa, olha só o título da matéria:
"Rio ainda tem chance de ser Patrimônio da Humanidade"
eu:  Peraê, cumpade, não comi nada hoje ainda, não posso vomitar.
Pedro:  rs
eu:  Tô na concentração pra encarar o ‘portas’ de amanhã.
Se não me deixarem expor meus desenhos, vou expor minhas opiniões.
Isso eles não podem impedir...
Pedro:  Podem tentar. rs
eu:  Me impedir de falar?
Isso eu ia querer ver.
Pr’eu não falar alto e bom som, talvez até na parte de cima da rua - que serve muito bem de tribuna -, tenho que estar expondo meus desenhos. Aí eu falo mais baixo e com menos gente de cada vez, só com os que pararem pra ver os desenhos. Se me embarreirar, vou explanar geral. Vão ter que me prender ou me abater a tiros. Como vai estar cheio de gente, acho que não fazem isso, não.
O problema é que eu tô sem câmera pra registrar. Perdi o carregador de pilha e não sei se a máquina engasgou ou ficou sem pilha. Com as convencionais não funciona.
Vai estar todo mundo proibido de expor. A guarda municipal já deu o sinal, passaram num carro, domingo, mandando todo mundo que tava expondo sair. Mas não ficaram e, depois de fazer todo mundo recolher as mercadorias, foram embora e todo mundo expôs de novo.
Eles não voltaram.
Pedro:  Vixe!
eu:  Achei que era uma preparação pro evento das 'portas abertas'.
Engraçado que não falaram comigo.
Parece que sabem que iam ter que perder muito tempo comigo, eu não ia sair así, no más. Ou talvez foi porque eu não ocupo o chão, só as paredes.
Pedro:  Todo ano é esse inferno, né?
eu:  É esse evento, organizado por empresa privada. Na visão dos empresários, é preciso "limpar" as ruas e isso significa expulsar os mais pobres de grana, exatamente quem mais precisa trabalhar. Eu, no máximo, tiraria os coloridos, se pressentisse a apreensão. Esses dão trabalho demais pra arriscar. Se é pro sacrifício, prefiro deixar só os p&b. A dor é menor. Mas acho improvável que chegasse nesse ponto.
Pedro:  Eduardo, só abre teu olho que esses caras são covardes pra caramba!
eu:  Ih, rapaz, eu corro muito.
Mas os covardes de verdade não botam a cara, mandam os de baixo, os trabalhadores. E com esses, na maioria das vezes, dá pra tratar.
Os covardes ficam atrás das mesas, telefone na orelha.
 Enviado às 09:08 de sexta-feira
 eu:  Bueno, um que outro vai pra rua, há covardes entre os de baixo também, mas são menos, a maioria é só peão, tem que fazer o que mandam. Quando percebem que eu os respeito, mesmo encarando, que não é pessoal, mas de consciência, e que não fico agressivo com eles, mesmo que apreendam meus desenhos, aí eles suavizam.
Eles tão acostumados com reações agressivas direcionadas a eles. Mas comigo não tem isso, sei que a responsa não é deles.
Até hoje, só perdi minhas coisas em operações, quando não tem conversa, só agressão e apreensão. Mas foram muito poucas vezes...




Espero expor, como todo fim de semana. Eles pretendem impedir - na visão desumana deles, é preciso limpar a rua dos expositores que não pagam a empresa pelo evento, como os comerciantes e os artistas mais abastados do bairro. Não percebem a hipocrisia, não se tocam da covardia, não se importam com prejudicar os mais pobres de grana. É uma exposição da pior pobreza, a de espírito, comum entre endinheirados - não é preconceito, é pós-conceito, diante dessa prática tão comum. As empresas de bebidas e refrigerantes, as empresas de revenda nos estádios, mais o poder dito público, proibiram os isopores - recurso dos mais pobres para arrumar um dinheiro ou tomar seu refri ou cerva mais baratos - de funcionar nas calçadas e logradouros, num raio de quilômetros dos estádios. As evidências são óbvias, apesar de qualquer argumentação, e há uma profusão delas, que tente explicar com outras razões. Muitas verdades pequenas escondendo a grande mentira - o objetivo é o lucro máximo e nada mais. Pra isso o aparato público é posto a perseguir os pobres que tentam trabalhar apesar do desemprego - aliás, por causa dele.

