Observar e absorver
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quinta-feira, 26 de janeiro de 2023
terça-feira, 24 de janeiro de 2023
Vencer na vida
Vencer na vida não é enriquecer, mas sim chegar ao fim dessa passagem, que começa no nascimento e termina na morte, de bem com a própria consciência. Vencer na vida é chorar quando se nasce e sorrir quando se morre. A morte não é uma tragédia, uma desgraça, mas sim conseqüência de ter nascido. Tudo que nasce, morre. Nós todos estamos aqui de passagem. É preciso levar isso em conta, diante do massacre publicitário-midiático que faz tudo pra impor nossos objetivos de vida como sendo consumir, desfrutar de prazeres materiais. A matéria é nosso veículo, não nossa finalidade. O tempo é implacável, todos sairemos da dimensão material. Impressionante como as pessoas não se ligam, mesmo vendo todos os antigos indo embora, mesmo percebendo o próprio envelhecimento. Vence quem sai limpo de maldades, de mentiras, vence quem mais beneficiou, vence quem tem facilidade em se desapegar de tudo, matéria e relações, vence quem não se deixou levar pelos valores desse mundo, controlado e dominado por interesses materiais. Chega a ser estúpido se deixar convencer que se vale o que se tem, não pelo caráter, pela amorosidade, pela sensibilidade, pelo senso de justiça. Deus não premia com riquezas, mas com paz de espírito. A verdadeira riqueza é imaterial.
Obs.: Uso a palavra "Deus" pra simplificar o entendimento do que vejo como espiritualidade e não ouso definir. Não tenho alcance pra conceber o "supremo ser do universo", já que, como se sabe, o ser humano não alcança, nem de longe, o próprio universo como um todo. Não nos é possível saber onde são os seus limites, nem se tem limites. Aguardo minha compreensão se desenvolver, sem pretensão de entender ou explicar o que não alcanço. Mas espiritualidade eu sinto plenamente, desde muito cedo, e já comprovei seus efeitos e interferências em minha própria vida.
segunda-feira, 23 de janeiro de 2023
O genocídio ianomami e a hipocrisia da mídia empresarial
A tevê nojenta faz matéria de menos de um minuto sobre a tragédia ianomami. Cita a morte de 570 crianças como quem fala da morte de 570 bois por febre aftosa, uma vez só, de passagem. Diz das providências que estão sendo tomadas pelo novo governo, sem citar o novo governo. Em nenhum momento questiona as causas da tragédia e do aumento escandaloso dos crimes cometidos, desde 2016, mas que aumentou mais ainda depois de 2018.
Eu já vinha acompanhando, por postagens de informativos indígenas - há vários, embora muito pouco vistos pela população em geral - os assassinatos de indígenas, estupros, expulsões, invasões de garimpeiros, madeireiros, criadores de gado e plantadores de soja. Estive pela Amazônia, há mais de trinta anos, e sei que suas terras "demarcadas" ou "em homologação", as terras onde vivem são cercadas por ambições e ódio destrutivo, em todo o território nacional. A difamação e a criação de desprezo - pelas mídias locais - servem como "justificativa" pros crimes cotidianos, os maus tratos e a repulsa por parte de pessoas sabotadas em informação e instrução.
Os ataques nunca pararam, desde a chegada dos europeus, há séculos, mas nos últimos anos esses criminosos tiveram incentivo do próprio governo, que desarmou os poucos esquemas institucionais de defesa desses povos, das florestas, do meio ambiente. O massacre estava liberado, sob o ocultamento da mídia privada (mais privada do que nunca, como depósito de merda) e a exultação da ganância assassina. A mudança de governo pra um menos desumano mostra vontade de conter essa desgraça toda. Mas os elementos que a causam continuam ali, cercando as terras indígenas, babando de ambição e ódio aos que consideram um mero impedimento aos seus objetivos. Esses dias mesmo, no sul da Bahia, dois meninos foram mortos a tiros, quando voltavam pra sua aldeia em área retomada - se não me engano, um tinha 17 e o outro 22 anos. É prática cotidiana desta "civilização" o genocídio indígena - e dos pobres, nas cidades, pelas próprias "forças de segurança" da sociedade. Segurança pra quem?
segunda-feira, 9 de janeiro de 2023
Dia 8 de janeiro, domingo, escancara o terrorismo planejado. Covardia "de mercado".
Vimos ontem o resultado da união da perversidade dos poderes econômicos com a ignorância, a desinformação e as induções ao inconsciente coletivo de ódio pelas mídias empresariais.
terça-feira, 20 de dezembro de 2022
Riqueza e Pobreza
Riqueza verdadeira a gente carrega dentro. Pode distribuir à vontade, que não diminui.
segunda-feira, 19 de dezembro de 2022
Instituições democráticas não fazem uma democracia de verdade.
Sim, temos instituições democráticas. Falta construir a democracia - pra além da fachada.
Educação pra além do mercado, humanista, vocacional.
domingo, 27 de novembro de 2022
A vida no Bolsonistão
Rodolfo Salm
PhD em Ciências Ambientais pela Universidade de East Anglia, formou-se em Biologia pelo Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo. Atualmente é professor da Universidade Federal do Pará.
