sábado, 4 de março de 2023

Cuidado, Sônia

 A ministra dos povos indígenas se encontrou, na embaixada dos Estados Unidos, com o “secretário especial para o meio ambiente”, John Kerry. Diz que ele se interessa pelos povos indígenas e pela proteção da Amazônia. Que está “verdadeiramente preocupado”, tanto com a proteção ambiental quanto com a proteção dos direitos dos povos indígenas.

Cuidado, Sônia. Os Estados Unidos representam o atual colonialismo nascido na Europa, sobretudo o da Grã-Bretanha, de onde são descendentes diretos e que superaram sua matriz, hoje sua aliada na dominação, no saque, na exploração e escravização de todos os lugares onde lançam suas garras, de todos os povos que conseguem, ainda, submeter. Não há sinceridade em suas propostas “humanitárias”. Basta observar seus movimentos pelo mundo, a interferência em governos e parlamentos, nos golpes de estado promovidos ao longo da história, nas mais de cinqüenta guerras provocadas depois da segunda guerra mundial, nos países que se rebelaram ao seu domínio. Um histórico de hipocrisia, de mentiras, de massacres e assassinatos, sob pretextos superficiais e falsos, oferecendo armas, treinamento e dinheiro aos traidores de seus povos, enriquecendo elites locais e formatando mentalidades racistas e preconceituosas contra as maiorias, contra os movimentos de defesa das precárias soberanias dos países ditos pobres – em sua população – mas ricos em recursos minerais, em terras férteis, em água e, sobretudo, petróleo.

Cuidado, Sônia. Estão oferecendo novamente espelhinhos, miçangas e ferramentas de metal, como foi feito com seus ancestrais. Sorrisos falsos e promessas cínicas escondem os mesmos interesses de sempre nas riquezas, agora, da Amazônia. É claro que não vão declarar os bastidores desses “interesses” de multinacionais e mega-bancos mundiais sediados no império corporativo da “civilização ocidental”, esse é seu modo de agir. Como já disse um de seus representantes, um sorriso no rosto, palavras mansas e um grande porrete nas mãos. Lembre-se de que, desde que se descobriu o pré-sal, foi reativada a tal 4ª Frota da marinha estadunidense, desativada desde a grande guerra e re-esboçada durante o golpe de 1964, no apoio aos militares brasileiros diante da possibilidade de resistência. Que só não aconteceu pela decisão do presidente derrubado, um latifundiário acusado mentirosamente de “comunista”, o bicho papão da mídia empresarial e das políticas estadunidenses, na criação da paranóia ignorante e desinformada com o domínio das comunicações e dos modelos de educação engaiolados pelo “mercado”, superficiais e moldados na formação de peças para a engrenagem perversa de uma sociedade escravista, maquiada e travestida como “democracia”, mais uma grande hipocrisia.

Cuidado, Sônia. A sedução dos vampiros mundiais começa com preocupações falsas, tanto quanto os sorrisos e as promessas que escondem – embora se possa ver, quando se leva em conta a história recente – pretendidos saques das riquezas da Amazônia. Os colonizadores genocidas e escravistas europeus hoje estão representados pela democracia de papel dos EUA, pela monarquia que resiste na Grã-Bretanha e, em segundo plano, pelas mega-empresas européias. Existe ainda, em terceiro plano, interesses parecidos vindos da Ásia, insipientes mas “promissores”, se apresentando como “alternativa”. As riquezas latinoamericanas são cobiçadas pelo mundo inteiro, como as da África, que já dá mostras de acordar para esta realidade muito mais que a América Latina, porque lá o saque, a escravização, a produção de miséria e o descaramento no controle das instituições é sem disfarce, descarado e sem pudor.

Cuidado, Sônia. Todos esses sorrisos falsos, promessas mentirosas e preocupações ambientais e humanitárias hipócritas trazem na alma interesses destrutivos e assassinos. Aproveita-se a situação de fragilidade produzida pelos vampiros internos, pra acenar “ajudas” que visam impor vampiros muito maiores, mundiais, “donos” podres de ricos da “civilização ocidental” – a mais violenta de todos os tempos.

Sua foto com esses dois “galalaus” brancos, estadunidenses, sorridentes os três na embaixada dos Estados Unidos – base de todos os golpes de Estado na América Latina –, me pareceu assustadora e deu um frio na barriga. A ministra dos povos originários, de grande importância histórica por ser a primeira vez que as vítimas de genocídio continuado, desde a chegada da nefasta civilização européia, hoje ocidental porque a colônia anglo-saxônica superou o mestre, está se deixando levar pelo canto da sereia, está fechando com os piores inimigos da humanidade. São representantes de forças que não têm amigos, mas sim interesses, que têm na traição uma ferramenta de trabalho, na dominação e no saque, não importando em nada qualquer quantidade de sofrimento e morte que possam produzir.

observar e absorver

Aqui procuramos causar reflexão.