terça-feira, 23 de outubro de 2012

Fotografo de Guerra / War Photographer


James Nachtwey (Jim) é um predestinado. Sua forte intuição o levou ao seu caminho. Impressionante em sua interiorização manifesta no seu comportamento introspectivo, executa o trabalho massacrante de mostrar ao mundo o que acontece, as conseqüências do modo de vida que aceitamos sem questionar sua origem. Expõe o resultado do consumismo desenfreado, do estímulo ao egoísmo e à indiferença com as dores da humanidade, embrenhado nos sofrimentos mais agudos aos quais não é imune, mas resiste, na função de retratar as dores mais agudas que essa estrutura tem produzido ao redor do mundo. Depois de vivenciar as tragédias da guerra, entre outras tragédias, ele resume as coisas e demonstra a consciência no seu trabalho.


Palavras de Jim:

"É cada vez mais difícil conseguir que as publicações se concentrem nestes temas críticos. Nunca foi fácil (vender as fotos denúncia que ele faz da barbárie a que está submetida enorme parcela da população planetária), mas creio que, nos últimos anos, tornou-se ainda mais e mais difícil. A nossa sociedade está mais interessada por entretenimento, celebridades e moda. Os anunciantes estão cansados de ver seus produtos serem apresentados junto com imagens de tragédias. Dizem que atrapalha as vendas."

"O objetivo do meu trabalho é aparecer nas mídias de massa. Não pretendo que minhas imagens sejam vistas como obras de arte. Na verdade são apenas uma forma de comunicação."

"A fome é, seguramente, a mais antiga arma de destruição em massa. É muito primitiva, mas muito eficaz."


Fiquei penalizado ao ver, na mina de enxofre da Indonésia (com cenas incríveis dos mineiros trabalhando em meio à densa fumaça tóxica, tossindo e trabalhando), a conversa de Jim com o grupo, onde apenas um falava inglês. Esse "tradutor" improvisado usava um boné com o símbolo da naique. Talvez como um símbolo de distinção. O inimigo está dentro das cabeças e passa despercebido. Ainda.

Sem nenhuma menção direta, o trabalho de Jim abre as cortinas da realidade e das suas causas.

As cenas são fortes, é preciso preparar o estômago pra esse golpe na consciência. Esse cara é precioso à humanidade inteira. Seu trabalho, mais ainda.


8 comentários:

  1. Incrível o doc!
    Os efeitos colaterais do nosso sistema pelas lentes do fotógrafo e a importância de isso ser mostrado pro mundo.
    PS: Conheci esse espaço por um amigo e já virei frequentador.
    Raphael (www.cotidianocronico.blogger.com.br)
    Abraço fraterno!

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  2. Sou fã desses caras, que morrem como cabeças de hidras e renascem para que o horror e o fscismo da geurra nunca seja esquecida!

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  3. Minha homenagem a dois deles que caíram em Misurata, Líbia, Abril/2011.

    http://hc-svnt-lupinum.blogspot.com.br/2011_04_22_archive.html

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  4. Quanto força no que esse homem faz. Fiquei, mesmo, emocionado com o que foi mostrado. São necessárias pessoas como o Jim para dar um choque de realidade em todos e, ver o quanto de desumanidade há pelo mundo afora.
    Valeu por compartilhar. Farei o mesmo!

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  5. O que justificaria a barbaria cometidas contra estas pessoas? É inacreditável que com tanta tecnologia o homem ainda não consegue por fim a guerra e a fome. O mundo assiste estas imagens e acredita serem cenas saídas de um filme hollywoodiano, já estamos anestesiados de tantas imagens sem informação. Realmente um trabalho digno de ser divulgado, puderá eu ser um dia tão útil a humanidade.

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    1. A tecnologia tem "dono" e a causa da guerra e da fome está na ganância e na crueldade daqueles que controlam e comandam a sociedade, os mega-empresários e ricos acionistas das grandes empresas mundiais. Uma minoriazinha vampiresca e podre de rica, com o sentimento de superioridade e desprezo pela coletividade humana, que se mantém pela colaboração inconsciente da população adestrada com valores, pensamentos, objetivos e comportamentos implantados pela mídia comandada pelos grandes vampiros e seus privilegiados morcegões, os altos executivos das transnacionais.

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  6. Incrível trabalho. Participo de distribuição de sopa semanalmente na cidade do RJ com um grupo de amigos, mas somente isso não me satisfaz, e nem deveria. Curso Direito na faculdade mas ultimamente me pergunto que carreira seguir para ser útil a humanidade desta forma, e não apenas um vendido, um parafuso que ajuda o status quo dessa sociedade desumana que vivemos. Quero mais, preciso ser mais. E como ouvi uma vez em um vídeo seu: "Eu não quero que minha vida seja usada para manutenção desse estado da sociedade. Eu não concordo com isso, não sei o que vou fazer, só sei o que NÃO vou fazer." Enfrento agora essa guerra em minha mente.

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