Tenho ouvido muito
"quando passar essa pandemia", "quando tudo voltar ao
normal", "passando a quarentena"... sei não. Normal? Voltar a
que normal? O medíocre? O desumano? Continuar com miséria, fome, desabrigo,
abandono? De um lado uns poucos usufruindo de excessos, luxos e privilégios, de
outro uma enorme maioria vivendo entre dificuldades, carências, roubada nos
seus direitos básicos, humanos, constitucionais.
Voltar ao normal vai
ser a pior coisa, se acontecer. Pra quê, então, morreram tantos de covid? Pra
quê se dividiu a sociedade tão brutalmente, famílias que se estranharam,
personalidades, mentalidades se revelando, se separando, se setorizando. Não se
sabia com quem se tratava, ficou-se sabendo e se estabeleceram divisões.
Os descaramentos
vieram de monte, os mecanismos de controle social se mostram às claras, pra
quem tem olhos de ver. Os poderes chamados públicos nunca foram públicos, uma
farsa institucional foi montada, desenvolvida e é permanentemente atualizada. O
interesse de um punhado de podres de ricos se insinua pra dentro das instituições e
as dominam, controlam, influenciam e corrompem. A propriedade, a grana, o lucro
valem mais, bem mais que a vida humana. Todas as vezes que um governo começa a
servir aos desservidos, passa a ser difamado, odiado e, afinal, derrubado.
Nunca vi tão descarada a estrutura da sociedade, perversa, empresarista,
desumana, mentirosa, covarde, anti-social, controlada dos subterrâneos, dos
bastidores do teatro macabro dos marionetes legislativos, executivos e
judiciários. Interesses banqueiro-mega-empresariais prevalecem, são rapidamente
atendidos em prejuízo das populações. Os que mandam são servidos primeiro. A
força da sociedade, inconsciente, é servida de forma secundária, pra que o
sofrimento não chegue a ponto de questionar as mentiras. É o que se pode
perceber nos movimentos de fato, nas decisões dos poderes ditos “públicos”.
Não tem volta ao normal, esse normal injusto, anti-social e sem
escrúpulos, sensibilidade ou respeito à vida. Há muito mais forças e entidades
envolvidas do que se percebe. Isso não pode voltar, confio no
"apocalipse", na morte desse mundo - pra poder nascer um outro. O
"sacode planetário" tá só começando.
Passando a pandemia começa outra coisa, durante já tá acontecendo várias
outras - o derretimento das calotas polares, por exemplo, parece que a do norte
já foi, a do sul é um continente, tem muita terra por baixo do gelo e já tá
aparecendo em várias partes; o nível do mar continua subindo; vulcões
explodindo; avistamentos de extraterrestres relatados como nunca no mundo
inteiro. Furacões, ciclones, terremotos, tsunamis, num ritmo característico de
mutações intensas.
Outras virão na seqüência, dando continuidade ao fim desse mundo. Depois vem outra coisa, e outra, e outra, até que a estrutura institucional se desacredite, desmorone, fique sem condições de funcionar. E a gente comece a construir outra sociedade, cheia de autonomias, cooperativa, humana, solidária. Que tenha no centro de importância o ser humano, a sua formação desde a infância, alimentação, abrigo, instrução, preparação, informação, desenvolvimento e integração - individual e, por consequência, coletiva - como parte da natureza, do equilíbrio planetário, de um universo de dimensões ainda desconhecidas.