Altamira se tornou um dos principais centros do Bolsonistão. Se Altamira fosse o Brasil, Bolsonaro teria vencido no primeiro turno, quando alcançou quase 58% dos votos, contra 36,9% de Lula. No momento em que escrevi este artigo, havia um grupo de manifestantes acampados em frente ao 51º Batalhão de Infantaria de Selva, que fica no limite da cidade, pedindo uma “intervenção” – leia-se golpe militar. Em frente ao batalhão, várias churrasqueiras a pleno vapor. A churrascada foi prometida para a população caso Bolsonaro fosse eleito presidente. Com a derrota, a carne que falta na mesa de milhares de pessoas nas periferias de Altamira foi usada para agregar “simpatizantes” em torno do protesto golpista. Carne, refrigerantes e outros gêneros chegaram em caixas enviadas por comerciantes e empresários locais, o que ajuda a manter viva a revolta golpista contra o resultado legítimo das urnas.
No dia seguinte ao segundo turno, registrei o protesto em vídeo duas vezes. Achei que estava passando despercebido. Neste domingo, fui mais uma vez. O celular foi tomado da minha mão. Enquanto eu protestava aos gritos, uma roda de amarelinhos se formou ao meu redor. Tive que negociar com um dos líderes da direita local a devolução do aparelho, em troca do compromisso de apagar o vídeo. Ele me disse que, nas ocasiões anteriores, havia pessoas prontas para me agredir. Descobriram meu nome e agora me atacam nas redes sociais. Fui avisado de que circula por WhatsApp a mensagem de um militar do meu bairro que disse ter vontade de me “dar um tiro”.
Vivo em Altamira, uma das principais cidades do arco do desmatamento, na Amazônia, há 14 anos. É a primeira vez que estou assustado, a ponto de me afastar do debate político com a sociedade local. Vários dos empresários que financiam as ações golpistas enriqueceram com a grilagem de terras, através de fraudes em projetos de desenvolvimento regional da ditadura militar-empresarial (1964-1985). Vários deles hoje pleiteiam pedaços de terra já invadidos e desmatados na Terra Indígena Ituna-Itatá, onde há registro de presença de povos isolados, a cerca de 100 quilômetros da cidade. Quando contestados, dizem que os indígenas “desapareceram”. Claro, aterrorizados, com sua terra toda invadida por milícias armadas, eles se evadiram para áreas mais remotas.
Em sua manifestação em frente ao quartel, os seguidores de Bolsonaro gritavam: “Liberdade, liberdade”. Quem vive na Amazônia sabe que a “liberdade” que defendem é a liberdade para invadir terras públicas, queimar, desmatar, garimpar, tirar madeira. Não é acaso o fato de Altamira ser a campeã em emissões de dióxido de carbono do Brasil, à frente inclusive da cidade de São Paulo. Há uma correlação explícita entre o arco do desmatamento da Amazônia, a área de maior intensidade de atividades predatórias destrutivas do meio ambiente, e as áreas onde Bolsonaro teve suas votações mais expressivas.
Desembarquei na cidade em 2008, após ser aprovado no concurso para uma vaga de ecólogo na Universidade Federal do Pará (UFPA). Minha ligação com a região amazônica, porém, começou em 1996, quando iniciei meu contato com os Kayapó como estudante de biologia na Universidade de São Paulo (USP). Apaixonei-me pela floresta amazônica da bacia do Xingu e pela cultura combativa desse povo. Mas a realidade que encontrei em Altamira, anos mais tarde, foi totalmente diversa: uma cidade que odeia a floresta, despreza os indígenas e faz de tudo para renegar sua origem. Quase não há árvores pelas ruas, e as poucas que existem vão sendo rapidamente deletadas da paisagem urbana. Nestes últimos anos, fiz do entorno da casa que construí uma floresta, mas tive meu terreno invadido recentemente por um vizinho que envenenou algumas árvores que lhe cobriam parcialmente a vista do rio Xingu. Em vez de protestar, fui obrigado a me conformar calado, pois se trata de um grileiro que costuma resolver seus problemas à moda antiga. Gasto parte substancial do meu tempo de trabalho tentando jardinar e arborizar o campus da UFPA, com frequência em conflito com aqueles que consideram as árvores uma ameaça às estruturas físicas da universidade.
Quando cheguei, o rio Xingu corria livre e belo em frente à minha casa. Altamira tinha um ritmo pacato, trânsito tranquilo e praias de areia branca onde o povo se divertia nos finais de semana. Isso até a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, que transtornou a paisagem, com a inundação das praias, o apodrecimento do rio, a degradação urbana e social e a explosão da violência.
A imagem do presidente Lula de mãos dadas e erguidas com Tuire Kayapó é, para mim, a síntese da campanha eleitoral de 2022. Tuire ficou mundialmente conhecida em 1989 ao encostar seu facão no rosto de um diretor da Eletronorte, José Antônio Lopes, quando ele defendia a construção da hidrelétrica, chamada na época de Kararaô. Lula, por outro lado, que chegou à presidência pela primeira vez cercado por grandes expectativas para a conservação da maior floresta tropical do planeta, decepcionou indígenas e ativistas ambientais ao desengavetar aquele antigo projeto da ditadura.
