quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

A condução do querer

Até que ponto nossos valores e desejos são realmente nossos? Até que ponto é nossa própria consciência e sensibilidade que criam nossos planos e desejos, valores e razões para a existência? Somos bombardeados com valores impostos, pelo consciente, pelo inconsciente, pelo emocional, pelo ego, pelo sexo, pela vaidade, pelo instinto de disputa (resquício do animalismo ancestral) ou pela insegurança social (planejada e implantada na sociedade pelo controle do Estado e, sobretudo, através da publicidade e da mídia, que formam, enganam e narcotizam a opinião pública para dar à barbárie um aspecto de inevitável).

Foram desenvolvidas formas de criação, controle e condução do comportamento, da opinião e dos valores. Por acaso somos imunes ao assédio de televisão, rádio, out-doors, folhetos, jornais, revistas, veículos e todos os lugares e meios usados para criar desejos e influenciar o comportamento e a mentalidade humana?

Que cada um analise seus próprios valores, objetivos e opiniões sobre a realidade, procurando os fundamentos, as fontes, as razões e as motivações dos próprios desejos e encontrará aí induções e influências, evidentes ou sutis.

A sociedade é conseqüência do que somos, individualmente, dando forma ao coletivo. Não é possível se orgulhar de uma sociedade que ostenta tanta barbárie, miséria e ignorância; ilhas de fartura e ostentação, privilégios e desperdícios para poucos, em meio a um mar de pobreza, de lutas insanas e vidas difíceis. Uma grosseria, uma vergonha, uma insensibilidade, uma desumanidade. A maioria vive entre a ansiedade, a angústia e a miséria; entre a hipnose, a ignorância e as violências cotidianas.

É preciso questionar a sociedade, sua estrutura injusta, covarde, hipócrita e suicida, mas a partir de cada um de nós, dos nossos próprios condicionamentos. É preciso se questionar a si mesmo, para perceber como reproduzimos os comportamentos sociais induzidos, individualmente, nas nossas relações pessoais, em nossos valores, desejos e objetivos de vida. E o quanto perdemos com isso, no turbilhão de sentimentos em conflito, na adaptação da consciência, na qualidade da existência e nas relações com o mundo.

Eduardo Marinho


                                                                                                                          

20 comentários:

  1. Tá aí uma mensagem sábia
    Obrigado Eduardo

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  2. Eduardo Marinho, o sábio do óbvio!

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  3. isso tudo é como uma nuvem que tapa nossa visão.. somos vitimas de um mundo ditatorial, que a todo tempo ditam como devem ser nossos costumes, os nossso valores, o nosso modo de pensar e de viver..

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  4. http://wikileaksbrasil.org/ - transparencia institucional

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  5. Uma grande verdade que quase ninguém quer enxergar por não querer sair de seus falsos padrões de normalidade.

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  6. Oi, Eduardo!

    Pois então... Não assisto TV há 9 anos, o que me deixa parecendo alienígena, na maior parte das vezes, quando converso com as pessoas. Não entendo "frases engraçadinhas" vindas de novelas e programas humorísticos e interrompo a conversa sempre que alguém começa falando "vc viu a novela ontem?"

    Sou jornalista, trabalhei durante uns 20 anos, especialmente nas editorias de economia e política. Resolvi parar por uma questão de me manter viva e saudável. Hoje, sou uma jornalista que não lê jornal (um grande alívio) e costumo dizer que se é para curtir ficção, prefiro um bom livro ou um filme. Jornal é pura ficção. Sei porque vivi enfiada nisso por longos anos. O planeta é imenso e o dia tem 24h e alguém escolhe o que vai aparecer em menos de 1 hora de tele-jornal... Tem algo de errado, não?

    Por outro lado, passei muito tempo (em função da educação familiar) negando certos gosto e desejos, porque meus pais sempre consideraram as coisas da mente e do espírito como superiores ao que é do corpo e da matéria (pra vc ver como nasci e cresci na contramão da história...rs) Tive vergonha, por muitos anos, de gostar do lado artístico do vestir, do morar... não estou falando de "seguir moda" e nem decorar a casa naquelas lojas impessoais, onde tudo é um bloco de mesmices. Mas sou fascinada com a roupa e o ambiente como autoexpressão. E acho que a beleza é o alimento da alma. Pelo menos da minha alma...rs

    Hoje, busco o equilíbrio das coisas dentro de mim. Mas, mais do que tudo, busco perceber o que realmente eu quero - e aí chegamos ao tema central do seu texto -, porque aos 43 anos eu, realmente, não sei o que quero, o que é realmente importante pra mim. Porque, por um lado, eu quero muitas coisas e, por outro, sei que nada nesta vida é tão importante quanto o que está dentro de nós e é totalmente subjetivo, invisível e, na maioria das vezes, inexplicável.

    Vivo, neste momento, esta aventura: descobrir quem realmente sou e o que realmente quero, já que passei a vida, até agora, tentando me adequar a tudo, sem nunca dar espaço para que o que há de real em mim se manifeste.