Aos que dizem que não pagamos impostos e por isso é justo que sejamos impedidos de expor, respondo que pago mais impostos, proporcionalmente, que qualquer um que afirme essa mentira. Mais da metade do que ganho sai em impostos, pois o sistema tributário se baseia no consumo, não na renda, nem na propriedade, que esses têm é isenção de todo jeito. Além do mais, expondo em paredes externas, eu teria que pagar que tipo de imposto? Predial? Não faço comércio, faço arte, e pago impostos sobre tudo o que uso, papel, tintas, ferramentas, transportes, tudo, tudo. 

O direito ao trabalho me autoriza, já que o Estado não garante o que manda sua constituição federal, alimento, moradia, ensino de qualidade, trabalho, saúde, etc, etc. Que moral tem esse Estado criminoso pra me impedir de trabalhar, me atacar com o aparato de segurança pública como se eu fosse um perigo pra coletividade, me tomar o produto do meu trabalho e, se encontrar resistência, me agredir e prender? Moral não tem, mas tem armas e soldados treinados pra atacar quem não pode se defender.

Os guardas dizem pra ir na prefeitura tirar uma autorização. Eu respondo que há mais de trinta anos vivo do que faço, expondo nas ruas e praças, e jamais um poder público me autorizou, exceção feita a essas feirinhas que as prefeituras estragam com sua ingerência e que junta um monte de aposentados (as) que não vive exclusivamente do que expõe e pode ficar comendo mosca sem vender nada, fazendo terapia ocupacional. Essas feiras não vendem. Acho que é por isso que autorizam. Onde se vende, não pode. Além do mais, nas prefeituras eles ficam te mandando de um lugar pra outro, querem te qualificar num dos padrões definidos por eles, que nunca satisfazem, pelo desconhecimento da nossa realidade, e te fazem esperar e esperar até que você desiste, depois de perder um tempão que não podia ser perdido. Se fosse esperar por esse poder corrompido, morreria de fome com minha família, depois de perder casa e tudo o mais.

Amanhã, então, Santa Teresa de "portas abertas"... Espero poder expor. Caso contrário, denunciar o esquema, a covardia, fazer as ligações com a nossa realidade social, política e econômica também será divertido, embora precise vender desenhos. Pra prevenir, hoje vou na ABI (Associação Brasileira de Imprensa), às 18:30, numa plenária da candidatura do Freixo e do Yuka à prefeitura do Rio que pretende discutir alternativas pro governo municipal. Vou pra expor os desenhos e textos. É uma rapaziada mais pensante, mais sensível que a maioria, mais esclarecida e bem intencionada que outras coletividades da política, ou seja, ali meu trabalho se encaixa bem, tem boa receptividade. E eu me previno pra gastar meu sábado sem vender, só falando com as pessoas, se for preciso. Espero que me deixem expor. Nem que seja pra evitar o incômodo da minha falação bem no centro do bairro e do evento - eles já me conhecem, que eu sei... 

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Paraguai fora, Venezuela dentro




A suspensão do Paraguai foi providencial para a inclusão da Venezuela, 3ª maior economia da América do Sul, no bloco regional formado pra fazer frente à exploração e ao controle secular de potências do "primeiro mundo" (muito às nossas custas) sobre nossos países, estrategicamente mantidos divididos para facilitar o predomínio. 

O não reconhecimento dos novos "representantes" do Paraguai, o que mais se opunha à inclusão da Venezuela no Mercosul, possibilitou a entrada da potência petroleira, a maior resistência ao império das corporações da atualidade, exceção feita a Cuba. O golpe do parlamento paraguaio foi providencial, neste sentido. Os que defendem a destituição do presidente Fernando Lugo, num processo começado e encerrado em um dia, sem direito à defesa ou a uma investigação, depois do massacre claramente armado pra criar um fato político às custas de vidas de pobres, policiais e camponeses, aproveitando pra matar um oficial irmão de um militar da confiança de Lugo e responsável pela sua segurança, os que defendem esse golpe só podem ser ingênuos, ignorantes ou safados, mesmo. As elites fazem qualquer coisa pra se manterem privilegiadas e no poder. A suspensão do Paraguai das instâncias decisórias e dos debates do Mercosul não incluiu o comércio com aquele país pois, segundo os países componentes, isso afetaria mais a população paraguaia do que o próprio governo falsificado - uma demonstração de humanismo, de quais são as importâncias desse organismo tão mal-falado pelas mídias comerciais de todos os países do continente, representantes legítimas dos interesses empresariais, sobretudo das transnacionais que nos exploram e controlam, há séculos. 