Enquanto o país crescia sob inegáveis avanços sociais proporcionados pelos governos petistas, em Altamira nós denunciamos repetidamente a inviabilidade técnica e econômica, assim como as terríveis consequências socioambientais daquela que era considerada a maior obra do setor elétrico do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Em 2010, fomos reprimidos pela Força Nacional quando tentamos protestar durante a visita do então presidente Lula à cidade, onde desembarcou para defender Belo Monte. Ironicamente, na ocasião, Lula confraternizou com muitos dos que hoje o caluniam, lutaram contra sua eleição e circulavam pela churrascada golpista diante do quartel do Exército. Belo Monte materializou-se no Xingu, e todas as nossas piores previsões se confirmaram.
Somente uma reviravolta política tão grande para converter os opositores de Belo Monte em fervorosos defensores da eleição de Lula. A forma criminosa como o atual governo, sob responsabilidade direta de Jair Bolsonaro, agiu diante da pandemia, foi responsável pela morte de quase 700 mil brasileiros. Perdi dois amigos de Altamira e do Xingu: o maravilhoso repórter fotográfico Lilo Clareto, que morava na cidade retratando as violações ambientais e humanas causadas pela construção da hidrelétrica de Belo Monte, e meu irmão na cultura Kayapó, o cacique Paulinho Paiakan, que no final dos anos 1980 foi a mais importante liderança na luta contra a construção da hidrelétrica. Bolsonaro só não foi denunciado pela CPI da Pandemia por crime de genocídio por uma tecnicalidade. Segundo alguns, o genocídio teria que ser uma ação voltada contra grupos étnicos específicos, enquanto os crimes de Bolsonaro na pandemia teriam sido contra todo o povo brasileiro. Aceitando-se tal definição, o conceito poderia ser aplicado ao tratamento dado por Bolsonaro especificamente aos povos indígenas.
Bolsonaro prometeu durante a campanha de 2018 que não demarcaria nem um centímetro mais de terras indígenas, contrariando a determinação da Constituição de 1988, e cumpriu a promessa à risca. Pior que isso, incentivou o garimpo ilegal nas terras indígenas, tanto em suas falas quanto no desmonte dos órgãos de fiscalização e no aparelhamento da Funai. Várias aldeias na Terra Indígena Kayapó, que conheço mais profundamente, cederam às pressões e abriram seus territórios para o garimpo. Outras ainda resistem. Aukre, a minha aldeia, fundada por Paulinho Paiakan, aonde retorno todos os anos para me reconectar com a floresta, resistiu aos garimpos até aqui. Mas dificilmente resistiria a um novo governo Bolsonaro.
Foi uma campanha eleitoral violenta, com abusos de poder econômico e do uso da máquina pública por Bolsonaro. Vi muita gente das classes D e E em Altamira com medo de expressar sua opção por Lula, andando nas ruas, a pé ou de bicicleta, atendendo nas lojas com medo do patrão. Mas até nisso Altamira é desigual. Só por ter um carro, sou considerado “rico”. Achei que estaria me arriscando ao encher meu carro de adesivos de Lula. Mas não, tudo o que ouvi foi o apoio de pessoas que lamentavam não poder fazer o mesmo. Por medo.
Quem sofreu por isso foi meu filho adolescente, que matriculei naquela que imaginava ser a melhor escola da cidade. Quando seus colegas viram os adesivos no meu carro, ele passou a sofrer bullying de boa parte deles, filhos de bolsonaristas. Chegaram a cercá-lo dizendo que, se ele é “esquerdista”, não poderia ter celular. Fico preocupado com uma juventude que apoia a destruição da floresta e defende um político que enaltece torturadores.
Altamira me faz lembrar da famosa frase de Bertolt Brecht: “A cadela do fascismo está sempre no cio”. Hoje, em Altamira e no Brasil, essa cadela está ávida e feroz. Apesar do soluço de alívio representado pela vitória de Lula, a Amazônia ainda está por um fio.
Rodolfo Salm é professor da Universidade Federal do Pará.
odolfo Salm
PhD em Ciências Ambientais pela Universidade de East Anglia, formou-se em Biologia pelo Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo. Atualmente é professor da Universidade Federal do Pará.
Publicado originalmente na Revista Sumaúma.
quinta-feira, 27 de outubro de 2022
As "instituições democráticas" estão ameaçadas. Democracia ainda não houve.