    Vou te visitar mais vezes, com certeza.

    grande abraço

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  7. Oi, Cacau.

    A busca interna é a vida inteira. Desconfio que antes e depois, também. Quanto mais aprendemos, melhor podemos enxergar o tamanho da nossa ignorância, diante do infinito.
    Tem o endereço no cabeçário do blogue.

    Valeu, grande abraço.

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  8. Surpreendem a coragem e clareza de suas idéias. Mesmo quando falaste sobre a arte e os artistas no vídeo.
    Coerente, lúcido,...um feliz achado em meio à barbárie de um mundo tão decadente.

    Grande abraço,
    maria

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  9. Eis a questão, realmente. Até que ponto nossos valores são realmente nossos ? Quanto mais aprendemos, mais temos conhecimento sobre o governo, sobre nosso país, mais vemos tamanha ignorância da sociedade, que se deixa controlar por quem tem mais ''poder'', ou seja, quem tem mais dinheiro !!! Espero que cada vez mais as pessoas enxerguem e tomem suas posições perante a isso, a essa falsa democracia. Um abraço, Raquel.

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  10. Eu trocaria a expressão "que se deixa controlar" por "é levada a se deixar controlar". A estratégia de sabotar o ensino público e interferir na grade curricular do ensino privado e superior (por parte dos interesses empresariais que controlam as políticas "públicas") deixa a população com deficiência de senso crítico diante das falácias da mídia. Não se deve, de boa fé, responsabilizar as vítimas - elas não escolheram sofrer assim, mas são levadas a acreditar que isso é inevitável. Da mesma forma em que somos levados a acreditar que a barbárie social é uma situação espontânea e irresolvível, por falta de verbas, enquanto bancos e grandes empresas, em dificuldades ou não, dispõem de dinheiro público farto e incondicional.

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  11. Eduardo,
    me permita colocar um versículo que se encaixa perfeitamente no que você falou:
    "E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus (Romanos 12:2)".

    Eu sempre lembro dele, quando penso que a gente precisa tomar cuidado pra não se contaminar com tanta porcaria criada pela nossa própria sociedade...

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  12. A gente precisa tomar cuidado com as contaminações que já nos impregnam, desde a primeira infância, através da publicidade massiva e da propaganda sub-liminar. Inconscientemente, exercemos valores plantados por profissionais altamente qualificados e regiamente pagos para formar mentalidades e desejos, valores e objetivos de vida. Se não reconhecemos isto, estamos cegos de orgulho e de consciência.

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  13. "A gente precisa tomar cuidado com as contaminações que já nos impregnam, desde a primeira infância, através da publicidade massiva e da propaganda sub-liminar".

    Dessas, acho que nao tem como a gente se livrar, mas podemos reduzir os danos causados por elas, quando crescemos...

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  14. A gente percebe um condicionamento plantado quando questionamos, internamente, um comportamento ou um valor nosso e ele não faz sentido, não se justifica perante a própria consciência, que é a centelha divina em cada um. O trabalho interno é mais difícil que o externo, mas é a força do alicerce. Sem ele, qualquer trabalho no mundo perde a inteireza, perde o respeito que a sinceridade impõe.

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  15. Ei, te mandei um selo, depois vê no meu blog como funciona. =*

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  16. Perfeito o texto ! Mas antes, as pessoas precisam colocar em prática uma ação que me parece esquecida: PENSAR. Parece que a maioria das pessoas (de todas as classes sociais) está no piloto automático, uma correira frenética para uma vida um tanto quanto superficial (esquecendo dos valores essenciais à vida e do planeta como casa). A única saída é EDUCAÇÃO!
    Abraço!

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  17. cara sou andre de salvador-ba gosto muito do seu trabalho sucesso e muita força sempre! abraços!

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  18. Essa roda-viva é a ideologia reinante, e quem vai matar o assassino de deus, junto com a mecanização e customização da produção, evidentemente pagando mais barato pela mão de obra, com os serviços que o estado omite, para que a iniciativa privada ofereça como benefício, e junto com o excesso e desperdício, castra cada vez mais o homem.

    A educação e a informação não tem valor axiológico em si, e pode ser manipulada e enterra cada mais vez o povo. Basta dar o que queremos dizendo o queremos. Desconstrução so sistema. Subversão da ideologia predominante.

    Não há saída sem quebrar o pé do panóptico, da estrutura que somos imergidos, afogados, com o ariete da dúvida. Do "por que?".

    http://hc-svnt-lupinum.blogspot.com/2011/01/o-planeta-e-quem-o-consome.html

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  19. cara nem vo falar muito q é issu mesmo... eu partilho das suas ideias ee concordo e aprendo...
    eu to divulgando seu blog e alguns textos seu no meu...eu penso q coisas boas tem q ser divulgadas... nao existe mudança c nao vim d dentro...
    muito bom seu trampo!!!

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