Por uma nova sociedade, onde o centro de importância esteja nas populações, não na economia de mercado, no bem estar coletivo, na solidariedade e no amor irrestrito, na sinceridade, na verdade e na transparência mais completa, e não no egoísmo tão estimulado no sistema vigente, na competição desenfreada, no consumo compulsivo. Essa nova sociedade só pode se basear na mudança de valores e comportamentos pessoais, no não acatamento desses valores falsos, implantados pelo massacre midiático, pela infiltração nas instituições, sobretudo de ensino, na transformação da miséria, ignorância e exclusão em fatos lamentáveis, porém inevitáveis. O que antes era reconhecido como enormes injustiças da sociedades hoje é visto como a justa punição da incompetência - escondendo que essa incompetência é planejada e imposta pela sabotagem deliberada do ensino público, pela cooptação das universidades e pelo predomínio das finanças sobre os governos. O artigo escondido no link abaixo ("mais informações") usa uma linguagem de que não gosto e mantenho algumas discordâncias, insignificantes frente à lucidez e à exposição dos fatos envolvidos na questão. Artigo extremamente importante para compreensão do que passa. 

Os que ironizam, debocham e desprezam a união latinoamericana, a irmanação desses países, se denunciam como adoradores, subalternos e defensores do predomínio estadunidense-europeu que tanto sofrimento nos causa aos povos.



Sobre o golpe do parlamento paraguaio, suas causas, conseqüências e desdobramentos, há postagens no Notícias da América Latina - link à direita, próximo ao cabeçário.



domingo, 1 de julho de 2012

A (des)regulamentação da Voz do Brasil




Costumo ouvir a Voz do Brasil, às 19 horas. Há décadas, desde que era a Hora do Brasil ou sei lá, tinha outro nome. Acho que era a Hora do Brasil, mesmo. Eram informações importantes que não saíam em outro lugar nas comunicações, na mídia em geral. Trata de como está funcionando o aparato público, os programas de saúde, de educação, as novidades do judiciário, as leis que estão sendo votadas no Congresso, os debates e assuntos que são públicos e geram conseqüências na vida da população, no cotidiano de todos. É claro que os donos do poder, os financiadores dos políticos, infiltrados nas instituições com a mídia de porta-voz e linha de frente na formação da opinião pública, claro que não gostam da Voz do Brasil. Pra eles, quanto menos o povo souber, melhor. O que é preciso saber é dado em escolas particulares totalmente infestadas com a ideologia de mercado, de competição desenfreada, com os currículos direcionados apenas para mercado, esquecendo a formação humana, a solidariedade e a busca por uma sociedade melhor, sem tanta miséria e ignorância. E só pra parcela que é necessária, os que podem ser absorvidos pelos mercados de trabalho e de consumo.

Pro resto, a maioria, a educação pública simplesmente é sabotada, escolas em situação de barbárie, ensino praticamente inexistente, professores adoecendo dos nervos, falta total de condições de ensino, condições precárias pras merendeiras, supervisores, inspetores, administrativos, enfim, os trabalhadores da educação... não é incompetência dos políticos, é uma estratégia deliberada pra manter a população ignorante. Em conluio com a mídia, que pega a população desarmada de senso crítico, pela falta de instrução e informação, e forma valores, comportamentos, induz ao consumo e à alienação completa. Narcose midiática. Assim se controla o Estado e as riquezas públicas. Não é à toa que mais de setenta por cento da população é de analfabetos funcionais, que não conseguem decodificar e entender um texto.


Compartilho o que acabei de ler e achei que devia passar pra frente. O artigo é ótimo, na minha opinião, e deveria ser lido por todos os que podem ler. Peguei no Blog do Miro, quem quiser conhecer, o cara é bão. E posta várias informações interessantes todo dia. É só clicar no "mais informações".

Abraços a todos e bom proveito.

 

observar e absorver

Aqui procuramos causar reflexão.