Não estamos tentando salvar "a democracia", mas sim as "instituições democráticas" - o que é muito diferente. A democracia ainda precisa ser construída. No conhecimento, na instrução, na informação verdadeira que são direito da população, sistematicamente negado. (Assim como alimentação e moradia decente, com saneamento, energia e segurança.) As instituições estão não só ameaçadas, mas desmoralizadas, a meu ver. Mais que nunca, porque desde o início dos anos 80 eu desacreditei no aparato estatal, em todas as suas áreas. Percebi as determinações dos poderes econômicos de um punhado de podres de ricos, inclusive no meu pensamento, na minha visão de mundo, nos meus desejos, objetivos e até nos sentimentos. E sacudi tudo fora. Agora olho, espantado e calmo, a reação violenta a um esboço de inclusão social, ao atendimento mínimo de alguns direitos de parte da população roubada em seus direitos constitucionais e excluída dos benefícios do desenvolvimento e da tecnologia. A sabotagem e cooptação da educação pelo "mercado", o controle das informações, a criação deliberada de ignorância, desinformação, superficialidade mental e agressividade competitiva criou o campo pro estímulo ao ódio, ao confronto, ao conflito que estamos vendo em toda parte. A ameaça é séria, assustadora, não só às "instituições democráticas" mas também, e principalmente, na situação social, às condições de vida, em todo o território nacional, da maioria da população - leia-se fome, desabrigo, violência e criminalidade miúda. E, pelo outro lado, da repressão estatal, do aumento da população carcerária, da destruição de vocações e de vidas, alimentando as "empresas" do crime organizado, municipais, estaduais, regionais, nacionais e internacionais.
domingo, 2 de outubro de 2022
Eleições de 22 - ponto de passagem, não de chegada.
Não estou impregnado desse clima de festa, dessa "alegria da vitória", não me sinto "feliz de novo", não participo de comemorações, nem vejo a luz no fim do túnel. Só estou vendo as trevas espessas que cobriram o aparato estatal se dispersando, pouco a pouco. As revelações foram feitas, a maldade escondida tomou coragem de se mostrar, a perversidade se assumiu perversa, covarde, indiferente a injustiças e sofrimentos alheios. Os cargos públicos nunca se mostraram tão claramente vendidos, movidos a montanhas de dinheiro público, em plena pandemia, em pleno processo de empobrecimento e desemprego, em meio à fome e o desabrigo crescentes. É preciso dar proveito a essas revelações.
O que espero é o restabelecimento das instituições, pra recomeçar a tentar colocá-las no verdadeiro serviço público, no cumprimento da Constituição, no atendimento pleno de todos os direitos da população. Em todo esse período desde 2016, o que se viu foi o desmonte de várias estruturas industriais, de um sem número de programas que atendiam, ainda que mal e pouco, direitos básicos, humanos e constitucionais da maioria historicamente roubada nesses direitos. As instituições foram ocupadas pela bandidagem e foram invertidos os seus procedimentos. Protestar ou denunciar ficou mais perigoso do que sempre foi. A impunidade foi instalada, o incentivo aos crimes, maior que nunca.Volta à cena o velho teatro de marionetes. Agora mais visíveis as forças econômicas tenebrosas que ainda dominam as câmaras - de vereadores, deputados tanto estaduais quanto federais e senadores -, os governos municipais, estaduais e federal, o judiciário por vias tortas e as comunicações, dominando todas as mídias e capturando a audiência da massa da população, em todas as suas formas. É preciso levar em conta que política não é só partidária. Política é muito mais que isso. Vem de polis, vários, muitos, e trata da existência coletiva buscando harmonia social. Tratar de entender como funciona a estrutura social, como funciona uma prefeitura e suas secretarias, o país e seus ministérios, como são compostos os orçamentos, de onde vêm e como são aplicados, em que setores e por quê, isso é tratar de política. E deveria ser ensinado nas escolas, desde os primeiros anos, adaptados, claro, ao linguajar e à realidade de cada fase do desenvolvimento.
É preciso criar espaços de encontros coletivos, pra falar sobre as necessidades do coletivo, pra resolver problemas e apresentar aos "poderes públicos" o que precisa ser resolvido, ainda que no passo a passo. Conhecer as formas de pressionar o atendimento dos direitos, contar com uma imprensa honesta, que não venda sua consciência - as empresariais priorizam interesses econômicos, não a verdade. É preciso também abrir espaço pras comunicações, geral, desde as comunidades periféricas às escolas, associações, sindicatos, universidades, enfim, detonar o domínio empresarial sobre o espaço das comunicações no país.
O controle dos territórios, as decisões finais sobre o que acontece neles devem ser dos que vivem nesses territórios. A sabedoria periférica, de sobrevivência e superação dos que formam o alicerce da sociedade, deve se impor em condições de igualdade aos saberes restritos a poucos e, em sua maioria induzidos a um sentimento de superioridade ilusório e intencionado na criação de barreiras e afastamento entre o saber e a sabedoria.
sexta-feira, 16 de setembro de 2022
Corrupção e caminhada
A corrupção está no Estado, na estrutura social viciada. Nasce no poder econômico de um punhado, os corruptores, e se desenvolve no aparato de administração estatal, incluindo sobretudo parlamentares aos magotes, os corruptos - que ainda dominam a cena, em qualquer governo. Os corruptos são menos importantes que os corruptores, mas estes dominam também as comunicações e não são mencionados, a não ser quando é "briga de cachorro grande", com milhares de pessoas se danando do lado do cachorro que perde. Muito poucas e raras essas brigas. E o perdedor apenas some de vista pra lamber suas "feridas" entre privilégios ainda grandes diante da situação da grande maioria.
terça-feira, 30 de agosto de 2022
Consciência popular
domingo, 28 de agosto de 2022
terça-feira, 23 de agosto de 2022
quarta-feira, 17 de agosto de 2022
sexta-feira, 29 de julho de 2022
A humanidade aumenta a percepção do universo, permanentemente.
Em 2019 a Marinha dos Estados Unidos convocou a imprensa e declarou que os OVNIS, seres de outros planetas, eram uma realidade e que a humanidade teria que aprender a tratar com isso. Hoje, no jornal da Cultura, saiu que o Pentágonou criou um departamento exclusivo pra examinar e estudar as naves que surgem cada vez em maior número. Há tempos eu vejo declarações de pilotos, de militares do mundo inteiro, que dizem ser maior o número de avistamentos e contatos em áreas onde há bases de mísseis nucleares - e que essas naves teriam a capacidade de desativar, ao menos por um tempo, todas as armas atômicas.
Curtinhas do Feicebuque
Cidadão de Bem
quarta-feira, 6 de julho de 2022
Falcatrua social, se enquadrar é frustração certa.
sexta-feira, 24 de junho de 2022
Disparates esclarecedores – ou entre o luxo e o sofrimento
“O ano da maior crise econômica brasileira nas últimas décadas...
...é também o ano do lucro recorde dos bancos.”
“Os bancos brasileiros têm lucro recorde no pior ano da pandemia.”
“Divulgação de lucros no BB” (Banco do Brasil) “gera comoção nas redes sociais: ‘lucro pros bancos, fome pro povo’.”
“Enquanto uma multidão passa a não ter mais teto...
... outros” (uns poucos) “fazem fila para comprar mansões e carros de luxo.”
“Revendedora de Porshe ... tem fila de 1500 compradores no Brasil.”
Quantos têm fome? 33 milhões, diz uma estatística aí, na minha opinião subestimando a realidade. Insegurança alimentar é fome com alguma coisa de comer às vezes, pouco por dia. Enquanto isso, alguns milhares lucram milhões na e com a pandemia.
“Mercado de alto padrão se manterá aquecido em 2022.”
O alto padrão citado certamente não é o padrão moral. Muito menos o padrão de humanidade que se espera de uma sociedade que se pretenda humana.
“Mercado de casas de veraneio está superaquecido.”
Gera empregos, dirão alguns – e estarão certos –, mas bem se vê que não há espaço pra todos, a maioria permanece com fome, numa economia em frangalhos. Se traz alívio a uma parcela dos mais pobres, não deixa de ser uma demonstração de injustiça social, um cenário revelador da estruturação da sociedade e suas necessidades de ajustes na direção da harmonia coletiva que deve ser, sempre, o objetivo de qualquer coletivo.
Harmonia, aliás, em todos os níveis, internos e externos, no indivíduo, no coletivo, com o ambiente e, proximamente, com o universo à nossa volta. Acredito na existência de incontáveis vidas entre os bilhões de estrelas e seus sistemas planetários, aos bilhões pelas galáxias afora, contadas também aos bilhões. Os contatos diretos virão na medida em que formos nos aproximando da harmonia interna, planetária, entre nós, os seres, toda a família planetária for se percebendo como tal.
“No país onde trabalhadores fazem fila para pedir auxílio, o ministro da economia esconde mais de 50 milhões de reais em paraíso fiscal, impunemente.”
Está se revelando como a sociedade funciona, quem é que tem o poder de verdade, por trás das fachadas “democráticas”, por dentro dos seus mecanismos, dominando o funcionamento a favor de poucos, em prejuízo flagrante das grandes maiorias – em todos os sentidos. Não a todos, mas a muitos, o processo tem o seu caminho, seu tempo, cabe aos que vêem trazerem à tona, cada um nos seus espaços, nas suas possibilidades – é a partir da consciência individual que se pode trabalhar na coletiva, com respeito, afeto, solidariedade.
É preciso buscar dentro de si os valores condicionados, as verdadeiras falsidades ideológicas que nos implantam goela abaixo da consciência. Não creio que exista quem não tenha suas contaminações ideológicas, em valores, em temperamento, em desejos, posturas, objetivos de vida, medos e expectativas, em maior ou menor grau, todos temos. Por isso o primeiro e mais importante trabalho é o na própria consciência, o trabalho externo, coletivo, surge por conseqüência e será muito mais eficiente, porque partilhado com humildade. Quem trabalha nas próprias falhas, não se dá ao trabalho de julgar falhas alheias – já vi isso em algum lugar.
Nota: todas as frases entre aspas (“...”) foram retiradas do final do vídeo do Henry Bugalho, já com o Eduardo Moreira (“de banqueiro a companheiro”) e, penso eu, a turma do ICL que ele encabeça. Eles têm departamento jurídico e as fontes de todas essas frases.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=AVDMM4cP3tw
quinta-feira, 23 de junho de 2022
E o vereador foi cassado
Renato Freitas teve cassado seu mandato de vereador na câmara de Curitiba. Se fosse um julgamento ele teria sido inocentado, dada a quantidade de provas desmentindo as acusações, inclusive uma carta da Arquidiocese de Curitiba pedindo pela não cassação do mandato, pois não houve a “invasão” alegada. O que houve foi uma convocação a uma manifestação de protesto pela morte de Moïses, o congolês morto a pauladas por cobrar dias de serviço num quiosque de praia. As portas da igreja estavam abertas, não havia missa, as pessoas entraram, falaram no microfone e no som da própria igreja, o padre ali do lado olhando – já sem a batina – ninguém quebrando nada, nenhuma correria, nenhum grito. A igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos – como sugere o próprio nome – é um local onde se fazem manifestações anti-racistas, historicamente.
As mentiras
espalhadas de pessoas desmaiando, de portas arrombadas e coisas quebradas
serviram de “provas” na escolha duplamente racista – de cor e de classe –
escancarada na carta recebida por Renato, por email do vereador que o acusava, “volta
pra senzala”, “vamos embranquecer...” e revelações do gênero. Nos parlamentos,
como se vê, provas são inventadas ou ignoradas, de acordo com os interesses do
momento. A revelação é a do racismo, do escravismo ainda presente, entranhada no
fundo da alma social. É mesmo preciso muita luz pra que se perceba claramente,
de forma inegável.
Pelo pouco
que conheci do Renato, nada disso o surpreende muito, escaldado que é com o
tratamento que recebe da sociedade “organizada” e seus tentáculos repressivos,
desde sua vida inteira. Filho de faxineira, cresceu nas áreas de abandono
social, onde o estado, por omissão plena, comete crimes contra sua população
mais pobre, de todo o tipo, a partir dos crimes constitucionais contra os
direitos básicos. Onde o destino traçado é a exploração, a “siviração” ou o
crime. As “sortes”, as “coincidências”, encontros, decisões, superações de
obstáculos e barreiras tornaram Renato uma raridade, um originário do abandono
e da pobreza com título de curso superior, consciência social e aplicação
coletiva. Uma pedra rara no cascalho da política pública, uma voz que fala a linguagem
das periferias, a língua intuitiva dos sabotados da sociedade, construídos pra
serem mão de obra barata ou de baixa qualificação.
É a língua
dos de baixo que ele fala, a da multidão roubada nos seus direitos a uma
formação, à alimentação sadia, educação de verdade, moradia decente, entregue a
um massacre midiático, ideológico, publicitário, formando mentalidades
consumistas e competitivas, superficiais e fáceis de enganar, de induzir e
conduzir. É ali onde mais se precisa de consciência, ali onde mais se precisa
de acendedores de luz e é o campo mais fértil pra se plantar. Dali que vem a
força da construção, da manutenção, do funcionamento de toda a coletividade
humana, de toda a sociedade. Por isso a ignorância, a desinformação e a dispersão
dos interesses são estratégias de dominação, de escravização, pra que se
mantenha tudo como está – no controle de poucos.
Tomar
consciência da realidade é uma necessidade na busca de harmonia social,
sobretudo entre os que formam o alicerce da sociedade. Tomar consciência do
próprio valor, da própria capacidade de superação, da própria resistência é uma
necessidade de cada um. Consciência é uma parada que contamina, um caminho que
não tem fim, uma necessidade da alma.
Renato
Freitas, depois dessa injustiça descarada – reveladora ao máximo do racismo
enraizado em nossa sociedade como um todo, não só na câmara de Curitiba –, deve
ter crescido em sabedoria, em aprendizado, como toda dor cria essa
oportunidade, quando se tem a humildade do aprendiz, que é o que somos sempre.
Certamente ele tem muito a acrescentar no coletivo, na formação das mudanças e
alcances, na criação de consciência, no despertar dos distraídos e dos
sonolentos.
A construção
de uma nova sociedade começa no seu alicerce. É preciso muitos mais Renatos
Freitas, é preciso pobres, periféricos, pretas e pretos nas chamadas “instituições
públicas”. Talvez assim elas, finalmente, possam ir se tornando públicas de
verdade.
sábado, 28 de maio de 2022
sexta-feira, 27 de maio de 2022
sábado, 2 de abril de 2022
"Americano"?
Os cara chama estadunidense de americano. Brasileiros, submetidos pelos poderes estadunidenses desde a medula, induzidos a um sentimento de inferioridade que facilita o saque das nossas riquezas. Que nos faz admirar, além de um império criminoso, os Estados Unidos, que interfere em todos os países das Américas -, a Europa, um continente construído em cima da colonização do resto do mundo, de invasões, destruições, escravizações, extermínios muitos, saques permanentes até hoje, apresentando em seu pequeno território condições sociais invejáveis em qualquer outro lugar do mundo. "Invejáveis" pra quem não tem noção de como foram construídas essas condições de "primeiro mundo". Vergonhosas, pra quem tem. Não há motivo pra admiração nenhuma.
Escuto o cara falando no vídeo - assunto bom, denso, ligado na realidade - que o interesse "americano" tá na guerra da Ucrânia. Concordo que os Estados Unidos vêm fabricando essa guerra desde a década de noventa do século passado, mas contesto o linguajar num comentário.
"Americano"? Tu é o quê? Eu sou o quê? Sub-americano? Tu assume essa subalternidade? Eles são estadunidenses, além de americanos. Nós somos brasileiros, além de americanos. Chamar estadunidense de americano é reconhecer "os donos", os "patrões", os "senhores" do continente americano. Subliminarmente, claro, condicionamento do inconsciente com psicologia do mesmo nome. E a gente repetindo por aí, programações mentais do colonialismo. Se liga, cumpade. Não estou sendo hostil, raivoso, dono de verdade nenhuma, tô só te dando um toque. A gente exerce esse colonialismo sem perceber. Mas se percebe, pode ser útil no desfazimento dessa "inferioridade" artificial, criada pelos colonizadores - com o auxílio da elite local - pra manter o controle, inclusive mental, além de ideológico, psicológico, cultural, a partir da alma. Arte conversa com a alma. É preciso muita responsabilidade. Mas, como em todas as áreas, a gente vê a arte ser usada mais pra aprisionar do que pra libertar. Arte não é boa coisa só por ser arte. Depende sempre do artista, de quem produz a arte. Do caráter, do interesse, da intenção, daquilo que move o artista. É nessa base que tá o valor da arte, não na fama, na repercussão, no celebrismo. Aí, muitas vezes, é que tá a perdição da arte. No sentido da evolução humana.
Sobre a guerra na Ucrânia eu não tô falando, porque fico triste de ver como as pessoas repetem, em vários níveis, os condicionamentos, as distorções e as mentiras da mídia empresarial, dominante no mundo ocidental todo. Lembrando sempre que "mundo ocidental" pode até nos incluir, como subalternos, aliados na língua deles - assim como empregado, funcionário ou contratado agora é "colaborador" -, mas na verdade o que se considera "ocidente" tem a Europa e os Estados Unidos. Tá bom, o Canadá também, embora economicamente "desprezível", tá de irmão menos, de linhas coloniais francesa e inglesa. Mas América Latina, África, Ásia e Oceania tá tudo fora, é tudo "sub-gente" pra eles.
Colonialismo mental, cultural, econômico, social, político, psicológico, comportamental é um assunto pra se pensar.
quinta-feira, 24 de março de 2022
A caminho.
Estamos por criar uma sociedade em que as empresas estarão a serviço do ser humano, superando essa estrutura que ainda põe os interesses econômicos no patamar de maior importância e relega o ser humano a um patamar secundário. Uma sociedade humanista está em gestação, através dos sacodes planetários, climáticos, ecológicos e sociais.
quinta-feira, 10 de março de 2022
Distorções e Induções
Impressionante o poder das empresas de comunicação em distorcer a realidade e criar mentalidades, em provocar e insuflar sentimentos na direção dos interesses que controlam essas empresas e o que é dito, em conduzir a opinião pública. Ao longo da minha vida, vi inúmeras campanhas midiáticas - que juntam jornalismo, entretenimentos, programas de auditório ou não, agora com as redes internéticas - criarem ambientes pra acontecimentos terríveis, estimulando ódios e conflitos. Com o tempo, invariavelmente, se provavam mentiras, farsas, manipulações, difamações, injustiças, sempre a favor dos tais interesses. Passa o tempo e nova campanha começa. Eu já sinto o constrangimento de ver toda a mídia criando as opiniões que vou ouvir por aí como se fosse próprias. Os temperamentos agressivos usam essas mentiras programadas pra criar conflitos, insultar, provocar e expandir sua destrutividade.
Observo com calma, não alimento conflito, não vejo sentido. Só me sinto constrangido diante de tanta superficialidade, tanta fragilidade diante das induções. Olho através do tempo e vejo mudanças sem parar ao longo de todo o caminho. Ele não termina, segue a perder de vista, tudo mudando todo o tempo.
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022
A farsa se descara - ou a ilusão vai se demonstrando claramente.
Estou vendo por aí se falar de "declínio da democracia". Na minha visão, um engano. Está se vendo é o descaramento da falsidade, essa tal "democracia" nunca existiu de verdade além de instituições de fachada, infiltradas, pressionadas e submetida por poderes econômicos - banqueiros, mega-empresários, financistas e outros que formam um punhado de podres de ricos escondidos sob o nome de "mercado", fonte da corrupção que a mídia empresarial aponta, estrategicamente, na chamada "política". Os corruptos são responsabilizados genericamente enquanto os corruptores não são nem mencionados.
sábado, 5 de fevereiro de 2022
Agora "foi golpe"? As mutações se impõem.
O departamento de estado estadunidense dá as regras e estas são seguidas, da mesma forma, em vários países da América Latina. O candidato indesejado é eleito, a oposição tenta colar o rótulo de "fraude". Não colando, parte pra sabotagem do governo eleito - geralmente unindo consciências vendidas em congressos e judiciários. Provocando o insucesso da governabilidade, arma-se o cenário pra um impítiman. Em todos os países há pilantras prontos a servir os saqueadores e trair sua nação - vender a própria consciência rende fortunas, nesses casos. O mesmo procedimento no Brasil, na Argentina, no Paraguai, na Venezuela, na Bolívia, enfim, onde não haja governos dominados pelos "interesses econômicos" - a partir dos mega-banqueiros mundiais que já há séculos dominam as nações, contando com a cumplicidade das "elites locais", em geral brancas e descendentes dos maiores senhores de escravos, colonizadas mental e espiritualmente.
Enquanto rolava o golpe, o silêncio institucional era estarrecedor. As tais "pedaladas" que serviram de pretexto - já que o exército de investigadores, brasileiros e estrangeiros (sobretudo estadunidenses, britânicos e israelenses), não conseguiu encontrar uma só falcatrua, um único real ou dólar ilegal nas contas do metalúrgico e da ex-guerrilheira - foram legalizadas pelo congresso nacional pouco tempo depois, por serem um procedimento comum, de praxe, usado pelos governantes em geral e de qualquer ideologia, pra continuarem servindo ao equilíbrio orçamentário de estados e do país. Não havia crime de responsabilidade, não havia motivo legal, pra impitimar a presidente. Apenas ela não tinha a vaselina do ex-metalúrgico pra tratar com corruptos, esmagadora maioria no congresso e nos poderes públicos, e criou uma rejeição enorme entre os "eleitos" do legislativo ao rechaçar qualquer papo com cheiro de sujeira, de entreguismo e falcatruas institucionais. Ao botar pra fora do seu gabinete, aos insultos, parlamentares vendidos a interesses econômicos que exigiam o sacrifício da população, rotineiro e cotidiano até então. Obviamente, o massacre midiático criou tamanha tsunamis desinformatica que, até hoje, se mantêm mentalidades brutalmente convencidas da "bandidagem petralha", sem perceber a estrutura social inteiramente construída pra funcionar sob o domínio dos corruptores. De quem, aliás, não se fala - a vista meio cega só enxerga os corruptos. Na dita "política", claro, porque o "mercado" onde moram os corruptores é apresentado como a fonte das virtudes e da competência.
Que forças amarraram tão fortemente os poderes institucionais que poderiam ter impedido esse golpe e evitado a tragédia da eleição de um criminoso declarado, conhecido, praticante de falcatruas há décadas? Quais os poderes que estão acima dos chamados "poderes públicos"? A pista está na convocação recente do BGT Pactual, um banco de segunda linha, aos "presidenciáveis", pra um evento sintomaticamente chamado "CEO Conference", em inglês mesmo, descarado. Dizem que é o "mercado financeiro", pra não dizer que são os maiores banqueiros, na verdade controladores do tal "mercado" tanto quanto ou mais ainda do que dos "poderes públicos". Pra esconderem esse punhado de podres de ricos - causa e fonte de toda a miséria, fome, desabrigo, ignorância e desinformação, em última análise - se usa o termo genérico, nebuloso, de "mercado", pra manter os verdadeiros poderes, que submetem todos os governos, no escuro, nos bastidores, ocultos, longe dos holofotes da mídia empresarial, dominante nas comunicações do país e dominada por esses mesmos vampiros sociais.
O silêncio covarde do supremo tribunal, diante de um golpe de estado armado de fora pra dentro, contando com a trairagem das "elites" políticas e econômicas - e com a lavagem cerebral permanente executada pelo massacre midiático, publicitário e ideológico -, foi imposto pelos poderes imperiais, colonizadores, saqueadores das riquezas das nações e sabotadores do seu desenvolvimento. No Brasil a sabotagem iniciada com o golpe seguiu destruindo todos os instrumentos e mecanismos criados para um verdadeiro desenvolvimento do país e seu povo, ainda no nascedouro. Pequenas aberturas foram fechadas, na educação, na agricultura, nas comunicações, nas relações sociais, em toda parte. E o silêncio dos "magistrados" ecoaram como um trovão, anunciando os poderes ocultos que dominam os chamados "poderes públicos", que nunca foram mesmo públicos, até agora. Ainda serão.
Agora, que a indústria naval foi destruída, a indústria da construção pesada fechou mais de 200 empresas no território, que a Petrobrás foi esquartejada e reduzida, privatizada na surdina nas suas partes mais rentáveis e produtivas, deixando de refinar os combustíveis que atendiam a todas as necessidades do país e passando a comprar no exterior a um preço que depende do tal "mercado internacional", que o acesso mínimo aberto à população mais sabotada em escolas e universidades vem sendo fechado e dificultado ao máximo, que a fome tornou a se espalhar, o desabrigo se expõe em toda parte, que milhões e milhões estão sem trabalho, agora que a perversidade está escandalosamente instalada nos cargos mais visíveis dos governos, surgem tardiamente as vozes dissonantes. Onde estavam esses covardes enquanto esses crimes sociais eram cometidos na preparação da situação de agora? Nos mesmo lugares onde estavam caladinhos, o que dá a perceber que receberam algum tipo de permissão pra começar a se manifestar, a esboçar alguma reação institucional. O contraste com o silêncio os denuncia.
Esta nossa sociedade é uma grande farsa. E é a partir desta percepção que se pode e vai construir um outro modelo, mais humano, mais harmônico, menos injusto, mais igualitário, menos perverso e mais solidário. Quanto tempo, quantas gerações isso vai levar, depende de nós, das nossas reações, individuais e coletivas. Mas o planeta, com todas as mutações que se apresentam cada vez mais profundas e amplas, parece preparar um grande impulso nessa direção. É o que me parece.